Todo meu corpo ainda doía, aos poucos fui voltando ao consciente, senti uma pessoa ajoelhada ou meu lado que continuava me chamando.

— Vamos Kendys aguente firme. – e aquela voz parecia muito com a do professor Snape. Ele passava a mão em meu rosto tirando algumas mexas. – Você é forte, mostrou isso hoje. – ainda de olhos fechados eu sorri fraquinho. – Kendys? – ele perguntou segurando minha mão.

— Calma professor, sua insolente ainda estar viva, não se preocupe vaso ruim não quebra. – falei em um sussurro abrindo os olhos.

— Insolente mesmo! – ele falou com um sorriso torto me ajudando a sentar. Notei que o diretor estava bem atrás dele, e me olhava com um sorriso. – Como você estar?

— Se o senhor não estar vendo, estou sentada! – juro que não resisti fazer o comentário sarcástico. E ao ver a cara fechada dele, comecei a rir. – Estou bem professor, um pouco cansada, mas bem.

Olhei para meu corpo e notei que não tinha nenhuma ferida, provavelmente ele tenha me curado. Porem ao olhar para ele notei que estava mais branco que o normal, seus lábios estavam atingindo uma cor azulada, olhei melhor para suas roupas e elas estavam manchadas de sangue.

— Professor o senhor estar sangrando. – disse preocupada.

— Sim, eu sei. – ele respondeu um tanto calmo demais para meu gosto. E eu o encarei incrédula.

“E não vai fazer nada?”

— Severus nós precisamos voltar você já perdeu muito sangue, se continuar assim você não resistirá. – o diretor se pronunciou. Porem ele apenas abaixou a cabeça e sorriu. Sim Severus Snape sorriu.

“O que ele tem? Porque estar sorrindo?”

— Professor o senhor estar bem? – perguntei.

Ele levantou a cabeça e me olhou bem no fundo dos meus olhos. Mas o jeito que ele me olhava era diferente, não era o mesmo jeito do temido professor de poções, nem de quando estava com raiva, nem nada. Era um olhar... Carinhoso?

Ele levantou uma mão e acariciou meu rosto.

— Lohane, me perdoa... – ele falou. Confesso que me pegou de surpresa, eu fiquei sem nenhuma reação, apenas o olhando. – Sei que você tem todos os motivos para não me perdoar... – ele continuava mantendo o contato visual. – Sei que você sofreu muito por minha causa... – sua voz começava a ficar mais baixa e lenta. – Mas eu me arrependi de todos os meus erros... – meu coração faltou uma batida quando eu vi que a boca dele estava cheia de sangue.

— Professor, por favor, pare, nós precisamos voltar o senhor está perdendo muito sangue. – eu disse segurando sua mão que estava em meu rosto, e não escondi que estava aflita.

— Gostaria muito que você me perdoasse antes que eu...

— Ei! Ei! Ei! Para com isso, você não vai... – eu disse apertando sua mão e senti que meus olhos lagrimejaram.

Em um movimento rápido que eu não pude evitar ele caiu no chão. Ele estava com um grande ferimento no peito que sangrava muito, provavelmente ocasionado pelos feitiços. Meu coração disparou. Eu olhei para o diretor, mas ele não fazia nada, continuava parado.

— Faz alguma coisa... – falei, mas ele nem se mexeu.

— Cof... Cof... – mais sangue saia de sua boca. – Lohane... – ele tentava falar.

— Por favor, não fala nada... – pedi em meio ao choro, colocando minha mão em seu peito tentando parar o sangramento.

“Não... Não você não pode morrer...”.

— Gostaria de poder ver você... – sua voz era um sussurro. Eu balançava a cabeça negando ouvir aquilo.

“Você não vai morrer!”

— Você não vai morrer... Você não pode morrer. – mais uma vez eu olhei para o diretor, que não fazia nada. NADA. – DUMBLEDORE FAZ ALGUMA COISA! – eu gritei desesperada.

— Se tornar uma grande bruxa como sua mãe... – seus olhos começavam a perder o foco.

— Cala a boca seu idiota... – já não controlava mais o choro.

— Minha pequena... – ele sorriu fraco e levou novamente a mão ao meu rosto.

— Você não vai morrer... Você não pode morrer... Eu te odeio e tudo, mas te quero vivo... VIVO para poder te perturbar, VIVO para poder te irritar. Para te chamar de idiota, babaca, velho morcego... – ele sorriu. E eu chorei. – VIVO para ouvir você me chamar de insolente, petulante... VIVO para ouvir você tirar pontos da Grifinória por minha causa. – minha voz saia cortada devido ao choro. – Te quero VIVO porque você ainda tem que me dá uma detenção, tem que brigar comigo, tem que puxar minha orelha... Tem que cuidar de mim... – lagrimas começaram a cair dos olhos dele. – Te quero VIVO porque você é meu PAI. – eu disse deitando sobre ele e o abraçando. Ele mesmo fraco me envolveu em um abraço. – Por favor, não me abandona, não de novo... – eu me levantei para olha-lo. Ele chorava. Chorava como eu. Eu levei minha mão ao seu rosto e acariciei.

— Eu... Te... Amo... – ele sussurrou e foi fechando os olhos lentamente.

— Não, não fecha os olhos. Fica acordado. – eu falava balançando ele. – Snape acorda... Snape... – mas ele não respondeu. – Paiiii... Paiiiii... Paiiiii... Nãoo Paiii... Não faz issooo... Por favor... Por favor... Por favor... – o tempo de repente se fechou e começou a chover, meu coração doía, uma dor que eu jamais havia sentido, uma angustia, uma aflição. Será que essa era a dor de perder uma pessoa especial. – NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOO! – gritei, gritei tão alto que era possível ouvir do castelo. E novamente minha magia voltou a se manifestar, uma forte áurea azul me envolver por completo. Que também começou a envolver meu pai.