POV Castiel

Se passaram dias...
Eu tentei falar com ela,
Liguei
E até fui na casa da Tia Agatha,
Mas ela se recusava a falar comigo.
Então as ferias acabaram,
Na volta as aulas eu já tinha a Debrah me infernizando.
Eu não sabia o que fazer mais.

– Vou te mostrar quem é essa vadia de verdade! - Falava a Clarisse,toda vez que me via com a Debrah.

– Você disse que era pra mim seguir em frente,estou tentando fazer isso!

– Mas isso não é seguir em frente! Isso é ir muito mais para atras!

Então eu resolvi mandar uma carta para a Rid em Setembro.

"Ridley,

Eu sei que já faz um bom tempo... A ultima vez que nos vimos não foi o nosso melhor encontro. Já se passaram 2 meses.
O dia está muito quente hoje,espero que ai seja mais moderado. Mas quando eu penso que você adorava os dias quentes e umidos daqui,o asfalto aquecido e quando você parava só para olhar os arranhas céus brilhando com a luz. E os ar condicionados da escola,dos shoppings e dos metros eram tão congelantes que eu tinha que te emprestar a minha jaqueta. E pensar que em Setembro do ano passado a gente brincava na chuva... Eu penso como as coisas poderiam ter sido.
E então Ridley... Você ainda se lembra de mim?

Saudades,
Castiel."

Fiquei esperando ansiosamente a resposta.
Se passaram alguns dias e então a resposta chegou.
Acho que nunca fiquei tão feliz na vida.

"Castiel,

Não tem problema. Não foi sua culpa. E obrigado por me dar um tempo pra pensar.
Aqui também é bem quente,mas nada se compara ao calor dai. Já é quase outono e as folhas começam a mudar de cor. Tive que colocar um suéter antes de ontem. Eu odeio suéter,sua jaqueta era bem melhor,mas fui obrigada a usar.
Como poderia me esquecer de você? Só olhar pro céu,para as cerejeiras e pronto,você está lá. As vezes vejo você no lugar de outras pessoas,no metro,no shopping,na escola... Mas ai eu olho bem e percebo que não é você. A pequena chama que se acendeu,se apaga nessa hora.

Saudades a cada batida do coração,
Ridley"

Eu li a carta na sala de aula,Clarisse viu e pegou da minha mão.

– Ei! Devolve!

– Ahá! Peguei vocês! - Ela deu pulos de alegria. - Eu sabiia! Agora dê um pé na bunda da Diabrah e volte para a Rid!

– Senhorita Clarisse,o que está havendo? - Perguntou o Professor Faraize de braços cruzados.

– Ãh... Nada,professor. Só fui pegar minhas anotações que estavam com o Castiel,eu sempre fico muuuuito feliz com isso! - Ela sorriu e voltou para o lugar.

Professor levantou uma sombrancelha e voltou a explicação.
...
No final da aula,fui até a Clarisse e arranquei a carta da mão dela.
Ela apenas sorriu e saiu andando.
Mau sinal.
Um tempo depois,
Tipo uns 10 minutos,
Metade da escola já estava sabendo.
Debrah veio tirar satisfações.
Não estavamos juntos,tinhamos dado um beijo ou outro mas isso não fazia dela minha dona.

– Que historia é essa que aquela garota está mandando cartas pra você,hein gatinho?

– Não me chame de gatinho! - Fechei o armario com força. - Isso não é da sua conta.

– Claro que é! Ela só quer fazer sua cabeça pra você não vir comigo! - Ela segurou o meu rosto,ela tinha olhos azuis,eu gosto mais de verde. Mas o cabelo dela é castanho,já ganha uns pontos. - Fica comigo. - Ela me beijou,o beijo mais sem graça da minha vida.

– Está bem. - Na carencia a gente consegue ficar mais idiota do que nunca. - Se não me chamar de gatinho.

7 bilhões de pessoas nessa merda de planeta..
Eu só queria..
MATAR A CLARISSE!
Uma pessoa só não ia fazer tanta falta,certo?
...
Passei a ler e escrever as cartas só embaixo da cerejeira.
Fiquei lá todos os dias,
Como se eu estivesse esperando ela aparecer pra irmos a escola juntos.
Mas ela nunca aparecia.
E então chegou o outono,as folhas de cerejeira estavam indo aos poucos embora.
Só faltou levar a Debrah junto mas a garota é insistente.
Mas as cartas não. Elas sempre chegavam.

"E então Castiel,como tem se sentido nestes dias frios? Já nevou umas duas vezes aqui,acredita?E toda vez que neva,eu tenho que sair igual um robô de tanta roupa. Ainda não nevou ai,né? As vezes eu acompanho a previsão dai,só por habito."

Cada palavra,cada letra fazia meu dia mais doce.

"Nevou só uma vez,bem fraquinho,mas está bem frio,Ridley. Você ia adorar! Eu estava notando que... Os flocos de neve caem quase igual as flores de cerejeira. 5 centimetros por segundo. Besteira,né? To num tedio tão grande que noto até isso. Pode rir.
Mas mudando de assunto... Que faculdade você vai decidir fazer?"

"Psicologia.
E eu soube que você vai sair da cidade pra fazer a faculdade,é verdade?
Vai ficar muito longe?"

"Só uma distancia a mais,nada que possa me impedir de entrar num trem pra te ver quando eu quiser."

"Então... Por favor,cuide-se,Castiel. Podemos marcar um dia pra nos vermos."

"Está disponivel no Natal?"

"Você terá que vir pra cá"

"Sem problemas."
...
POV Ridley

Um dia eu faltei a aula,
Estava quase tendo um bêbê dinossauro.
Comecei a fuçar no guarda roupa..
E encontrei a caixa de lembranças.
Sentei na cama e fiquei encarando por um tempo.
Tomei coragem e abri.
A primeira coisa que vi foi o livro que ele tinha me dado... Eu nunca tinha aberto.
1
2
3
Abri o livro azul.
Tinha dedicatoria.

"Para a Ridley,
Espero que isso te faça lembrar que tem um lugar no coração que nunca será preenchido. E saberemos disso pra sempre. Tem um lugar no coração que nunca será preenchido. E esperaremos, e esperaremos pelo dia em que alguém aparecerá e preencherá esse espaço e nunca mais o deixará vazio.
Você preencheu o meu vazio."

Virei a pagina,
Não encontrei palavras,frases e nem ao menos um desenho.
Eu encontrei fotos,
Fotos minhas com o Nath,o Lys,Cast e muitas outras.
Fui virando as paginas e mais fotos,rostos,sorrisos,brincadeiras...

Minha cabeça começou a doer e então passou um filme na minha cabeça.

http://www.youtube.com/watch?v=rF_qBtRltlI

Quando me dei conta estava no chão.
Lagrimas.

– Castiel...

Agora eu me lembro de tudo.
Levantei,escrevi um bilhete,peguei o guardanapo que tinha sido escrito pelo Castiel sei lá quanto tempo atras e fui para a estação de trem.
Sabendo que isso era loucura,
Sabendo que a fé era tudo oque eu tinha.
...
Demorou um tempo,
Mas nesse tempo eu só lembrava de mais coisas,
Mais detalhes.
Cheguei lá um pouco antes do pôr do sol,
Fui correndo pra escola.
Esbarrei no Nathaniel.

– Cuidado por onde... - Ele notou que era eu. - anda... Ridley! Mas o que você está fazendo aqui? - Ele me abraçou,adeus ossinhos.

– Eu lembro,Nath! Eu lembrei de tudo.

Ele me soltou na mesma hora.

– De tudo o que?

– Tudo que aconteceu aqui. Eu preciso falar com o Castiel!

– Ele deve estar saindo da ultima aula agora. Mas não...

– Obrigada!

Sai correndo antes que ele terminasse de falar.
Então no final do corredor eu vi ele saindo da sala.
Estava lindo como sempre.
Mas ele não estava sozinho.
A Debrah pegou na mão dele e olhou para mim.
Piscou e beijou ele. Viraram para o outro lado do corredor,pra ele não me ver...
Fiquei sem chão. Cada pessoa que te decepciona é uma pétala de esperança que voa pra bem longe e vai murchar, numa rua, numa calçada qualquer. Pisoteada por outras cem vidas, cruzes carregadas e outras arrastadas. Um véu de desilusão que desce e tudo escurece. Envolve as paixões e os desejos. Envolve também os sonhos, agora então, pisoteados. Massacrados. Dilacerados como o meu coração.
Qualquer felicidade,por mais breve que fosse,seria melhor do que a longa e constante tortura de acordar,dia apos dias,sabendo que nunca poderia te-lo.
Então Clarisse e Lysandre sairam logo atras.

– Ridley? - Lysandre olhou pra mim confuso.

– Oh meu deus! Ridley! - Clarisse veio correndo em minha direção.

E eu fugi,
Fui pro gremio e fechei a porta.
E encontrei o Nathaniel.

– Ridley... - Ele me olhou com doçura, eu já estava chorando. - Eu tentei avisar.

– Eu sou muito idiota mesmo!

– Não é sua culpa.

Ele veio e me abraçou.
Enxugou as minhas lagrimas.

– Não chore mais,ok? Eu estou aqui e não suporto te ver chorar.

– Ok

Ficamos conversando um tempo. Ele me deu um copo d'agua.

– Está melhor agora?

– Um pouco... Obrigada,Nath.

– Não foi nada. Posso abrir a porta?

– Pode...

Então Clarisse e Lysandre entraram no mesmo segundo que ele abriu.

– Aleluia! - Disse Clarisse. - O que você está fazendo aqui,Ridley?

– Você está bem? - Lysandre veio e passou os braços em volta de mim.

– Vou ficar. Prometo. E... Eu vim aqui porque eu recuperei a memoria. O Castiel... E-Eu...

A verdade era que eu não sabia o que dizer. Eu não queria fazer as perguntas certas e tinha medo de ouvir as respostas.

– Ah... Você viu... - Clarisse puxou uma cadeira e sentou do meu lado. - Foi por isso que a Debrah beijou ele do nada. Olha eu te juro,ele trata ela super mal! Só que ela é bem insistente. Vamos falar com ele!

– Não! Eu quero voltar pra casa... - Parte de mim quer ir embora e nunca mais voltar , e outra não consegue suportar ir. - Melhor vocês irem,quem está com a Amy?

– A minha mãe. Pode relaxar. Dorme lá em casa hoje,amanha de manhã você volta pra casa.

É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis.

– Está bem,mas amanha bem cedo eu vou embora.

Todos sorriram.
E eu sorri também.

– Podem me emprestar uma caneta? - Falei.

– Claro. - Nathaniel me entregou uma. - Pra que?

– Uma coisinha,já volto.

Sai da sala e fui até o armario do Castiel. Pelo menos eu esperava que ainda fosse esse.
Peguei o guardanapo e respondi a pergunta que tinha lá.

"Você ainda vai me amar amanhã de manhã?"

Respondi:

"Sempre."

E enfiei o papel dentro do armario.
Voltei para a sala
E depois de muitos abraços no Nathaniel,
Eu fui pra casa da Clarisse. Passamos na casa da Tia Agatha para pegar a Amy mas eu não consegui entrar lá.
Lys morava agora lá,para poder ficar mais perto dela e da Amy.
Amy estava fofissima,Tia Agatha devia estar entupindo a garotinha de comida.
...
Acordei bem cedo e fui para a estação.
Sozinha.
Tinha que me acostumar com isso,certo?
Mas eu deixei um bilhete e fiz um café da manhã pra eles.

Passei pela cerejeira,que ainda estava se despedaçando.

– 5 centimetros por segundo,não é? - Eu podia ouvir a voz dele me perguntando isso.

Ele tinha razão,parecia neve.
Quando eu voltasse aqui no Natal,se eu voltasse,como será que a cerejeira estaria?
Como eu estaria?
Como ele estaria? E aonde?

Muitos pensamentos para pouco eu.
...
Cheguei em casa e me deparei com muita briga,preocupação e "Você quer me deixar maluca?"

– Mãe,eu recuperei a memoria,eu tinha que ir ver eles.

– Você quer dizer o Castiel,né? - Kentin estava nervoso,sentado na poltrona do outro lado da sala com o rosto enterrado nas mãos. - Você tem noção do quanto ficamos preocupados?

– Me desculpe mas..

– Mas nada.

Ele se levantou e saiu de casa.
Fui atras dele.

– Kentin!

Ele não parava de andar,nem olhava para atras.

– Se você está assim porque acha que eu estava com o Castiel,pode ficar muito feliz porque eu não estava! Eu falei com o Lys,a Clari e o Nath apenas. E sabe o que eu vi? Castiel agarrado a outra. Então pelo amor de deus,você não tem motivos pra ficar imaginando besteiras! - Ele nem se quer diminuiu o passo. - Por favor,Kentin... Eu amo você,não faz isso comigo. Eu já tive muitas emoções para pouco tempo.

Ele parou,suspirou e se virou pra mim.

– Está bem. Vai me contar tudo o que aconteceu?

– Vou.

Ele deu um meio sorriso e eu fui abraçar ele.
Eu não contei tooda a verdade,mas contei.

...
POV Castiel

– O QUE? A RIDLEY ESTEVE AQUI? - Parede estava sofrendo nas minhas mãos

– Isso mesmo,nervosinho. - Clarisse agia como se fosse um dia normal. - Por que diabos você tinha que beijar a demonia bem naquela hora?

– Ela me beijou e... DEBRAH! ARGH! - Ela tinha feito de proposito. - Cade essa desgraçada? - dei outro soco na parede.

– Ei Ei! Muita calma nessa hora,o que você vai fazer?

– Vou mandar ela ir embora. Não tem chance nenhuma de eu ser o novo guitarrista dela.

– Ela está no refeitorio. - Nunca vi a Clarisse sorrir tanto na vida.

Encontrei ela saindo do refeitorio.

– Gatinho! - Ela veio e pulou no meu pescoço.

– Me solte! Você não tem motivo nenhum pra ficar aqui,por que não vai embora?

– Claro que eu tenho motivos! Tenho você!

– Não,eu nunca vou com você. Você sabia que a Ridley estava aqui e me agarrou! Qual o seu problema?

– Mas eu não sabia! Acredite em mim!

– Eu acho que já está na hora de você ir embora daqui definitivamente,Debrah. Eu não quero ver sua cara nunca mais!

– M-Mas... Eu... - Ela começou a chorar e saiu correndo.

Eu não sabia se me sentia triste,
Ou feliz.
Eu gostava bastante da Debrah mas Ridley superou até isso.

Fui até meu armario e abri.
Caiu um papel de lá.

"Você ainda vai me amar amanhã de manhã?"
Era a minha letra,eu me lembro desse dia. Não foi um dos melhores.

Mas agora tinha uma resposta no papel:
"Sempre" Era a letra da Ridley.

Quem diria que um dia em que tudo deu tão errado pudesse se tornar tão adoravel?
Aquilo me fez sorrir até o final do dia.
Cheguei em casa e não queria escrever uma carta,ia demorar muito. Eu liguei então.

– Alo? - Era a mãe dela.

– Alo,é o Castiel,posso falar com a Ridley?

– Claro.

Se passaram alguns minutos.

– Você é maluco. - Foi a primeira coisa que a Ridley disse quando pegou o telefone.

– Por que?

– Muitos motivos. Mas enfim... Está tudo bem?

– Mais ou menos.

– Por que?

– Por que você foi embora sem falar comigo?

– Você estava muito ocupado.

– Eu já mandei a Debrah ir embora. Ela me agarrou,deve ter te visto.

– Fiquei sabendo... Mas não tem problema,eu entendo.

– Serio?

– Não,mas o que eu posso fazer? - Ela riu.

– Pode continuar falando comigo talvez?

– Eu estou falando com você agora,dãr!

Eu ri.

– Você sempre a Dona da Razão.

– Você que faz pergunta idiota. - Agora ela estava feliz.

– Então tá,outra pergunta idiota,ainda de pé nosso encontro no Natal?

– Que tal um pouco antes? Dia 21?

– Perfeito para mim.

– Então... Até a proxima carta ou telefonema. Tenho que fazer todas as tarefas de casa por causa da minha escapada.

– Boa sorte.

– Vou precisar mesmo,tchau.

– Tchau,te vejo por ai.

– Te vejo por ai.

Esse seria o nosso novo "Eu te amo"
...

POV Magic
( E todos vãão ao delirio com a minha pessoa! Puro misterio,magia e sedução!)

Mais algumas conversas de Ridley e Castiel até dia 21 de Dezembro.

"- Eu plantei uma cerejeira aqui no quintal de casa,Castiel. Então provavelmente na primavera as folhas vão estar caindo 5 centimetros por segundo,igual a neve!"

– Acho que vou fazer isso aqui também! Só que vou colocar uma branca,o que acha?"

– Incrivel!"

“Essa carta é pra garota que me fez muito bem, que me ouviu todas as vezes que eu reclamei da vida, que me consolou todas as vezes que eu precisei, que me impediu de fazer muita besteira. Conheço suas manias, seu jeito meio babaca de falar, e o que pensa sobre toda essa coisa de vida, cansei de ouvir você brigando comigo quando eu faltava aula pra ficar dormindo, eu ria toda vez que você começava a falar: "Depois que você perder o ano, não adianta chorar" É, eu não perdi o ano, mas perdi você, que era sim a garota mais importante pra mim. Eu ainda gosto daquela musica porque ela me lembra você, mas vamos combinar, seu gosto musical sempre foi ótimo, mas aquela musica é péssima, onde achou ela? Eu espero que de onde veio aquela, não tenha outras ai. Obrigada por fazer da minha vida algo mais feliz!

Com toda saudade do mundo,
Castiel.

P.S: Saiba que se eu te ver andando pela rua,você vai levar porrada!”

"Perdeu o medo da morte,garotinho? O pior é que eu tenho que concordar sobre a musica.
Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e já deve saber disso porque sempre falo, mas mesmo você estando tão longe eu te sinto tão perto, eu não consigo mais imaginar a minha vida sem você, como ela era antes de te conhecer só consigo imaginar um futuro com você, eu sei que não é fácil depois de tanto tempo e é o amor mais sincero que alguém pode ter, a cada dia que passa ele fica maior e eu espero te ver logo, sempre tô com saudade de você,quando você não tá o dia fica sem graça e a saudade fica maior, e se um dia isso acabar,a gente parar de se falar de vez eu quero que você não esqueça de mim,que não esqueça que eu te amo e que sempre vou te amar, eu vou te esperar não importa o que aconteça, eu não gosto quando você fica triste ou fica estranho, as vezes eu sei que devo ter feito alguma coisa pra ficar assim mas não gosto. Não podemos ficar juntos,mas quem sabe um dia tudo vira de ponta cabeça de novo? Mas obrigada por me aguentar,tá? Eu aprendi muita coisa com você esse tempo todo, quero que você saiba que apesar de tudo...Apesar de você ser um idiota,ter a distancia,o Kentin e sei lá mais o que! Eu te amo mesmo assim!

Com amor,saudade e café! Porque eu escrevi isso tomando um delicioso,
Ridley."

" - Dia 21 está chegando.. - Ela suspirou do outro lado da linha. - Vou te esperar na estação as 20:00,certo?

– Certo.

– Mas é uma longa viagem,então tenha cuidado,por favor!

– Sempre tenho."

POV Castiel

No dia que Rid e eu iamos nos encontrar,a chuva virou neve durante a tarde.
Teria problemas com o trem? Claro. Mas mesmo assim eu entrei nele.
Eu ia tentar convencer ela a fazer a mesma faculdade que eu.
Sem duvidas ela não aceitaria,
Ou até já teria escolhido.
Mas por algum motivo eu acreditava que ficariamos juntos de novo,
do jeito que estavamos antes.
Ilusão né?

– Ultima parada. - Falou um homem nos alto falantes. - Os passageiros que...

Parei de ouvir ai e fui ver quando chegava o outro trem.
Daqui meia hora.

Comprei um salgadinho.
Era a primeira vez que eu ia a essa estação e fazia todas essas linhas.
Vocês devem estar se perguntando porque diabos eu não fui de avião.
Bom...
Eu tinha um certo trauma por causa dos meus pais,então evitava ao maximo.
Meu coração estava acelerado.
Tinha quase certeza que era por causa dela e não um ataque do coração.
...
Quando o trem chegou,
Fiquei perto da porta.
Por pura ansiedade mesmo.
Peguei a ultima carta que ela tinha me mandado e fiquei lendo.

– Para se ligar ao trem expresso,este trem fará uma parada de 4 minutos. Os passageiros que desejam chegar logo,por favor embarquem.

4 minutos?
Puta merda.

POV Ridley

Será que ele iria mesmo?
Liguei na casa dele.

– Alo? - Parecia a mãe dele.

– Alo,é a Ridley.. O Castiel está?

– Não,ele já pegou trem para te encontrar.

– Ah sim,obrigado!

...
Eu fiquei mais tranquila e caminhei até a estação.
Coração dançando ragatanga.

POV Castiel

O terminal onde eu parei estava lotado de gente indo pra casa
E os sapatos encharcados pro causa da neve.
O ar estava saturado pelo cheiro da neve.

– Todos passageiros,atenção! Devido as condições climaticas teremos um atraso de 8 minutos na chegada. Pedimos desculpas por qualquer inconveniência que isso possa causar.

8 minutos?
É muito tempo!
Até aquele momento,eu não tinha considerado a possibilidade de um dos meus trens se atrasar tanto.
Minha ansiedade ficou bem maior do nada.
...

– Este trem tem 10 minutos de atraso devido as condições climaticas. Pedimos desculpas por qualquer inconveniência que isso possa causar.

Por que eu tinha que esquecer meus fones bem hoje?
Logo quase todos os predios sairam de vista.
Faltava pouco,eu acho.

– Pedimos desculpas pelo terrivel atraso.

Pedir desculpas não volta no tempo.

– Devido atraso do trem,permaneceremos nesta estação pelos proximos 10 minutos.

Poderia piorar mais?
Só tinha eu e mais 4 pessoas.
Eu ainda continuava na porta.
Tinham mais umas 10 estações
E o trem iria parar por um bom tempo em casa uma delas.
19:30
Eu nunca chegaria a tempo.
...
Parecia que nunca tinha visto uma imensidão como aquela do outro lado da janela

O vagoso passar do tempo,minha angustia,a fome...
Me deixavam louco.
Já tinha passado da hora do nosso encontro.
Resolvi sentar então.
Eu podia sentir a Ridley começando a se preocupar.
Naquele dia no telefone,quando ela tinha ido até a escola...
Eu podia sentir que ela estava acabada,
Mas eu não tinha palavras,
Eu me senti um completo idiota.
Senti vergonha de mim mesmo.
Provavelmente o Kentin tinha consolado ela.
Eu não era bom o suficiente.
Eu lembro que na festa de despedida da escola,ela agradeceu por tudo que os professores tinham feito,agradeceu até a diretora. Coisa que eu nunca faria. E na hora eu me perguntei: "Qual o problema dessa garota?"
Mas agora eu entendo,ela não estava agradecendo pelas aulas,pelas lições e sim pelo o tempo,
O tempo que eles gastaram com ela,
Por eles terem perdido o tempo aguentando todas trapalhadas dela
E ainda não expulsando ela e nem fazendo repetir de ano por causa da falta de memoria.
Pelo tempo que cada professor levou escrevendo uma carta pra nova escola,falando que ela era uma otima aluna e entraria no ritmo rapidamente apesar de tudo.
Tempo.
A unica coisa que eu preciso e a unica coisa que não podem me dar.
...
Duas semanas antes do nosso encontro,
Gastei duas semanas embaixo da cerejeira morta,
Escrevendo uma carta que eu queria entregar.
Nela estava tudo que eu queria dizer a ela.
Tudo que eu queria que ela ouvisse.
Havia tanta coisa...

– Nos desculpamos pela demora. - E mais bla bla bla,e então a parte que importa. - Favor dirigem-se para a linha 5

Sai do trem e fui correndo.

Quase lá,quase lá!

– Pedimos que sejam pacientes e aguardem a chegada do proximo trem.

Tenho que continuar até a estação que ela está esperando.
Será que ainda está esperando?
...
Parei na frente de uma maquina de chocolates.
Fui pegar a minha carteira no bolso do casaco e acabei tirando a carta que eu tinha escrito junto.
Ela saiu voando para longe.
Para o outro lado da linha do trem.
Fiquei encarando por um tempo.
Abaixei a cabeça.
Eu não ia chorar por causa de um maldito pedaço de papel.

– O trem da linha 5 já está chegando. Por favor aguarde atras da faixa branca.

...

– Senhores passageiros,atenção por favor... - Lá vem. - Devido descarrilhamento causado pela forte nevasca este trem fará uma parada temporaria. Pedimos desculpas por qualquer inconveniência que isso possa causar mas no momento,não podemos retomar a normalidade do serviço.

Chão se abra e me faça cair num buraco fundo até morrer.
21:03
Ela deve estar morrendo lá.
Tirei o relogio e guardei na mochila.
Chega dessa tortura.
Vamos para uma tortura pior.
Comecei a ler a carta dela de novo:

"Castiel,Como você está? Estou tendo que escrever esta carta no trem porque o treino tem começado bem cedo ultimamente. Sim,eu estou participando..."

Toda vez que eu lia uma carta da Ridley sempre tinha a sensação de que ela estava sozinha.
Mas enfim,o trem ficou parado por duas horas na paisagem desolada.
Cada minuto parecia uma eternidade.
Como se por pura crueldade o tempo continuava a passar lentamente ao meu redor.
Cerrei meus dentes,pois não podia fazer nada além de aguentar a dor e segurar as lagrimas.
Ridley..
Me diga..
Você já voltou pra casa?

...

23:45
Eu finalmente cheguei.
Estava vazio,
Fui até a sala de espera.
Ela estaria lá,
Não aguentaria esse frio lá fora.

Quando cheguei lá,
Tinham 6 cadeiras,
1 lareira
E uma garota... De cabeça baixa,sapatos pretos,sobretudo (Acho que esse é o nome daqueles casacos gigantes),uma bolsa preta ao lado e cabelos castanhos.
Me aproximei.

– Ridley... - Ela levantou a cabeça e então pude ver os olhos verdes.

Ela pegou minhas duas mãos,como se tivesse tendo certeza de que era real. Abaixou a cabeça e as lagrimas cairam.
Não podia aguentar isso,
Puxei ela
E abracei.
Eu não tinha ideia do que se passava dentro dela. Tudo o que eu tinha que fazer era abraçá-la forte. E como ninguém, eu o fiz. Aquele abraço, uma jura silenciosa de amor eterno, marcou aquele momento. Marcou uma vida… Para sempre.

– Você quer me matar de preocupação? Eu tava quase ligando pra policia,pro batman,pro Papa!

– O trem ficou parado por duas horas,não tive culpa. - Eu quase sorri. - Só não chore mais,ok?

– Ok

...
Depois do longo abraço...
Ela tirou comida da bolsa.
Tinham uns bolinhos estranhos.

– Que isso? Parece gostoso. - Falei.

– Nunca comeu? É tipo um bolinho de arroz.

– É a primeira vez que experimento...

– Não é verdade. Tenho certeza que já comeu isso antes.

– Será?

– Provavelmente... E como eu fiz,não posso garantir que está muito bom mas...

– Está com uma cara boa. Não dá nem pra acreditar que foi você!

– Engraçadinho,Senhor Bolo Com Gosto de Areia!

– O pior é que você tá certa.

– Sempre estou. - Ela sorriu.

Peguei um e experimentei.
E era... MUITO BOM!

– E então?

– Esse é o... BOLINHO DE ARROZ MAIS GOSTOSO QUE EU JÁ COMI! - Comecei a comer loucamente e ela ficou rindo.

– Você está exagerando!

– Eu queria estar! Você não comprou isso? Diga a verdade!

– Eu que fiz! Juro! Deve ser porque você está com fome.

– Talvez...

– Deve ser.... Vou pegar um também.

Ela pegou um e deu uma mordida.

– Então... Você vai fazer faculdade aonde? - Ela perguntou.

– Ainda não sei,acho que lá na cidade mesmo. E você?

– Eu...Ainda não sei. Talvez fique por aqui também ou na cidade vizinha,morando com a minha outra tia.

– Não pode ficar morando com seu pai?

– Eu vou ver... Mas vai ser complicado.

– Ok.

Não foi um bom começo..
Então um homem,que deveria trabalhar aqui,entrou na sala.

– Nos já vamos fechar,não vai ter mais trens chegando hoje.

– Certo. - Falei.

– Tomem cuidado!

– Ok!

Então recolhemos as coisas e saimos.
Estava tudo coberto de neve.
Mas não estava nevando.

– Ei! Ande mais rapido! - Ridley estava correndo na minha frente. – Vou te mostrar uma coisa antes de chegarmos em casa.

– O que? - Corri e alcancei ela.

– Tem uma cerejeira aqui perto,venha!

Ela segurou a minha mão,
Andamos por algumas ruas até chegarmos em uma deserta.
Só tinha uma grande arvore,sem folha alguma.
Paramos embaixo dela.
Agora estava nevando.

– Igual a neve. - Um floquinho caiu na mão dela.

– Eu falei.

– Ok,Dono da Razão.

Eu me inclinei.
Eu ia tentar beija-la.
Mas ela me abraçou.

– Você tem poder sobre mim..e eu confesso que adoro isso..Mas não posso cair em tentação. - Ela me deu um beijo no rosto.

– Posso apagar sua memoria e vai tudo ficar certo.

– Mas... Eu não quero esquecer.

Ela se afastou aos poucos e então eu beijei ela.
No começo ela lutou,me deu varios socos...
Mas depois deixou.
E ali eu soube que em algum lugar na eternidade,nossos corpos e almas se pertenciam. Não importa tempo ou distancia. Sempre acabariamos juntos de um jeito ou de outro. Senti como se tivessemos compartilhado todas as experiencias dos meus 18 anos de vida.Pelo menos foi o que eu achei naquele momento.
Porque um segundo depois eu fui tomado por uma tristeza indescritivel.
Só tinhamos essa noite?
Ela se esqueceria de mim depois que eu fosse embora?
Quando eu a veria novamente?
Senti aquela tristeza porque não tinha essas respostas.
Não ficariamos juntos para sempre,soube isso claramente naquele momento.
A imensidão que estava por vir em nossas vidas... Tudo estava para mudar.
E tudo que restaria era o sentimento dos macios labios dela nos meus.
Acho que essa merda de amor deixa a gente pensativo,
Filosófico até.

Eu soltei ela.
Ela me encarou,me empurrou e disse:

– Seu idiota! Não consigo ficar brava com você!

– Que bom,não é?

Ela riu e me abraçou de novo.
Queria derreter naquele abraço.
...
Chegamos na casa dela,
Estava vazia.
Subimos até o quarto.
Fiquei esperando ver o Kentin ou a mãe dela a qualquer momento.

– Aonde eles estão?

– Minha mãe foi dormir na casa de uma amiga e o Kentin fica na casa dos pais nas terças,quartas e quintas.

– Ufa.

Ela se virou pra mim e riu.
Entramos no quarto dela,
Não era muito diferente do antigo.
Tinha uma cama de solteiro branca e um guarda roupa branco também.
As cortinas eram roxas.
Tinha um notbook em cima da cama.

– Pode deixar sua mala aqui.

Coloquei no chão.

– Está com sono? - Perguntei.

– Não. - Ela se sentou na cama. - Vem cá.

– Ok.

Me sentei ao lado dela.
Ficamos o resto da noite conversando.
Ela me mostrou os emails que o pessoal da escola enviava pra ela,
Me mostrou fotos que ela tinha tirado,
Os desenhos que ela tinha feito, ( Eu estava em alguns deles )
E eu contei tudo o que aconteceu na escola nesse tempo.
As brigas da Clarisse X Debrah,Clarisse X Ambre e até Clarisse X Diretora.

Uma pequena parte da conversa:

– Espero que ano que vem nos vejamos as flores de cerejeira cair 5 centimetros por segundo outra vez. - Ela falou,sorrindo. Como se isso realmente fosse acontecer na primavera.

– Eu também.

Ficamos até umas 4 da manha até finalmente adormecermos,lado a lado.
...
Na manhã seguinte embarquei no trem que havia voltado a funcionar.
Me despedi de Ridley deve ter sido uma das coisas mais dificeis que eu fiz na vida.
Quando eu estava quase entrando no trem ela me abraçou por tras.

– Quando estiver triste ou se sentir sozinho saiba que mesmo do outro lado do mundo eu vou estar pensando em você. - Ela falou,me apertando mais forte.

– Acredita em amor depois da ultima vista?

– Acredito.

Sorri,ela me soltou e eu entrei no trem.
Um pouco antes das portas se fecharem ela pegou na minha mão.

– Tenho certeza que vai dar tudo certo para você de agora em diante.

– Ok.. - Eu dei um meio sorriso. - Confio em você. - As portas se fecharam. - Tenho certeza que vai dar tudo certo para você também! Vou escrever pra você e ligar também!

E então o trem partiu.
Eu nunca falei que havia perdido a carta que escrevi a ela,
porque senti que meu mundo mudou totalmente depois daquele beijo,daquela noite,daquele abraço...
Eu só queria ser forte o bastante para nos dois.
Com aquele pensamento,continuei a olhar a paisagem além da janela... Para sempre.