Sétimo Capítulo: O inesperado

(Narrado por Leah Clearwater)

Hoje acordei bem, de novo, todos os dias estavam sendo ótimos para mim. Como amar mudava as pessoas, e era assim que eu me sentia mudada. Mesmo sendo um amor não correspondido como este. Os dias fazia mais sentido e eu não tinha motivos para reclamar de nada.

Fui tomar um café da manhã reforçado, pois hoje eu teria que dobrar na ronda, para compensar os dias que eu que havia faltado. Isso não me deixava chateada, até fazer ronda, uma coisa que eu odiava, não conseguia me deixar mais aborrecida. Nada me aborrecia, e isso era até estranho para mim. Meu coração era só amor, isso para mim por que para os outros eu ainda era a egoísta, arrogante e fria Leah, eu não podia e não deixaria minha máscara cair, eu não iria ser motivos de piada e se esse amor fosse um dia correspondido, aí sim eu não teria mais nada a esconder.

Terminei meu café e caminhei lentamente até a porta, minha mãe estava na varanda em sua cadeira de balanço, dei-lhe um beijo na testa e segui para minha ronda.

Tudo estava tranqüilo, nada mais amedrontava La Push, estávamos livres dos vampiros, até o presente momento.

Segui lentamente entre as árvores, eu não tinha pressa de chegar para fazer a ronda, eu tinha tempo de sobra. Senti o cheiro das árvores, da primavera chegando, pude ouvir a onda quebrando na praia de La Push, sentia o sol chegar e me encontrar entre as árvores.

Eu estava tão feliz, com esse novo sentimento que não sabia nem descrevê-lo se alguém me perguntasse, a minha felicidade era sem exageros o mais lindo sentimento que eu já tinha sentindo. Mesmo sabendo que essa felicidade não era mútua, isso não me deixava nem um pouco entristecida, pois não havia mais espaço para o egoísmo e tristeza em meu coração.

A minha vida mudou da água para o vinho, assim como depois de uma tempestade tudo retorna ao seu estado anterior. Eu amava Sam, ou achava que amava, o perdi para Emily, me tornei egoísta, fria e insuportável, meu pai, meu querido pai faleceu, descobri que era uma loba, fui da rejeição a aceitação por ser a única mulher loba e descobri que nem tudo na vida de um lobo é tão chato assim. E mais, tive um imprinting, ou acho que tive um por um dos membros do bando.

...

Dois meses se passaram, desde o dia do maravilho e inesquecível beijo entre mim e Jacob. Eu havia esperado por tanto tempo, que acabei me decepcionado com o momento. Jacob por sua vez nem sabia o que estava fazendo e muito menos sabia o que estava sentindo.

Antes do seu retorno, eu tinha pedido uma reunião com o conselho para poder deixar de ser loba e viver a minha vida, me sentir humana, fazer quem sabe uma faculdade, arrumar um emprego. Viver era tudo o que eu queria e precisava. Minha mãe e Seth, não aprovaram nem um pouco a minha decisão e não entendiam o que eu mais queria da vida, se para eles eu já tinha tudo o que desejava em La Push. Minha mãe sempre dizia que minha infelicidade era passageira e que tudo ia se resolver, mais cedo ou mais tarde, e que eu poderia ir para onde eu quisesse mais que ia acabar voltando para onde eu sempre detestei.

Ela estava certa, como sempre mãe sabe tudo. Esse é um poder sobrenatural que só as mães têm.

Depois do beijo e do sumiço de Jacob, eu não tinha nada a fazer em La Push, eu já tinha sido liberada para sair da tribo e viver minha vida, então peguei o carro que meu pai deixou para mim, e segui em direção ao norte.

Na verdade eu nem sabia para onde estava indo, eu acho que eu queria mais um tempo para mim do que qualquer coisa no mundo e se fosse para retornar um dia para La Push, eu retornaria renovada.

...

Estava em Yakima a 294 milhas de La Push, aproximadamente 6 horas e 05 minutos de viagem de carro. Estabeleci-me em um Hotel de beira de estrada, não queria ser o centro das atenções em uma cidade pequena. Possuía pouco dinheiro, o suficiente para dois meses, lógico que eu iria ter que pular algumas refeições. E isso não seria nada fácil.

Para não ter que me sacrificar muito, fui até o bar mais próximo do Hotel de beira de estrada e pedi emprego. Não pagava muito, apenas quarenta e cinco dólares por noite, mais era o suficiente para pagar a minha estadia no Hotel e fazer todas as minhas refeições.

Eu podia caçar, mais já tinha decido que essa vida não seria mais minha, não queria mais ser uma Loba, eu queria uma nova vida... A minha decisão já estava tomada eu iria ficar em Yakima, até estar bem para regressar... Ou não.

Eu estava sempre mantendo contato com a minha mãe, pois não queria deixa - lá mais preocupada do que a deixei, eu não a informava nunca a minha localização, não queria que ninguém viesse atrás de mim, e esse ninguém era Jacob.

Certo dia, quando estava ao telefone com a minha, esta me confidenciou que Jacob estava muito triste, esquisito, ela não sabia como descrever seu estado, só terminou falando que ‘ele parece estar sofrendo muito’. Isto me deixou muito abalada. Senti-me muito culpada e não consegui segurar a vontade de ligar pra ele.

Corri até o balcão peguei mais fichas, e disquei seu número. Não sabia o que ia acontecer a seguir, só queria ouvir a voz dele e se fosse o caso expressar todo o meu sentimento.

Flash Back

O que posso lhe dizer agora?Nada. O que sempre faço não lhe digo nada.

Apenas a olho... Não sei se me aceitaria ao seu lado... Mas eu preciso que saiba o que estou sentindo. Mesmo que seja para me desprezar depois, para zombar de mim... Pelo menos seu desprezo indicaria que sabe que eu errei. Convivo com o delírio de sua imagem em minha cabeça. Você vive em meu inconsciente e o que faço?Torno-me amigo do tempo para que ele passe logo? Ou sigo ao lado da angústia e da dúvida? É por você e só por você que ainda bate meu coração. É por você que voltei a falar de amor. É por você que meus olhos brilham. É graças a você que se acabou a dor e a solidão.

Eu estava paralisada no telefone, ouvindo as lindas palavras que Jacob me dizia. Tão lindas. Foi quando eu percebi que a ligação tinha caído.

- Burra! – eu disse a mim mesma. - Como você pode ser tão distraída a esse ponto Leah? – eu me perguntava.

Aquela ligação fora feita de um telefone público e nem percebi que tinham acabado minhas fichas. Fiquei tão atônita, tão perplexa e feliz, com o que Jacob me dizia. Feliz era esse o sentimento que percorria todo o meu corpo.

Será que Jacob irá pensar que eu fiz isso de propósito?

 Será que ele irá pensar que meus sentimentos não correspondem aos dele?

Esperei ansiosamente o dia terminar, me demiti, paguei o que faltava da estadia no Hotel de beira de estrada, enchi o tanque do carro e fui em direção a La Push.