Quarto Capítulo: Atitude

À noite já me cercava, quando dei por mim que não tinha movido nenhum músculo desde a partida de Seth. À medida que me lembrava do que eu tinha feito a mim mesmo e a Leah, maior ficava o buraco que tinha se instalado em meu coração.

Será que depois de tudo o que fiz, eu ainda era digno do amor de Leah?

 Será que todos já sabiam do nosso imprinting?

A minha infantilidade na noite do beijo só levou Leah a adiantar sua partida.

Sofrimento, sentimento este já conhecido por mim, mais nunca vivido de tal forma. Eu que pensava que já havia sofrido por amor, e acabei por me enganar com meus sentimentos.

Agora eu estava aqui, parado na floresta, feito um tolo. Mexa-se Jacob, dizia meu inconsciente, mas o meu consciente dizia o inverso. A indecisão tomava conta de todo meu corpo, eu podia sentir até minha alma sendo tomada por ela.

Então fiz o que meu coração estava mandando, me transformei e fui atrás de respostas para as minhas perguntas. Vagando pela floresta me deparei com a casa de Leah. Lá dentro as luzes ainda eram mantidas acesas, embora eu não tivesse noção de que horas eram. Sua mãe estava sentada ao lado do telefone, esperando com certeza uma ligação sua. A esperança dentro de mim era a mesma, queria que ela ligasse tanto quanto sua mãe queria.

O desespero me açoitava, assim como a solidão e a culpa. Eram três mártires que eu carregava que me assombrava e me enervava.

Dias sem nenhuma ligação, sem nenhum pedido de socorro, sem nenhuma fogueira queimando ao longe. Dias de angustia, sofrimento e dor, muita dor.

Quando tudo parecia perdido, e nada mais fazia sentido. Meu telefone toca. E era ela, Leah. Eu tinha que tomar uma atitude, ser homem o suficiente para falar o que eu estava sentindo.

- O que posso lhe dizer agora?Nada - não sabia por onde começar. -O que sempre faço não lhe digo nada - meu coração pulsava tão alto que acho que qualquer humano escutaria.

- Apenas a olho... Não sei se me aceitaria ao seu lado... Mas eu preciso que saiba o que estou sentindo. Mesmo que seja para me desprezar depois, para zombar de mim... Pelo menos seu desprezo indicaria que sabe que eu errei. Convivo com o delírio de sua imagem em minha cabeça. Você vive em meu inconsciente e o que faço?Torno-me amigo do tempo para que ele passe logo? Ou sigo ao lado da angústia e da dúvida? É por você e só por você que ainda bate meu coração. É por você que voltei a falar de amor. É por você que meus olhos brilham. É graças a você que se acabou a dor e a solidão - inacreditavelmente eu suava frio a cada palavra que pronunciava respirei fundo e continuei.

- Quando a procuro e não encontro me sinto um vagabundo perdido no mundo, desorientado, ao léu como uma nuvem no céu, como uma folha na correnteza de um rio. Você move meu mundo e me traz felicidade. Perdoa-me Leah, por tudo que te fiz, eu sou um idiota que pensa que sabe tudo dessa vida - meu desespero era latente.

- Meu coração está em frangalhos e só você pode me dar o remédio de que preciso para curá-lo. Eu te amo e você já sabe disso, só eu que não tinha percebido. O que faço sem você?Volta pra mim – as palavras saiam de minha boca com certa urgência, a única chance que eu tinha para expressar todo o meu puro sentimento e eu não podia desperdiça - lá.

Por um momento achei que ela não estivesse me escutando, mas eu podia ouvir sua respiração do outro lado da linha. Meu coração batia cada vez mais forte, por um breve momento eu achei que ele ia sair pela minha boca. Foi quando minhas esperanças cessaram. Eu não conseguia mais ouvir a respiração dela, ela havia desligado o telefone.

Fim do quarto capítulo