Décimo Capítulo: Coincidências ou Destino?

Trilha Sonora do capítulo: Mariah Carey – My All

Pov Jacob

Não entrei muito para a floresta, pois não queria que me enchessem de perguntas, afinal teria que chamar os bombeiros, não poderia chegar com a garota nos braços no hospital e falar:

“Olha não me levem a mal mais eu parei um carro que estava derrapado floresta a baixo, salvei a garota que estava dentro deste, agora é com vocês, já fiz minha parte.” Se fizesse isso com certeza seria o meu fim.

 Logo encontrei um lugar apropriado e não muito longe do acidente para que colocasse a garota e chamasse por socorro.

Tudo que sempre quis nos últimos dois meses aconteceu em frações de segundos. Ter Leah em meus braços, mais não desta forma. É fato que o destino estava sempre me testando, brincando com meus sentimentos e me alertando de algumas coisas que foi cego para perceber, mais isso já tinha passado dos limites.

Lá estava ela, com uma calça Jeans, blusa vermelha e em um dos pés usava uma sandália fechada branca, estava linda se não estivesse. Morta!

- Morta, morta, morta! – não podia acreditar no que meus olhos viam.

Leah, toda ensanguentada, em sua testa havia um profundo corte, seus cabelos estavam grudados no seu lado esquerdo do rosto pela quantidade de sangue que tinha neste, seu braço direito estava muito machucado, como se estivesse sido arrastado no chão e sua perna esquerda estava um pouco torta como se tivesse quebrado.

Não entendia nada de medicina e muito menos de primeiro socorros. Ajoelhei próximo a Leah tirei seus cabelos ensanguentados de sua face, queria olhá-la, não me importa o seu estado. Peguei-a e a coloquei em meus braços, a queria sentir nem que fosse pela última vez. Não pude conter as lágrimas que desciam dos meus olhos, era como se eu tivesse morrido junto.

Uma dor insuportável percorria por todo o meu corpo. Leah em meus braços, não conseguia sentir seu pulso, sua respiração, seus batimentos cardíacos. Eu não acreditava no que estava acontecendo, não era um pesadelo, era real, a mulher que amava estava em meus braços morta.

- Morta! Meu Deus por quê?Por quê? Por quê?  Por quê? -  eu não queria acreditar, não podia acreditar.

Eu a balançava loucamente, a queria viva, junto a mim. Mesmo na minha forma humana eu uivava tão alto, que com certeza toda a cidade pode escutar minha tristeza.

Pov Leah

Sentia todo o meu corpo dolorido. Então eu não tinha morrido? Nunca morri na vida para ter essa experiência, mais de uma coisa eu tinha absoluta certeza, não se sente dor quando morre. Minha cabeça latejava, meu braço direto ardia em brasas e só uma das minhas pernas eu podia sentir, à direita.

Então eu estava viva, de alguma forma, mais como isso era possível, mais por que eu não conseguia enxergar nada, será que eu tinha perdido a visão no acidente?

Sentia-me quente, como se tivessem me colocado dentro de um forno, ao abri meus olhos pude perceber que este estava cheio de sangue. Com certo esforço virei minha cabeça e olhei para o lado e pude perceber uma mão, que eu reconhecia bem em um dos meus braços.

Jacob me mantinha presa ao seu corpo quente e musculoso, olhei para cima para ver seu rosto, esse mantinha os olhos fechados e muitas lágrimas escorriam por ele. Tentei sem muito sucesso me mexer para chamar sua atenção, mais ele estava imóvel, como se estivesse em transe, petrificado.

- Jacob, Jacob, Jacob, por favor – murmurei com certa dificuldade para chamar sua atenção.

Nada! Exatamente nada acontecia, ele não movia um músculo se quer, por diversas vezes o chamei, ele sempre imóvel parecia que tinha criado raízes, ou congelado no tempo sei lá.

A dor ficava cada vez mais insuportável, não conseguia mover um músculo se quer, Jacob me segurava tão forte que parecia que ia quebrar todos os meus ossos, estava sem forças para sair dali, ele tinha que acordar do transe, pois eu sentia muita dor e podia sentir meu sangue escorrendo pelo meu corpo, dessa forma eu ia acabar morrendo de hemorragia, já que o acidente não conseguiu me matar.

Pov Jacob

Fiquei imóvel com Leah em meus braços, poderia ficar assim pelo resto da minha vida, queria morrer junto com ela. Não tinha mais forças em meus pulmões para continuar uivando, fechei meus olhos e deixei minhas lágrimas escaparem mais uma vez.

Talvez nosso amor terreno não venha a se realizar, pois não há mais vida em seu corpo frio e ensanguentado. Mas em você eu encontrei minha vida, minha alma gêmea e imortal, à qual estou unido por toda a minha eternidade. Se não voltarmos a nos encontrar aqui na Terra, nessa vida, espero-a na próxima ou no infinito meu amor – murmurava perdido em minhas tristezas.

Eternamente serei seu, meu coração, meu mundo, minha alma é toda sua meu amor. Não sei se aguentarei por muito tempo sem você perto de mim, não sei se essa dor que agora é pior do que qualquer outra que já senti em toda a minha vida um dia vai passar, sinto que essa cratera que se apoderou do meu peito, não sairá de dentro de mim e que serei corajoso o suficiente para tirar minha própria vida, arrancar esse ser de mim, e encontrá-la seja onde for para assim vivermos para todo o sempre – apertei-a com mais força, não consegui mover nenhum músculo, só queria morrer junto e desejava com toda a minha alma que o mundo acabasse naquele instante.

Estava tão perdido em meus pensamentos, que até escutar a voz de Leah eu estava escutando.

- Jacob, Jacob, Jacob, por favor – sua voz era quase inaudível, era como se esta tivesse dentro da minha cabeça.

Por diversas vezes ouvi sua imploração, mais escutar sua voz não era nada comparado ao sofrimento em si, eu sabia que isso era apenas coisa da minha cabeça e que de agora em diante seria assim.

Ao abrir os olhos, reparei que nada tinha mudado desde o acidente, não sabia quanto tempo estava dentro daquela floresta com Leah em meus braços, tudo muito calmo e nem sinal de animais por perto, com certeza eu teria assustado a todos com meus uivos.

Fechei meus olhos pensando novamente, no futuro e em como seria minha vida sem Leah para preenche - lá, passei meus braços pela sua cintura puxando-a para cima, queria dar-lhe o último beijo.

Toquei meus lábios quentes nos seus lábios frios, esfregando este carinhosamente por toda a sua extremidade, senti gosto de sangue adentrando a minha boca, segurei a sua cabeça e comprimi com mais força meus lábios aos seus.

Pov Leah

Desisti de implorar para que Jacob me soltasse, sentia-me melhor junto ao seu corpo quente. Estávamos no meio da floresta, só o que eu podia ver eram árvores e mais árvores acima de mim. Ele continuava lá imóvel, com os olhos fechados resmungando alguma coisa que eu não consegui captar direito, pois minha cabeça doía muito.

Inexplicavelmente, Jacob acorda do transe, puxa-me pela cintura, de olhos fechados e chorando muito e toca seus lábios quentes nos meus. Aquilo soou como fogo dentro de mim, seu beijo era como anestésico para as minhas dores. Foi quando Jacob segurou minha cabeça e comprimiu mais os seus lábios aos meus, que eu senti que ele era homem da minha vida. Na certa ele achava que eu estava morta porque o longo beijo que meu deu foi um selinho, mais não um simples selinho, para mim foi “o selinho”.

Tinha tanta ternura naquele simples beijo, que para mim foi como remediar todas as minhas dúvidas de não ter esse amor correspondido. Mesmo com dores por todo o corpo, imediatamente forcei meus lábios nos seus, passei minha língua ao redor do mesmo, e aí fui avidamente correspondida.

Não havia alegria tão breve ou tão doce felicidade como aquele beijo de Jacob, este transbordava emoções e junto com as minhas pude ir à estase. Por tanto sonhei com aquele beijo, como seria, só nunca imaginei que nestas circunstâncias, era tão saboroso, tão delicioso, tão meloso.

Pov Jacob

Sentia-me em um lindo sonho no qual tocava meus lábios aos de Leah, seu beijo era quente, era sufocante, era maravilhoso, parecia o orvalho que repousava nas rosas, quando a manhã se descobre, era tão precioso. Era tão vivo tão provocante e ao mesmo tempo tão delicado.

Mais aquilo não era real, só fruto a minha louca e conturbada imaginação, eu estava ficando paranóico. Tinha acabado de perder o grande amor da minha vida e ao beija - lá pude sentir tudo isto.

Que loucura!

Afastei seu rosto do meu, a segurei fortemente pelos ombros e abri meus olhos para ver que tudo aquilo não passava de um devaneio. Pisquei várias vezes meus olhos para ter a plena certeza do que via. Leah olhava-me com os olhos marejados e com um pequeno sorriso no boca.

- Você está viva meu amor, viva. Oh!Deus muito obrigado – a abraçava e balançava fortemente. - Meu amor, você está bem? Por favor, fale comigo – a mantinha agarrada junto ao meu corpo quente. - Por favor, fale alguma coisa Leah. - Por Deus!

- Se você parar de me apertar tanto Jake, eu posso até cantar se você quiser – Leah esforçava-se ao máximo para pronunciar estas palavras.

- Oh!Sim, claro meu amor, me desculpe – afrouxei meus braços encostando cuidadosamente Leah no chão.

- Obrigada Jake, obrigada por tudo.

- Não tem o que agradecer meu amor, Leah eu te amo tanto, você não sabe o quanto sofri quando você partiu.

- Oh!Jake me desculpa por fazê-lo sofrer tanto assim, é que eu precisava de um tempo para mim. Eu também sofri muito por estar longe.

- Leah sei que fui um tolo por não perceber o que aquele primeiro beijo significou para você, te peço perdão por tudo o que te fiz, por todo esse sofrimento desnecessário, por tudo meu amor, por tudo...

- Jake não há nada para perdoar, nós omitimos nossos sentimentos e pagamos por isso, agora é um novo tempo, um novo momento para nós. Vamos tentar começar o que começou mal sucedido?

- Vamos sim amor, vamos sim –aproximou- me de Leah para beija - lá.

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! – Leah urrou quando encostei meus lábios aos dela.

Eu estava tão entusiasmado com o momento que até esqueci que Leah estava sagrando e que precisava urgentemente de cuidados médicos.

Levantei-me pegando-a no colo, me transformando rapidamente e segui em direção a aldeia.