Dois Mundos escrita por Iza Stank


Capítulo 6
6- Resgatada pelo batalhão de combate ao ciclope




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–Você tem muita coisa para explicar. –disse ela.

–Como o que por exemplo? –perguntei.

–O que está acontecendo ai, no Rio de Janeiro? –perguntou ela, irritada.

–Deixe-me pensar. –eu não estava gostando do tom dela, então resolvi devolver na mesma moeda. –tem um retardado aqui, o Kratos, a muito, muito tempo atrás, ele foi amaldiçoado por Atena, e agora ele conseguiu escapar do Tártaro, liberou o resto dos espíritos da Caixa de Pandora e está planejando dominar o mundo. É bom o suficiente para você? –perguntei.

Ela parou pensativa, me estudou com os olhos e finalmente falou:

–Isso já é comum, já enfrentei gente pior, você está com quem?

–Agora estamos aqui, eu, meu primo Douglas, Pedro, que por sinal é um mago também, daqui do Brasil e um menino, filho de Atena. –respondi.

–Vocês precisam receber treinamento. –disse ela.

–Nós já recebemos. –respondi.

Ela parecia me fuzilar com o olhar, eu comecei a achar que ela não gostava de mim, e ela não parecia o melhor frango para se ter como inimiga.

–Onde está minha mãe? –perguntei.

–No Egito, claro, mas ela está bem. Agora você precisa ir. –ela respondeu em um tom ríspido.

E meu sonho se modificou. Eu estava Porto Alegre, minha cidade maravilhosa, mais precisamente, na casa de minha melhor amiga, Rafaela, ela era menor do que eu, magra e tinha cabelos curtos e negros, sua pele era um tom de café com leite e é minha melhor amiga desde a quinta série, portanto, eu me sentia muito apegada a ela. Eu até tinha ajudado ela a ficar com meu primo.

Enfim, eu estava lá, na sala, e Rafaela estava sentada no sofá, um homem alto, com aparência rude mas elegante, com cabelos grisalhos cheios de gel e uma barba bem feita, usando um terno risca-de-giz preto e com olhos tão azuis quanto o céu. Eles conversavam seriamente, eu nunca tinha visto ele ali, isso que eu ia na casa dela quase todos os dias, mas tinha uma ideia de quem seria, a tatuagem em forma de raio no pulso ajudou muito.

–Mas eu não entendo. –disse ela, e conhecendo-a do jeito que eu conheço, pude dizer que ela estava fazendo muito esforço para entender.

–Você precisa entender, já passou da hora de você ir para o acampamento, e agora que você sabe que é, você está correndo perigo. –disse o homem.

–Mas se você é meu pai, porque você nunca veio me visitar? Ou procurar saber se eu estava viva? –perguntou ela.

–Eu não pude, eu queria, mas estive muito ocupado. Diga para sua mãe, que eu sinto muitas saudades dela, eu preciso ir agora. Tenho um assunto muito importante para tratar, vou providenciar que você fique em segurança. –ele abraçou minha amiga, com tamanha força, que eu achei que ela fosse quebrar.

Quando ele saiu, Rafaela ainda estava parada no mesmo lugar, mas eu pude ver um brilho diferente em seus olhos, como se uma áurea de poder estivesse em volta dela. Eu não podia acreditar, Rafaela era filha de Zeus? A minha Rafaela, aquela menina carinhosa, gentil e esforçada, era filha de Zeus?

Eu me acordei com um banho de água gelada, literalmente, dei um pulo e vi ali, em pé na minha frente, Roxie, que segurava um balde de água.

–Bom dia. –eu disse, e recolhi a mão rapidamente, pude perceber que passei a noite toda com a mão dada para Pedro. –Como você chegou aqui? Como você conseguiu fugir de lá? –perguntei enquanto me levantava.

–Eu sou uma filha de Hades, fiz uma viagem nas sombras, fui para casa, tive um ótima noite de sono e tive um sonho bem interessante, que mostrava vocês aqui, claro que reconheci o lugar, já vim aqui muitas vezes. –ela falava sem respirar, então percebi que ela vestia um short jeans e uma blusa amarela que deixava o umbigo de fora, ela também se mexia muito enquanto falava, e isso era bem irritante.

–Hm, por quê os outros não estão acordados? –perguntei.

–Eles já vão acordar, por enquanto, só preciso falar com você. Nós temos grandes problemas nas mãos, Kratos está assustando a população, liberou os lestrigões pela cidade, não sei o que os mortais veem, mas não pode ser coisa boa, eles estão correndo pela cidade, fazendo arruaças, quebrando as lojas e destruindo carros, então temos que agir rápido, ele não sabe aonde vocês estão, mas mandou servos revistar a floresta, e logo vão encontra-los, precisam sair daqui. –ela disse isso enquanto gesticulava intensamente com as mãos e dava uns pulinhos irritantes também.

–Nós temos a Caixa. –eu disse, e ela pareceu se acalmar um pouco.

–Então vamos capturar alguns espíritos. –disse ela mais animada.

Ela evocou a varinha, eu não sabia que ela era maga, mas ok, e disse uma palavra de comando, um hieróglifo preto brilhou em cima dos três garotos e alguns litros de água gelada despencaram em cima deles.

Douglas foi o primeiro a pular, ele se levantou rapidamente, sacudindo as roupas, então evocou fogo por todo o seu corpo e a água secou rapidinho. Andrés se acordou com um susto também, levantou esfregando os olhos e colocou os óculos, ele ainda não raciocinava muito bem, mas Pedro não havia nem se mexido.

–Eu tinha esquecido o peixinho ali. Douglas, você poderia... –antes de ela completar a frase, Douglas jogou um esguicho de fogo saindo diretamente do dedo indicador até o traseiro de Pedro.

Ele deu um pulo e levantou correndo, finalmente se sentou na parte molhada do chão. Depois de uns momentos, que usei para contar meus sonhos, e disse que Zeus estaria indo para lá nesse momento, nós saímos para a cidade, com Roxie nos guiando.

Depois de um tempo, nós estávamos no centro do Rio, muitos mendigos estavam por ali, não vimos oportunidade melhor para começar a captura, Pedro pegou a Caixa, colocou ao lado de um homem que dormia no chão e pronunciou algumas palavras e uma névoa marrom voou do homem até a Caixa, então muitas névoas iguais a essa, se juntaram, entrando com relutância no recipiente.

Nós fizemos isso a tarde toda, eu, Pedro e Douglas, Roxie havia levado Andrés para a sua casa, para faze-lo entender um pouco sobre o que estava acontecendo, foi melhor assim, aquele bebê extra grande estava me irritando.

Quando estávamos passando por uma esquina, eu vi o próprio Kratos, ele tinha coragem de sair andando, sempre exposto, nos esquivamos atrás de carro estacionado, preparei meu arco e mirei em sua cabeça, seria um tiro certeiro, e Kratos voltaria para o Tártaro, mas algo de errado de novo.

Um lestrigão se aproximou de nós sem percebermos, ele me levantou pela mochila, consegui não largar o arco, mas acabei fazendo um pouco de barulho, então tanto Kratos como os meninos, me viram, balançando nas mãos do gigante.

–A minha prima não! –gritou Douglas pegando a espada e cravando-a nos pés do lestrigão.

O monstro me jogou para longe, bati com a cabeça em um telefone público e desmaie, lembro-me apenas de conseguir guardar meu arco antes de apagar, coloquei-o em forma de chaveiro, pendurado no colar do meu pescoço.

Eu acordei com a cabeça girando, não consegui me focar onde estava, mas parecia um lugar escuro, apenas com uma luz vinda da porta, eu levantei e caminhei até lá.

Minha visão se focou rapidamente e pude ver onde eu estava, minhas suspeitas se confirmaram, eu estava presa em uma sala trancada, com um prato com comida (um sanduiche de queijo mofado) e um copo de água velha no chão, apenas.

Passei a mão no pescoço, graças á Deus, meu arco estava ali ainda, eu o puxei e acionei o GPS, eu estava em algum lugar do Rio de Janeiro, no meio de um morro, na programação em 3D, mostrava uma caverna no coração do morro, e na superfície, a favela do Alemão se erguia. A sala onde eu estava ficava no meio de um corredor, com mais algumas salas daquela. O corredor seguia por mais cem metros até uma bifurcação, um lado levava para uma caverna maior, o outro, para mais salas. Tudo isso eu conseguia ver pelo arco, que tinha um sinal de internet muito bom até mesmo ali, fiz uma varredura de calor pelos corredores e o visor mostrou que na caverna grande, havia muita marcação de calor, mas nos corredores, apenas eu.

Acendi a mão e uma bola de luz flutuou até o teto alto, minha mochila fora jogada ali no canto, estava toda amassada, abri ela e tirei tudo o que havia ali: dois pacotes de bolacha recheada de chocolate, três caixinhas de suco, um casaco, duas camisetas, meu boné, minha escova de dentes, uma garrafa de água cheia, uma calça, uma bermuda, meu celular (sem sinal), meus fones de ouvido, minha carteira e o kit de primeiros socorros para semideuses, composto por um vidro de néctar e alguns tabletes de ambrosia.

Pelo arco, eu conseguia ter uma comunicação com o mundo, eram 20 horas, e eu não comia nada fazia mais de 24 horas, então estava morrendo de fome e eu havia desmaiado por mais de 8 horas. Tentei localizar meus amigos, mas não achei nenhum sinal deles, não sei porque, mas achei que talvez Roxie estivesse on-line no facebook, nunca se sabe.

Comi uma bolachinha e tomei um pouco de um suco de uva, guardei o resto na mochila e deitei a cabeça ali, já que não podia fazer uma coisa, resolvi dormir, pelo menos eu teria uma chance de comunicação.

Não demorei em pegar no sono. Meu sonho veio logo em seguida, como eu imaginará, eu estava flutuando sobre Douglas, que chorava feito um condenado para a forca.

–Eu não podia ter deixado isso acontecer, a culpa é minha, Luiza pode estar morta agora e a culpa é minha. –queixou-se ele ao ombro de Roxie.

–Eu já disse, ela não está morta. Se estivesse, eu poderia sentir. –respondeu ela.

–Nós vamos encontra-la, prometo. –disse Pedro. Ele havia tomado banho e posto roupas limpas, uma camiseta preta do ACDC e uma bermuda.

Eles estavam na casa de Roxie, Andrés estava com eles, ele usava o computador despreocupado, como eu imaginava, no facebook, uma mulher perambulava pelo apartamento, deduzi que seria a mãe de Roxie, pois possuía os mesmo cabelos castanhos da filha e os mesmo lábios misteriosos.

Eu tentei avisa-los de minha presença, mas foi inútil. Meus gritos não saiam de minha boca.

–Vamos Douglas, você precisa comer alguma coisa. –Disse Roxie. Ela também havia se trocado, estava com uma blusa preta e um short.

Ele se levantou, acho que eu nunca havia visto ele chorar, ele havia tomado um banho pelo jeito, porque seus cabelos ainda pingavam.

–Nós vamos achar a Luiza, matar aquele desgraçado do Kratos e manda-lo de volta para o Tártaro. –disse Douglas, agora ele havia parado de chorar, olhava com muita, muita raiva para a mesa.

Meu sonho mudou, agora eu estava novamente na sala do trono, meu pai, Apolo, estava de pé conversando com Zeus, o pai de Rafaela. Eles pareciam discutir.

–Pai, você não pode ir. –Apolo disse.

–Você não deve me impedir. Eu vou derrotar Kratos. –respondeu Zeus.

–Você vai ser capturado. –gritou Apolo. Mas Zeus não ouviu o filho e desapareceu.

–Pai! –gritei e ele se virou para mim.

–Agora estamos em sérios perigos. Você precisa escapar. –disse ele, e meu sonho se dissipou.

Eu acordei na mesma sala pequena. E sabia o que fazer. Liguei o arco (era o melhor arco de todos os tempos, pois era conectado nas redes sociais), entrei no facebook e adicionei Andrés, como eu suspeitava, não demorou muito para ele me aceitar.

Eu comecei a conversar com ele, o mais rápido possível, passei a minha localização e meu sonho sobre Zeus estar vindo, ele me disse que estariam vindo me resgatar. Mas eu resolvi não esperar.

Fiz outra varredura de calor na montanha, os sinais de calor continuavam vindo da sala a cem metros, e parecia igual.

Eu peguei o canivete de dentro da aljava, e comecei a forçar a porta. Menos de uma hora depois, a porta estava aberta e eu caminhava cautelosamente pelo corredor. Como eu havia visto na tela, haviam varias portas iguais, até que cheguei na bifurcação, segui para o lado da sala, preparei o arco, caso eu precisasse lutar, botei o canivete no bolso, em um lugar acessível e continuei o caminho, depois de alguns poucos metros, cheguei á sala, uma grande sala circular, no centro, um ciclope estava sentado em uma poltrona, ele era grande, alto, feio e nojento, tinha uma careca cheia de sebo e seu olho marrom estava fixo em um ponto na parede, uma televisão. Não consegui identificar o programa, mas o ciclope pareceu não me ver.

Eu me esgueirei pela parede cheia de entulho, do outro lado, uma porta estava fechada, mas eu precisava chegar lá primeiro. Comecei a andar e quase esbarrei em uma caixa de papelão. Quando já estava na metade do caminho, o programa acabou, e o ciclope se levantou. Tentei me esconder atrás de uma caixa grande, mas ele me viu e tentou me pegar. Mas uma flecha voou direto no seu olho. Ele urrou e colocou uma das mãos na frente.

Quando ele tirou a mão, pude ver o estrago, seu grande olho escorria sangue, ele estava muito irritado, pegou uma lança que estava presa ao lado da poltrona e jogou em mim, mas consegui me esquivar facilmente. Eu cheguei na porta, mas como eu havia imaginado, ela estava fechada, eu não tinha tempo de arrombar a porta e eu estava presa com um ciclope.

O ciclope investiu contra mim, mas corri para o lado a tempo de ele abrir uma cratera no chão aonde eu estava. Então uma ideia surgiu na minha mente, eu não teria força para abrir a porta, mas o ciclope teria. Então voltei para a frente da porta, e atirei outra flecha, que se fincou na testa do monstro, ele ficou ainda mais furioso, e tentou me pegar, corri para os seus pés, e com o canivete, fiz uma ferida no seu joelho, ele urrou e quando veio para cima de mim novamente, esquivei-me e ele atravessou a porta.

Corri para fora, a porta dava em um corredor mais largo, portanto não tive dificuldade em passar pelo ciclope, o corredor acabava perto da entrada do alemão.

Era de noite, mas tinha muita gente da rua, ao fundo, consegui ouvir uma musica, funk, provavelmente deveria ter algum baile ali por perto. Mas segui para a direção contraria, não poderia por em risco aquelas pessoas.

Depois de correr alguns metros, ouvi o ciclope gritando atrás de mim, ele havia saído da caverna, mas eu não precisei lutar, porque Pedro me salvou, quando me virei, ele estava lá, com a espada na mão lutando com o monstro, eles quase faziam um bailado, Douglas entrou na luta também, com sua espada flamejante, atingindo o ciclope nas partes desprotegidas. Roxie estava mais atrás, ela conduzia um bando de mortos-vivos contra o ciclope, e eu peguei o arco e lancei uma saraivada de flechas no monstro. Em questão de minutos, o ciclope era apenas poeira na rua.

–Muito obrigada gente. –eu disse.

Douglas me deu um abraço forte o suficiente para me deixar um pouco dolorida.

–Nunca mais, nunca mais mesmo faça isso. –disse ele.

–Vou tentar, mas não tive culpa de ser sequestrada. Aonde está o Andrés? –perguntei, porque notei que ele não estava em lugar algum.

–Ele está com o pai no hotel, tinha que dar um sinal de vida. –Respondeu Roxie.

Pedro caminhou até mim enquanto guardava a espada. Ele me deu um abraço e me olhou de cima até em baixo, se certificando de que eu estava bem.

–É muito bom que você esteja viva, mas vamos, precisamos conversar. –disse ele passando o braço por meu ombro e nos conduzindo até um barzinho que estava aberto, no pé do morro.

Nós sentamos em volta de uma mesa, Pedro tirou o braço do meu ombro, ainda bem, pois eu estava envergonhada, Douglas não parava de me lançar olhares confusos.

Eu perguntei o que havia acontecido depois de eu ter desmaiado. Incrível eu ter perdido aquilo. Depois que fui jogada longe, Pedro e Douglas tentaram chegar até mim, mas cinco ou seis lestrigões os atacaram, e quando viram, eu já havia sumido. Eles me procuraram o dia todo até voltarem para a casa de Roxie, eles tentaram fazer um plano de busca, fazer hipóteses, mas não chegaram em nenhuma conclusão, até Andrés tinha ajudado.

Então eu dei sinal de vida, e eu teria que explicar como consegui acesso com a internet no cativeiro. Dai chegou a minha vez de contar os fatos. Depois de falar tudo, o dono do bar avisou que eles estavam fechando, e nós ligamos para a mãe de Roxie vir nos buscar, e passaríamos a noite na casa dela.

Eu me acomodei no quarto de Roxie, ela dormiria na caminha de baixo da cama, os meninos ficaram com o quarto de hóspedes, Andrés havia dito que voltaria pela manhã, ele tinha entendido que deveria ficar conosco. Depois de ter tomado um banho e ter me alimentado, me forcei a dormir.

Dessa vez eu sonhei que estava no acampamento, Quíron estava armando as defesas, ele chamava todos os campistas na área do pavilhão, alguns surgiram de pijamas, outros já de roupas e armaduras.

–Campistas, estamos sendo ameaçados, os romanos estão preparando uma linha de ataque, não sabemos ao certo se nos acharão, mas estão procurando, e em pouco tempo estarão aqui, precisamos de alguém para fazer uma patrulha aos arredores. Connor e Travis, vocês poderiam usar toda a sua habilidade de não serem vistos, para procurar os romanos? –perguntou Quíron em voz grave.

Lá no fundo, os irmãos Stoll apareceram em uma armadura grega de batalha completa, com as espadas a postos.

–É claro que sim. –disseram eles juntos.

–Amanhã começáramos a preparar o acampamento. Podem voltar a seus chalés. Boa noite. –disse Quíron saindo a galope para a casa grande.

Os campistas pareciam não acreditar, mas voltaram para os chalés.

Meu sonho mudou, eu estava no Egito de novo, minha mãe conversava com Amós, a sós, na sala que eu virá antes.

–Parece que a situação melhorou um pouco. Sua filha está fazendo o trabalho certo. –disse Amós.

–Obrigada, eu lhe disse para acreditar em mim. –respondeu minha mãe.

–Rodrigo me contatou, disse que estavam tendo problemas com uma infecção generalizada no nomo, mas agora todos já estão bem. –disse Amós.

–Que bom, menos um problema para o nosso faraó. –falou minha mãe, e pelo tom de voz, pude ver que ela estava sendo irônica.

Meu sonho mudou outra vez, eu estava ao lado de Bruna, naquele lugar indefinido. Minha irmã estava parada na janela do dormitório, nevava muito do lado de fora. Ela mexia o medalhão que ganhou de aniversario, que continha uma foto de nossa família, uma menina se mexeu na cama ao lado, pude dar uma olhada no quarto, algumas camas, não mais do que 10, o quarto tinha cortinas vermelhas e douradas com um brasão que não consegui identificar, as paredes eram de pedra e pareciam de um castelo.

Ela pegou a varinha que estava na cômoda e lançou algumas fagulhas através da janela.

–Eles que pensam que não posso ajudar. –resmungou ela voltando para a cama.

Eu acordei no meio da noite, demorei para raciocinar aonde estava, fui até a cozinha tomar água e parei quando ouvi uma conversa vinda do quarto de hóspedes. Pedro e Douglas conversavam sobre mim.

–Eu gosto da sua prima, e não vejo problema nisso. –disse Pedro.

–Tudo bem cara, não é problema meu, eu só acho estranho, nunca vi a Luiza com ninguém. –respondeu Douglas. –o que você viu nela?

–Muita coisa boa, quando eu a vi naquele dia, que a missão foi dada. Nossa, ela fez minha respiração parar, me fez esquecer o mundo. Eu vi que era ela a menina dos meus sonhos, que eu pedi por tanto tempo e que o oráculo havia falado para mim. –disse Pedro. –ela é muito legal, sabe ser ela mesma e não está nem ai.

–Nunca ouvi ninguém falar assim dela. –disse Douglas. –sabia que ela me batia quando erámos crianças? –disse ele e riu.

–Nossa, sério? –perguntou Pedro.

–Sim. Ela sempre foi meio violenta.

–É melhor do que ser aquelas meninas melosas. Eram os reflexos de batalha. –disse Pedro. Eu já estava com vontade de entrar no quarto e bater em Douglas, de onde já se viu falar aquilo para Pedro?!

Tive que resistir ao impulso de entrar no quarto, então voltei para a cama sem tomar água.

De manhã eu tive que resistir ao impulso de provocar os dois, eu tinha um pequeno problema em guardar segredos. Então não falei muito, apenas contei meu sonho.

–Eu tive um sonho também. –Disse Pedro. –e sei como derrota-lo.

A mesa ficou em um silêncio dramático, então ele percebeu que era pra ele começar a contar. Foi isso que ele fez.

–Eu estava ao lado de Kratos, no meio de uma sala, só estavam ali ele e outro cara, um baixinho nojento, com o cabelo lambido e um péssimo gosto para escolher roupas, só que esse cara era um fantasma. Ele perguntou se aquela poção iria protegê-lo do Bronze celestial e qualquer outra coisa. O baixinho disse que só não iria proteger contra um único tipo de poção, sangue de górgona tirado do lado esquerdo, que era um veneno mortal.

Eu processei aquela informação, aonde eu iria conseguir veneno de górgona?! Lembrei-me de algo, Pedro havia dito que os shabtis podiam buscar qualquer coisa em qualquer lugar do mundo. Será que eles conseguiriam buscar isso também?! Dei a ideia, imediatamente, Pedro invocou um dos shabtis, e o mandou atrás do veneno, o boneco de argila sumiu no ar.

–Ótima ideia, não tinha pensado nisso ainda. –disse ele passando a mão em cima da minha.

–Mas nós precisamos fazê-lo engolir o veneno. –Disse Roxie.

O shabti voltou com um frasco minúsculo cheio de um liquido verde gosmento. Gostaria de saber de onde ele foi tirado, mas preferi não descobrir. Apenas o guardei dentro da mochila.

–Nós temos um idiota para matar. –falei com convicção me levantando.


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