Ter Percy e Grover como uma equipe nova foi legal, era bom pra ter alguém que levava as coisas com seriedade por mais de dez minutos, sem fazer piada, ou tirar alguma coisa estranha de um cinto mágico, mas ter Annabeth junto era um pouquinho complicado. A real é que ela é ciumenta. Eu sei disso, Percy sabe, se bobear até meu pai sabe, mas por orgulho desnecessário ela não assume e tenta não deixar transparecer fazendo questão de negar. O que só piora a situação.

Alguma coisa ainda me diz que na cabeça dela eu estou, ou sou, apaixonada pelo seu namorado. Percy é um cara bacana, bem bonito até, e fico feliz de verdade por ele ter encontrado alguém, um relacionamento que seja recíproco e coisa e tal.

Caso você não saiba, eu o beijei, uma vez, por puro impulso e infelizmente não tem como apagar isso. Mas particularmente eu não pretendo fazer isso de novo, não desejo. Percy está feliz, Annabeth está feliz e eu não sou o tipo “estragar prazer” além do mais tem um... Ah! Estou falando coisas demais. Esquece, tudo isso, ok?

Bom, eu fui na frente guiando os outros até o riacho, Leo estava ao meu lado e parecia um pouco tenso, ambas as mãos no bolso, encarando o chão. Depois de alguns segundos caminhando eu senti uma coisa quente e macia deslizando do meu cotovelo esquerdo até os meus dedos rígidos, era a mão de Leo, eu não tinha percebido que estava até agora com as unhas pressionando minha palma se ele não tivesse feito isso.

– Obrigada – Sussurrei.

Ele sorriu ainda com a cabeça baixa, vez ou outra chutando uma pedrinha que encontrava.

Atrás era possível escutar uma conversa sobre alguma coisa que as ninfas estavam fazendo, Grover parecia ansioso quando o assunto se tratava de Juníper.

O caminho no silêncio entre Leo e eu parecia ficar mais longo comparado com a caminhada mais cedo, o ar estava pesado e eu incomodada. A desconfiança de Annabeth em mim deixava-me irritada e chateada. Eu não sou semideusa, mas querendo ou não faço parte desse mundo, e tenho meu lugar de importância, o Acampamento Meio-Sangue também é meu lar e agora sou da família, não tem nada pior do que se sentir um estranho no ninho. E isso era pra ser um momento de mudança, incrivelmente bom, por isso jurei que não ia me deixar levar.

Eu implorei aos deuses em pensamento que Leo falasse qualquer besteira mas ele não disse nada, continuou em silêncio enquanto caminhávamos.

– Alí! – Eu me virei e Annabeth estava apontando para o riacho com os olhos arregalados de ansiedade.

Sorri.

– É lá mesmo. – Ela retribuiu o sorriso.