Jogos Vorazes - 71º Edição escrita por GS Mange


Capítulo 9
O Centro de Treinamento Parte 3: A Boa notícia


Notas iniciais do capítulo

Cada Tributo terá também a chance de exibir suas habilidades em um treino individual sobre os olhares dos Idealizadores dos Jogos Vorazes. Pela avaliação do desempenho de cada um nesta apresentação, são divulgados para toda a nação uma pontuação para os Tributos, que pode ir de 1 a 12.



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– então? – pergunta Grover – como se saiu?

– não fui muito bem – digo cansado – se é isso que quer saber.

– não conseguiu seguir o plano – pergunta – ainda está sozinho?

– não, não estou – respondo – mais eles não são bem... Carreiristas, se quer saber.

– mas disso eu já sabia – diz Grover, voltando-se para seu holograma de informação – isso era evidente Florian.

– como assim? – pergunto sem entender – você sabia que eu não faria amizade com os carreiristas?

– é – responde imóvel – sabia.

– então porque me pediu para fazer uma coisa que sabia que eu não conseguiria? – pergunto furioso, vermelho de raiva – por quê?

– para você seguir com o plano desde o início – responde calmamente – ora, sou seu mentor. Estou te treinando desde o trem. Na Arena, não poderei falar direta com você.

– como assim. Treinando-me desde a Arena – pergunto sem entender.

– lembra-se de quando nos encontramos pela primeira vez – pergunto.

– é claro que lembro – isso foi há alguns dias atrás.

– qual foi o conselho que eu te dei? – pergunta ele, lembrando-se da situação.

– para ser eu mesmo – respondo, lembrando-me do que fiz hoje lá no treinamento com Anise e Colton, deixando-os se aproximarem de mim – é claro!

– quando você não desempenha papel algum – explica – você consegue equilibrar suas emoções e a razão. Foi a única maneira de mostrar a você o que é capaz. Que não precisar jogar sujo como a senhorita Daisy. – salienta sussurrando.

– tudo bem – digo mais calmo – você tem razão.

– aprenda a decifrar pequenas pistas. – explica – só assim eu poderei lhe comunicar alguma mudança ou eventualidade.

Balanço a cabeça em afirmação e sigo em direção ao meu quarto. Pego uma muda de roupa em meu closet e vou tomar banho no banheiro comum. Entro na enorme banheira, configuro algumas coisas nela. E pronto. Parece que estou tomando banho numa piscina natural. Com espumas perfumadas e bastante calmaria. Meus pés doem muitos. Andamos por quase todas as estações. Fico imóvel por alguns minutos, deixando a calmaria me embalar, como se não houvesse mais nada no mundo. Como se eu estivesse completamente sozinho. Relaxo bastante, até que perco a hora. O jantar. Saio rapidamente da banheira. Troco de roupa e volto para a sala. Lloyd e Jamie estão conosco novamente esta noite. O jantar é servido. Conversamos sobre como estes dias de treinamento estão sendo. Pegamos alguns conselhos e...

– o Nome dela é Sapphire – relata Daisy, como se a conhecesse há anos. – ela é do distrito um. Riquíssima, por sinal. Parece que lá, é bem comum se voluntariar.

– claro. São sedentos de fama e poder como alguém que conhecemos bem – saliento, enquanto olho fixamente para Nara.

Daisy me ignora. Continua a falar sobre seus novos amigos carreiristas.

– o nome da outra é Laureen. Mas não confio nela – desabafa em tom de arrogância. Parece-me fraca.

– sabemos como é – diz Grover, devolvendo o olhar para mim. Novamente ela nos ignora.

– terei de matá-la rapidamente – ela conta – e terei de fazer isso na calada da noite.

– enquanto a garota do 4? – pergunta Rose – a conheceu?

– um pouco. – responde – ela é... – pensa – arredia. Seu nome é Genevieve. Prefere ficar com os meninos. Seamus é do 4 também. Além de Mica, do 1 e Killian do 2. Este último é lindo – salienta – se não tivesse que matá-lo, com certeza o fisgaria. Mas ainda sim posso tirar uma casquinha dele.

– de assassina a... – Nara me interrompe.

– não prossiga Florian – diz – por favor. Acho que já entendemos!

– mersalina barata – sussurro baixo, para mim mesmo.

O jantar se segue sem mais infortúnios, diferente do que tivemos há alguns dias. Depois, conversamos um pouco, cada um com seus mentores na sala de estar. Grover me esclarece mais algumas coisas a respeito da vida na Arena. Vou para o meu quarto, deito de braços cruzados olhando para o teto, pensado em tudo o que houve. Então começo a processar todas as informações.

Os tributos do 1 são Mica e Sapphire, ambos de 18 anos. Ela é tão loira, que seus cabelos parecem brancos, com todas aquelas grandes ondas. Olhos verde-azulados, nariz minúsculo. Rosto redondo. Boca comum, sobrancelhas escuras. Seu cabelo bate pouco abaixo dos ombros. É magra e do tamanho de Anise. Já o garoto, Mica, é pouco mais alto que eu. Olhos verdes e expressivos. Olhar de desdém. Postura inabalável. Corpo robusto, mas nada exorbitante. Cabelos ondulados, formando cachos em sua cabeça, cor de mel. Boca estranha. Arredondada. Suas orelhas passam despercebidos mediante aos seus cachos. Ambos os tributos tem ar de arrogância.

Killian, o tributo do 2, é do meu tamanho. Cabelos grandes para um garoto. Parece que não corta há meses. São loiros, jogados para os lados. Olhos verdes, como esmeralda. Nariz levemente desproporcional e lábio finos. Apesar de ser o menor dos carreiristas homens, ele é o mais forte. Tem uma pose, como de fosse um ser superior, com certo desprezos pelos tributos não carreiristas. Já Laureen é mais morena. Cabelos castanhos claro. Curtos, como os de minha irmã, só que com uma franja grande, jogada para o lado. Olhos verdes, cinzentos. Boca bonita, carnuda, porém escondida. Ela me parece ser a menos agressiva de todos os carreiristas. Apesar de estar sempre com eles, ela nunca destratou do restante dos tributos.

Genevieve é do 4. Olhos castanhos, pele bem bronzeada. Lábios carnudos. Cabelos negros, partidos no meio. Sempre presos para trás, com a mesma trança de Maura, a menina do distrito 11. Como todos os carreiristas ela também tem 18 anos assim como seu parceiro Seamus. Mas ela é diferente. Enquanto Sapphire e Laureen parecem bem adolescentes, Genevieve me parecem um mulher. Seamus é o mais alto dos carreiristas. Cabelos castanhos acinzentados. Olhos castanho-escuro e nariz grande. Uma coisa que reparei são suas mãos. Além de rápidas com lanças e nós. Elas são enormes e calejadas também.

Ao todo a equipe conta com seis carreiristas e Daisy, que com certeza foi aceita ao bando. Então já temos pelo menos sete finalistas. Tudo o que eu tenho de fazer é tentar ficar entre os outros. E depois disso, será uma verdadeira batalha. Gigantes contra gigantes. Assassinos contra assassinos. Será pior do que a chacina que sempre acontece nos primeiros dias. Ficarei feliz se ficar entre os oito. Pelos menos assim o prefeito não poderá acusar meu pai de minha falta de palavra.

Nos três dias que se seguem, nos dedicamos bastante nos treinamentos. Arremesso algumas facas, kunais e pequenos machados. Os carreiristas do 2 e do 4 cochicham um para o outro. Devorando-me com os olhos, mas é Mica que me convida a me juntar com os carreiristas, no começo eu fico interessado, mas me lembro das conversas que andei tendo com Grover e declino os convites. Alias, pelo que sei, Daisy não quer me ver andando com seus novos amigos. Colton e eu praticamos luta com alguns assistentes treinados para isso, enquanto Anise se detém as obstáculos de hologramas. Até recebemos alguns elogios no combate corpo a corpo. Depois os levo à estação de plantas comestíveis e lhes ensino algumas coisas que aprendi com minha mãe. O perito dessa estação também de elogia de forma que Colton e Anise balançam a cabeça positivamente.

Há uma câmara no centro, onde os idealizadores dos Jogos ficam nos observando. Comendo e bebendo, na verdade. Aparentemente não há nenhum tributo menor de catorze anos nesse ano, felizmente. O tributo do 5, Quentin tem quinze anos, a do 6 também e Hamilton, do 3 tem 14, o mais novo de todos. Volta e meia inclino-me afim de ajudá-lo, mas ele é bem orgulhoso e rejeita todas as minhas tentativas de aproximação. Melhor assim. É bom que não os conheça tão bem.

O almoço é servido numa sala ao lado. Desta vez sento-me perto de Anise e Colton. Faço isso desde o segundo dia de treinamento. Após o almoço cada um segue para um lado. Está na hora das seções particulares com os nossos mentores. Primeiros os tributos masculinos depois os femininos. Quando chega minha vez, Grover já está lá com uma roupa parecida com a minha. Lá praticamos, arremesso de facas, golpes com adagas. Esquivas. Luta corpo a corpo e golpes com machados em objetos sólidos. Por fim nosso treino seleto finda, saímos da sala e nos dirigimos ao elevador. Todos os idealizadores prestaram atenção em nós, e nos outros tributos, acredito. Agora é a vez de Rose e Daisy treinarem. Como se sairão? Nesses dias, notei que ela também é boa no arremesso de facas, porém é péssima com machados e sem chegou perto de espadas.

Quando chegamos em nosso andar. Há um pequeno lanche preparado para nós dois. Nara aparece e diz que gostaria de conversar comigo e Daisy depois do jantar.

– vocês irão se apresentar individualmente para os idealizadores. – diz Grover – eles querem um veredito final. Estarão sozinhos numa sala e terão de dar o seu melhor.

– tudo bem - ouvi alguns comentarem sobre isso – nos darão notas, não é?

– sim – respondo – e isso é muito importante. Os patrocinadores terão uma noção de suas habilidades.

– devo usar espadas?

– ainda não – responde. Eles não sabem que você é bom com elas. Provavelmente não estarão lá, para você usá-las.

Daisy e Rose chegam. Nós nos retiramos para nos lavar para a refeição. Jamie e Lloyd estão jantando conosco todos os dias. Na mesa são servidos perus, saladas, alguns pratos especiais daqui da Capital. Quando terminamos a sobremesa, nos dirigimos para a sala de estar. Todos nós seis. Nara nos fala sobre a entrevista com Caesar Flickerman. De como é imprescindível que o nosso desempenho seja perfeito.

Lloyd me mostra um esboço de um terno magnífico. É todo preto, inclusive a camisa de baixo, com uma pequena gravata amarela vibrante como sobressalto. Conversamos um pouco com entusiasmo. O tempo passa ate que vamos todos nos recolher.

Na manhã seguinte. Estou tão nervoso com a apresentação individual, que reduzo minha dieta pela metade. Desço no elevador. Alguns tributos já estão por lá. Fico próximo a Anise e logo depois Colton aparece no elevador. Treinamos juntos até a hora de almoço. Depois nos dirigimos um a um primeiro os tributos masculinos, depois o feminino, para uma porta que leva a uma sala onde estão os idealizadores. Somos chamados em ordem. Ninguém mais volta depois que entra na sala.

– Florian Daffodil – diz uma foz num alto falante. Despeço-me dos dois e finalmente entro. Já na sala. Vejo os idealizadores se fartando de comida. Dando risadas e mais risadas. Até que eu anuncio meu nome. Todos param e olham para mim. Rapidamente pego duas facas pequenas. Fico nervoso, mas lanço as facas em dois alvos diferentes do mesmo boneco. Na cabeça e no coração. Certeiro. Olho para trás em busca de um sinal de aprovação, mas nada acontece.

Então mais dois bonecos são postos por alguns avoxes. Pego seis facas. Três em cada mão. Dou um giro e as lanço em direção aos bonecos. De repente ouço um barulho de metal batendo no chão. Errei dois alvos em bonecos diferentes. Depois disso nem me atreve a olhar para os Idealizadores. Estou preste a me retirar da sala, quando as luzes se apagam e hologramas vermelhos em forma de homens começam a se mover ao meu redor. Viro-me novamente para as facas, começa a arremessá-las. Cada vez mais hologramas aparecem. Se movendo rapidamente, cada vez mais. Conforme vou acertando eles vão sumindo, como se tivessem sido atingidos verdadeiramente. Acerto a maioria, mas ainda sim erro algumas. Felizmente estou satisfeito com meu desempenho. Nunca havia feito isso antes. Olho para trás e vejo alguns dos idealizadores batendo palmas para mim, não todos, mas ainda sim a maioria.

Estou exausto. Retiro-me do recinto, Atala aparece e me acompanha até o elevador. Quando chego ao nosso andar, ou direto ao meu quarto. Tomo um longo e demorado banho. Penso um pouco no que fiz hoje. Estou começando a me sentir realmente capaz de ir longe nesses Jogos tão Vorazes, mas quando penso que serão pessoas, não hologramas, torno a me entristecer. Quando saio já é a hora do jantar. Quase todos estão à mesa. Daisy é a ultima a chegar. Depois do jantar nos sentamos juntos, na sala de TV. Está na hora de Caesar Flickerman anunciar as nossas notas. Dadas pelos Idealizadores. É um momento importantíssimo, para os tributos e mentores. Nossas notas revelam nossas capacidades de lutar.

O programa se inicia. Caesar fala um pouco sobre a importância do momento até que começa a divulgar as notas. Primeiro o distrito, depois o nome, depois a nota. Obviamente as notas maiores vão para os carreiristas...

– do distrito 7, Florian Daffodil – hesito – com nota... NOVE – ele diz suavemente, como se gostasse da nota.

– o que? Um nove? – pergunto estupefato – não acredito. Um nove Grover!

– sim, estou vendo – responde – todos me dão os parabéns, menos Daisy.

– ainda do distrito 7, Daisy Brandon com nota... - para brevemente – também nove. Parece que o tributos do 7 são excelentes competidores.

– o que? – pergunta ela, estarrecida – um nove?

– parabéns Daisy. – diz Nara, sinceramente.

– engula suas parabéns. Olhe para mim – grita – sou muito melhor que ele. – aponta para mim. Nem dou ideia – e recebemos a mesma nota. Só pode ter havido um erro.

– tão melhor que recebeu a mesma nota que ele na é?! Exclama Nara, sem deboche.

Parabéns Daisy. Conseguiu terminar com a noite! Típico de seu feitio. Ela se retira da sala revoltada. A passos largos e firmes. Nem ligamos. Amanhã teremos mais uma seção de treino individual com os mentores. Mal posso esperar. Só há uma coisa que me atormenta. A entrevista.


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