Cold World's Legend escrita por Teud


Capítulo 7
Canibais


Notas iniciais do capítulo

Mesmo que eu esteja doente, estou contando com a ajuda de meus amigos King Knight e João Victor Viegas para postar os capítulos. Muito obrigado, amigos e leitores!



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Não conseguia compreender como eu era capaz de correr levando Bia no colo, sendo que eu, até poucos segundos atrás, estava exausto e com o corpo dolorido. Acho que foi o desespero ou o meu cavalheirismo, pois consegui chegar até a mansão que a tsundere deveria odiar, porém ama. Ao chegar lá, vi que a casa estava exatamente como a deixei. Até o cadáver do psicopata estava lá, intacto. Ele já estava fedendo, então, com cuidado, taquei-o pela a janela, já que estávamos no segundo andar.

Estabelecemo-nos na mansão por um mês sem problemas. Entretanto, após passar exatamente um mês, uma goteira se iniciou. Eu e ela ficamos temerosos sobre isso. Perguntei-me por horas o porquê das goteiras, pois não só na mansão, como também na casa temporária e na que herdei de meus pais. Elas começaram justamente quando Bia começou a conviver comigo. Será que ela tem relação com isso?

Quando a laje começou a rachar, fugimos da mansão. Haviam mais quinze casas reservadas por mim caso algo acontecesse. Obviamente, eu não pedi permissão a ninguém por elas, simplesmente me apropriei delas. Estranhamente em todas ocorreu o mesmo fenômeno, só que com períodos de tempo diferentes nas últimas casas. Bia mudou. Mesmo ainda tsundere, ela mostrava-se mais prestativa e menos teimosa, até um pouco fofa.

***

– Para onde vamos agora? – Bia perguntou enquanto corríamos na chuva.

Para a minha sorte, eu não precisava mais carregá-la. Ela já conseguia correr na chuva sozinha, e o mais incrível é que a garota aprendeu rápido demais.

– Não sei. A primeira casa que não esteja destruída.

– Porque não tentamos nos esconder na floresta? – Bia sugeriu.

– Tá louca, garota!? Eu não explorei nem um pouco dela! Vai que tem animais selvagens e canibais escondidos lá? Eu que não quero voltar lá!

– Então por que você entrou nela para me salvar?

– Não enche. Se eu não tivesse feito isso, você não estaria aqui.

Após a minha grosseria, os únicos sons audíveis eram nossos passos e a chuva infinita. Caminhamos por mais quinze minutos, pois andar sob aquela chuva era extremamente cansativo. Por sorte, achamos uma casa. Naquele momento, devíamos estar já em Niterói. Nem pergunte como foi atravessar a ponte, que por sorte não desabou. Entramos na moradia rapidamente, e logo levamos um susto: ela estava ocupada!

– Quem são vocês? – questionou um homem que nos recebeu de “bom grado” com uma espingarda apontada para a minha cabeça.

– N-n-n-nós apenas estamos procurando... algum lugar p-p-p-para nos abrigarmos!

– É-é isso mesmo! – Bia reafirmou. – A gente perdeu a nossa casa e agora s-s-somos nômades! Nos ajude!!

– Mas vocês invadiram a nossa casa com um chute igual ao do Leônidas! Como vocês querem que eu confie em vocês!? Quais são suas últimas palavras?

O desespero tomou conta de mim. Eu não previ uma situação como aquela. Simplesmente só consegui implorar:

– Por favor, nos poupe! Nós apenas estamos... estamos... é, bem... estamos... desesperados! Toda a casa que nós ficamos é invadida! Por favor, nos ajude!

O homem abaixou a espingarda, virou o rosto para trás e questionou com um sorriso:

– Podemos fazer “aquilo” de novo, né, amor?

– Sim, claro! – respondeu a suposta esposa do senhor. – Até porque estava com “saudades”...

O velho riu macabramente por poucos segundos, mas logo voltou a serenidade, nos encarando com a mesma carranca de antes, porém desta vez com um sorriso leve e de canto. Em seguida, nos convidou a entrar. Engolimos em seco. Pelo menos eu estava bem temeroso. O comportamento do casal era muito semelhante aos canibais. Entretanto, eu e Bia não podíamos continuar caçando algum outro lugar para ficar naquele dia, porque já estávamos fatigados.

***

O casal cuidou de nós por dois dias. Como eram maníacos por “apocalipses”, guardavam muitos alimentos não perecíveis, que durariam até 2052. Na segunda noite, acordei Bia de madrugada. Ela gritou:

– Seu pervertido! O que pensa que está fazendo!? Será que eu...? – na última sentença, ela ruborizou e pausou sozinha, fitando o colchão em seguida.

Eu estava sentado ao lado dela na cama. Com o susto, ela se sentou também.

– Eu preciso conversar com você – sussurrei. – Esse casal é muito suspeito. Você não acha?

– Realmente. Eles nos receberam de uma forma muito estranha...

– Então, esteja preparada para um ataque. Não sei como eles ainda não vieram.

No momento em que eu disse isso, uma voz feminina sussurrou atrás de mim:

– Do que vocês estão falando? Não é hora de dormir?

Nem respondi, virando para trás assustado e com a adaga em mãos. Era Lizbeth, a esposa do homem que nos recebeu, que me deu o susto. Ela carregava em seu rosto um sorriso horripilante. Era óbvio que ela não tinha boas intenções, entretanto não ataquei imediatamente, questionando-a:

– O que está fazendo aqui, senhora?

– Eu? – ela questionou com um tom inocente. – Apenas fiquei preocupada. Vocês não dormem. Por que será?

– N-Não conseguimos dormir, porque... porque... ainda não nos acostumamos com a cama!

– Ah, entendo... E a faca na sua mão? – após ela questionar isso, lambeu os lábios...

– Tsc! É agora!

Afastei-me de Lizbeth e Bia, dando espaço para que ela se jogasse por cima da louca. Em seguida, eu já estava golpeando Lizbeth na cabeça com a adaga, e a poucos centímetros da lâmina perfurar o crânio dela, Eduardo, o dono da casa, apareceu na porta do quarto, disparando um tiro em nossa direção logo quando compreendeu a situação. Por sorte, desviei da bala, pois ele estava muito longe.

– O que vocês pensam que estão fazendo!? – Eduardo inquiriu.

– Amor, eles... – Lizbeth tentou dizer.

– Ela tentou nos matar, assim como você – cortei-a.

– Então que morra mesmo, pois eu já estou morrendo de fome... – Eduardo informou.

Ele atirou novamente. Joguei-me para fora da cama e, por poucos segundos, fitei os olhos negros do canibal antes de tacar a faca no centro da testa dele, que por sorte cravou certinho. Lizbeth, ao ver o sangue do marido jorrando para todos os lados, chutou Bia com força contra a janela atrás dela, que se estilhaçou, e ela caiu do outro lado.

– BIAAA!!! – gritei.

– Isso é pouco para pagar o seu crime, criança – Lizbeth afirmou, encarando-me friamente.

O sangue em meu rosto já estava começando a coagular. Eu não tinha um espelho para me ver, contudo deveria estar horripilante naquele momento. Ainda mais que eu sorri sarcasticamente para a afirmação da canibal. Em seguida, ri como louco rapidamente, imitando Eduardo, e, com o semblante sério, afirmei:

– Estamos em um mundo onde vale tudo. Não é a toa que vocês, loucos, se aproveitam desse mundo sem regras para devorarem seus semelhantes. Mas eu vou parar com essa carnificina agora.

Corri na direção do cadáver, arranquei a adaga do crânio, fui até a mulher rapidamente, mas ela se levantou e começamos a lutar corpo-a-corpo. Mesmo com as mãos vazias, ela se defendia muito bem da lâmina. Aquilo durou por menos de cinco minutos, pois uma “luz”, que transformou noite em dia e destruiu o quarto, além de pulverizar Lizbeth, me salvou. Contudo, ela era tão forte que logo perdi a consciência. Antes, porém, vi um asiático de terno, estendendo uma mão para mim, dizendo:

– Parabéns. Você foi resgatado pela “Civilização”.


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Notas finais do capítulo

Espero seus comentários ^_^



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