Cold World's Legend escrita por Teud


Capítulo 6
Estratégias dos Nômades


Notas iniciais do capítulo

Bem, mais um capítulo para vocês aproveitarem. Desculpa pelo atraso, mas enfrentei alguns problemas pessoais. Além disso, fui atropelado por um carro e quebrei a cravícula esquerda, me impedindo de continuar minhas Fic´s temporariamente. Perdoem-me por isso. Enfim, explicarei algumas coisas, como a estratégia que Siegfried usou para escapar do sequestrador psicopata. Espero que gostem.



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O céu azul. Eu abri os olhos e vi que acima de mim havia o céu mais limpo que eu já tinha visto. O Sol era tão lindo que quase o vi sorrir. Abaixo de meu corpo havia um gramado extenso que ia do horizonte ao longínquo mar. A fresca brisa que era soprada sobre mim me convidava a levantar. Aos poucos me ergui, encarando o lindo pôr-do-sol e senti com cada centímetro de minha pele o clima agradável e aconchegante daquele vale. Queria viver ali para sempre. Sentia como se nunca mais fosse precisar de comer, beber ou outras necessidades. Aquele era... o paraíso?

***

– Acorda! Ei, Sieg! ACORDA!!

Acordei abruptamente em um local escuro. A noite imperava sobre a cidade, e um anjo fêmea louro estava a minha frente. Ela vestia um vestido branco, assim como o dos anjos representados em pinturas e catedrais. Seus olhos eram de um tom de verde muito semelhante ao azul, pois eram muito claros e reluzentes, mesmo na pouca luminosidade, que por um acaso era apenas a da Lua. Suas mãos finas e delicadas repousavam sobre o meu rosto, e seu semblante era extremamente preocupado e até choroso. Eu poderia morrer feliz após aquela visão. Até o momento em que ela me deu um tapa no rosto com a face totalmente enrubescida.

– Acorda, seu retardado! Para de olhar pra mim com essa cara de pervertido besta!

Com certeza era Bia e seu jeito tsundere. Sorri de lado e após que eu me ajeitei e sentei, percebi que estava no chão, e abaixo de mim havia apenas um fino colchão surrado. Além disso, meu corpo estava todo dolorido e eu não me recordava de nada após a casa desabar. Por mais que eu me esforçasse, não conseguia me lembrar. Ela viu minha expressão pensativa e confusa e resolveu perguntar:

– Você está bem? Me desculpa, meu tapa deve ter...

– Não é isso... É que... - eu tentei dizer. Até mesmo falar era difícil - Eu... não me lembro o que aconteceu...

– Como assim? - ela continuava preocupada

– Eu... não lembro de nada que aconteceu após... você gritar e... AI! A casa... cair...

Lágrimas ameaçavam cair de meus olhos. Eu não conseguia encará-la, então fitava o chão. Ouvi um suspiro de alívio rápido.

"Ela se sente aliviada por eu não lembrar?!", questionei-me mentalmente.

– Não se preocupe. Você não perdeu muita coisa! - ela informou, parecendo animada.

Olhei para o rosto dela novamente. Não havia notado antes, mas naquele momento consegui ver: ela usava feixes de ataduras na testa.

– O que é isso na sua testa? Se machucou?

– Mais ou menos... Mas não se preocupe. Você me salvou dos destroços, pegou um pano e me deu, pois minhas roupas rasgaram, me trouxe aqui e desmaiou. Foi isso o que aconteceu.

Encarei-a desconfiado. Bia com certeza ocultava algo. Resolvi ignorar minha intuição por hora e perguntei:

– Eu trouxe a mochila comigo?

– Sim - ela confirmou. - Você me deixou debaixo de uma árvore, correu de volta para os destroços da casa, resgatou a mochila e essa caneca - ela me mostrou a caneca que usei para esquentar os panos... - e então saiu correndo, me levando no colo. Mas no meio disso tudo, você se feriu... Não faça muitos movimentos bruscos...

– OK... Mas enfim... Você se feriu além da testa?

– Não. Graças a você.

Um sentimento amargo veio do meu estômago a minha garganta. Ela estava reconhecendo meus esforços? Havia algo errado...

– E, bem... - ela estava envergonhada, então desviou o olhar ligeiramente - Obrigada...

Fiquei boquiaberto. Bia estava voltando a ser um anjo...

– Agora me diz: como você conseguiu escapar da morte? A chuva matou todo mundo no início!

Engoli em seco. Aquilo realmente me fazia lembrar de todo meu passado e da minha vontade anteriormente adormecida de saber sobre o passado da menina. Resolvi responder para depois questionar:

– É verdade... Bem, a chuva inicialmente veio com toda as forças possíveis e impossíveis, destruindo muitas construções. Bem, algumas casas, prédios e construções não caíram com o primeiro impacto devido a sua forma de construção. Por exemplo, o Japão ficou praticamente intacto com isso, pois eles estão acostumados a receber terremotos. Outro exemplo foi minha casa, já que ela tinha uma ótima arquitetura e planejamento. Isso é relacionado com a Física, mas acho que você já conseguiu entender.

Bia assentiu com a cabeça. Ela estava mais educada e quieta que o normal, o que já estava me incomodando.

– Bem, como eu estava dentro da minha casa, nada aconteceu comigo. Após as primeiras 24 h, a chuva diminuiu em 500%, permitindo que pessoas conseguissem andar nela, mesmo que a mesma aumentasse muito o peso delas. Você sabe, objeto molhado fica mais pesado...

– Entendo... - ela respondeu naturalmente. Sem gritar e dar chilique. Eu devia estar sonhando.

– E... err... E você? Como você sobreviveu?!

Ela iria falar algo, mas se conteve. Ficou boquiaberta por meio minuto, apenas me encarando confusa e de olhos arregalados. Depois se afastou um pouco de mim e respirou fundo. Após alguns segundos pensando, ela respondeu:

– Eu... estava acampando com minha família em... algum lugar... Não me lembro do nome do lugar... Só lembro que meus pais mandaram eu correr para uma caverna para me prevenir da chuva iminente enquanto recolhiam os materiais...

Achei a história suspeita, porém guardei essa opinião para mim. Resolvi então perguntar para encerrar o assunto:

– Então eles morreram, né?

– Não sei... – Bia respondeu

– Tudo bem então. – Pensei um pouco e depois, sarcasticamente, questionei: - Você não quer saber como eu te salvei no outro dia?

Ela franziu o cenho e respondeu:

– Mas é claro! Eu ia perguntar isso agora!

Aposto que ela havia se esquecido...”

– Vou te contar... – sorri para ela e depois continuei –Bem, eu percebi de cara que o sequestrador era psicopata. Por isso, ele me soltaria de qualquer jeito.

– Como assim? O que tem haver ele ser doente e te soltar?

– Ora, psicopatas se divertem com o desespero. Mortes sem desespero são vistas como “sem graças”. Por isso, eles geralmente enchem a vítima de esperança antes de matá-la. Eu mantinha uma faca escondida na calça, como você bem viu.

– Sim, eu percebi. Você o matou com ela...

– Enfim, ele poderia agir de duas maneiras: Exatamente como ele agiu, assim como eu esperava; ou cumprir com o tratado, e, assim que ele me soltasse e virasse as costas, eu o atacaria.

– Muito inteligente. Mas se ele previsse isso?

– Também previ essa situação. Eu iria fingir que estava saindo da sala e, em seguida, iria tacar a faca na cabeça dele a uma boa distância. Mesmo que ele estivesse me encarando, não teria como escapar.

– Mas você é tão bom de pontaria assim?

– Se eu planejei isso, obviamente que sim.

Ela fechou os olhos, sinalizando que compreendera, além de reconhecer minha genialidade. Mesmo assim, eu estava inseguro.

Mesmo que Bia esteja na minha frente agora, do jeito que ela age não tem como ter sobrevivido sozinha. Então como...

– O que faremos agora? – Bia questionou, depois de tudo aquilo.

– Como assim? - perguntei, confuso. Acho que Bia não havia sido muito clara para mim.

– Ora, você nos trouxe para uma casa caindo aos pedaços. Se duvidar, ela cairá antes das goteiras surgirem – Bia respondeu, mesmo isso saiu um tanto tsundere, como quase tudo que ela falava ou fazia.

– Ah, sim. Essa é uma casa que eu escolhi para fugir caso algo acontecesse – respondi, afinal. – Por exemplo, a minha casa cair ou eu precisar me esconder de um louco – terminei.

– Entendo... mas precisava ser logo aqui? – Bia perguntou. Era visível que ela realmente detestava o local. – Porque não naquela mansão?

– Porque aqui é mais perto – terminei, finalmente.

Ela se conformou com a resposta. Ficamos um tempo em silêncio, e logo uma goteira se iniciou. Senti que deveria sair da casa o mais rápido possível. Uma agonia subia pelo meu pescoço, e automaticamente olhei para a testa enfaixada de Bia. Não sei se foi apenas impressão minha, porém a região supostamente machucada “brilhava”. Ela escondia a luz com as mãos, contudo, era visível que na testa dela havia algo estranho. Franzi o cenho, decidindo ignorar o estranho fato e peguei-a no colo, dizendo em voz alta:

– Não ligue para isso. Precisamos sair.

– C-como se eu ligasse... – Bia respondeu, ainda Tsundere.

Ri sozinho rápida e sufocadamente, virando de costas para a janela e partindo velozmente da casa. Peguei as nossas mochilas, pois eram os nossos únicos pertences. Por sorte, a casa só caiu quando saímos, e eu já havia planejado parte de nossa vida nômade, mesmo que eu não esperasse os encontros que brevemente ocorreram após o inicio dessa “maravilhosa” aventura.


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Notas finais do capítulo

Mandem comentários. Críticas construtivas são bem-vindas.



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