Cold World's Legend escrita por Teud


Capítulo 8
A Civilização "Militarizada"


Notas iniciais do capítulo

Depois de um longo tempo, finalmente postei esse capítulo! Tive enfrentando alguns problemas, principalmente psicológicos (uma semi-depressão...), e também estava digitando uma ONE SHOT de Sora no Otoshimono, que por acaso foi minha primeira. Caso queiram dar uma lida, acessem-na pelo link nas notas finais. Ah! No capítulo anterior, iniciei o segundo de três arcos. Nesse ritmo, a história acabará em, aproximadamente, quatro capítulos. APROXIMADAMENTE! Pode ser um pouco mais longa, talvez...



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Ao acordar, eu estava deitado em uma espécie de maca, que por sinal é bastante confortável, diferente do que geralmente se via nos hospitais comuns. A sala onde eu me encontrava era extremamente iluminada por lâmpadas LED, incomodando mais ainda meus olhos nervosos. Meu corpo, mesmo parecendo ter sido bem tratado, estava dolorido a um nível insuportável. Quando eu consegui mover a cabeça, olhei para os lados à procura de Bia. Não a encontrei, porém havia outras camas iguais a minha. Duas estavam ocupadas por homens, enquanto as outras sete, vazias. Engoli em seco. Voltando o olhar para a minha frente e sentando na cama, comecei a forçar a memória: talvez eu soubesse o porquê da separação. Então me lembrei. O Asiático de terno supostamente me salvou após Bia ser chutada pela janela, e uma luz invadir o ambiente, transformando noite em dia.

Será que ele não a salvou?”, refleti.

Tentei lembrar o que ocorreu após a aparição do estranho e da luz, entretanto a minha resposta foi uma grande dor de cabeça, literalmente. Coloquei as duas mãos na testa para aliviar a dor, contudo eu continuava pensando sobre o que aconteceu antes de eu apagar, aumentando gradativamente a dor. Após um momento infinito, a dor cessou de uma vez, justamente quando um homem jovem de jaleco e óculos entrou no recinto.

- Como vocês vão? Parece que todos acordaram... – o homem disse logo ao entrar.

- Onde estamos? – questionei.

- Aqui é o Hospital e Centro de Pesquisa e Defesa da Capital – ele respondeu naturalmente.

Quando ele respondeu, senti um mal estar repentino. O homem realmente disse aquilo, porém parecia que ele tinha dito algo completamente diferente.

- Capital da onde? – um dos meus companheiros de quarto perguntou, o com mecha verde e o resto do cabelo preto.

- Informação confidencial. Quem sabe você seja digno de saber? Mas isso é bem fácil: apenas jure lealdade a Civilização.

Com um sorriso macabro, o homem retirou-se. Deitei-me de novo na maca, suspirando. O cara de mecha verde resmungava consigo mesmo. Não sei como uma pessoa daquele tipo sobreviveu por tanto tempo. Enfim, após poucos minutos, o mesmo asiático que me ajudara apareceu para me ver. Ao entrar, ele questionou:

- Como você está? Nenhum ferimento?

- Aparentemente não... – afirmei após verificar as partes nuas do meu corpo.

- Muito bem, me acompanhe. Você será de grande ajuda à Civilização. Preciso que veja o que irei lhe mostrar agora.

- Por que só ele? – o de mecha verde perguntou. – Eu também quero saber onde estou!

“Que cara mais irritante! Só sabe gritar...”, pensei.

- Tudo ao seu tempo – o asiático respondeu. – Ele terá um papel simbólico na guerra que estamos travando. Vocês, se aceitarem o nosso “convite”, poderão saber o que está acontecendo. Entretanto, este garoto não tem escolha. Vamos, Siegfried? – ele estendeu a mão para mim.

Como eu estava próximo, peguei-a e me apoiei, levantando da maca. Era difícil me manter em pé, e o homem que me ajudou parecia saber disso, pois seu olhar era ligeiramente sofrido. O mesmo me ajudou a caminhar até o meu equilíbrio e estabilidade subirem a um nível aceitável, o que demorou cerca de quinze minutos. Por um longo tempo, seguimos por um corredor alto e largo, todo feito de metal. Como ele era todo perfurado, a climatização era total: temperatura de 26 °C. Passamos por diversos laboratórios com experiências estranhas, que dividiam as duas paredes laterais milhares de vezes e podiam ser vistos por longas janelas fechadas. Após vários minutos de caminhada, chegamos até uma porta preta e pequena, de no máximo 1,7m. Nela estava escrito “Pesquisas de Propriedade Exclusiva do Estado – Proibida a Entrada de Pessoas Não Autorizadas”. Engoli em seco. O asiático ao meu lado, que mostrava-se até aquele momento quieto, pediu inquieto:

- Entre, por favor. A porta está aberta.

Segurei na maçaneta. Senti algo estranho na mão, como um formigamento e dormência. Tentei tirá-la da maçaneta, no entanto ela não saía. Puxei com força em um dado momento, contudo não consegui nada senão mais cansaço e tontura. O asiático arregalou os olhos e recomendou:

- É só girar a maçaneta...

Obedeci-o sem encará-lo, pois estava com certa raiva por ele não ter dito nada sobre isso. Girei a maçaneta e a porta se abriu. Minha mão se soltou após alguns segundos. Depois que parei de me preocupar com isso, olhei para frente e vi parte do... laboratório. Arregalei os olhos, engoli em seco e comecei a suar frio. O asiático me empurrou de leve, fazendo-me entrar logo, fechou a porta ao entrar e revelou em seguida:

- Perdoe-me, senhor, porém não podia permitir que este laboratório fosse visto por outras pessoas... Então...

- T-tudo bem, mas... – eu estava gaguejando, tremendo, molhado da cabeça aos pés nus. Minha cabeça não conseguia absorver a imagem a minha frente. Aquilo era, no mínimo, bizarro. – Como ela... Como ela... O que é isso? Não é... Não. Não pode ser ela, né?

- Siegfried, esta é a garota que estava do lado de fora da casa. Provavelmente conhece-a de algum lugar, certo?

- V-vivíamos juntos... Mas não. Essa não pode ser a Bia.

- Sim, esta é Bia – ele insistiu, parecendo levemente impaciente.

Eu não podia crer. Bia estava em um cilindro de vidro de quatro metros de altura, cheio de água e... simplesmente boiava lá. Não tinha nada plugado nela, nem soro, nem respirador, nem nada. Ela estava de olhos fechados, parecendo ter um belo sonho. As pálpebras mexiam levemente, comprovando sua vida. Engoli em seco novamente. O cabelo dela espalhava-se pela água, como se dançasse independente. Bolhas saíam do nariz e boca dela todo o momento.

- Por quanto tempo ela está lá dentro? – perguntei ainda temeroso.

- O mesmo tempo em que chegares aqui, Siegfried – ele respondeu.

- Quanto tempo eu estou aqui? – mudei a pergunta, ansioso por uma resposta da anterior.

- Três meses.

Três meses”. “Três meses”. “Três meses”. “Três meses”. “Três meses”. “Três meses”. “Três meses”. Aquelas duas palavras simples não paravam de reverberar por minha cabeça. Eu não podia crer. “Como assim três meses?! É impossível um ser humano ficar três meses em um container cheio d’água!!”. Eu estava começando a ficar levemente zonzo. Simplesmente... não podia... crer. Após um longo momento de hesitação, olhei novamente para o tubo. Desta vez, prestei mais atenção. Havia um cabo com a ponta semelhante a um pregador ligado ao indicador esquerdo dela, além de, no lugar dos curativos, ter uma faixa preta de pano na testa. O “pregador” era para medir os batimentos, provavelmente, mas... para que a faixa?

- Antes que pergunte, aquela faixa está protegendo um segredo pertence à cúpula da Civilização.

Engoli em seco. O que havia na testa dela afinal?

- Ela... vai ficar ali por quanto tempo? – inquiri tenso.

- Não sei lhe informar – o asiático informou, parecendo decepcionado. – Talvez até os estudos acabarem...

- Quando eles acabam?

- Até que fazes muitas perguntas... Isso pode ser perigoso para si mesmo...

- Por favor, me responda! – berrei.

Um silêncio se instalou pelo laboratório, com exceção do som das máquinas trabalhando e de minha voz ecoando. Após alguns segundos que me pareceram horas, o mesmo homem que entrou no quarto onde eu estava deitado virou-se para mim em uma cadeira giratória e respondeu sério:

- Desculpa, criança, mas não podemos responder para você...

- Tsc... – reclamei.

- Mas não se preocupe. Ela logo sairá.

Instintivamente um sorriso se formou em meu rosto.

- Sério? – desejei confirmar.

- Floyd-sama, não deveria ter dito que ela sairá logo! Isso é contra as regras!

- Olha aqui, eu que criei a lei de sigilo e somente eu ou outro autorizado pode quebrar o sigilo.

- Mas estamos sobre as ordens maiores do...

- Foda-se o Kami-sama!

- Mas...

- Ele não é um verdadeiro Deus. Não preciso ter medo dele. Até porque ele é um idiota.

Eu, que era um otaku antes de tudo isso acontecer, sei que “Kami-sama” é “Deus” em japonês. E “–sama” é um sufixo de superioridade em hierarquia, algo como “vossa senhoria”. Além disso, esse Floyd... mesmo parecendo ser uma pessoa importante, parecia também correr um sério risco...

- Quem é esse Kami-sama? – questionei após um momento de silêncio.

- É o presidente da Civilização – Floyd respondeu com um sorriso macabro.

Engoli em seco. Como esse tal de Floyd tem coragem de mandar o presidente desse lugar “se foder”? E se tiver escutas aqui? Ele não corre um risco enorme? Espera, eu nem deveria estar me importando com ele... Eu deveria... fazer mais uma pergunta...

- E onde estamos exatamente? Vocês vivem falando “Civilização”, “Civilização”, mas geograficamente onde estamos?

- Estamos... no subsolo de Tokyo – o asiático respondeu.

Minha respiração parou por um segundo, e depois comecei a ofegar. Como assim “subsolo de Tokyo”? Como eu vim parar tão longe?!

- Mas você não está aqui a visitas! – Floyd advertiu. – Tá tudo destruído lá em cima! Seu dever aqui, caso aceite o juramento da Civilização, é crucial para a sobrevivência humana!

- E... caso eu recuse o juramento, o que acontece? – inquiri ligeiramente tenso.

- Quer pagar para ver?

Neguei com a cabeça. Ele sorriu novamente. Depois de um breve momento, Floyd ordenou ao asiático ao meu lado:

- Shizuka-kun, mostre para ele a Balmung.

Nesse caso, “-kun” seria um sufixo para indicar inferioridade na hierarquia, algo como “mordomo”, “empregado”. Mas também pode ser usado por garotas se dirigindo a garotos como uma forma de respeito e admiração, ou apenas um tratamento comum e de distanciamento, como “-san”, “senhor”.

- Sim... – o asiático assentiu – Pode devolver para ele?

- Ainda não... Iremos estudá-la um pouco mais...

- OK – após confirmar a obediência, levou-me até um setor do laboratório à direita. Um homem alto e musculoso jogou o jaleco no chão quando me viu e ofereceu a mão em cumprimento. Apertei a mão dele, e o mesmo sorriu, dizendo em seguida:

- É um prazer conhecê-lo, Siegfried-sama. Estou tirando o jaleco porque irei te mostrar como aquela sua adaga é mais poderosa do que você imagina.

Arqueei uma sobrancelha. Ele sorriu com minha reação.

O que ele quis dizer com isso?”, pensei.

Ele se voltou para um frasco no canto do laboratório, e tirou de dentro dele... a minha adaga! O homem segurava a adaga pelos dedos para retirar do frasco, além de usar grossas luvas nas mãos. Que perigo poderia ter segurar em uma simples adaga? No entanto ela não era uma “simples adaga”. Depois de retirá-la do tubo de vidro, ele a segurou com as duas mãos, correu até uma mesa de aço que estava a minha frente e anteriormente atrás dele, e moveu a adaga, fincando-a em uma aresta da mesa. Com a lâmina parada na mesa e nas mãos grandes do cientista, eu finalmente percebi a aura translúcida e negra sendo emanada da adaga. Engoli em seco, e poucos segundos depois a mesa rachou-se ao meio, seguindo a linha de corte da pequena espada. Além disso, o homem que a segurava contorceu-se de dor, gritou e largou a lâmina.

- Essa não! – ele exclamou.

Senti um impulso elétrico percorrer meu corpo inteiro em milésimos de segundo, excitando-o e, instintivamente, corri até a adaga. Shizuka tentou me impedir, porém fui mais rápido e, dando uma cambalhota, agarrei a lâmina antes de ela alcançar o chão. Depois disso recuperei a consciência e comecei a mediar minhas ações. O que eu realmente fiz?!

- Está de parabéns, Siegfried-kun! – Floyd elogiou. – Seus reflexos continuam mesmo após seu coma induzido!

- O quê?! Coma induzido?! – arquejei, meio confuso e meio furioso enquanto me levantava.

- Ops! Escapuliu!

- Seu...! – dei um passo para frente e cerrei o punho com a adaga com força.

- Acalme-se, Siegfried – Shizuka pediu. – O coma foi realizado porque seu tempo de descanso era muito curto enquanto era nômade. Por isso induzimos um sono em tu para que descansasses o período necessário para ser qualificado às tropas.

- Qualificado às tropas? – inquiri mais calmo e relaxando a mão com a lâmina.

- Sim... Floyd-sama, ele pode ficar com a Balmung?

Floyd me fitava atentamente. Após alguns segundos, notei que ele olhava para a adaga em minha mão. Depois de me observar por um longo momento, bufou e respondeu:

- Bem, pode. Vejo que ela só aceita o garoto. Até porque, naquele momento, a lâmina clamou por você, não?

- O quê? – estranhei.

- A lâmina chamou o seu corpo, e logo ele respondeu. Na hora na queda...

Liguei os pontos. O meu corpo ter reagido tão rápido foi por causa da adaga. Mas... como uma adaga pode ser tão poderosa?

- E essa adaga, que vocês chamam de “Balmung”... Ela é tão perigosa assim?

- Todas as espadas sagradas ou demoníacas de nível Masterpiece só aceitam aqueles que ela considera seu dono. Já que ela não reagiu contra você e o chamou agora, provavelmente ela o escolheu.

- Entendo... – confirmei, engolindo em seco. – Mas... isso não é uma espada! E cá entre nós, que história é essa de espada sagrada e demoníaca?!

- Criança, entenda uma coisa...

- Eu não sou criança...

- Então Siegfried-kun... – ele já estava perdendo a paciência comigo. – Isso na sua mão é Balmung, uma das sete espadas sagradas espalhadas pela deusa da evolução, Humana. Ela agora está encolhida por conveniência para carregá-la. E, além disso, ela foi a pouco tempo carregada com uma maldição das deusas para que seu corte ficasse mais poderoso.

- Maldição? – questionei, mas nem precisei de resposta. – Ah, entendi. Aquela aura de antes...

- Sim... Ela carrega a maldição do ódio. Shizuka-kun, tome cuidado com essa lâmina.

- Sim, Floyd-sama – ele assentiu.

- O que você quis dizer com isso?

- Chega. Estou cansado deste questionário... – Floyd revelou, irritando-me. Mordi a língua para não falar besteira. – Shizuka-kun, leve-o até a cúpula. O treinamento deve começar logo.

- Sim, senhor – ele assentiu novamente, virando-se e me levando junto para fora do laboratório.

Não resisti, sendo conduzido por ele por vários corredores. Aquele lugar era tão confuso que eu o via como um labirinto. Como esse tal de Shizuka conseguia se guiar? Outras perguntas como essa dominavam minha cabeça. Perguntas essas que ninguém dali me responderia tão cedo, pois diziam respeito à Balmung e, principalmente, à Bia.

Chegando ao final dos corredores, a nossa frente havia uma porta branca com um escudo. Nele havia uma espada e uma serpente atrás, além de ranhuras em tudo que era de metal. Provavelmente o desenho era o símbolo dessa “Civilização”. Enquanto eu pensava a respeito do escudo, Shizuka me empurrava para entrarmos na sala.

Ao entrar, senti que a temperatura subira mais um pouco. Provavelmente os aquecedores daquela sala eram mais fortes. Era uma espécie de sala de reuniões, com uma mesa medieval e vários “tronos” em volta. Atravessamos ela pelos cantos e seguimos por uma entrada do outro lado. Um corredor curto e escuro atravessamos de... mãos dadas... Shizuka advertiu que era perigoso eu seguir sozinho, então acabei concordando. Ao atravessarmos a escuridão, o mordomo abriu outra porta e voilá: estávamos na sala do presidente. Era um vão enorme entre nós, que estávamos na entrada, e a mesa do presidente, que estava lotada de papéis e livros. Havia uma enorme janela de vidro atrás da mesa, e dos lados dela enormes estantes cheias de livros, em sua maioria já mofados. Uma cadeira giratória grande estava virada para a janela, como se observasse o que havia lá em baixo. Tentei olhar o que havia lá, mas não consegui. Pouco tempo depois de entrarmos, Shizuka fechou a porta atrás de si, e, em seguida, afirmou:

- Shizuka-sama, aqui está à reencarnação do verdadeiro herói. Trouxe-o como ordenado por Floyd-sama para que ele fizesse, em sua solene presença, o juramento a Civilização e, imediatamente, iniciasse seu treinamento.

“O quê?! O quê?! O QUÊ?! Estou totalmente confuso! O que ele quis dizer com isso tudo... E... eles têm o mesmo nome?!”, pensei.

- Pare de fazer cerimônia, amor! E já te disse para me chamar de “T-su-ki~ ♥”! – uma voz feminina disse da cadeira.

Ergui uma sobrancelha.

- Desculpa aí, Tsuki-chan – Shizuka (o mordomo) pediu. Mas... ele sabe falar informalmente?! – Eu já to tão acostumado a falar daquele jeito... E também, como você vive ocupada, eu esqueço que você é a presidenta.

Ele começou a rir como um adolescente. Eu estava boquiaberto.

- Tudo bem, amor – Tsuki assentiu, virando-se para nós com um sorriso triunfante.

A beleza dela era estonteante. Belos bustos, corpo, olhos verdes e cabelos mais negros que a noite e compridos. Seu sorriso me deixava fora de minha consciência. E... ela usava roupas bastante largadas: uma blusa regata bem curta e com a barriga de fora, sem sutiã, e um shortinho jeans folgado que não cobria nem metade da coxa.

- Ei, para de babar na minha esposa... – Shizuka advertiu, levemente irritado.

- Ah, foi mal! – desculpei-me, lavando a saliva que estava prestes a escorrer de minha boca.

- Deixa o garoto! Você é pior que ele! – Tsuki zombou.

- Cale-se...

- Enfim... Siegfried, venha aqui – Tsuki chamou para o seu lado, e eu obedeci como um cão enfeitiçado. Pude ouvir um “Tsc” de Shizuka atrás de mim.

Quando eu estava ao lado dela, a mesma abraçou-me de lado com um braço, apoiando-se em mim e apontou para a visão ampla da janela. A alguns metros abaixo de nós havia enormes “quadras” militares. Várias pessoas de farda treinavam de diversas formas. Algumas apenas fazendo a posição “sentido” em filas múltiplas, outros treinando a mira com armas de fogo, outros treinando com espadas... Havia uma infinidade de atividades ocorrendo ao mesmo tempo. Também haviam salões com coberturas em preto, para que provavelmente ninguém de fora visse o que ocorria dentro desses salões/quadras. Ao ver que eu estava admirado com aquilo, Tsuki sorriu novamente e informou:

- Três quartos da população da Civilização são militares. Boa parte do oriente foi infestada de monstros como aquele – apontou para uma quadra no canto esquerdo que eu não havia notado antes. Uma espécie de dragão pequeno tentou atacar um homem com as presas. Ele desviou e realizou cortes nas patas dele em uma rasante, derrubando-o no chão. – e precisamos de seu talento para dizimá-las.

- Só o oriente?

- Sim, mas se não determos essas feras, todo o mundo estará sobre o domínio delas.

Engoli em seco.

- Que tipo de talentos eu tenho?

- Bem, é isso que a cúpula quer descobrir. Está disposto... – ela se agachou, já que era bem mais alta que eu, ficando da minha altura e aproximando seu rosto do meu de forma maliciosa. – ...a ajudar a humanidade a sair dessa situação? Talvez só você... – aproximou-se tanto que estávamos quase nos beijando. – ...possa reverter tudo o que aconteceu do Armageddon até hoje.

Ela deu uma risadinha para finalizar. Eu estava tremendo de nervosismo. Ela estava muito próxima. Além disso, senti que uma grande responsabilidade havia caído sobre mim. Eu... tinha finalmente a certeza de que possuía o poder para salvar o mundo. Porém, se eu falhasse... Não, eu tinha que ser otimista.

- Sim, estou disposto! – gritei em resposta, fazendo a posição de sentido com grande força no punho fechado acima do peito e extremamente trêmulo.

Ela se afastou de mim e começou a rir. Após conseguir se conter, virou-se para os soldados lá em baixo em treinamento. Com um sorriso leve, ela voltou o rosto para mim e declarou:

- Então... Bem-vindo à Civilização de verdade.


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Notas finais do capítulo

O link da ONE SHOT está logo abaixo. O que acharam deste capítulo? Surpreendente, não?

LINK: http://fanfiction.com.br/historia/420166/Se_Ninguem_Nos_Interrompesse_ONE-SHOT/



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