Quando cheguei em casa não passava das 3 horas da tarde. Minha mãe provavelmente estava no escritório, já que ela trabalha como advogada e meu pai deve estar no seu estúdio. Matt estava ou no trabalho, ou no estúdio com o papai, e Eric... Bom eu presumo que ele deve estar com Sally como sempre. Eu tinha a casa só para mim então subi, coloquei Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair do Arctic Monkeys para tocar e tirei meus cadernos da mochila. Vi as tarefas que tinha que fazer e desci para a cozinha para pegar algo para comer. Fiz um sanduíche com presunto e queijo e peguei um copo de suco de pêssego. Quando eu subia para meu quarto começou a tocar uma musica que eu não conhecia, mas deixei tocar porque ela parecia legal. Quando cheguei perto do computador, vi que a musica era do Plain White, não tinha ouvido essa musica ainda, mas era bem legal. Eu ainda tinha que fazer meus temas, mas peguei o violão que estava ao lado da minha cama e me sentei tentando fazer a mesma tablatura da musica. Ficou parecido até, mas não é a mesma coisa. Larguei meu violão depois de desistir de continuar tentando e fui fazer meus temas que eu ganho mais. Comecei por química. Havia alguns exercícios sobre reações de deslocamento porém perdi meus pensamentos em Veh. Há dias que me pergunto como alguém como ela pode estar com Harry? Ela merecia algo bem melhor e eu não estou falando de mim, estou falando que ela merece alguém com um bom coração como o dela.

Depois de terminar os temas, joguei um pouco e depois fui tomar um banho. No meio do meu banho ouvi a porta do meu quarto se abrindo e também ouvi batidas na porta do banheiro. Eric gritou algo que eu não consegui identificar o que era, eu disse para ele esperar que eu já estava saindo banho. Poucos minutos depois sai do banheiro e ele estava mexendo nos meus cadernos.

– O que tu acha de fazer meu trabalho de História? Não consegui entender nada. - Disse Eric com o MEU trabalho em mãos.

Arranquei a folha dele e disse. - Se eu fizer tu não vai aprender nada. Te vira! - Sorri.

– Se tu fizer pra mim eu te conto o que me falaram hoje, e é sobre a Veh.- Merda, ele me conhecia melhor que ninguém.

– Chantagem não vale. - Respondi quase me rendendo.

– Vale sim quando o que você vai receber em troca é algo bem interessante. - Sim, isto me deixou muito curioso.

– Ta bom. Eu faço o teu trabalho, mas me diz o que é. - Mamãe não sentiria orgulho de mim pelo que acabei de fazer.

– Essa sexta Veh vai dar uma festa na casa dela pra arrecadar dinheiro para comprar roupas de inverno para o asilo. E a Sally me disse que ela convidou eu e você. -

– Não acredito! -

– Acredite se quiser maninho... O trabalho é pra quinta, não esquece. - Falou ele se virando de costas para mim e indo em direção à porta. - Foi ótimo fazer negócios com você! - Saiu.

Confesso que quase enfartei. Verônica Smith havia mesmo me convidado para uma das festas dela? Eu? Edward Taylor? O garoto Crepúsculo? O nerd dos armários? De uma hora para a outra o meu mundo tinha acabado de parar de fazer sentido. As coisas estavam dando certo para mim. Mas vou parar de me empolgar. Como Eric mesmo disse, era uma festa pra arrecadar dinheiro, então quanto mais pessoas fosse, melhor seria para Veh. Por isso que ela me convidou. Joguei mais um pouco e quando olhei para o relógio, marcava 23:30. O problema é que eu não tinha visto nem mamãe e nem papai chegando. Estranhei e desci até a sala, olhei na cozinha e na garagem. Nenhum sinal de vida a não ser Plof e Pluf, os peixinhos da mamãe. Peguei o telefone e liguei para o escritório. Nada. Então liguei para o estúdio. Nada também. Fui até o quarto de Eric e bati na porta, ele gritou para eu entrar, então fiz isto.

– Cadê as pessoas dessa casa? - Perguntei.

– Lá eu vou saber? Eu sou sempre o corno, o ultimo a saber... - Exagerado...

– Muito obrigado pela ajuda.- Falei irônico e sai do quarto.

Quando cheguei no meu quarto peguei o celular e liguei para mamãe, nada. Liguei para papai, nada. Liguei para Matt, e até que enfim ele atendeu.

– Matt? Onde vocês estão? - Perguntei.

– No hospital. - Me desesperei.

– O que ouve? -

– Papai teve um infarto. -