Sombras e Seus Humanos escrita por ally_albarn


Capítulo 14
Capítulo 14




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   Havia uma garota. Ela aparentava ter uns vinte anos, mas garanto que tinha bem mais. Ela tinha uma característica forte: Suas madeixas eram cor-de-rosa. Ela era meio quieta, não falava pelos cotovelos como a maioria das mulheres. Andava sempre com uma corrente, com um formato estranho pendurado. Eu descobri que era metade de um coração apenas alguns dias depois de ser contratada pelo seu marido, Kibba, para trabalhar na casa. Casarão não seria modéstia. Me sentia em um castelo ao andar por ali. Era uma espécie de secretária, organizava as tarefas, fazia a lista de compras, atendia os telefonemas, coisas que uma dona de casa faz, quando se tem uma pequena casa. Mas aquela não era uma pequena casa.

   Estava em meu serviço, quando vejo que é hora de ir as compras ao notar que não tem mais farinha. Como Kibba estava em uma reunião, tive que falar com sua esposa. Ela se encontrava em seu quarto particular. Passava a maior parte de seu dia por lá, e como eu tratava as questões da casa com Kibba, nunca havia entrado naquele cômodo.

   Bati na porta três vezes, e ouvi a voz baixa da mulher, dizendo que eu podia entrar. Entrei lentamente no quarto, ficando a apenas cinco centímetros da abertura da porta. A patroa não me assustava, mas eu sentia como se não fosse bem-vinda naquele lugar. Era particular, somente dela.

   A garota das madeixas cor-de-rosa estava sentado em uma grande poltrona, na qual rodinhas a faziam se mexer a vontade. Á frente da poltrona havia uma grande esfera, me deixando com a sensação de que fosse uma Televisão atual, pois dentro dela havia a imagem de um garoto, na aparência de uns vinte e dois anos, que andava descontraído por uma calçada que eu jamais havia visto pelas redondezas. Ele segurava um pingente no pescoço, e no mesmo momento eu percebi que era igual ao da patroa.

   -Lady Yuki, eu... está na hora de fazer as compras, e como Kibba está em reunião, achei que fosse melhor pedir pra senhorita...

   -Abel, por favor, não me chame de senhorita nem de patroa. Lady Yuki está bom.

   -Desculpe-me, Lady Yuki.

   -Eu até lhe pediria para me chamar apenas de Yuki, mas...

   A patroa não quis terminar a frase, por um motivo meio óbvio. Seu nome próprio não podia ser chamado por qualquer um, apenas pelo escolhido, o que era dificilmente encontrado. Infelizmente, Kibba não era este. “Coisas de nobres”, dizia minha mãe.

   -Você quer ir no mercado, é isso?

   -Sim se...Lady Yuki.

   -Isto. Por favor, aproveite e ligue para minha prima, preciso conversar com ela.

   Imediatamente, fui ao telefone mais próximo, disquei para a senhorita Miku e trouxe para Lady Yuki o aparelho. Me contive ao lado de fora da porta, para escutar o primeiro trecho da conversa. Sei que fazia errado, mas algo em mim me segurava naquele lugar.

   -...Miku.... Este Ciel... Eu não consigo esquecê-lo.

   Coloquei minha mão na minha boca, pra conter qualquer som. Lady Yuki estava traindo o patrão?

   -...Acho que sim... Não acho justo ele não saber. Ele ainda leva o colar no pescoço...

   Lady Yuki parecia estar feliz ao dizer isso. Então não era amante. Era seu Humano. Lady Yuki já fora Sombra de um Humano! Não podia acreditar, pois achava a coisa mais perfeita do mundo. Sombra e Humano, juntos! Mas... sentira tanta pena dela... porque tivera que se separar do seu Humano? Será que havia sido por causa de Kibba?

   -...Mande beijos para Makino, Usagui e Ichirou, ok? Estou com saudades, Miku. Não, mas da próxima eu faço. Ta. Beijos. Tchau.

   Ciel... o Humano que se entregara para Lady Yuki. Separados por causa do destino.

   Nunca pensara tanto em Lady Yuki como naquele dia, e o mercado então se transformou em meu ponto de reflexão. Sempre que ia, pensava em minha vida, meus problemas, e na sorte que a patroa um dia teve, mas que por alguma razão perdera. Não sabia o que era suportar uma separação dessas, e até hoje não sei.  Talvez seja por isso que Lady Yuki é tão... Silenciosa. Tão triste. Tão... Só.


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