The Ruller And The Killer escrita por Haunted House, Angel of Silence


Capítulo 4
Samuel Talbot


Notas iniciais do capítulo

Por Angel of Silence.
O Sammy pode não saber direito o que aconteceu nos Jogos de Evelyn, mas ele não tem acesso ao Nyah e não faz ideia de que é um personagem que veio da cabeça de uma menina extremamente entediada. Se você, meu caro leitor, quiser saber o que aconteceu com a Evey, tem a minha benção para ler If You Wanna Get Out Alive (Run For Your Life), a fic que eu tô escrevendo exatamente sobre os Jogos dela. (/historia/396017/If_You_Wanna_Get_Out_Alive_Run_For_Your_Life/ AVISOS: Sammy sendo o híbrido de alce/cão-sem-dono, Evelyn sendo a Evelyn, Viktor sendo o cego mais fofo do mundo).



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Em primeiro lugar, Evelyn Talbot não chora. Quando ela fica triste, ela fica furiosa, ela quebra coisas, mas ela não chora. Mais de uma vez, ela disse sarcasticamente que seus canais lacrimais haviam sido arrancados à força quando ela tinha 13 anos e foi para os Jogos Vorazes, ganhando. Então, com toda a certeza e probabilidade do mundo, aquela coisa molhada escorrendo de seus olhos devia ser um sintoma esquisito de uma doença até então desconhecida.

“Se for hereditário, é melhor avisar a Capital, então” disse Sam quando Evelyn lhe explicou sua teoria sobre a doença. Ela o bateu no braço, forte. Sam era o irmão mais novo, mas do jeito que era metido a um poço de sabedoria e como gostava que as pessoas Falassem Sobre Sentimentos, Evelyn tinha a impressão de que ele na verdade era um monge mágico de 150 anos de idade. Como aqueles que aparecessem em livros falando sobre “testes para provar sua pureza no coração” e esse tipo de coisa.

Sam sacudiu a cabeça, suspirando como fazia quando Evelyn falava na cara das pessoas alguma coisa do gênero, “Sua mulher chifra em você” ou “Eu realmente espero que esse cheiro seja de um perfume esquisito e não de sexo”. Então, ele lhe deu um daqueles olhares longos e demorados, com os quais Evelyn havia se tornado um tanto familiar desde que ele, obviamente, havia arranjado sabe-se lá de onde aquele dom psíquico de saber quando tem alguma coisa errada com alguém. Evelyn ergueu as sobrancelhas, esperando, até que Sam pareceu encontrar/concluir o que esperava e seu olhar mudou de preocupado para sinto pena de você que deixava bem óbvio que híbrido de alce/cão-sem-dono que ele era.

“Você sabe que eu vou ficar bem”, Sam disse, lenta e calmamente. “Tendo você como mentora -”

Evelyn o interrompeu, “Não começa, não começa. Eu tenho 21, Sam, e eu praticamente te criei. Eu já percebo quando você inventa de me encher de elogios tentando ganhar sobremesa extra depois do jantar.”

Outro suspiro. O assunto de comida fez com que Sam olhasse para baixo, para a mesa cheia das coisas mais gloriosas na frente dele. Ele fechou os olhos, sentindo o aroma de trinta bolinhos diferentes, o trem se movendo sob seus pés, e os primeiros raios de sol entrando pela janela e aquecendo seu braço em tiras. Ele lentamente pegou um bolinho com mais glacê do que qualquer outra coisa, e o examinou de modo crítico. “Seu ex me mandou te escutar.”

“Hm”, fez Evelyn, não soando muito surpresa, e preferindo olhar para lá fora do que para seu irmão mais novo e mais de uma cabeça mais alto. Ela fitou as nuvens, observando-as sendo empurradas de lá para cá pelo vendo, se enroscando, ficando mais finas, mais grossas, tão delicadas. E, como tudo delicado estava destinado a ser destruído, ela esperava por um furacão ou um meteoro ou uma ventania forte que separassem aquelas gotículas de água suspensas, transformasse aquela calma em caos.

“Eu tinha 9 quando você foi pra Arena”, Sam continuou, também se virando para olhar pela janela, tentando ver o que Evelyn via. Ela vagamente se perguntou se ele estava esperando por aquele furacão também. “Assisti pouco e lembro menos ainda. Seja lá o que você fez, Evey, você deixou todo mundo... bem impressionado.”

Evelyn preferia o assunto sobre seu ex-namorado. “Foi... gentil de Harvey ir falar com você. Se despedir.”

Sentindo que ele estava andando em gelo fino, Sam casualmente disse, “Sempre gostei dele. Simpático. E... Viktor também apareceu.”

Evelyn sorriu. Desde que eles se mudaram para o Distrito 5, ela se tornara a melhor e única amiga de um garoto cego, que passava mais tempo na casa dos Talbot do que em sua própria. No começo, Sam meio-esperava que alguma coisa fosse acontecer entre os dois, mas no final, quando ele sutilmente sugeriu a ideia, era difícil dizer quem ficou mais horrorizado.

Seria estranho, ficar longe de Viktor. Ele estava sempre por perto, segurando o braço de Evelyn, e quando ela ia ser a mentora do próximo cadáver ambulante, era Sam quem o guiava pra lá e pra cá e às vezes, narrava os Jogos para ele. Viktor ia a casa deles todo santo dia, e sem ele ou a mãe adotiva das crianças Talbot, Alicia, tudo parecia estranhamente vazio. Tomar café da manhã especialmente (Alicia sempre insistia em realizar “refeições em família”, e Viktor aparecia com mais frequência do que não). Ele morria de rir ao ouvir Sam e Evelyn se rendendo à infantilidade e jogando aquele jogo antigo entre eles: eles se chutavam sob a mesa, tentando manter caras sérias, e recentemente, Sam havia espichado até beirar os 1,90 e às vezes, ele alcançava as pernas de Evelyn, mas ela não alcançava as dele. Isso a deixava louca.

“Você não vai ser parcial, vai?” Sam perguntou.

Foi a vez de Evelyn suspirar. Ela parecia quase melancólica quando desviou os olhos das nuvens, fixando-os no rosto de Sam. “Você sabe que não.”

A resposta deixou Sam aliviado. Ele mal conhecia a menina que fora sorteada para ir com ele ao jogo mais doentio de todos os tempos, mas não queria que ela morresse porque ele fora considerado mais importante do que ela.

Taticamente falando, ele era. Se Cloelia fosse a vencedora, o Distrito 13 continuaria sem Tordo, e não teria mais uma agente no lugar de mentora. O plano teria de ser adiado... de novo.

Evelyn tinha a cabeça baixa, a xícara de chocolate-que-deveria-ser-quente já fria em suas mãos. Sam se perguntou se ela havia se sentido do jeito que ele estava agora quando fora a vez dela de ir para o que quase foi a morte certa. Se estava sendo difícil para ele, que tinha 17 anos e a pessoa que mais confiava no mundo ao seu lado e cuidando dele, como ela se sentira, completamente sozinha, com 13 anos, e com o peso do mundo sobre os ombros?

Não, Sam disse a si mesmo. Aquele era um caminho perigoso de pensamento, porque indubitavelmente o levaria a ter pena de Evelyn, e a) se ela descobrisse que ele tinha pena, era provável que ele morresse antes de chegar perto de outros tributos; e b) isso iria distraí-lo de, sabe, evitar a morte.

Então ele se forçou a parar de pensar e começou a chutar Evelyn por baixo da mesa.


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