POV: PEETA.

Admito que quando revi novamente o bilhete de Katniss, eu pensei besteira, eu realmente pensei em coisas impuras, mas depois eu fiquei pensando que ela não faria isso. Mas eu queria que ela fizesse. Eu ia negar o tempo todo, mas era o que eu mais queria, a iniciativa dela, porque eu não teria coragem de fazê-lo, eu não queria que ela se sentisse acanhada nem nada... Levei coisas que eu gosto de comer e ela também, arranjei uma desculpa qualquer para sair de casa e fui correndo para a floresta. Enquanto eu ia, os pensamentos impuros compunham a minha mente, eu estava começando á ficar louco, e a insanidade estava causando sensações estranhas e ao mesmo tempo muito naturais em adolescentes. As coisas ficaram um pouco mais sérias quando a vi. Á luz do luar, naquele ambiente tão dela, Katniss era a pessoa mais bonita que alguém poderia ver. Seus olhos brilhavam, seu sorriso iluminava, sua trança única, seu rosto, seu corpo muito bem delineado pelo jeans e jaqueta que eram seu detalhe principal  mais perfeito. Katniss me enlouquecia. 

Antes de ter me tornado tão íntimo e próximo á Katniss, eu não tinha esses pensamentos. Mas porque eu teria? Não tinha motivos. Quer dizer, eu achava que Katniss nunca seria minha, eu nunca imaginava que ela fosse estar tão próxima... Mas agora, as coisas mudaram. Á cada beijo, cada abraço, é uma sensação nova. Com Katniss é tudo muito novo o tempo todo. Eu vou sempre me surpreender. Como hoje.

Ela me levou á casa no lago e estava tudo tão perfeito. Éramos apenas os adolescentes apaixonados do Distrito 12 e ela, e eu, queríamos eternizar esse momento em nossas lembranças. Mas nós fomos além disso... Estava eternizado em nossos corpos. Katniss tinha marcas no pescoço, no começo, elas eram vermelhas, agora, estavam ficando roxas. Gabreel me zoaria a vida toda quando visse o chupão que estava ali... Meus ombros e costas estavam arranhados e com chupões iguais aos delas. Eu podia esconder melhor, ao menos. Seus pulsos estavam com as marcas da minha mão. Eu não podia acreditar que tinha sido eu quem tinha feito isso. Eu até fiquei com medo de que tivesse machucado-a... Mas não. Ela estava tão satisfeita quanto eu. Então, nós éramos os adolescentes apaixonados do Distrito 12 que foram levados para um mundo de insanidade comandado pelo desejo, pelos hormônios. Eu e a minha baboseira poética.

- O que vamos fazer? Sua mãe vai desconfiar dos arranhões. E a minha mãe, ela vai me matar quando vir o meu pescoço.- Disse Katniss, refazendo a trança naquela manhã. Estavamos nos vestindo. A vida não parou pra nos olhar ser felizes.

- Minha mãe vai ter que aceitar, ela não tem como reverter isso, tem?- Eu disse, terminando de amarrar as minhas botas.- Ela só vai ficar querendo saber quem foi.- Eu dei de ombros. Katniss me olhou com as sobrancelhas erguidas.

- Só? Ela também vai achar que foi a Delly.- Disse Katniss. Eu balancei a cabeça, me lembrando da mentira que inventei para a minha mãe. Dei  de ombros.

- Então eu lhe digo que Delly está namorando o Gale.

- Mas Delly não está namorando o Gale.

- Uma mentira á mais, uma mentira á menos... Além disso, ela não vai ter coragem de ir lá perguntar á ela. E também, Delly e Gale logo vão namorar. Então, não vai ser mentira.- Eu disse, dando de ombros. Katniss bufou.

-Você está agindo como se não fosse importante! Peeta, nós temos só 15 anos! Isso foi uma loucura!

- E você está arrependida.- Eu observei ela se sentar e colocar as mãos na cabeça antes de dizer isso.- Você não precisa ter medo de me magoar, Katniss.

- Eu não estou arrependida!- Ela disse, relaxando os ombros.- Eu só estou preocupada.

- Com o quê?

- Tudo.

- Liste.- Eu disse, começando á ficar impaciente.

- Bem, pra começar, sua mãe vai ficar uma fera quando souber que você passou a noite com uma menina, ao invés de trabalhar, quando souber que a garota sou eu, pode até te colocar pra fora de casa!

- A casa não é dela, papai tem tanta moral quanto, até mais. E ela não pode perder seu melhor padeiro.- Eu disse. 

- Tá, pode ser. Mas ela com certeza vai me odiar mais do que já odeia.

- Isso realmente preocupa você?- Perguntei, com os olhos estreitos. Ela sorriu.

- Não, na verdade. Mas me preocupa o fato de você se sentir mal com isso.

-Relaxe.- Eu disse, dando de ombros. Ela respirou fundo.

- Ok. Além disso, minha mãe, pode parecer que ela está imparcial á tudo, mas eu duvido que ela vá achar bonito isso tudo. Não me importo muito, mas eu não sei se a Prim vai gostar de nos ver brigando novamente. Prim merece bem mais do que isso.- Ela disse. Á quem ela quer enganar? Todo mundo sabe que ela se importa com a opinião da mãe dela.

- Se você achar melhor, eu posso ir na sua mãe. Explico o anel e tudo.- Eu disse. Ela concordou com  a cabeça. Mas ela não estava calma.- Algo mais?

- Eu não estou preparada pra ter responsabilidades aos 16. E você não está preparado para sair de casa aos 16.- Ela disse. Do que ela estava falando?

- Eu não te pedi em casamento, exatamente, Katniss. É só compromisso. E nós nem podemos nos casar tão jovens.- Eu disse. Ela balançou a cabeça.

- Existem outra responsabilidades. Que pela lei normal da sociedade, só deviam vir depois do casamento. E a gente quebrou essa regra.- Ela disse, apontando para os cobertores bagunçados no chão. E então eu entendi o que ela quis dizer.

- Você não vai ficar grávida.

- E se rolar?

- Porque você é tão pessimista? Não estou dizendo que uma criança é algo péssimo, porque eu não acho isso, só não é o essencial agora.- Eu disse. Ela fez uma careta.

- Você que gosta de ver as coisas pelo lado bom o tempo todo. Mas tudo bem, Peeta. Eu não vou ficar falando nesse assunto.

- Ah, muito obrigado, viu?- Eu disse, me levantando e vestindo a jaqueta. Essa conversa chata tirou toda a alegria da noite. O desânimo veio á tona e ela sentiu o clima.

- Desculpa, Peeta, eu não queria te tirar a alegria, eu juro.- Ela disse. Eu dei de ombros.

- Isso não importa muito, agora já foi.  Vamos voltar pra o Distrito 12. Como você fez o favor de me lembrar, mamãe vai ficar uma fera quando souber que eu estive aqui com você.- Eu disse. Começando á arrumar as coisas pra voltar pra o distrito.

Katniss suspirou várias vezes antes de eu cansar, me virar a beijá-la. Eu sei que era isso que ela precisava. Ela precisava de mim de novo. Não era realmente justo eu ficar bravo por ela estar se preocupando comigo e nosso futuro. Eu sorri quando nos afastamos.

- Vem, a gente tem que voltar á viver essa porcaria de realidade imposta pela Capital.- Eu disse. Ela fez uma careta.

- Ás vezes eu acho que "viver" nos Jogos Vorazes seria mais fácil do que viver aqui nesse inferno...

- As pessoas morrem de todo jeito. A única diferença é que, lá, você é só um peão nesse Jogo doentio. Aqui, você é uma peça de seu próprio jogo mental.- Eu disse. Ela sorriu pra mim.

- Jogos, jogos, jogos...- Ela disse, depois suspirou. Estávamos de volta ao distrito 12.- Que os Jogos comecem!

- E que a sorte esteja sempre ao seu favor.- Eu disse. Ela gargalhou. Eu fiquei sério depois. Quando terminei de falar, eu vi um homem, um senhor, devia estar bêbado. Era Haymitch. Um  cara que ganhou os  Jogos Vorazes no Distrito 12, uma vez. O único. E era bêbado. Ele era maluco! É, parece que a sorte não esteve, exatamente, ao seu favor. Que coisa mais ridicula pra se dizer! A sorte nunca está ao nosso favor. Então eu olhei para Katniss... Talvez a gente só precise olhar 2 vezes no mesmo ponto pra enxergar que não é a sorte, é a luta. A luta estará sempre ao lado do mais forte. Então, que a força esteja sempre á seu favor.

(...)