Caroline deu um selinho em Nicholas e se levantou pra lavar a louça. É claro que Nicholas,como todo bom cãozinho de estimação,foi correndo atrás da dona. E é claro que esse viado me deixou sozinha com Henry,o irmão de Caroline. Que ótima forma de agradecer a sua irmãzinha por guardar o seu segredo. Eu realmente odeio o meu irmão.

Olhei para o lado e sorri,tentando ser simpática. Henry me devolve um sorriso duas vezes mais simpático. E um tanto...uau. Acho que posso conviver com ele.

–- Você deve ser a Emma. Eu sou Henry,mas eu aposto que Carol já lhe falou sobre mim.

–- É,ela parecia bem animada pela sua chegada.

–- Ela se anima com tudo que tenha a ver comigo - e deu um risinho que me obrigou a rir junto.

–- Ela tem muitos motivos pra isso - as palavras simplesmente saíram da minha boca,me fazendo ficar corada imediatamente. Tentei concertar o mais rápido possível - Q-quer dizer,porque... vocês são muito próximos e... ela me contou que meio que ela criou você... - ele me cortou com uma risada. - Do que você está rindo?

–Você.Faz um elogio e imediatamente tenta disfarçar. Sem falar que cora com tudo. Se tudo isso não a fizesse mais interessante,com certeza essa risada seria de deboche.

É claro que a última parte me fez corar mais ainda.

E é claro que o fato de eu estar dando inveja em qualquer tomate o fez rir mais ainda.

E por algum motivo,tudo isso me fez soltar um riso nervoso.

E por algum outro motivo,eu começei a gargalhar junto com ele.

Só paramos de rir de nós mesmos (ou de mim,nunca saberemos ) quando nossas barrigas estavam doendo. Ambos ainda estávamos rindo baixo quando ele me beijou. Não era um beijo,tipo beijo com língua e coisa e tal. Era um selinho casto e durou menos de um segundo. Nós nos encaramos por algum tempo e então ouvimos algo como uma galinha cantando.

Droga,pensei alguém está ligando pra cá.

Henry imediatamente se endireitou na cadeira. Franziu levemente o cenho em direção ao telefone que ficava a menos de 2 metros da mesa,provavelmente porque o toque do telefone é a droga da galinha cantando. Deixa eu explicar : minha mãe veio do interior,e ela sente muita falta do sossego de lá. Sim,ela subtrai todas as lembranças do trabalho árduo na fazenda e a falta de estudo quando diz isso. Portanto,todos os telefones e despertadores da casa tem o toque da galinha.

Caroline veio correndo da cozinha pra atender o telefone. Henry e eu ficamos olhando-a no telefone,simplesmente porque não tínhamos nada melhor pra fazer. Além do mais,olhar um pro outro estava fora de questão. Ambos estávamos encabulados demais pra fazer isso. Minhas pernas estavam como gelatina. Não sabia se ele também se sentia assim,mas por algum motivo eu queria que sim. Pra não me sentir pra trás. Pra sentir que o que se agita dentro de mim agora é recíproco. Pra não sentir que a promessa de um futuro é completamente vazia.

Ok,Emma,calma,respira,você está á um passo de planejar o próprio casamento. Agora,deixa de ser apressadinha e para de ficar criando falsas esperanças. Isso é ridículo. Provavelmente o garoto não quer nada sério. Provavelmente,ele não quer nada com você. Já deu dessa idiotice.

–- Henry - pediu Carol. - Você pode ir buscar a Sra. Roxen no trabalho? O carro dela pifou.

–- C-claro,Carol - Henry se levantou batendo o joelho na mesa e gemendo baixo. - T-tchau Emma - ele se despediu.

–- Tchau...Henry - Ele tropeçou quando eu disse o seu nome.

–- Tchau.

–- Tchau.

–- Diz meu nome de novo?

–- Henry.

–- De novo.

–- Henry.

–- E de novo.

Eu ri.

–- Henry.Você precisa ir,não é?

–- Parece que sim...

–- Odeio estar interrompendo o momento romântico,mas você precisa mesmo ir,Henry - disse Carol.

Henry levantou a mão em sinal de rendição.

–- Está bem,está bem. Estou indo - ele se virou pra mim e sorriu. - Tchau Emma.

Eu sorri e disse a a última palavra com a maior vontade possível:

–- Tchau...Henry.

Parecia que seus olhos cor-de-mel iriam derreter ao me ouvir pronunciar seu nome daquela forma.

Carol suspirou.

–- Henry...

Henry suspirou.

–- Ok,estou indo.

E se foi.