A professora-fúria explicava qualquer coisa que eu anotava loucamente até que ela se interrompeu:
– Srta. Pomeline,por favor,depois resuma a explicação. Não é necessário anotar tudo que eu digo.
Coisas que a Emma demorou pra perceber em ordem cronológica:
1º: Ela não estava mais explicando a matéria.
2º: Eu precisava apagar as duas últimas frases.
3º: Eu escrevera de caneta.
4º: Ela estava falando comigo.
5º: Ela me chamou pelo nome do meio na frente de toda a classe.
6º: Eu iria virar piada pelo resto da semana,no mínimo.

Alguns tentaram segurar a risada,outros riram descaradamente. Me encolhi na cadeira,respondendo bai xinho pra chamar o mínimo de atenção:
– Eu escrevo tudo pra reler e entender com calma mais tarde.

Logo que disse,tive certeza de que ela me daria um corte feel like Tramontina por fazer uma coisa semelhante á escovar os dentes sem passar fio-dental.A professora-fúria me olhou de cima a baixo,avaliando se as notas perfeitas e perguntas inteligentes me salvariam de uma resposta rigorosa por um hábito estúpido. Ela odiava hábitos estúpidos.
– Tente entender durante a aula. Assim,poderá me fazer perguntas para esclarecer qualquer dúvida. Estão dispensados.
[...]
– Jura que não vai ficar brava? - Vicky me perguntou no almoço,enquanto me entregava a bandeja. Servi a nhaca gosmenta que parecia ser a única coisa comestível no refeitório e franzia a testa.
– Não fiquei brava com o Henry por ter visto ele beijando a Debbie na frente da sala de ciências,então acho que não vou ficar brava com você. Só quero saber quem eu vou ter que persuadir pra você sair da encrenca dessa vez.
– Eu juntei os garotos e nós demos uma surra no Henry. Nesse exato momento ele está trancado no seu armário.
Suprimi um sorriso e me virei pra ela,que estava com os olhos fechados,como se esperasse que eu batesse nela ou começasse a gritar.Ah,por favor. Eu devia muita á ela e ao pessoal. Eles tentaram me proteger da simples visão do meu namorado se agarrando com uma vadia. Não sabia direito o que dizer,então falei a primeira coisa que surgiu na minha cabeça:
– Como ele coube no armário?

Vicky abriu um dos olhos,observando minha expressão.Deixei um sorriso maldoso sair e ela esfregou a nuca,olhando pro chão.
– Coloquei seus livros no meu armário.Demos umas "dobradas" nele. - ela fez sinal de aspas com os dedos.
Mordi o lábio inferior e a puxei pelo braço. Como se estivesse revelando um segredo de estado, sussurrei rapidamente:
– Eu realmente gostaria de estar lá.Parece que não ligo,mas estou querendo estrangular o Henry por dentro. Sua senha ainda é a mesma?
Ela deu um sorriso de canto e fez que sim com a cabeça. Sorri de volta.
– Ótimo. Vou organizar meu material antes. Pode ficar com a minha comida. - entreguei a bandeja de plástico barato pra ela e atravessei o corredor.

Precisei atravessar a escola para poder chegar ao corredor de entrada,onde estavam a maior parte dos armários. Abri o já conhecido armário apertado e lá dentro estava ele, encolhido e quase caindo pra fora quando abri a portinhola.
– Emma... - fechei e abri a porta,fazendo com que a mesma batesse em sua cabeça. Um grito estrangulado soltou-se de sua garganta e foi abafado pelo armário. Mas ninguém ouviria,estavam todos no refeitório e a diretoria ficava no fim do corredor.

Abri a porta de novo,lhe dei um chute no... "ponto sensível" e tranquei mais uma vez. Peguei meus livros no armário da Vicky e voltei pro refeitório,torcendo para ninguém perceber que não estava presenta quando me misturasse na multidão.