Os pais de Edward vieram me cumprimentar. Ambos eram bem simpáticos e pareceram gostar de mim. Para falar a verdade a mãe dele me amou.

Mesmo assim não conseguia acreditar no que Edward tinha feito. Ele estava me apresentando a família dele!

A mãe de Edward havia feito um banquete, acho que tinha comida para alimentar toda a África.

Pouco antes do almoço, a irmã de Edward chegou com seu marido, Jasper. Nunca vi uma pessoa tão animada quanto Alice. Ela chegou saltitante para me cumprimentar e começou a contar toda a vida dela.

Ela me disse que ficou um tempo fora do país fazendo faculdade de moda na França, foi então que conheceu Jasper, que estava estudando gastronomia. Se casaram e estavam morando até pouco tempo atrás na Fraça.

Terminado o almoço, Edward dirigiu-se até o imenso piano de cauda, branco, que havia no meio da sala, olhou para mim sorrindo e começou a tocar. A bela música invadiu toda a sala. Edward estava tocando “Moonlight Sonata”, era o que minha mãe costumava tocar pra mim no piano quando era pequena.

Lembrando disso, a lágrima foi inevitável.

Apesar de Edward estar concentrado no piano, parece que algo o fez dar uma olhada rápida em minha direção, foi quando ele viu que estava chorando e parou de tocar. Ele correu até mim.

-O que hove, Bella? –disse ele enquanto enxugava minhas lágrimas preocupado

-Não é nada demais Edward. Pode voltar a tocar. –limpava o rosto com as costas da mão

-Pode falar, Bella. Você não gostou da música? –ele acariciava meu rosto

-Não, a música é linda, é só que... –hesitei  por um momento –minha mãe costumava tocar ela para mim, quando era viva.

Edward me abraçou forte, como se quisesse suprir minha dor. Infelizmente, ele não podia, mas aquele abraço me confortou muito.

-Você não havia me contado da sua mãe. –disse Edward enquanto mexia no meu cabelo.

-Eu evito falar dela. Minha mãe morreu quando eu tinha 6 para 7 anos. Ela era fumante e tinha câncer no pulmão. Foi a mulher que meu pai mais amou no mundo. –as lágrimas caíam naturalmente.

-Qual era o nome da sua mãe? –dizia enquanto me olhava com ternura.

-Renné, por quê? –perguntei um pouco confusa.

-Esse vai ser o nome da nossa filha! –na hora em que ele disse isso, minha reação foi de espanto.

Nós mal começamos a sair e ele já pensava nos nossos filhos? Será que ele me ama tanto assim?

O clima triste foi cortado pela irmã feliz e saltitante de Edward.

-Oi!!! Como estão meu irmãozinho e minha cunhadinha?  –Alice sorria enquanto falava e, claro, Jasper estava ao seu lado.

Acho que não reagi bem ao termo “cunhadinha”.

-Saia daqui, tampinha! Jasper, leva essa garota embora daqui que ela já começou a encher o saco! –Edward estava um pouco exaltado.

-Eu não. Já tenho que aguentar ela em casa –disse Jasper enquanto ria.

Comecei a rir, o que aparentemente fez Edward abrir um sorriso de orelha a orelha por me ver melhor. Acho que Jasper me fez mudar de humor.

-Amor! –Alice deu um tapa no braço de Jasper –Eu sou tão chata assim pra você ter que me aguentar?

O clima estava bem descontraído, quando o último irmão de Edward chegou e não estava sozinho.

-Oi pessoal. Tchau pessoal –disse virando-se para a escada.

-Ei, ei, ei. Pode voltar. –Esme surgiu da cozinha com um pano de prato na mão- Você já chegou atrasado, pelo menos cumprimente direito seus irmãos e a namorada do Edward. –engoli seco nessa hora. Não me lembrava de ter sido pedida em namoro.

Foi quando eu reparei quem era a garota que estava acompanhando Emmet. Era Rosalie, uma das patricinhas siliconada que sempre me infernizavam.

-Oi Edward, oi Alice, oi Jasper, oi namorada do Edward. Feliz mãe? –foi o oi mais desanimado que já escutei e olha que sou especialista em falar  “oi” desanimada.

-Você não tem jeito mesmo. -Esme olhou para Rosalie –Quem é essa garota?-ela não parecia ter gostado dela da mesma forma como havia gostado de mim.

-Mãe, essa é a Rosalie. Rose essa é minha mãe. Agora que já estão todos apresentados, vou subir para o meu quarto. –Emmett subiu as escadas sem se importar com os resmungos de sua mãe.

-Bella, me desculpe, Emmett vive só no mundinho dele. Fica a vontade. –Ela me olhava sorrindo evergonhada.

-Não se incomode comigo sra. Cullen, pode ficar tranquila. –disse num tom traquilizador.

-Para você é só Esme. –ela sorria ao falar.

-Obrigada sra. Cull...Esme –dei um sorriso que pareceu agradá-la.

A tarde se passou com conversas com a família de Edward. O ambiente estava muito agradável, até Emmett resolver sair do quarto com sua amável companhia.

-Mãe, tem alguma coisa para comer? –disse Emmett sem paciência.

-Você vê o que tem lá na cozinha, filho.

Esme encarava Rosalie, que parecia não se importar. Ela ignorava a todos nós, o que me dava mais vontade de pular no pescoço dela.

-Eu não como nada que não seja orgânico ou light –Rosalie disse esnobe.

-Então você vai morrer de fome, querida. Aqui niguém precisa fazer dieta para manter o corpo. –Alice retrucava a siliconada.

-Eu percebi isso pelo seu manequim, querida. –sua insinuação provocava raiva em Alice e em mim.

Jasper conteve Alice, que ia se levantar para dar um murro na cara daquela Barbie.

-Olha, acho melhor ir só tomar uma água. –Rosalie caminhou até a cozinha.

-Para você é a da torneira! –gritou Alice no intuito de provocar a patricinha.

-Acho que vou tomar uma água também, me deu sede. –me levatei do sofá de couro, branco, para ir até a cozinha.

-Eu vou com você. –disse Edward, prestativo.

-Não precisa, vou só pegar uma água. –não queria incomodar mais.

-Tem suco na geladeira. –disse Esme, educadamente.

Abri a geladeira, peguei a jarra de suco de laranja e despejei no copo. Rosalie ainda estava na cozinha, com o copo de água na mão.

-Está gostando de ser a nova queridinha da família? –disse Rosalie querendo insinuar alguma coisa.

-A família do Edward é muito legal, eles me tratam super bem. –ela entendeu minha indireta.

-Pois vá desacostumando. O Edward não é tudo isso que você pensa que ele é. –ela estava com um sorriso sínico no rosto.

-Você sente a necessidade de provocar os outros, não é?

-Só estou avisando. –ela deu de ombros e foi saindo.

-Espera! –Rosalie parou -O que você quis dizer com isso?

Ela deu uma risadinha.

-Eu sei de muita coisa que você não sabe. –disse Rosalie num tom provocativo.

-Sou toda ouvidos. Pode me contar, Barbie. –retruquei a loira.

Rosalie me olhou com raiva.

-Você vai descobrir, mas não serei eu a te contar. –virou-se e saiu da cozinha.

Eu não sabia se o que ela dissera era verdade ou simplesmente uma mentira para me irritar e me deixar com a pulga atrás da orelha. Bom, se era isso, ela conseguiu. Fiquei alguns minutos parada na cozinha com o copo de suco na mão pensando no que Rosalie tinha me dito, o que me fez lembrar do que Jake havia me dito antes de sair. Talvez algo estivesse mesmo errado, eu só não sabia o que era.

-Bella? O que aconteceu? –Edward me olhava preocupado.

Ele interrompeu meu devaneio.

-Não é nada, só estava conversando com a Rosalie. –Edward franziu o cenho.

-Aquela garota de novo. Bella, fique longe daquela garota para seu próprio bem. –ele parecia estar irritado –E daquele tal Jacob também.

-Por quê? O que ele fez?

Ele hesitou por um instante.

-Simplesmente tenho um mal pressentimento sobre ele. –Edward parecia estar distante.

Aquele curto silêncio, que durou poucos segundos, foi quebrado por uma voz fina e delicada.

-Bella, seu celular está tocando. –Alice apareceu na cozinha.

Fui até minha bolsa, que estava em cima do sofá.

-Alô? –disse Charlie.

-Oi pai. –já sabia que estava ferrada.

-Esqueceu que tem casa, é? –ele estava um pouco bravo.

-Já estava saindo, pai.

-É bom você estar aqui para o jantar. –Charlie desligou na minha cara, o que não era de costume dele.

-Vou ter que ir Edward, meu pai está um pouco bravo. –falei enquanto jogava meu celular dentro da minha bolsa.

-Mas já, querida? Você não quer ficar para jantar? –perguntou Esme um pouco decepcionada.

-Acho que se eu chegar em casa e já tiver jantado, meu pai arranja outra filha.

Edward pegou minha bolsa e as chaves do carro. Coloquei meu casaco, me despedi de todos e sai.

Quando estávamos lá fora, Emmett e a loira apareceram. Aparentemente ele iria deixá-la em casa.

-Pensa no que eu te falei, tá? –Rosalie sussurou no meu ouvido.

Ignorei o comentário dela. Entrei no carro de Edward e ela no de Emmett. Só de lembrar que iria vê-la amanhã na escola, me dava nojo.

Cheguei em casa e meu pai estava resmungando. Dizia que eu era uma desnaturada e me xingando horrores, mas no jantar estava de boa. Meu pai estava só preocupado, mas não estava bravo comigo de fato.

Depois de jantar e lavar a louça, fui tomar um banho, para poder me jogar na minha cama depois, o que não adiantou muita coisa, porque toda aquela conversa rodava na minha cabeça, tirando meu sono.

O medo de me machucar de novo, como daquela vez voltou...minha cabeça começou a doer, aquela lembrança era tudo o que eu não queria ter.

Quando finalmente peguei no sono, o barulho chato do despertador me fez lembrar que tinha amanhecido.