Hoje Edward me entregou o livro de álgebra e parecia contente em me ver. Não sei por que, já que eu o tratava com tanto desprezo.

A aula pareceu passar rápido demais. Acho que é porque depois disso havia o ensaio para a peça “Romeu e Julieta”. A professora havia me escolhido para ser a árvore, mas estava pouco me importando com o papel, contanto que não fosse nenhum principal. Já o Edward pegou o papel de Romeu, e as garotas estavam babando nele, o que me dava nojo. A garota que ficou com Julieta é a patricinha que retrucou comigo ontem. Mas está ótimo para ela, é a única coisa descente que ela pode fazer.

Como eu não tinha muito o que ensaiar, fui dispensada mais cedo, mas não fui para casa. A diretora me chamou na sala dela para conversar por causa de ontem. Foi uma conversa rápida então logo fui liberada

Eu estava voltando a pé, já que meu carro está no conserto, então alguém gritou:

–Hey! Quer uma carona?–disse Edward parando o carro do meu lado.

–Não precisa, eu volto a pé. –eu não queria voltar a pé, mas também não queria aceitar a carona.

–Eu insisto. –ele parou o carro e abriu a porta, coisa que nenhum homem fez para mim.

Entrei na Land Rover Evolque preta dele.

Edward colocou sua mão no meu rosto e tomou um susto.

–Nossa, você está congelando. –ele parecia se preocupar comigo.

Ele ligou o aquecedor do carro e em poucos minutos, fui me esquentando.

–Você tá com fome? –ele realmente se preocupava comigo?

–Para ser sincera, um pouco. –espero que ele pague o lanche porque não trouxe grana.

–Então não vou te deixar passando fome. –ele olhou para mim e deu um sorriso que fez meu coração pular.

Ele estava me levando num lugar, que nem toda minha mesada poderia pagar uma água de lá. O restaurante era enorme e não dava para conseguir uma mesa se não estivesse reservada bem antes. Mas eu não sei como, foi só ele dizer que era Edward Cullen que os garçons nos levaram em uma mesa vip.

O piso era todo de porcelanato, com tapetes que deviam valer mais que a minha Montana –mesmo ela não valendo muito.

Edward puxou a cadeira para me sentar. Ou ele é muito educado ou quer se aparecer para mim, mas acho que fico com a primeira opção.

No cardápio tinham comidas que nunca ouvi vi e quem nem sabia falar.

–O que os senhores gostariam? –disse o garçom, me olhando de cima a baixo. Será que estou muito mal vestida?

–Eu vou querer frango ao molho pardo. –disse Edward.

–E a senhorita? –o garçom ainda me olhava estranho.

Olhei o cardápio e fiquei com cara de interrogação.

–Você quer que eu peça o seu, Bella? –disse Edward, carinhosamente.

Bella, ninguém nunca me chamou de Bella, para todos era Isabella e só, mas eu gostei do apelido.

–Por favor, Edward. –disse quase sem graça.

Ele examinou o cardápio e pareceu achar alguma coisa.

–Acho que você vai gostar deste. Eu quero um rosbife com molho tártaro. –o nome me soava bem.

–E a bebida? –acho que este garçom tem algum problema comigo.

–Bella, você bebe vinho? –ele ainda me chamava carinhosamente.

–Sim. –na verdade nunca tomei vinho.

–Então por favor, traga o melhor vinho que tiver.

O garçom me olhou de novo e depois foi embora. Acho que ele me achou uma maloqueira. Eu não estava tão mal assim. Estava vestindo uma camisa xadrez uma calça jeans e um all star, não era tão mal para um restaurante cinco estrelas.

Quando nossos pratos chegaram, descobri que Edward tinha um ótimo gosto para comida, porque o prato que ele havia escolhido para mim estava delicioso e o vinho realmente era o melhor do restaurante. A sobremesa também foi escolhida pelo Edward e estava uma delícia também.

Terminado nosso jantar, ele pagou a conta e fomos embora. O manobrista trouxe o carro e Edward abriu a porta para mim. Ele é muito educado.

Edward parou o carro, na porta da minha casa. Ele me olhava de cima a baixo, mas era diferente do jeito que o garçom me olhou. Ele me olhava com ternura e, mesmo vestida igual uma desleixada, parecia estar adorando minha companhia.

–Bella, seu carro está quebrado, né? –perguntou enquanto acariciava meu rosto.

–É, a minha montana tá toda ferrada, acho que vai ficar uma semana no conserto. –só de lembrar queria chorar, minha montana era velinha mas eu gostava dela.

–Então deixe eu te buscar e te levar todos os dias, para você não ter que ir até a escola a pé. Pelo menos até seu carro estar pronto. –ele perecia até feliz pela minha montana estar quebrada.

–Não preci...

–Eu insisto. –ele me cortou antes de eu terminar de falar.

–Ok, já que insiste. –disse num tom derrotista.

No momento em que aceitei, Edward abriu um sorriso tão grande, que quase chegava de orelha a orelha e devo admitir que era um sorriso lindo, seus dentes eram tão brancos quanto sua pele.

Quando entrei em casa meu pai estava na sala.

–Posso saber aonde é que a mocinha estava? –ele cruzou os braços.

–Estava no ensaio da peça da escola. –disse enquanto jogava minha mochila no chão.

–E depois foi fazer o que no carro daquele moleque? –dizia com desprezo ao Edward.

–A gente saiu para comer. –essa ele não vai engolir.

–Para comer, sei... –ele me olhava com desconfiança.

–Pai, estou cansada, vou dormir. –dei um beijo em sua bochecha.

Subi para o meu quarto pensando que o Edward iria passar aqui amanhã. Eu estava gostando um pouco mais dele, mas acho que não posso mais baixar a guarda, afinal não quero que aquilo se repita pela segunda vez.