Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 30
Vultos


Notas iniciais do capítulo

E aí, colegas? Nesse capítulo, finalmente, uma boa parte da explicação do que vem acontecendo com a Stella. Não vou ficar postando despedidas, até porque ainda faltam uns cinco capítulos, mas já estou me sentindo triste... Faz uma semana que já terminei essa fic, e escrever a última palavra, a última frase, doeu muito, de verdade. O que vocês esperam que eu escreva depois que terminar de postar essa história? Ninguém se animou com uma fic dos Vingadores com foco no Capitão América e no Tony Stark? Beijos e boa leitura!



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Eu caminhava em meio às ruínas e aos vultos. Estruturas de pedra que formavam o muro do Jardim tombavam, numa chuva de faíscas. Havia resquícios de gelo e de fogo por todo canto. Ocasionalmente, eu encontrava com algum grupo de Gigantes, mas matá-los com eficiência não era um problema para mim. Eu o fazia quase num piscar de olhos.

Assim, em questão de pouco tempo, rasgando a noite sem estrelas, eu chegava até os fundos do Jardim. Era lá que os Vingadores estavam, ainda lutando para conter a ameaça de novos Gigantes. Eu observava Thor empunhando seu martelo, tentando desesperadamente trucidar os Gigantes que o cercavam. Loki usava seu cetro para conter alguns monstros também. Homem de Ferro cortava o céu, lançando rajadas nas criaturas que insistiam em atacá-lo. Hulk estava um pouco mais longe, esmagando tudo o que via pela frente. Viúva Negra e Gavião Arqueiro lutavam juntos para exterminar um Gigante particularmente forte. E Lucca se embrenhava em meio a cada luta, cortando a cabeça de qualquer coisa que se parecesse com um Gigante em sua frente.

Eu me aproximei, sentindo a vontade de matar se apoderar de mim incontrolavelmente. Naquele local, havia metade da quantidade original de Gigantes. De certa forma, eles pareciam ligeiramente confusos. Algo os atrapalhava. E a ânsia de matar crescia dentro de mim... Eu tinha consciência de que aquela vontade não me pertencia. Nunca me pertencera de fato. Mas, quando o desejo de destruir surgia, era como se nada mais importasse. Eu perdia a noção dos fatos. Eu não tinha controle sobre mim mesma.

Enfim, eu havia chegado à fronteira onde ocorriam as últimas cenas de nossa batalha. Uma voz retumbante interrompeu os ruídos habituais da guerra. Uma voz cortante, que deveria ter me provocado tremores. Mas não provocou. O desejo de destruição não me deixou reagir pavorosamente.

– Você... Você... Você está com ela. – Urrou Abarkur, irrompendo detrás de uma árvore em chamas.

Em seguida, todos os Vingadores olharam para mim. Pela primeira vez, eu não estava incomodada com essa atenção. Eles correram até mim, a maioria perguntando se eu estava bem e o que havia acontecido.

– Eu estou bem, gente. Obrigada. Mas agora precisamos mostrar o que é que acontece com quem invade Asgard. – Eu proferi, estendendo minha lança. Uma fumaça preta parecia circundá-la, como se esta exalasse um gás venenoso.

– O Fury sabe disso? – Indagou Barton, preparando uma flecha rapidamente.

– Não, não sabe. Mas ele vai acabar me agradecendo. – Eu comentei, com um riso fraco.

– Não vamos deixar Fury fazer mais nada com você. Pro inferno a opinião dele e as suas “regras”! – Confirmou Tony, com sua voz robotizada pela armadura, planando ao meu lado.

– Mas... O que aconteceu? Você enfrentou esses Gigantes sozinha? O que esse monstro está dizendo? – Indagou Thor, franzindo o cenho. Ele olhava para Abarkur, que espumava de raiva.

– Eu explico depois... Antes, vamos mostrar que os Vingadores sabem fazer muito mais além de vingar uma tentativa fracassada de invasão... – Eu disse, me preparando para atacar os Gigantes, incluindo Abarkur.

Naquele momento, do lado esquerdo se encontrava um aglomerado dos Gigantes restantes. Diante deles, havia eu e os Vingadores. Um espaço reto nos separava, como uma linha de batalha.

Desse modo, Abarkur se adiantou de seu grupo. A mais pura raiva e maldade cintilavam em seus olhos grandes. Sua voz rouca arranhava o ar:

– Você... Você roubou o que nos pertence! A Energia Sombria deve pertencer às criaturas sombrias! Ou por acaso você é como nós? – Zombou ele, rindo de mim.

A luta cessara momentaneamente. Todos pararam para observar minha conversa com Abarkur. Atrás de mim, estavam os Vingadores. Atrás do Gigante, sua corja estúpida.

– Você a possui. Você está dominando a Energia Sombria. E ela é minha! Somente minha! – Gritou o Gigante, correndo até mim.

– Você quer? Venha pegar. – Eu falei, cruzando os braços como se estivesse casualmente entediada.

A última coisa que ouvi com clareza foi o tinir da minha lança contra o corpo robusto de Abarkur.

•••

A batalha tivera início. Os Gigantes contra os Vingadores. E eu contra Abarkur. A Magia Sombria não precisava ser invocada. Ela fluía calmamente sobre mim, com uma velocidade letal. O desejo incontrolável de destruir Abarkur me dominou, inflamando minhas ações. Uma luta ferrenha se travava entre nós, cada qual com sua lança e seus propósitos. Eu não ouvia nada além do ranger de nossos dentes e de nossas armas. Eu não via nada além de seu rosto vil rindo e se contorcendo de dor. Minha própria dor não me importava, por mais que eu sentisse os ferimentos se abrindo sobre minha pele. Eu não sentia nada. Nada além da ânsia de matar. O poder sombrio me consumia. Mais do que isso. Transformava-me.

Eu não tomava conhecimento do tempo, tampouco de minhas ações ou golpes. Era como se a Magia Sombria me guiasse e regesse minhas ações, sem eu ao menos percebê-las. O poder dominava-me e liderava-me inconscientemente. Eu sentia todos os sentimentos negativos assumirem sua totalidade dentro do meu ser.

Tudo o que eu via era vultos. Como sempre, quando eu estava dominada pelo poder, eu não tinha plena consciência de meus atos. Tudo era um borrão de cor e os sons eram mistos de gritos e choques. Apenas uma voz se destacou das demais enquanto eu atacava Abarkur: A voz de Steve Rogers.

O Capitão se aproximara da cena, após Abarkur estar gravemente ferido e padecendo ao chão. Steve me segurava com certa força, impedindo-me de avançar para o Gigante caído. E eu relutava. Eu queria destroçar Abarkur.

– Eu... Eu vou voltar. O Jotuns sempre voltam... – Murmurava Abarkur, se contorcendo no chão. Ferido. Quase morto.

– Stella... Não precisa ser assim. Lembre-se de quem você é! – Gritava Steve, tentando me segurar e impedir-me de correr até o Gigante para destroçá-lo. Então, o Capitão, depois de ficar um pouco para trás, resolvera voltar para a batalha. E agora fazia o que sempre fizera: Ajudar-me quando eu menos merecia.

Uma parte de mim dizia que tudo isso era necessário, pois sem a Magia Sombria jamais teríamos uma chance. Outra parte dizia que eu fora estúpida e impulsiva por mexer com algo tão perigoso, a ponto de colocar em risco tudo o que eu mais prezava. Eu não conseguia me decidir entre as duas proposições e aquilo só piorava as coisas. O conflito que jazia dentro de mim me destruía por dentro. Eu magoaria a tudo e todos, independentemente da atitude que eu tomasse. O dano era um fato certo. Minha ruína também, possivelmente.

Eu, Stella Alessa, possuidora da Energia Sombria, tinha acabado de destruir dezenas de Gigantes. Tinha acabado de quase matar Abarkur. Eu era forte. Mas, ao mesmo tempo, era fraca. Porque eu não tinha domínio ou controle sobre essa força que possuía. Eu não a controlava. Ela controlava a mim. Assim, eu desfalecia nos braços de Steve novamente, sentindo minha fúria anuviar-se lentamente.

Eu enterrei meu rosto no abraço do Capitão, tentando ouvir suas palavras e entendê-lo. Steve tinha razão. Era hora de parar. Eu era uma assassina. Mas não era uma assassina sem escrúpulos.

– Você não está sozinha, Stella... – Disse Steve, colocando-me cuidadosamente no chão. Lucca viera me amparar. Eu estava deitada no colo do meu irmão.

Em seguida, os Vingadores restantes correram para terminar o serviço. Em meio a um tempo que me pareceu excessivamente longo e turvo, eles destruíram o Gigante líder. Abarkur morrera. Pelo que minha sanidade me deixou perceber, eles também perseguiram o restante dos Gigantes. Conseguiram destruir alguns, mas outros escaparam pelos portais que originalmente produziram.

E depois disso, o resto era silêncio. Eu só era capaz de ouvir o som de minha própria respiração falha. Eu ouvia também o gelo derreter e o crepitar de algumas chamas restantes. Aos poucos, os Vingadores paravam lentamente ao meu redor, fitando-me. Eu sabia que eles queriam explicações. E eles a teriam, em seu devido tempo. A única coisa que parecia não ter tempo definido era justamente eu.

•••

Era como uma longa viagem. Eu sentira que desmaiara nos braços de Lucca, após a batalha findar. Uma dor constante tomara conta de mim, de modo que eu até comecei a me acostumar com ela. As lembranças que permeavam minha mente eram cenas de batalhas, de gritos, de morte e de sangue. Eu tentava repelir essas imagens da minha cabeça, mas era em vão. Esse desejo sombrio agora fazia parte de mim. Não havia volta.

Eu sabia que cedo ou mais tarde eu acordaria, porque eu sabia que não estava morta. Ninguém com tamanho poder morreria tão fácil. Mesmo assim, nunca o tempo pareceu tão longo e estático quanto dessa vez. Quando eu abri o olho, estava em um lugar diferente. Era algum quarto aparentemente comum do Palácio, mas não era o meu. Eu estava deitada numa cama enorme, cercada de cobertas.

Eu me sentei na cama, colocando o cabelo para trás da orelha. Suspirei. Estava preparada para sentir a vertigem que sempre me dominava depois de grandes períodos de latência. Mas não. Nenhuma tontura ou vertigem me dominou. Eu estava bem. Incrivelmente bem. Livrei-me das cobertas e me levantei sem qualquer dificuldade. No fundo, eu sabia que era por causa da Magia Sombria, que me dava resistência. Mas não queria pensar nisso. Foi aí que percebi que havia outra presença no quarto, sentada casualmente sobre uma poltrona:

– Suponho que ficará contente por saber que eu não me afastei nem por um minuto desde que você apagou, não é mesmo, minha Dama Sombria? – Dissera Loki, sorrindo lateralmente para mim. Sua voz era pausada e misteriosa.

– Loki? O que faz aqui? – indaguei, arrumando meu sobretudo desajeitadamente.

O deus se levantou e falou, revirando os olhos como se lamentasse indefinidamente:

– Você ficou apagada por duas semanas. Foi um choque para todos. E... Sim. O tal Rogers explicou. Todos sabem o que aconteceu com você, inclusive...

Loki se interrompeu e revirou os olhos de maneira perigosa ao pronunciar “Rogers”, mas eu fingi não perceber o fato. Minha atenção se focava no fato de Loki ter se preocupado tanto comigo. Depois daquela noite com ele, eu realmente não conseguira prever uma possível ação do deus. E ele se preocupar era um fato surpreendente.

– Loki... Todos sabem da minha situação, inclusive...? – Eu indaguei, curiosa. A quem ele se referia?

Àquela altura, eu estava cara a cara com Loki. De pé e movendo-me com ansiedade, como se a batalha nem sequer tivesse me prejudicado. Até mesmo os ferimentos estavam quase cicatrizados. Loki tinha um sorriso malicioso, já que detinha uma informação que eu desejava. Ele tinha satisfação por isso. Seus lhos verdes estavam vidrados nos meus.

O deus abriu a boca para falar, mas não era necessário. O Pai de Todos, Odin, irrompia no quarto. Ele abrira a porta com fúria, uma veia pulsando violentamente em sua testa, em sinal de cólera. Atrás de Odin, vinha Thor, com a expressão suplicante, e vinham os outros Vingadores. O deus supremo bufava, falando com sua voz anormalmente grave e alta:

– Isso é inaceitável! Quero essa garota fora daqui! Não posso deixar que uma Magia das Sombras habite meu Palácio. Sinto muito... Mas não existe chance de salvação para essa menina...


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Notas finais do capítulo

E aí? Stella se ferrou, sim ou claro?