Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 17
Assuntos


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE :D Estou parcialmente de férias. Isso significa mais capítulos para vocês, eu acho. E eu ainda vou tentar escrever mais da minha outra história, X-Men Renascer da Fênix. E então... Esse capítulo foi um dos meus preferidos até agora. Envolve muita coisa "psicológica". Acredito que a Stella e o Loki estarão mais perto do que nunca de decifrar (um pouco) um ao outro. E também existem alguns conflitos nesse capítulo. Eles vão ter uma discussão calorosa, rs. Bom, espero que gostem e se divirtam. Estou preparando uma surpresa para vocês que irá lá pelo capítulo 25. Estou muuuuito ansiosa. Espero que se divirtam lendo esse capítulo tanto quanto eu me diverti ao escrevê-lo. Boa leitura! ♥



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Loki apertou firmemente sua mão ao redor do cetro, e era possível perceber o esforço demasiado que ele fazia. Os nós de seus dedos pareciam prestes a trincar, além de estarem anormalmente brancos. Ele caminhou um pouco até mim, lentamente.

– Quem você acha que é para falar sobre isso, como se nos conhecesse?

Eu dei de ombros, falando determinada:

– Ora, Loki. Não aja feito uma criança mimada. Não é tão difícil entender o que se passou entre vocês. Você é adotado. Ninguém via problema nisso, só você. Você sempre se viu como “o adotado”. Isso acabou se tornando um problema mais para você mesmo, do que para os outros.

Loki caminhou continuamente até mim. A respiração dele se tornava parcialmente irregular. Suas mãos tremiam ligeiramente. Era um assunto de fato muito difícil. Mas eu seguiria com meu plano.

– No fundo, acho que você nem mesmo odeia Thor. Apenas acostumou-se a odiá-lo. Acabou transformando um sentimento temporário em uma verdade incontestável!

Afirmei, olhando fixamente para o deus. Eu tentava me manter estável e firme, na tentativa de fazer Loki revelar algo que me fosse útil. Já ele estava ligeiramente incrédulo com o rumo que a conversa tomava. Ele revirava os olhos, e era como se eu quase pudesse ver em suas pupilas as imagens que ele vivenciara em infância. Toda a dor e o ódio acumulados. Tudo o que ele resolvera guardar dentro de si para alimentar uma vingança.

Eu continuei, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas. Tentei manter-me impassível e inexpressiva, enquanto falava:

– Você não precisa odiar Thor, mas acha que precisa. Habituou-se a isso. Afinal, não digo que você nunca foi excluído. Provavelmente até foi em algumas vezes, mas acabou se importando com isso mais do que deveria. Mas... Sei lá... É só uma teoria. – Eu o olhei, consternada. - Seu orgulho é muito intenso, e acabou transformando você em um homem que fez todas as escolhas erradas.

Nesse momento, inconscientemente, Loki esmurrou a parede mais próxima. Em seguida, ele levou suas mãos à cabeça, num gesto de infortúnio. Quando voltou a fitar-me, novamente ficou cara a cara comigo. Seu olhar era quase selvagem, esbanjando ira, aquela letalidade mesclando-se ao verde intenso. A expressão do deus demonstrava aquele risco e ameaça constante. Eu nunca o vira daquela forma. Em suma, seu olhar, sua mente e seu semblante eram puramente uma convergência de conflitos interiores e exteriores.

O deus disse, com um tom de voz misterioso e fatal. Havia ameaça em cada palavra que ele proferia, com aquela frieza habitual:

– O que você sabe sobre escolhas? O que você sabe sobre erros? Eu aprendi violentamente o que são cada uma dessas coisas. Eu não crio teorias. Eu as executo. Eu não tento entender uma pessoa. Eu decifro-a quando eu quiser e da maneira que eu quiser. Então acho que não deveria fazer isso de novo. A menos que o perigo lhe pareça algo cativante, como um caminho sem volta.

Eu sorri, repetindo o gesto de rendição que ele fizera anteriormente. Eu estava conseguindo o que eu queria. Eu intimidara o deus da trapaça. Eu tocara num assunto que era o seu ponto fraco. Dessa forma, deixara o deus completamente confuso e instável. Intimamente, eu estava muito satisfeita comigo mesma. Era de fato uma vitória. Por um momento, tive aquela sensação estranha de que o deus visitava meus pensamentos, e eu os dele. Naquela hora, tive a impressão de que Loki estava chocado com minha ousadia em falar com ele sobre aquilo, daquela maneira tão direta. O deus estava surpreso e conturbado por minhas atitudes. Eu lhe pegara de surpresa e isso o deixara intrigado. Ele não tinha uma ideia formada sobre mim, e isso só o instigava a querer me decifrar ainda mais. O jogo de interesse em que vivíamos se tornava um impasse, um quebra cabeça insolúvel, um prêmio que nenhum de nós dois jamais teria acesso. Mas que também, nenhum de nós queria desistir e abster-se de seu orgulho.

– Mas e o seu irmão? – Loki comentou, sorrindo perigosamente. – O irmão mais velho... Sempre o preferido. As melhores armas... Os melhores elogios... A maior parte do dinheiro de um negócio que você sempre conduziu... As humilhações que suportou calada, por educação. Isso é algo que lhe parece fraterno?

Num ímpeto de raiva, ergui minha lança no ar, disposta a continuar minha luta com o deus. Ele estava revertendo o jogo, falando para mim sobre Lucca. Esse era um assunto em que eu odiava tocar. Minha relação com meu irmão nem sempre fora boa, mas eu tinha que respeitá-la por causa da hierarquia Alessa. Assim, novamente eu e Loki lutávamos. Porém, dessa vez, não era a ânsia por conhecimento e por poder que nos mantinha na batalha. Era a raiva que tínhamos um pelo outro, naquele momento, pelo fato de mencionarmos histórias que ambos gostariam de esquecer.

Num determinado momento da luta, num golpe que fora – antes de tudo – sorte, eu derrubara Loki no chão. O deus tentou rapidamente recompor-se, mas eu fiz menção de colocar meu pé sobre seu corpo, impedindo-o de se levantar. No fundo, minha consciência dizia que eu estava louca. Dizia-me que eu estava ultrapassando os limites aceitáveis de tolerância do deus. Era ousadia e intimidação demais da minha parte, embora eu estivesse realmente me divertido e me satisfazendo com tudo aquilo. Afinal, jogar na cara de Loki fatos de sua relação com Thor e pisar nele no mesmo dia pareciam realmente uma boa forma de brincar com o perigo.

– Quanta insolência... – Loki murmurou, segurando no meu pé, fazendo com que eu vacilasse e quase caísse. Assim, o deus logo se recuperou do ataque, novamente movido pela raiva.

– Prefiro chamar de diversão... – Comentei, entrando outra vez na batalha.

– Você desconhece as melhores idéias sobre diversão... – Loki retorquiu, e virou-se rapidamente, lançando um feitiço que me fez voar contra a parede.

Mas havia um problema. Eu voara bruscamente contra a parede na qual havia a prateleira de armas. Com o impacto, eu esbarrara em algumas delas, e um corte violento se formara em meu braço.

A expressão de Loki se anuviava gradualmente, na medida em que ele percebia o que tinha acontecido. Eu me sentia ligeiramente confusa e tonta, com uma dor no corpo todo devido ao impacto da queda.

Acho que a raiva dominara Loki excessivamente por um instante, fazendo-o se descontrolar. Ele largou o cetro no chão e andou hesitante até mim. Eu observava, pasma, o sangue quente escorrendo pelo meu braço, deixando rastros no chão, onde eu estava caída.

O deus abaixara-se ao meu lado, observando atônito o resultado do que seu feitiço produzira.

– Eu... Eu não deveria... Foi... Um descontrole. – Ele dizia, confuso.

– Eu estou bem... – Murmurei, sentindo uma vertigem me dominar.

Loki riu de leve, levantou-se apressado, e pegou um pano branco que havia em uma das mesas. Ele tornou a sentar-se do meu lado, e sua expressão era algo bem próximo de arrependimento.

– Deixa eu ajudar você... – O deus comentou, murmurando cada palavra pausadamente. Eu resistia tolamente, e ele segurava meu braço à força.

Enquanto Loki se preparava para cobrir meu machucado, eu sentia os seus dedos frios e hábeis tocando-me com uma suavidade incrível. O corte fora simples, porém profundo, e formava um talho de dez centímetros perto do interior do meu pulso. Então, de súbito, senti o toque do deus em uma antiga cicatriz que eu tinha.

Loki deteve seus dedos por um momento em minha cicatriz. Era uma antiga marca que eu tinha, em forma de meia lua, na base de meu pulso. Eu podia sentir a curiosidade do deus aflorando, como se eu pudesse ver as palavras sendo formadas em sua garganta.

Repentinamente, retirei meu braço do contato com os dedos do deus. Ele hesitou por alguns instantes, percebendo meu ato esquivo.

– Uma pergunta por outra pergunta... – Ele propôs. Então, ele queria que eu respondesse a alguma pergunta sua. Em troca, eu poderia perguntar algo a ele. Por mais que isso me custasse, eu achei uma boa oferta. O deus raramente propunha acordos bons para as duas partes.

– Está bem... – Concordei, esticando meu braço para ele. – O que quer saber?

O deus recomeçou a cobrir meu ferimento, e eu percebia que os olhos sombrios e verdes dele estavam fixos naquela cicatriz antiga.

– Como arrumou isto?

Eu suspirei pesadamente, mordendo o lábio. Esperei até que Loki voltasse seus olhos para os meus. Em seguida, comuniquei, com pesar:

– Está bem, deus da trapaça. Direi a você um pedaço da minha história.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Final tão impactante quanto os outros? Curiosos? E teorias? Ninguém tem? Beijos!