A única criatura viva que atravessou a caverna da lendária Medusa com sucesso, estava agora em posse de um vendedor em outro planeta. Se eu não fosse atrás dele agora, eu provavelmente perderia a única chance de encontrar Odin. Pois, por maior que fosse minha coragem, eu não cometeria a loucura de atravessar um labirinto perigoso sem nem ao menos saber que direção tomar. Um labirinto, uma caverna que, como todas as outras de meu planeta, tinham a fama de “engolir” guerreiros. Eu só esperava que esse não fosse o caso de Odin…

Partindo pela madrugada, pude chegar ao Espaço porto antes mesmo que as naves estivessem preparadas para partir. Não havia muitas pessoas comuns por ali, então me apressei para que pudesse arrumar uma vaga em uma espaçonave. Graças ao item Secreto que havia comprado em Scion, os guardas me deram livre acesso para perambular pelas ruas do Espaço porto.

“A senhora tem um passaporte?” – Um guarda perguntou mecanicamente.

“Não.” – Respondi.

Então, eu fui mandada para um guichê onde deveria preencher um formulário e passar por um leve exame médico e uma vistoria em minha ficha. Como eu sempre fui uma garota caseira, não tive problemas com minha ficha. Entretanto…

“Senhorita Suelo Kandey.” – Respondi, quando perguntaram meu nome. “Identificação número 3321.”

Aproveitando da nossa semelhança física, me apossei do nome e documentos de minha amiga. Como ela tinha parentes em Motávia, e aparentemente não possuía nenhum histórico de rebelião na família, era a melhor identidade falsa que eu poderia ter.

Então, após toda essa curta burocracia, tudo o que eu tive que fazer foi comprar minhas passagens e me aconchegar na nave que iria partir dentro de meia hora. Eu mal pude acreditar quando levantamos voo, e eu pude ver tudo diminuir pelo vidro. Aquilo era incrivelmente rápido, como eu jamais poderia imaginar que seria, e logo estávamos no espaço.

“Algol…”

Nunca, nem em meus mais profundos devaneios, jamais vi uma imagem tão bela. Incontáveis brilhos cintilavam num fundo negro, como um pano de fundo para a imagem de Palma que era agora como uma bola coberta de verde e azul. De longe, a nossa Grande Luz, a estrela de Algol, fazia surgir a luz e a sombra para as faces do planeta. Aquela branda luz, cálida, quente… Parecia mágica aos meus olhos, trazendo força e me protegendo ao me banhar com sua luz. E logo em frente, antes mesmo que eu terminasse de admirar a paisagem, uma pequena esfera marrom veio se aproximando. Cada vez maior e maior, ali estava Motávia, o planeta da areia.