Phantasy Star : O Legado De Landale escrita por Paôlla Leal


Capítulo 2
Capítulo I: A nova Alis


Notas iniciais do capítulo

No epílogo eu usei a palavra "palmaniana", mas o certo é "palmiana". Não existem termos para designar os morados de cada cidade, nem tem continentes. Ou seja: Independente se o indivíduo nasceu em Camineet ou Scion, a designação será somente "palmiano", ao invés de Scioniano ou algo do tipo. :p
O máximo que pode-se dizer é "Alis de Camineet".
Espero que gostem desse capítulo! Estou jogando Phantasy Star novamente só para escrever essa fic ^^



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Eu sou Alis Landale, de Camineet. Fui criada por meu irmão mais velho, Nero, que foi morto por guardas do Grande Governador Lassic. Suas últimas palavras foram “Seja forte”, e então deixou para mim a missão de terminar o que ele havia começado. Agora, com apenas quinze anos, deixarei para trás meus deveres como garota e irei empunhar a espada de meu irmão para honrar seu nome. Nero, ilumine meu caminho, e me guie por esta jornada. Proteja-me!

Eu preparei minha bolsa de suprimentos, apesar de não saber ao certo o que deveria fazer. Coloquei alguns burgers e refrigerantes, junto de todas as economias que possuía, e então fechei minha mochila e coloquei-a nas costas. Empunhei a espada de Nero, e peguei também seu escudo. Agora finalmente pude entender por que Nero sempre me ensinou a arte da espada.

“Alis, posso entrar?” – Alguém bateu à porta.

“Entre!”

Era Nerkise, um grande amigo de meu irmão. Ele vinha com um pacote em mãos, algo enrolado em um pano grosso e amarrado com cordas finas. Seu olhar mantinha uma expressão oscilante, de fúria e compaixão.

“Alis, eu ouvi dizer que o guerreiro Odin vive em uma cidade chamada Scion.” – Nerkisepareceu se esquecer de algo, e logo exclamou. – “Ah! Nero me deu este pote Laconian há um tempo… Ele pediu para te entregar, caso ele falhasse.”

Estendeu-me o pacote, e eu segurei com um pouco de ternura. Era um lindo pote, feito de Laconian, um material raríssimo e caro. Cheguei a sentir uma sensação utópica, totalmente mágica ao segurar aquilo.

“Obrigado Nerkise. Muito obrigado.” – Agradeci, colocando cuidadosamente o objeto em minha bolsa.

“Rezarei por você.” – Disse docemente, e se retirou.

Olhei minha casa, provavelmente pela última vez. Doces lembranças vinham a minha mente, imagens vistas com outros olhos. Os bons momentos que passei ali, sem dúvida, jamais esquecerei. Era doloroso abandonar aquela casa pequena e perfumada, mas seria ainda mais doloroso continuar ali, apenas observando o mundo cair em desgraça. Talvez eu não pudesse ir muito longe. Talvez eu nem sequer chegue emScion, nem ao menos tenha a chance de falar com o guerreiro Odin. Mas jamais desistiria, me apoiaria à minha coragem e a espada até meu último segundo de vida. Não somente por Nero. Não somente pela honra do meu nome. Mas por todas as almas que estavam injustiçadas. Pelo meu planeta!

Pela primeira vez em quinze anos, eu finalmente saí dos grandes muros que foram construídos em torno das três grandes cidades palmianas: Camineet, Parolit e, entre elas, o Espaçoporto de Palma. Logo ao sair, vi o verde da mata que guardava criaturas perigosas, e não demorou muito para que eu desembainhasse minha espada. O caminho até Scion, ao leste, era longo e demorado, tendo que passar por entre as muitas árvores que formavam uma floresta bela e mortal.

O tempo corria assim como eu, que em passos velozes atravessava o caminho. O vento soprava forte e me enchia com um espírito de aventura e de liberdade que eu jamais sentira. Carregava minha dor para longe, me fazia sentir leve, enquanto minha espada pesada cortava qualquer criatura que me atacasse. Já era tarde, talvez três ou quatro horas, quando eu pude ver a floresta se dissipando. De longe, avistei o mar, e a silhueta da cidade portuária.

“Scion…”

O cheiro de água salgada invadia o ar, e já pude sentir a mudança do terreno. Aos poucos, o mato foi trocado pelos flocos brancos de areia. Eu estava cansada, afinal, iniciei minha jornada com o despertar da manhã. E bem diante dos meus olhos o crepúsculo se mostrava majestoso, enquanto o mar engolia a grande estrela que iluminava o sistema estelar de Algol.

Scion, que já fora uma cidade próspera e agitada, agora era apenas uma cidade com um porto desativado. Eu perguntei a todos os moradores, discretamente, sobre o guerreiro Odin.  Logo fui interrogada, pois alguns temiam que eu fosse lacaia de Lassic. Felizmente, perceberam que eu queria ajudar. Mas tudo o que eu ouvi foi que Odin havia partido há um bom tempo para uma caverna ao sul de Parolit, atrás da lendária Medusa.

“Ouvi dizer que ele levou um animal falante junto.” – Um rapaz me informou, aparentemente sem saber ao certo do que estava falando. – “Eu vi um frasco de vidro com um líquido estranho pendurado no pescoço do animal, mas ninguém sabia dizer para que servia.”

“Sim!” – Um outro morador falou. – “Dizem que o mercador Smith encontrou o animal na floresta e o vendeu para um cara em Motávia.”

“Dizem que vendeu por uma fortuna…” – Um terceiro morador suspirou.

“Motávia?” – Perguntei assustada. – “Mas…”

Como eu iria chegar até um outro planeta, sendo que apenas algumas pessoas com uma espécie de passe podiam passar pelos guardas que cercavam o Espaçoporto?

“Menina, se quer chegar até o planeta das areias…” – Um velho senhor me apontou discretamente uma loja nos fundos da cidade. – “Peça ao vendedor para te vender o Segredo…”

O velho enfatizou a última palavra, e então se fechou em sua casa. Eu fui então até onde me indicou.

“Senhor, eu vim atrás do Segredo.” – Sussurrei ao balconista.

“O que? Está brincando menina?” – O homem estava visivelmente instável. – “Não há nada disso aqui, vá embora.”

“Mas senhor, eu vim comprá-lo!” – Insisti, com a voz mais firme.

“Volte para casa, vá brincar de bonecas!” – Encolerizado, soltou as palavras de forma grosseira e áspera. – “Vá para o colo da sua mãe, não tem nada para crianças aqui!”

“Eu não tenho mãe, vim em atrás de Odin e tudo que eu descobri é que há uma pista dele em Motávia.” – Eu respondi num tom tão grosseiro e irritado quanto o dele. – “Um velho me disse que eu deveria vir até aqui, então não vou voltar de mãos vazias!”

“Tudo bem.” – Ele suspirou, e disse num tom calmo e um tanto arrependido. Tirou algo do fundo da loja e me entregou, discretamente. – “São duzentas mesetas. E não diga a ninguém sobre isso.”

Entreguei-lhe as moedas e concordei com a cabeça. Enfiei o objeto dentro da minha mochila, e, antes que eu saísse da loja, o vendedor me chamou novamente.

“Ouça,” – Ele pigarreou, tirando uma chave do bolso. – “Já que está atrás de Odin, pode descansar em minha casa. É nessa mesma calçada, a leste. Pegue a chave, minha esposa está lá.”

“Obrigada, senhor.” – Agradeci, pegando a chave. – “Que a Grande Luz te ilumine.”

“Rezarei por você.” – Ele retornou.

E eu saí, encontrando sua esposa em casa, preparando o jantar. Foi me oferecido banho quente, roupas limpas e um delicioso ensopado. Deitei-me em lençóis macios, com previsão de partir, novamente, dentro de poucas horas. Antes de adormecer, desembrulhei o pacote que havia comprado. Era nada mais, nada menos que um passe para o Espaçoporto. Provavelmente era falsificado, mas eu teria que arriscar.

“Motávia… o planeta da areia…”


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