Século 342, Cidade de Camineet, Palma.

Em meio às ruas de uma da calma cidade de Camineet, um burburinho se formava. Um jovem rebelde de cabelos azuis, Nero Landale, era espancado por guarda palmanianos. Uma corja de guardas tiranos formava uma roda em volta do rapaz que sequer poderia reagir.

“Não especule em torno do Grande Lassic! “ – Um dos guardas gritou, enquanto desferia um pontapé no rosto de Nero.

“Aprenda essa lição” – Outro gritou.

Nero, estirado no chão frio, recebia golpes que lhe arrebentavam e parecia não ter fim. Já em posição fetal, respirava ofegante quando uma doce voz rompeu os gritos animalescos que o rondavam.

“Nero!” – Uma garota de longos cabelos castanhos empurrava os guardas numa tentativa inútil de impedir o fim que aguardava o rebelde. – “Parem! Parem, por favor!”

“Veio salvar o seu amiguinho é?” – Um guarda riu debochadamente, e agarrou o braço da jovem com força, jogando-a ao lado do corpo quase sem vida que jazia no chão. – “É isso que acontece com rebeldes!”

Após longas gargalhadas, os guardas deixaram a cidade. Os moradores, amedrontados, saiam aos poucos em direção à triste cena que os guardas haviam deixado: Ao chão, Nero, estirado e ensanguentado, com suas roupas imundas e rasgadas. E bem ali ao seu lado, uma jovem sentada junto ao corpo, com lágrimas que escorriam de seus olhos azuis como o céu. Ela acariciava o rosto do jovem rebelde, enquanto murmurava seu nome, impossibilitada de acreditar que aquilo estava acontecendo.

“Nero, o que está acontecendo?” – Ela chorava, sem entender o motivo que havia levado àquela execução em praça pública.

“Alis… Alis escute…” – A voz de Nero saía seca e fraca, enquanto ele estendia a mão até o rosto da jovem. – “Lassic está… Conduzindo nosso mundo à… Destruição…! Tentei descobrir seus planos… Mas… Não pude fazer nada sozinho…”

Ambos se olhavam com lágrimas e dor no olhar. As mãos suaves de Alis, a garota de cabelos castanhos, seguravam a mão se Nero que tentava acariciar aquele belo rosto pela última vez.

“Alis… Ouvi sobre um homem… Um homem de grande poder… Ele se chama… Odin…!”

“Nero…” – Alis sussurrava, rezando para que aquilo fosse um pesadelo.

“Talvez… Vocês dois… Juntos… Possam pará-lo…” – Nero tossiu, parecendo sentir uma grande dor, seus olhos quase se fecharam por um momento.

“Nero! Nero, não morra, por favor!” – A menina implorava, como se seus pedidos pudessem ser ouvidos.

“Alis… É muito tarde para mim…” – Sorriu, olhando pela última vez o rosto que tanto admirava. – “Seja forte!”

Aquelas foram suas últimas palavras. Sua mão já não acariciavam as bochechas de Alis. Seus olhos azuis cerraram-se para sempre, naquele sono eterno que só a morte propiciava. Seu nome agora era só uma lembrança que sussurrava ao vento, junto com memórias guardadas por todos aqueles que tiveram o prazer de conhecer o misterioso e corajoso Nero Landale.

Deitada sobre o corpo imóvel e sem vida, Alis soluçava a maior perda de sua vida. Agarrava-se com força a Nero, com a mesma força com que queria que ele se agarrasse à vida que já não o pertencia. Suelo, uma jovem que era amiga de Alis, veio a seu socorro. Com um abraço, ofereceu seus sinceros sentimentos à moça.

Naquele triste dia, os moradores de Camineet entraram em luto enquanto velavam em segredo o corpo do jovem Nero. Iluminada pela luz das estrelas que entravam pelos vitrais da Igreja, Alis decretou o inicio de uma grande jornada, com sua frase repleta de coragem e esperança.

“Tenho certeza que me irmão não morreu em vão. Proteja-me, Nero!”

E ali começaria o grande caminho herdado de Nero. Uma jornada repleta de perigos e marcos que deixaria um nome gravado eternamente pelas eras: Alis Landale.