I-                   Os Fatos.

Logo me lembrei que eu estava na parada de ônibus em que eu costumava estar sempre, no mesmo horário de sempre, continuamente na rotina.

Então, quando vi um bando de homens de aproximadamente 17 anos se aproximarem e de forma brutal me deram um soco na boca para me derrubarem no chão.

Deliberadamente eu resisti e eles me deram uma facada, mas, só vi o sangue escorrer em minha mão e eu fui arrastada, para um galpão velho e abandonado, quando estava prestes a ser estrupada vi aquela figura em minha frente, aquele da vida real e aquele da minha memória, estar em minha frente e senti um leve arrepio e me lembrei que ele havia arriscado a vida dele sem nem me conhecer, senti-me como uma hipócrita.

Ele me salvou, não deu tempo para os perversos pegarem o demônio, eu.

Então para quebrar o silêncio que havia naquela sala que havia um jogo de olhares entre ele e eu, olhares conflituosos, uma sinueta de luz sobre nós mas, o ambiente não lembrava felicidade.E eu perguntei indagando-o:

- Como vim parar aqui?

-Eu estava em um bando de meus amigos, junto deles, um dos meus amigos tem uma doença chamada esquizofrenia, você já ouviu falar, certamente.

Ele foi atrás de você de uma forma brutal e queria te esfaquear, não havia motivo, mais havia esse desejo louco e insano.

Ele te segurou com tamanha força mas, você parou por conta própria, entregando sua vida à ele, eu não me conformei e me defrontei entre vocês, ele não te largava, de jeito nenhum.

Ele te lançou a faca, não pude defender mais, ele me segurou e depois me atingiu no braço com uma bala, mas, como você vê me recuperei antes de você e do tempo...-Sem mais palavras saindo de sua boca reluzente eu decidi falar com a expressão pasma...-

-Muito Obrigada, se você não estivesse lá, não seria capaz de estar aqui, hoje.

Eu assenti suas palavras sinuosas de afeto por min e por conseqüencia soava como um super-herói para min.

Eu imaginei tudo o que ele falou para min e fiz uma breve consulta em minha mente, um pouco confusa, admito.Relacionei os Fatos, recordei-me e senti uma pontada de dor no local onde eu estava ferida, soltei uma lágrima, segurando os lábios para não gritar de dor.

Eu o assustei e muito, eu pude perceber.

Ele sobressaltado falou rapidamente ofegando as palavras para fora de sua boca sinuosa que parecia ter purpurina.

-O que você tem? Posso te ajudar? Responda !

-Não, não! Não tenho nada.- Falei indiretamente falando com ele e olhando timidamente o vazio-.

Continuei falando como uma tagarela. Ele ficou ouvindo timidamente os sons que eu transmitia.

-Não sei como te agradecer.-Falei dócilmente-.

-Não precisa. Não fiz mais que meu dever.- Ele falou de forma rude, fiquei envergonhada por um momento mas, para quebrar as correntes do silêncio ele disse querendo recuar e apagar da minha memória a sua resposta chocante e ignorada por minha parte, mais ou menos um minuto atrás.:

-Você precisa ficar sózinha.Com Licença, tomei seu tempo demais.

-Não, não vá!- Gritei e me impressionei seriamente com o grito de histeria que eu dei-.

-O que foi?

-Não quero que vá ! Eu devo minha vida à você.

-O que quer que eu faça?

Ele falou de forma rude e sarcástica, dando um passo para trás antes de ir embora.

-Só fique.

-Pra quê?

Falou indiferentemente.

-Fique para pelo menos...

-Você não sabe de nada, deve ser muito burra em querer ser minha amiga.

-É sou burra mesmo!- Ignorei-o-.

-Então o que quer?

-Que tal conversar como pessoas querendo serem boas amigas?

-Não! Fique longe!

Ignorei ele e ele continuou:

-Só por que salvei sua vida não quer dizer que precisa me salvar também e que também deve sua vida pela minha, eu não valo nada, apenas um lixo pelas ruas, eu nem sequer possuo sonhos que uma pessoa normal poderia ter.

-Então, por favor, só queria ter alguém que me compreenda.

-Quantos anos você tem?

-17.

-Onde estão seus pais ?

-Mortos.

Me choquei mas, não chorei, fazia mais de 7 anos que eles se foram.

-Aprenda como eu:

Ele continuou...:

Saiba que nesse mundo podre não existe ninguém que te ame de verdade,somente aquele companheiro mais o amor por ela pode ter o poder de te destruir.

-Eu sei.

-Tudo bem, vou ir.

-Já disse que não...?

Eu queria falar:

-Já disse que não... (nome dele- eu nem sequer sabia o nome dele-)

-Diego.

-Diego?

-Bryony.

-Bryony?

-ISSO !

-ótimo !

Sorrimos sarcásticamente um para o outro.

Eu pude ver que em seus olhos negros haviam um brilho que eu nunca vira em alguém antes.