Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 20
E Então é Natal...


Notas iniciais do capítulo

Então... Aqui estamos nós no ultimo capítulo de Spotlight...
Faz tanto tempo que comecei essa fanfic, a minha primeira long fic... Ela exigiu um grande esforço meu, tanto na criação dos personagens, seus nomes (todos eles tem um nome completíssimo com direito até a um segundo nome, sabiam? Eu fiz fichas de todos) quanto na aparência. Sem contar, é claro, a trama que tive que montar.
O caminho percorrido até aqui foi árduo, e tenho certeza que os leitores (os que restaram) lembram. Coloquei a historia em hiatus mais de uma vez,e em uma dessas vezes, foi em um período extenso de um ano... Minha sorte foram os leitores fieis, que mesmo impacientemente, esperaram a volta da fanfic... A vocês, eu só tenho a agradecer. Muito obrigado por terem aguardado por tanto tempo. Talvez eu não merecesse, mas ainda assim vocês estavam lá quando voltei. Esse capítulo final de Spotlight é dedicado a todos vocês, do fundo do meu coração.



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Lucy abriu os olhos, e a primeira coisa que viu foram os flocos de neve caindo do lado de fora, pela janela. Era manhã do dia 24 de dezembro, véspera do Natal.

Depois de se arrumar devidamente, pegou o embrulho dourado que estava em cima da penteadeira e desceu as escadas, observando os empregados andando de um lado para o outro, arrumando a decoração para a tradicional festa de Natal dos Gylehart. Catherine, logicamente, monitorava tudo com seu olhar analítico e severo, dando sugestões de vez em quando.

– A supervisora Catherine Gylehart. Intimidadora, não acha?

Lucy virou a cabeça para o lado e viu seu pai, Kenneth, parado ao seu lado, com uma mão em seu ombro e na outra um copo com algum tipo de bebida. Ela usava um suéter verde meio cafona e um gorro de papai Noel na cabeça. Embora ele passasse muito tempo preso na Gylehart & Vaughn boa parte do tempo, o Natal era uma época especial que o senhor Gylehart não perdia nem pela oferta de investimento mais lucrativa do mundo.

– Sim, muito… Agora se me dá licença, preciso ir… – Se dirigiu a porta.

– Aonde vai, mocinha? Não me diga que vai sair com aquele seu namorado... Taylor Bayham – Disse o homem endurecendo a expressão. Era engraçado como ele ainda não tinha muita simpatia pelo (falso) namorado da filha depois de tanto tempo.

– É Tyler, pai. E não, não vou sair com ele. Só quero passar um pouco da véspera com minhas amigas…Vamos trocar presentes – Respondeu rolando os olhos e mostrando o embrulho embaixo dos braços.

– Certo, então. Volte logo, filha. Stacy deve chegar por volta das 17hs, e Anthony também.

– Pode deixar, pai. Até logo – Acenou e saiu.

Logo após chamar um táxi pelo celular, Lucy ficou aguardando, pacientemente. A verdade era que não sairia com as “amigas” e sim com Aileen. Haviam combinado de passar algumas horas da véspera de Natal juntas. Olhou para o céu, branco e de onde vários flocos brancos e finos caiam. Mal podia acreditar que já estava no fim do ano. Quantas coisas tinham acontecido com ela nesse espaço de tempo? Podia contar a proposta de namoro de fachada com Tyler, o discurso do Haine Day, a ida até o The Hoax, a traição, o começo do relacionamento com a morena e a tentativa de Kaitlyn derrubá-la…

Aquele fora um ano de surpresas, sem dúvidas. Algumas não tão boas, mas outras maravilhosas. E dentre essas surpresas maravilhosas, a melhor de todas era de longe Aileen ter entrado em sua vida.

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As duas garotas andavam pelo shopping de braços dados, rindo. Quem as visse diria que eram apenas duas amigas, como as centenas que se viam todos os dias, passeando e talvez até fofocando sobre garotos. Não podiam estar mais errados.

– Então, onde acha que devemos ir primeiro? – Lucy perguntou com um sorriso de canto nos lábios.

– Bom… Que tal a pista de patinação? Eu não sou muito boa nisso, mas é só pela diversão mesmo.

– Não se preocupe, não querendo me gabar, mas patinar é uma das coisas que faço com perfeição. Vem – Disse puxando a outra pelo braço.

Ao chegarem à pista de patinação, Lucy e Aileen pediram os patins de gelo, e depois foram para um banco calçá-los. Finalmente, na pista, A Calverley lutava para tentar manter o equilíbrio. A loira a segurava pelos cotovelos, tentando ajudar, enquanto dava instruções.

– É como andar de patins normais, Aileen. Só tem que manter as pernas firmes… – Disse após a Calverley quase ter caído, sendo salva pela loira que a segurou pela cintura.

– Se eu te disser que nem nos patins normal sei andar, vai rir? – Confessou vermelha. Não sabia se era pelo que tinha falado ou por Lucy segurar sua cintura.

– Quando você disse que não era muito boa eu já devia ter imaginado que isso na verdade significava que não sabia patinar… – Riu humorada – Mas não tem problema, eu te ensino. Dou minha palavra que vai sair daqui quase uma patinadora profissional – Piscou para a namorada, que sorriu.

– Ok… – Respondeu mordendo os lábios, ansiosa.

– A primeira coisa que tem que fazer é esticar os dois braços até a altura dos ombros, para se equilibrar – A loira instruiu. Aileen fez o que era ordenado – Isso mesmo. Só não fique tão rígida, tente soltar o corpo…

– Assim?

– Isso, muito bem. Agora, tente caminhar, como faz normalmente…

A morena, seguindo sempre o que dizia a namorada, começou a dar seus primeiros passos no gelo. Em certo ponto Lucy se posicionou atrás da garota e com as mãos em sua cintura, foi conduzindo-a, devagar. Aileen sentia seu coração cada vez mais acelerado, principalmente ao sentir e respiração quente da loira em seu pescoço.

A outra, por sua vez, inebriava-se pelo doce e suave perfume que exalava da morena. Sua vontade era de parar com a aula, virá-la para si e beijá-la com toda intensidade que fosse possível. Mas tinha que contar esse impulso, afinal estavam em uma pista de patinação cheia de pessoas em volta.

Quando enfim Aileen conseguiu aprender o básico, Lucy saiu de trás dela e colocou-se ao seu lado, estendendo-lhe a mão. Com os dedos entrelaçados, ambas deslizavam devagar e graciosamente, os sorrisos reluzentes em seus rostos. Um calor aprazível tomava conta do coração das duas. Era como se nada mais existisse, ou mesmo tivesse importância. Aquele momento em que se perdiam uma na outra parecia ter parado no tempo.

– Opa! – Aileen exclamou quando, por alguns segundos, perdeu o equilibro. Ela se apoiou em uma das bordas rinque. No susto, puxou Lucy para cima de si. Os rostos, e consequentemente lábios, das duas ficaram muito próximos.

– Acho que fez isso de propósito… – Falou a Gylehart dando um sorriso de lado. Suas mãos estavam apoiadas no cercado, uma de cada lado do corpo da morena.

Aileen, em resposta, direcionou sua boca para perto do ouvido da outra e disse:

– Talvez…

Aquilo fez Lucy se arrepiar. Sorrindo travessa, Aileen saiu de onde estava e puxou a namorada junto.

Depois de ficar o que poderiam ter sido horas patinando, Lucy e Aileen decidiram que deviam comer alguma coisa. O local escolhido fora uma doceria que ficava no último andar do shopping. Ela era mais afastada e daria a privacidade que ambas queriam.

Sentaram-se numa das mesas com bancos acolchoados do estabelecimento, bem no fundo. Cada mesa tinha um tipo de cabine individual, de modo que era ideal para um encontro romântico. O Garçom não demorou a chegar, e cada uma das duas fez o seu pedido: um pedaço de torta gelada de morango e chocolate para ambas.

O pedido enfim chegou, e em meio às conversas e sorrisos, as duas aproveitavam a companhia uma da outra. Depois que terminaram, decidiram que era hora de trocar os presentes que haviam trazido. Aileen abriu o seu primeiro.

– Não acredito… – A morena pôs uma mão sobre a boca, maravilhada – O livro três da trilogia Cetro Escarlate, edição de colecionador e assinado pela autora… Como você sabia? E, aliás, como conseguiu? A pré-venda vai começar daqui a alguns dias ainda…

– Eu sei que pensa que não me interesso por nada que você gosta, mas isso não é bem verdade – A loira confessou – Tudo sobre você é importante pra mim, até esse seu lado nerd e fofo. Ouvi você dizendo alguns dias atrás como seria difícil achar esse livro por conta da alta procura, então pedi para minha mãe falar com alguns contatos do ramo literário que ela tem…

– Eu nem sei o que dizer… Depois do seu presente estou até com vergonha do meu…

– Tenho certeza que vou gostar – Disse sorrindo e abrindo o pacote rosado. Assim que abriu a caixa de veludo vermelho, viu uma pulseira dourada com três pingentes de símbolos que não conhecia o significado.

– Esses símbolos são runas – Explicou Aileen – A primeira é a do Amor, a segunda a da felicidade, e a terceira da eternidade.

A Gylehart sorriu, emocionada. Aquilo era um presente bonito, romântico e muito criativo. A coisa das runas só dava um ar místico e mais especial.

– Adorei… É muito lindo, Aileen.

Seus olhares se encontraram, e depois de alguns segundos, como se agissem por instinto, selaram os lábios. O beijo começou lento, com breves pausas, mas depois evoluiu para algo mais afoito. Lucy segurava o rosto de Aileen com ambas as mãos, e esta, por sua vez, acariciava os cabelos loiros com uma mão enquanto a outra permanecia no pescoço da garota.

Não havia ninguém ao redor das duas, não alguém que pudesse vê-las, ao menos.

O beijo tornou-se tão urgente, que em dado momento Aileen foi do banco em frente a Lucy para o que a loira estava sentada. A loira desceu as mãos para a cintura da namorada e apertou de leve.

Passaram a tarde inteira daquele jeito: apreciando o perfume, o calor e o gosto uma da outra. Naquele momento, a maior certeza que tinha era apenas uma: se amavam da forma mais intensa e verdadeira possível.

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Assim que entrou em casa, Lucy sentiu o cheiro delicioso de comida entrar pelas narinas. Tirou o pesado casaco de inverno preto e o cachecol vermelho e os pendurou no cabide vertical que ficava ao lado da porta.

Ao entrar na sala, ouviu e voz dos pais, e uma outra bem conhecida, mas que não ouvia a muito tempo:

Stacy! – Correu para abraçar a irmã mais velha.

Stacy Gylehart podia ser descrita como quase uma versão mais velha de Lucy. Tinha os mesmos traços delicados, e os mesmos cabelos loiros. A diferença ficava por conta da cor dos olhos: enquanto os da mais nova eram de um verde bem claro, assim como os de Catherine, os da maior eram azul-piscina, iguais aos de Kenneth. Ela era cinco anos mais velha que Lucy, tendo assim 21 anos.

– Lucie, há quanto tempo… – Falou retribuindo o abraço. Depois que as duas terminaram, sentaram-se juntas no sofá – Mamãe e papai me contaram que arrumou um namorado…

– Ah, Tyler… É o filho dos Bayham – Contou como se não fosse nada, sobre o namorado de fachada – Ele é bem legal, embora papai não concorde tanto assim.

– Só fazendo meu papel de pai, querida… – Kenneth disse de sua poltrona. Catherine estava sentada no movel do lado.

– Sim – Stacy sorriu – Eu lembro como você implicava com cada namorado que tive… Até o Duncan, que era filho de pastores e o menino Jesus dos tempos atuais.

– Se ele fosse mesmo como Jesus, não namoraria ninguém, só para começar… – O homem respondeu e Lucy riu.

– E cadê o Anthony? – Perguntou a mais nova estranhando a falta do irmão mais velho.

– Ele ligou dizendo que vai chegar um pouco atrasado – Catherine respondeu –O voo atrasou. Deve chagar aqui apenas lá pelas 23hs. Sabe como é, nesse tempo de neve isso é comum.

Lucy acenou com a cabeça. Os quatro ali presentes engataram então em uma animada conversa sobre histórias engraçadas do passado e como andava a vida de cada um. A atmosfera em torno deles era de felicidade, um daqueles momentos especiais que o Natal oferecia.

– Que conversa animada é essa? Por um acaso não estão se esquecendo de alguém? – Um rapaz de mais ou menos 23 anos, cabelos castanhos e olhos azuis disse.

Os quatro viraram o rosto na direção da voz. Tinham se distraído tanto nos assuntos que compartilhavam que nem perceberam o tempo passar. Finalmente, Anthony tinha chegado.

– Meu filho! – Kenneth levantou para receber o recém-chegado com um abraço. Catherine, Stacy e Lucy fizeram o mesmo – Finalmente, hein?

– Nova York nessa época do ano vira um caos – Comentou enquanto terminava de abraçar a caçula, Lucy – Estava temeroso de que nem fosse conseguir chegar a tempo.

– Mas com sorte chegou – Catherine disse sorrindo – E agora a família está completa.

– Na verdade –Anthony sorriu de canto – Nem tanto. Querida, pode vir…

Da entrada da sala, uma mulher surgiu. Ela usava um elegante vestido de inverno preto, e seus cabelos vermelhos e cacheados estavam trançados do lado direito de seu ombro. Ela era deslumbrante. Lucy a conhecia bem até demais.

– Erin? Erin Klivenko? – Stacy perguntou se aproximando da mulher.

– Então você se lembra, Tacy

Ao ouvir seu apelido da época de escola, e loira correu para abraçar a recém-chegada.

– Três anos… – Lembrou Erin, abraçada a Stacy – Senti falta de você.

– Eu também... Queria manter contato, mas nunca conseguia te achar…

– Culpa da minha agenda. Finalmente, depois de tanto tempo, minha carreira de modelo parece estar indo para frente. Ando pegando muitos trabalhos país afora.

– Aliás – Anthony entrou na conversa – Foi por causa de um desses trabalhos que nos reencontramos. Foi em um café, bem na Times Square – Contou o rapaz sorridente com a lembrança – Isso nos leva ao anúncio que tenho a fazer: Eu a Erin estamos noivos!

Todos na sala felicitaram o casal, inclusive Lucy, que embora estivesse meio atordoada em ver Erin de novo, estava também muito feliz em ver o irmão radiante daquele jeito. Talvez fosse melhor, ela pensou, esquecer o que tinha acontecido no passado.

Agora, com toda família completa, os Gylehart se dirigiram a mesa para dar início à ceia. Conversaram sobre muitas coisas, mas o principal assunto foi o noivado de Anthony. Todos a mesa, especialmente Catherine, estavam curiosos para saber por que os dois decidiram noivar tão cedo (segundo eles, estavam juntos a 2 anos). Erin disse que eles apenas sentiram que era a hora. Também foi questionado o por que do relacionamento ter sido mantido em segredo, e a isso Anthony respondeu que eles apenas queriam revelar na hora certa.

Quando a contagem regressiva para meia-noite começou, Lucy, discretamente, se afastou da mesa e foi para outro cômodo. Ela pegou seu celular e discou o número muito conhecido.

Lucy? A voz de Aileen surgiu do outro lado da linha.

– Oi... Eu só liguei para… para te desejar Feliz Natal, sabe…

Ah, que fofo! Eu estava mesmo pensando em te ligar também, quase que ligamos uma para a outra ao mesmo tempo Riu divertida Feliz Natal, Lucy!

– Feliz Natal, Aileen. Eu… – Tentava forças aquelas palavras complicadas a saírem – Eu te amo… – Confidenciou, meio envergonhada.

A linha do outro lado ficou, por alguns segundos, completamente muda, o que fez com que o coração da loira gelasse. Ela já estava começando a se arrepender de ter dito aquela frase quando ouviu a morena responder

Eu também te amo, Lucy. Muito.

– Lucy, o que está fazendo ai na sala? Vem comer a sobremesa… – Ouviu e voz de Stacy chamando de longe.

– Eu tenho que desligar… – Falou – Não vejo a hora de te ver de novo. Um beijo, Aileen. Sonhe comigo, eu também vou sonhar com você.

Pode deixar, um beijo para você também

– Até logo…

Até logo.

E desligou. Pôs a mão no coração e o sentiu acelerado, isso só de ouvir a voz da namorada. Estava amando outra vez, e agora tudo parecia mais verdadeiro e intenso. O ano para ela não poderia ter acabado de forma melhor.


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Notas finais do capítulo

É o fim? E essa tal de Erin, quais as razões de Lucy ter aquela reação ao vê-la? Que tipo de conexão ela tem com a nossa personagem principal? Será que ainda há mais a ser contado?
Tantas duvidas...



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