Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 2
O Casal do Ano.


Notas iniciais do capítulo

Estou postando mesmo sem ter recebido nenhum review, mas se eu ver que não tem jeito mesmo, eu excluo a história.
Boa leitura.



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– Então...agora vocês estão namorando

– Sim.

Logo as 9 hs da manhã Hanna, Brianna e Natalie foram à casa de Lucy, e obvio que o motivo era a misteriosa conversa com Tyler. Como Natalie estava por perto, a garota não contou o real motivo do pedido de namoro e o porquê de ter aceitado também. Deixaria isso para quando estivesse sozinha com as outras duas.

– Eu nunca imaginaria, você e o Tyler. Quer dizer, vocês nem se falavam! – Natalie falou tentando soar impassível, mas era perceptível a irritação na voz.

Natalie tinha desde o 6° ano uma queda por Tyler, assim como metade das garotas da escola. Lucy não era uma vadia egoísta, ela sabia que era só uma queda boba, dessas que toda garota tem pelo cara mais bonito do colégio, por isso não estava se sentindo culpada por ter aceitado o pedido. Sem contar que o garoto nunca poderia retribuir os sentimentos da amiga, então a loira estava fazendo um favor ao namorar ele.

– Isso não vem ao caso. Ele é bonito, nós combinamos e pronto.

– É disso que se trata para você? Aparência? – Dessa vez a aspereza estava bem mais evidente.

Lucy estreitou o olhar. Natalie nunca levantava a voz para ela ou a desafiava. Nem ela e nem ninguém.

– Eu não tenho culpa do Tyler gostar de mim, Natie. Então pare com a crise repentina de ciúmes. Já está na hora de você perceber que contos de fadas não são reais, e príncipes não existem. Se quiser deixar que uma paixonite idiota atrapalhe nossa amizade a escolha é sua.

Ninguém mais no quarto respirava. Hanna e Brianna tinham os olhos arregalados e Natalie parecia assustada. As três sabiam o quão bitch Lucy poderia ser às vezes.

– Me desculpe – a ruiva disse envergonhada.

A loira deu um sorriso, como se nada tivesse acontecido.

– Está bem. Escute, você é uma garota linda, tenho certeza que vai encontrar um cara a altura – Lucy pôs a mão no ombro da garota – Não fique presa a idealizações, Natalie, você pode se decepcionar muito.

– Está certo. Bom meninas, já vou indo, tenho que ir em uma sessão de yoga as 10:00 com a mamãe...

– Está bem. Thau.

– Thau – Natalie respondeu e as outras duas disseram.

Assim que a garota saiu, Hanna disse:

– Não acha que pegou pesado demais?

– Não. Natalie é muito volúvel, você sabe disso. Logo ela se interessa por outro bonitinho qualquer...

– Disso sabemos – Brianna sentou-se com as pernas e braços cruzados na cama – Agora mudando de assunto, você vai nos explicar essa história de namoro com o Bayham 2. Eu até compreendo que ele tenha se apaixonado por você, mas você corresponder a ele é, no mínimo, estranho.

– Ciúmes?

– Se vocês forem começar com a DR, eu vou ficar no computador vendo as novidades da Luc Astori para esse verão... – Hanna disse entediada.

Ignorando o comentário da amiga, Brianna disse:

– Não. Sei que você não gosta da coisa. Só quero saber qual seu jogo com ele.

Lucy cruzou as pernas em uma posição parecida com a de Brianna, e assumindo um ar de confidencialidade falou:

– O que vou dizer agora não deve sair daqui, Okay?

As duas confirmaram com a cabeça o pedido da loira.

– Bom, Tyler Bayham é gay.

– O QUE? – Hanna parecia mais surpresa que Brianna, que só arregalou os olhos por uns instantes – Você está dizendo que aquele pedaço de mau caminho...beija rapazes?

– Sim. E como devem imaginar, ele me pediu em namoro para que assim possamos manter nossa sexualidade escondida. Em outras palavras estamos em um namoro fake.

– E ele fez a proposta e você aceitou assim, tão rápido? – Brianna perguntou curiosa. Conhecia Lucy e sabia que ela era calculista. Aliás o que podia ser muitas vezes um de seus piores defeitos.

– Eu não podia esperar mais. As pessoas iriam começar a desconfiar do meu celibatismo aparente. É nessas horas que eu amaldiçoo o movimento LGBT, ele deixou tudo em evidencia – A garota respondeu distraída.

– Tyler Bayham gay e namorando minha melhor amiga lésbica. Muita informação por hoje. Garotas, vamos sair. Vocês não pretendem passar o último dia de férias no quarto, não é?

As duas concordaram com Hanna.


♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥




Manhã seguinte, casa dos Gylehart.





– Lucy, por que o menino Bayham está a nossa porta procurando por você?



Catherine Gylehart era a mãe de Lucy, e todos que as viam podiam notar a enorme semelhança entre elas. Desde os cabelos loiros escuros até a pose de Abelha Rainha nata. Tinha 42 anos, mas ninguém dava mais de 34.

– Menino Bayham? Qual deles? – A garota estava dando os últimos retoques na maquiagem no espelho de sua penteadeira.

– Você sabe que não sei diferenciá-los. Mas me parece ser o mais educado dos dois.

– Tyler. Eu vou para a escola com ele. Até mais.

– Espere, quero te dar algo.

A mulher entregou a filha uma caixinha que era um pouco maior que uma caixa de alianças, na cor lilás e com um grande laço na tampa. A garota abriu e viu uma bela presilha cravejada de pequenos diamantes, formando um desenho de uma rosa. Catherine nunca fora uma pessoa muito carinhosa com os filhos, e quando queria agradá-los fazia isso com presentes. Muitas garotas pulariam de alegria ao ganharem coisas tão lindas e caras, mas às vezes tudo o que Lucy queria era um abraço caloroso.

– É lindo. Obrigada.

– Deixe-me colocar em você...

Quando terminou, Catherine abriu um sorriso e disse:

– Você está fabulosa.

Lucy também sorriu, mas seu sorriso era falso. Às vezes tinha a impressão de que sua mãe só a via como uma extensão de si própria.


Ao sair pela porta Lucy pode ver Tyler encostado em sua BMW, vendo alguma coisa em seu iPhone branco. Ao vê-la se aproximar ele guardou o celular no bolso e deu um sorriso gentil.


– Deixa que eu abra a porta para você... – disse cordial.

Já no carro, Lucy notou que o interior do veículo tinha cheiro de perfume feminino, e não era o Burberry Britt dela.

– De quem é esse perfume? Da sua mãe?

Tyler, que estava colocando o cinto de segurança, ficou estático por um instante, e depois meio envergonhado respondeu:

– Não é que...eu gosto do cheiro de fragrâncias femininas.

– Gosta de senti-las ou usá-las? – O carro deu a partida.

O garoto ficou mais corado.

– Eu acho algumas distinções entre coisa de homem e de mulher estúpidas. Quem tem o direito de decidir que um aroma mais floral é exclusivo para garotas?

– Sim, é claro. Que os homens usem vestidos e as mulheres ternos – A loira disse sarcástica.

– Você é sempre assim, com um humor tão cruel?

– Se é cruel ou não é subjetivo. Mas sim, eu sou assim quando me convém...

Tyler voltou sua atenção para o percurso. O trajeto da casa de Lucy até Hainefield High, a escola em que eles estudavam, era relativamente perto, cerca de cinco minutos de carro.

– Presilha bonita. Quem te deu?

– Minha mãe.

– Eu queria que meus pais me dessem presentes assim...

– Presilhas? Você ficaria lindo...

– Muito engraçada. Eu quis dizer presentes caros.

– E essa BMW? Eu não entendo muito de carros, mas sei que um desses não custa barato.

– Eu tenho 16, ter carro é uma obrigação. E como me dar uma lata velha mancharia a reputação dos Bayham, ele me deu esse. Mas no geral meu pai é pão duro demais.

– Ele é judeu?

– Não, não é. – O garoto riu.

Nenhum dos dois falou mais alguma coisa até chegarem na escola e enquanto Tyler fazia a manobra para estacionar o carro, tudo que Lucy conseguia pensar era que a situação não tinha outra definição além de estranha. Ela ia entrar no colégio com seu namorado falso e dali em diante eles seriam vistos como um casal, sendo que ela formava um verdadeiro com uma de sua amiga, Brianna. A garota se perguntava se era essa a sensação que os astros e estrelas gays de Hollywood se sentiam ao desfilarem com seus beards.

– Está pronta? – Tyler perguntou.

– Sim. Estou louca pata ver os olhares de espanto, cobiça e inveja que serão dirigidos a nós.

– Certo, deixe-me abrir a porta para você. Vamos começar em grande estilo – Ele disse e saiu do carro, logo depois aparecendo do lado da porta de Lucy.

Assim que Lucy saiu do veículo, viu que todos os olhares estavam neles. Um garoto andando de skate até tinha, por muito pouco, metido a cara na parede.

– Ótimo começo – ela disse no ouvido de Tyler, ao mesmo tempo em que ele entrelaçava suas mãos. A sensação do toque era diferente da de uma garota.

– Sim, não estão nem tentando disfarçar a curiosidade.

Ao cruzarem a entrada do prédio, logo viram Hanna, Natalie e Brianna perto dos armários.

– Olha quem apareceu, o casal mais lindo do colégio – Hanna sorria largamente.

– Obrigada pelo elogio Hans – a loira ignorou o sarcasmo por detrás do sorriso. Meninas, este é Tyler Bayham, e como já sabem estamos namorando. Tyler, estas são Hanna Dyer, Natalie Vaughn e Brianna Coxx, minhas melhores amigas.

– É um prazer – disse o garoto polidamente.

– Vocês realmente combinam um com o outro, Lucy – Natalia disse meio sem entusiasmo – Vendo os depois juntos pessoalmente só tenho mais certeza.

– Até que enfim decidiu arrumar um namorado, hein? Achávamos que você nunca ia sair da vida de ficadas ocasionais.

Era muito esquisito para Brianna se referir a um garoto como o namorado de Lucy, até porque elas eram namoradas. Namoro secreto nunca pareceu tão ruim para ela quanto agora.

Ficaram os cinco conversando até o sinal bater. Antes de ir o garoto deu um selinho na namorada e disse:

– Eu te levo para casa hoje. Qual seu último horário?

– Literatura Inglesa.

– Estarei te esperando na porta da sala. Até mais. Hanna, Natalie e Brianna... – ele fez um aceno com a cabeça e saiu.

– Que cavalheiro. Espero que quando eu arranjar um namorado ele seja assim. – Hanna disse casualmente, ao ficar sozinha com Lucy – Quer dizer, não tão igual né? Eu não quero chegar em casa um dia e pegar meu homem na cama com outro.

– Suas piadinhas já estão perdendo a graça, Hanna.



♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥





Pouco tempo depois Tyler e Lucy, agora apelidados de Tycy pelos alunos do Hainefield High, já eram o assunto mais comentado da escola. Até o vexame da demissão do professor de física, Senhor Willis, foi abafado pelo casal mais quente, segundo muitas pessoas, de todos os tempos.



– Eu ouvi dizer – Disse uma garota aleatória na hora do intervalo – Que ele pediu ela em namoro na festa de arrecadação de fundos de ontem à noite.

– Ele já queria falar com ela há algum tempo – disse outra – mas só tomou coragem recentemente.

– De qualquer forma eu os acho lindos juntos – disse uma terceira e todas concordaram, embora algumas estivessem com uma inveja mortal de Lucy.


Outro boato que rolava pelos corredores e refeitório era que eles sempre mantiveram um relacionamento escondido, mas por algum motivo obscuro não quiseram, até o exato momento, revelar nada a ninguém. Tinham também os que acreditavam que um sempre amou o outro, mas nunca tiveram coragem de contar. Mas o boato mais absurdo, alimentado por algumas garotas inconformadas por Tyler estar comprometido, dizia que a família de Lucy estava falida e ela havia iniciado esse relacionamento na intenção de engravidar do garoto e assim garantir seu padrão de vida.


– Aonde quer que se vá só se ouve falar naquele dois? – Aileen disse para Barbara Wang, sua melhor amiga. As duas estavam sentadas na sua habitual mesa, perto das janelas – Eu juro que se ouvir “Tycy” mais uma vez jogo o livro de biologia na cabeça de alguém.

– Ele é o cara mais gato e popular, ela a garota mais gata e popular também. É obvio que todo mundo ia comentar.

– É por isso que temos essa cultura de idolatria cega a celebridades. O povo devia tratar de cuidar do seu próprio nariz.




– Wow. Quem diria não? Eu sempre achei que seu irmão fosse uma tremenda bicha, mas ele estava era de olho na garota mais gostosa do colégio...




Derek Bayham estava nervoso. Não, pior, ele estava furioso. Quem seu irmãozinho idiota achava que era? Aliás, o que ele queria com esse namoro com Lucy? Desafiá-lo?

– Aí Derek, você não acha isso engraçado? A Lucy sempre te deu o fora, mas aceitou namorar com seu irmão gêmeo.

Bastou um olhar do garoto e o outro se calou.

“Tyler está muito enganado se pensa que vai se dar bem nessa história” Derek garantiu.



♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥





Ao chegar em casa, Lucy foi direto para o quarto. Logo depois escutando batidas na porta.



– Entre.

– Olá filha, como foi o primeiro dia de aula?

– Legal.

– Ótimo. Vi que foi e voltou com o garoto dos Bayham. Qual o nome dele mesmo?

– Tyler.

– Certo. Gostaria de saber o que está acontecendo entre vocês. Sei que os adolescentes hoje em dia têm vários tipos diferentes de relacionamento.

– Estamos namorando, mãe. Ainda somos um pouco tradicionais.

– Fico feliz que você tenha finalmente achado um garoto a altura, Lucy. Esse rapaz parece ser muito adequado.

– Ele é.

– Mas não é só disso que vim falar. Como deve saber em Abril, especificamente no dia 17, temos o Haine Day. E nossa família foi a anfitriã escolhida esse ano. E Quero que você faça o discurso de abertura.

Lucy ficou atônita. O Haine Day era o evento mais celebre da cidade, junto com o próprio 4 de Julho. Fazer um discurso para a data era de um prestigio enorme, mas também de uma grande responsabilidade.

– Bom – Disse a mulher se dirigindo para a porta – É isso. Espero que vá desde já pensando no que vai dizer, embora eu tenha absoluta certeza que será sensacional. Até mais...


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Notas finais do capítulo

É isso aí, até o próximo (ou não, só depende de vocês).
O próximo capítulo se chamará "Como manda a etiqueta", aqui vai um trecho para vocês:

"Brianna tinha um sorriso de canto nos lábios.
Pegando Lucy pela gola da baby look, a jogou na cama, fazendo- a cair de costas na cama macia. Logo depois montou em cima dela, colocando um joelho de cada lado do corpo da loira.
Foi descendo a cabeça até ficar a centímetros do rosto de Lucy, sentindo sua respiração ofegante e seu delicioso hálito de menta. Passando a ponta dos dedos pela face, agora meio rosada, da outra, Brianna se perguntava como uma pessoa podia ser tão linda. Seus cabelos loiros-escuros estavam espalhados pelo travesseiro, parecendo mais uma cortina dourada. Os traços delicados pareciam ter sido feitas para harmonizar completamente com o formato triangular elegante do rosto e os lábios, embora pequenos, eram cheios e de uma maciez incrível.
O beijo começou calmo e suave, para logo depois se tornar intenso. Lucy foi subindo a mão, que estava por dentro da blusa de Brianna quando de repente uma batida na porta é ouvida:
Senhorita Lucy, tem uma garota a sua espera na sala de visitas."



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