Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 15
Inocente Garota do Tennessee.


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou, trazendo um novo capitulo de Spotlight. Contagem regressiva para o fim da fic começa a partir de agora...



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Aula de história, Lucy estava com a cabeça apoiada na mesa, quase dormindo. Historia não era uma matéria chata ou difícil, mas ela sempre sentia muito sono nessa aula. Talvez fosse culpa do professor, que falava de um jeito arrastado e suave demais.

– Muito bem classe, o trabalho sobre a divisão do mundo pós 2° guerra deverá ser feito em dupla. – O professor disse a classe, que imediatamente se empolgou com a ideia – Duplas que EU já escolhi. – O “ahhh” dos alunos foi quase geral.

E começou a anunciar as duplas. Lucy bocejou mais entediada do que antes. Não ligava muito para com quem iria fazer dupla, só queria que aquela aula acabasse logo.

– Lucy Gylehart e Kaitlyn Blake.

Kaitlyn, que estava sentada umas duas mesas a frente de Lucy, olhou para trás na direção da loira e sorriu. Talvez por puro reflexo ou só educação, a Gylehart fez o mesmo.

– E é isso, classe. Vocês tem uma semana para entregar esse trabalho. Atrasos lhes garantirão um zero, não importa a desculpa que venham a usar. – Acabando de dizer isso, olhou no relógio em seu pulso – Uma boa tarde a todos e até a aula que vem.

Poucos segundos depois, o sinal tocou.

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– Oi!

Aileen levou um susto. Estava concentrada respondendo um email, e não ouviu ninguém se aproximando. Ao seu lado, encostada no armário, Lucy a encarava com um sorriso divertido nos lábios. Como em todos os outros dias, a loira estava muito linda, o que fez a morena ter muita vontade de suspirar.

– Ah, olá, Lucy. Eu não te vi chegar...

– É, eu percebi. Deixando isso para lá, eu gostaria de te convidar para almoçar comigo.

– Almoçar? Tipo, lá no refeitório, com você e seus amigos?

– Sim, aonde mais almoçaríamos?

– Eu não sei... Quer dizer, eu gostaria muito, mas não sei a Barbara. Ela é meio tímida, sabe.

– Ora, e só falar com jeitinho com ela – Lucy desencostou da parede e chegou mais perto de Aileen, tocando uma mecha de seu cabelo – Eu tenho certeza que você consegue convencê-la. Está combinado, vejo vocês lá na minha mesa... – E então a loira foi embora.

A cena que veio a seguir era cômica. Na mesa vermelha, bem no centro do refeitório, sete pessoas diferentes estavam com as expressões mais diversas: Lucy, Tyler e Hanna animados, como normalmente eram; Natalie emburrada, já que para ela era um insulto duas “nerds” se sentaram junto com ela; Kaitlyn indiferente e Aileen e sua amiga, Barbara, ainda meio acanhadas por estarem na mesa dos alunos mais populares de toda Hainefield High.

– Você não vai comer, Barbara? – A asiática endureceu na cadeira. Ela ainda não acreditava que Lucy Gylehart estava mesmo falando com ela – Você sabe, o intervalo não é infinito...

– Ah, Eu... – E balbuciou algo mais em resposta, mas saiu tão baixo que ninguém ouviu.

Lucy sorriu levemente, e depois trocou um olhar demorado com Aileen. Naquele simples contato, estavam contidas coisas que nenhuma outra pessoa da mesa entenderia.

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Desde que tinha chegado a Hainefield, tudo que Kaitlyn tinha feito era observar tudo e todos a sua volta. Como garota nova vindo do interior, ela sabia que poderia ser alvo fácil de chacotas, e por isso todos os seus atos eram calculados. Hainefield significava o recomeço. O Tenessee não era o tipo ideal de lugar para uma garota como ela fazer sua vida, e por isso ela suplicou para a mãe uma mudança de endereço.

Acontece que Kaitlyn também sempre fora muito ambiciosa, e exageradamente vaidosa. Ela era como a maioria das garotas de sua idade: dava valor excessivo ao que os outros pensavam sobre si, e queria a todo custo atingir uma perfeição irreal.

Por obra do destino, ou mera coincidência, uma das primeiras pessoas que ela conheceu era justamente a definição da perfeita garota popular: Lucy Gylehart.

De inicio, a Blake não soube definir ao certo se havia simpatizado ou não com a loira, decidindo então ser apenas indiferente. Ela era, com toda certeza, um modelo a ser seguido, e em vários aspectos muito parecida com Kaitlyn. Elas até poderiam ser melhores amigas, alguém diria, mas sabia que isso não seria possível, já que ser amiga de Lucy contrastava fortemente com seu mais novo objetivo: tomar o lugar dela.

Como faria isso, ela ainda estava planejando. Não era ingênua a ponto de achar que seria fácil, tantas outras garotas incríveis naquele colégio e a Gylahart ainda continuava no topo. Precisava ser engenhosa, só assim poderia tirar a garota do trono a ser aceita como a nova “Queen Bee” de Hainefield High.

O primeiro passo de tudo seria recrutar pessoas com potencial e que preferencialmente não simpatizassem muito com Lucy. Kaitlyn sabia que Hanna e Tyler não abandonariam a Gylehart, o laço entre eles era muito forte. Agora Natalie Vaughan... A Blake percebeu que a relação entre Lucy a ela não era forte e sincera como supostamente devia ser. Via o modo muitas vezes desdenhoso com que a loira tratava a outra e a falsidade com que a ruiva sorria para a “amiga”. Poderia apostar que se tinha alguém louco para acabar com Lucy, era ela.

Outra pessoa que ela também poderia usar, era Brianna Coxx. Pelos boatos que corriam, ela tinha sido chutada do grupo de Lucy por algum motivo desconhecido, muito provável ser por dar em cima do namorado da loira. Agora a morena vivia tão invisível quanto qualquer outro aluno daquela escola. Ela deveria estar com muito rancor por isso, e com certeza não dispensaria a chance de se vingar.

A chance de Kaitlyn começar a por seu plano em pratica não demorou a vir. Ela tinha o 2° período de Educação Física com Natalie. Abordou a ruiva enquanto ela estava sentada na arquibancada descansando e tomando água.

– Oi, Natalie. Vi você correndo em volta pista. É muito rápida, fiquei impressionada. – Resolveu começar elogiando. Lucy nunca amaciava o dela, se Kaitlyn fizesse isso, ganharia pontos com a Vaughan.

– Ah, obrigada. Eu gosto de correr. Me faz bem

– Lucy deve ficar muito orgulhosa de ser sua amiga, você poderia ser uma futura maratonista...

– Que nada, ela não liga à mínima e eu não poderia fazer o mesmo com a opinião dela – Soltou, e depois de se dar conta do que disse, tentou corrigir – Ela não gosta muito de esportes, e só isso. E eu não ligo se ela não gosta, faço porque me sinto bem.

– Não, eu entendo o que você quis dizer. E quer saber? Acho injusto ela te tratar desse jeito, como se você não fosse nada – Abaixou o tom da voz – Pra falar a verdade percebi isso há pouco tempo. Ela é tão arrogante e não liga para nada além de si mesma. Não entendo como as pessoas podem gostar de uma garota assim...

– Exatamente! – Natalie se empolgou – Ela nem é tudo isso que falam por aí. Não tem nada de especial. É só uma garota riquinha e mimada como todas as outras dessa cidade. Só sou amiga dela porque isso me garante popularidade, mas no fundo não a suporto!

– A mesma coisa comigo! Percebi isso assim que cheguei– Kailtyn pegou a mão da ruiva, fingindo empolgação – Ela é minha vizinha, só por isso comecei a andar com ela. É tão ridículo como as pessoas a idolatram quando ela não é muito melhor que ninguém na escola...

– Sim, só que ninguém mais vê isso e não há outra garota para competir com ela.

– Talvez...

– O que? Você tem alguém em mente? Todas as outras tentativas de bater de frente com Lucy terminaram com as concorrentes sendo esmagadas...

– Só temos que fazer as coisas do jeito certo. Diga-me, Natalie, gostaria de ver Lucy na sarjeta da vida social escolar? Gostaria de ser valorizada do jeito que merece?

– Daria tudo pra isso.

– Então fique comigo. Eu te garanto, a gente vai colocar essa vadia no lugar dela...

E para selar o acordo, as duas deram as mãos. Ali começara uma nova parceria, com um único objetivo: acabar com Lucy Gylehart.

Depois de conseguir a apoio de Natalie, foi a vez de Kaitlyn abordar Brianna Coxx. Era intervalo das aulas, e a Blake aproveitou que o “alvo” ia até o banheiro para segui-la até o local e fazer sua tentadora proposta. Achava que a morena não ia resistir a derrubar Lucy, já que a Gylehart sempre falava da ex-amiga com muito desprezo, o que levava a crer que a briga entre elas teria sido séria.

Brianna estava lavando as mãos quando ela chegou.

– Você é a ex-amiga de Lucy Gylehart, não? – Decidiu começar sendo bem direta.

A morena virou em sua direção, uma sobrancelha levantada em sinal de duvida.

– E por que você quer saber isso?

– Bom, na verdade, estou mais interessada em saber por que vocês duas brigaram. E não, eu não acredito nesse boato idiota de briga por causa do Tyler. Lucy não parece ligar tanto assim pra ele...

– Bom, você é a nova vizinha, e pelo que parece, amiga dela, não? Então pede pra Lucy te contar. – Brianna enxugou as mãos e se preparou para sair, mas Kaitlyn pôs o corpo na frente e a impediu.

– Espere...Você não sente nem um pouco de raiva dela? Ela te descartou e agora olha para você, é praticamente uma Zé ninguém! Não gostaria de se vingar de Lucy tirando ela daquele trono de princesa que ela acha que tem?

A Coxx ficou pensativa por alguns segundos, analisando Kaitlyn atentamente. Depois do silencio, ela disse:

– Não, eu não quero me vingar de ninguém. Lucy e eu não somos mais amigas, é isso e acabou. Mas de qualquer forma, boa sorte com o que quer que você queira fazer... – E então saiu, deixando Kaitlyn sozinha.

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– Eu nem sei por onde começar... – Lucy disse suspirando. Ela se encontrava no quarto de Kaitlyn, sentada em cima de ama da garota, que por sua vez, se encontrava sentada em uma cadeira perto de uma escrivaninha.

– Vamos fazer uma introdução, primeiro, depois a gente começa a pesquisar mais sobre o assunto e vai montando os tópicos sobre os pontos mais notáveis.

– Tá. Fica com a introdução a eu vou lendo sobre o assunto. Vou pesquisar isso na internet... – Estendeu a mão para pegar um notebook que estava em cima do criado muda do lado da cama, mas antes que fizesse isso, Kaitlyn voo para cima dela e pegou o objeto, gritando um não agudo e desesperado.

Lucy achou a reação muito exagerada e estranha. Porque Kaitlyn ficou desesperada com a possibilidade dela pegar o notebook?

– Ah, é que está quebrado, um problema numa peça interna. Usa o computador, ele está ótimo.

A Gylehart obviamente não acreditou nada na desculpa, sabia identificar uma mentira e Kaitlyn decididamente não estava dizendo a verdade. Qual o verdadeiro motivo dela não deixa-la tocar no notebook?

– Não sei não, acho que aí tem é algo que você não quer que eu veja... – Brincou, embora a brincadeira tivesse seu fundo de verdade.

A platina deu um sorriso tenso, e respondeu, de forma enigmática:

– Todo mundo tem algo a esconder, não é? Mas o aparelho só está com a peça danificada mesmo, acredite.

Por algum motivo, Lucy não acreditou nem um pouco.

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Meses depois de ter traído Lucy, Brianna agora tentava seguir sua vida, e embora ainda tivesse crises de consciência a arrependimento, tudo combinado ao fato do amor que sentia ainda pela loira ainda existir, ela estava se saindo razoavelmente bem. Ficar sofrendo pela relação terminada não iria levar a nada,e se até mesmo a Gylehart já aparentava estar em outra (a morena duvidava que a recente aproximação de Aileen fosse mera amizade), ela tinha mais é que fazer o mesmo.

Mas ainda que tudo entre elas tivesse terminada de forma trágica, Brianna ainda se preocupava com a ex-namorada, de certa forma. Foi por isso que ela achou correto informar Hanna de uma conversa que tivera com a tal nova vizinha de Lucy, Kaitlyn Blake:

– Peraí, esta dizendo que acha que a Kaitlyn está tramando algo contra Lucy?

– É bem possível. Ela veio com uma conversa mole, e eu percebi que ela meio que estava querendo dizer que eu poderia me juntar a ela para dar o troco em Lucy por ela ter me descartada como amiga.

– Eu bem que soube que minha intuição estava certa. Ela não é tão adorável quanto tenta fazer parecer...

– Sim, só diga para Lucy tomar cuidado... Bem, eu vou indo. – Brianna já tinha dado as costas para partir, mas Hanna segurou seus ombros.

– Muito obrigada por vir me contar. Sei que as coisas não ficaram bem entre você e Lucy, e embora eu tenha ficado com muita raiva por você ter feito minha melhor amiga sofrer, espero que você fique bem, de verdade. Independentemente do que aconteceu, você merece.

– Não foi nada, e obrigada você, por aceitar conversar comigo mesmo depois de tudo...

E então as duas se despediram, cada um indo para um lado diferente da escola.

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Lucy a Aileen estavam no cinema juntas, com já tinham estado antes. Entretanto, dessa vez elas não estavam assistindo o filme, exatamente, já que de tempos em tempos elas tiravam sua atenção de tela e iniciavam uma seção longa de beijos e caricias.

Desde o dia em que foram a Marchetti, a frequência com que as duas saíam juntas só aumentava. Não estava muito claro qual era afinal relação delas, não havia nenhum acordo sobre o que eram uma da outra, mas isso não as impedia de passar o tempo como se já fossem um casal de namoradas.

– Você não me deixou ver nada do filme... – Aileen acusou, brincalhona. As duas se encontravam agora andando pelo shopping despreocupadamente.

– Você não protestou tanto contra isso na hora. E confesse, eu sou bem mais interessante que qualquer filme do mundo... – Respondeu no mesmo tom de brincadeira.

– Hum, não sei... – A morena fez uma cara pensativa – Star Trek é realmente legal, não acho que você ganhe dele...

– Qual é a graça de um filme em que as pessoas usam espadas coloridas de luz e o espaço é mais barulhento que uma casa de rock? Até eu que tenho media C em ciências na escola sei que o som não se propaga no espaço...

– Isso é Star Wars, gênio. Star Trek é outra coisa. Qualquer dia nós vamos assistir esse filme juntas, mas sem seção de beijos que é pra você prestar bem atenção. – A loira gemeu, desanimada, e Aileen riu – E ah, também temos que fazer algo com relação a essa sua média C vergonhosa...

– Ok, mas aviso logo que estudar não é meu forte, você vai ter muito trabalho comigo...

– Pois eu adoro um bom desafio...


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