A Filha Da Capital escrita por Sekhmetpaws


Capítulo 36
Confinamento e a Volta da Mulher do Cabelo de Poodle




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Seus lábios formaram o nome dele. Dália sentiu lagrimas quentes (ou talvez fosse só a temperatura aumentando) brotando do canto de seus olhos.

Antes que se desse conta sentiu algo prender firmemente sua cintura e puxá-la para cima.Ela pensou em gritar mas,não sabia se teria forças para continuar respirando se o fizesse. Pontos negros dançavam na frente dos seus olhos. Fechou-os.

Quanto os abriu novamente se viu dentro do aerodeslizador, numa sala gigantesca com as paredes brancas cercada de homens e mulheres cobertos com mascaras, deitada sobre uma mesa de metal. Percebeu que respirava com ajuda de um cilindro de oxigênio.

Ela gritou se debatendo. Sua cabeça se chocou com força contra a superfície lisa e fria, rapidamente os homens ataram seus braços e pernas á mesa. Algo pontudo perfurou seu antebraço e algum tipo de liquido ácido correu dolorosamente por suas veias.

Tudo ficou preto.

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Dália acordou em um quarto ricamente decorado, mas, ela não estava prestando muita atenção nisso. Aparentemente, haviam se passado vários dias. Arrancaram os fios ligados ás suas veias. Sobre a mesinha de cabeceira havia um copo d’água e alguns comprimidos.

Levantou-se de ímpeto. Sentiu uma dor lancinante e tornou a se sentar. Sua cabeça pulsava e o mundo parecia girar. Avançou a mão para os comprimidos e agarrou um punhado, engolindo-os todos juntamente com metade da água que estava no copo.

A dor sumiu. Sua cabeça parecia ter ficado mais leve. Na verdade seu corpo inteiro parecia não pesar nada.

Veja só. Seus pés não tocavam o chão. Os comprimidos se transformaram em minúsculos insetos vermelho com bolinhas pretas e começaram a rastejar pelas suas pernas. Em seguida davam cambalhotas para trás e se desintegravam em explosões caleidoscópicas de cores.

O teto começou a rachar. O lustre oscilava enquanto pedaços grossos de concreto e gesso choviam. Através das rachaduras era possível ver o céu noturno. Uma estrela cadente passou riscando o céu. Dália se perguntou qual seria o gosto de uma estrela.

As outras estrelas também pareciam se mover. Na verdade, tudo se liquefazia aos poucos e o firmamento pingava em gotas gordas através das rachaduras, inundando o quarto. A sala se enchia rapidamente e os moveis logo foram engolidos pelo liquido negro e gelado. Dália não sentia mais suas pernas. Antes que percebesse a água batia em seu pescoço. Sua cabeça bateu contra o teto com força e a garota ficou nadando em círculos em uma busca inútil por ar. O teto foi tomado pela água escura logo em seguida.

Ela afundou no liquido negro já sentindo falta de oxigênio. Seus pulmões queimavam. Por fim inspirou, engasgando e surpreendeu-se com o ar fazendo cócegas em sua garganta. Abriu a boca e sentiu-a sendo inundada pela água, mas, novamente o ar encheu seus pulmões. Desde quando sabia respirar em baixo d’água? Riu e um turbilhão de bolhas escapou pelas suas narinas.

A água turva fazia com ela visse tudo meio embaçado, mas, pode distinguir um armário braço flutuando a poucos metros dali. Surpreendeu-se com uma batida vinda do lado de dentro. Dália tentou nadar até ele, mas, seus braços e pernas não venciam a densidade da água. Era como se estivesse imobilizada.

As portas se abriram abruptamente e deste saíram Leon e Jeff remando uma pequena canoa. Mas, não se pareciam em nada com eles mesmos. O primeiro usava uma grande cartola e roupas coloridas e espalhafatosas e as orelhas de Jeff eram compridas, vestia um colete azul e calças brancas... Felpudas? Quando a viram ambos acenaram.

Jeff saltou do barco e de dentro do paletó tirou relógio de bolso dourado n qual estava gravada a imagem de um pássaro dourado (que ela tinha certeza já ter visto em algum lugar).

“É tarde! É tarde!” disse apontando para o relógio que marcava cinco horas.

Ela concordou com a cabeça. Em seguida bateu o cotovelo contra a mesinha de cabeceira que flutuava e se encolheu de dor. O móvel, literalmente cavalgou até os meninos e começou a aumentar de tamanho. Leon tirou do chapéu uma comprida toalha de mesa, enquanto Jeff (sem soltar o relógio) atirava bules e xícaras.

“Vamos! É hora do chá!” gritou Leon se abaixando pouco antes de um pires voar por cima da sua cabeça e se espatifar contra a parede.

O relógio começou a tique-taque-ar (se é que esse verbo existe) mais alto.

Tique-Taque! Tique-Taque!

“É tarde! É tarde!” repetiu Jeff.

O tempo parecia ter desacelerar.

“Tic-tac! Tic-Tac!”insistiu o relógio... Brilhando?

De repente a ave se depreendeu do objeto e veio voando em direção ao seu rosto e sussurrou com a voz de Jake. ”Lembre-se quem é o verdadeiro inimigo”

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Ela acordou gritando. Com o travesseiro molhado de suor (ou saliva, sei lá). As alucinações as joaninhas e os relógios haviam ido embora. Os comprimidos deram lugar a um prato fundo, cheio de biscoitos quentes. Dália se surpreendeu com o ronco de seu estomago. A quanto tempo não comia?Sentiu sede. Mas, não havia água. Levantou-se encarou as duas portas na outra ponta do quarto. Devia ter água em algum lugar por ali.

Se dirigindo à primeira, constatou que esta se encontrava trancada. Tentou forçá-la, mas a porta não cedeu nenhum centímetro.

“Tem alguém ai?” gritou batendo a porta de mogno.

Encostou a orelha contra a madeira e ouviu sussurros e passos apresados, mas ninguém se adiantou para abrir a porta.

“Por favor! Eu sei que vocês estão ouvindo!” gritou mais uma vez. Só conseguindo que as vozes se calassem.

“Ótimo” pensou enquanto caminhava até a porta seguinte (aquela estava destrancada) que levava a um pequeno banheiro. Com um armário minúsculo (recheado com mais comprimidos), um vaso e uma pia que pingava da qual bebeu avidamente.

Não deu atenção á toalha vermelha (que por acaso cheirava a rosas. Na verdade tudo na capital cheira a rosas, menos as masmorras) e secou a boca com as costas da mão direita. Levantando os olhos, se viu (literalmente) encarando a própria imagem no reflexo do espelho. Mas, não se parecia em nada consigo mesma. Estava muito mais magra do que o de costume e seu rosto adquirira uma expressão selvagem.

Suas roupas haviam sido substituídas por outras brancas e limpas (que também cheiravam a rosas) e suas queimaduras desaparecido. No lugar delas uma pele nova e rosada havia surgido. Seus cabelos haviam sido cortados-queimados muito curtos e até mesmo os hematomas arroxeados e cortes (mesmo os mais antigos) pareciam ter sido a uma eternidade ou mesmo nunca terem acontecido.

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Durante os três dias seguintes Dália passou o tempo dividida em pensar, vagar sem rumo,andar em círculos e ter pesadelos (as vezes mais de uma coisa ao mesmo tempo).Não que ficar ali fosse ruim é claro. Comida aparecia duas vezes por dia através de uma portinhola de metal (que havia sido magicamente instalado enquanto ela foi ao banheiro ou já estivera ali o tempo todo e ela não havia visto).

Uma vez,ela até tentou falar com a pessoa que lhe passava a comida,mas seja lá quem fosse baixou rapidamente a portinhola antes que ela tivesse a chance.

A falta de convivência com as pessoas havia começado a deixá-la paranóica até que no terceiro dia a porta finalmente se abriu e por ela entraram a mulher do cabelo-de-poodle-atropelado (que eu nunca consigo pronunciar o nome porque se parece muito com um espirro) entrou ladeada por dois pacificadores.

–Acabou o descanso, queridinha!-disse com a voz esganiçada. Sua primeira aparição publica é amanhã à noite e não temos tempo a perder! Você deve me encontrar lá embaixo em meia hora e nem um minuto a mais!

Dizendo isso a mulher saiu porta a fora, mas, ambos os pacificadores permaneceram no quarto. Assim que ela virou o corredor o pacificador da esquerda fechou a porta. O da direita parecia rir baixinho dentro do capacete.

Pensando bem, ele não parecia alto e forte o suficiente para ser um pacificador...

E realmente não era.

Quando os homens...

Quer dizer, Quando o homem e a mulher.

Ou melhor.

Quando os adolescentes tiraram as mascaras Dália pode finalmente reconhecer seus melhores amigos e o trio se lançou em um abraço coletivo.

Pansy se afastou e sorriu zombeteiramente, mas nada disse. Dave por sua vez questionou.

–E então? Qual é o plano?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham? Confesso que eu não esperava escrever muita coisa nesse capitulo.Na verdade a maior parte dele foi divagando sobre alucinações. Acho que ficou bem legal (mesmo levando em consideração o excesso de doideira).Alguem ai ainda se lembrava da mulher do cabelo de poodle? Eu lembrei dela cinco minutos antes d postar o cap. Á proposito,uma informação bem interessante sobre as alucinações é que cada sentimento/dor foi real. Por exemplo quando Dália não sentia os braços e pernas ela havia tomado um tipo de anestesia e etc.Blz,nos vemos nos comentarios.



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