A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 7
Passeio A Cavalo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-se se demorei muito.
Espero que gostem.
Beijos



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Esme caminha até ao pátio pronta para dar um passeio a cavalo com Carlisle. Não há muita coisa para fazer no palácio a não ser aturar o Duque Aro e para isso a paciência de Esme já se esgotou.

- Estais linda. – elogia Carlisle pegando-lhe na mão e levando-a aos lábios.

- Obrigada. – murmura baixando os olhos. Os elogios espontâneos de Carlisle sempre a deixaram constrangida.

- Olhai para mim. – pede amorosamente. – Deixai-me ver esses olhos lindos.

Esme levanta os olhos com um sorriso.

- Amo-vos. – murmura ele e dá-lhe um pequeno beijo nos lábios.

Esme afasta-se.

- Alguém pode ver. – lembra olhando para os lados.

- E se virem? Apenas irão perceber que os seus soberanos estão apaixonados.

- Irão comentar. – murmura.

- Têm inveja. Inveja porque não têm uma esposa como esta.

- Ou um marido como este. – acrescenta Esme dando-lhe um beijo.

- Alguém pode ver. – brinca Carlisle olhando para os lados imitando-a.

- Parvo.

Ele ri.

Pega-lhe pela cintura para a pôr em cima do cavalo e sobe para o dele.

Saem a passo do palácio e cavalgam calmamente pelos caminhos em volta dos campos.

- Gosto tanto de passear assim pelos campos convosco, ouvir os pássaros, cheirar as flores, dar-vos a mão… - pega-lhe na mão amorosamente e cavalgam de mão dada.

Esme sorri para ele.

- Eu também gosto. Gosto de tudo o que faço convosco.

- Especialmente à noite, não? – pergunta provocadoramente.

- Deixai de ser parvo. Eu estava a falar no geral.

- E não há nenhuma preferência?

- Não, não há.

- Pronto, perdoai-me.

- Estais perdoado.

- Amo-vos.

- Acho que hoje já me dissestes isso mais de cem vezes.

Ele ri.

- E não gostais de ouvir?

Esme olha de lado para ele.

- Que achais?

- Não sei.

- Claro que gosto. Também vos amo.

Ao fundo, à porta de uma casa pequena Rose observa tudo. Observa o casal apaixonado cavalgar pelos campos. Imagina que podia ser ela e o nobre bonito a estarem ali. Imagina que deve ser uma sensação maravilhosa andar a cavalo. Cavalgar pelos campos, como o casal faz. Começam a andar a galope e o chapéu da mulher solta-se dos ganchos e cai na beira da estrada.

Esme pára o cavalo e salta para apanhar o chapéu. Debaixo dele está uma pequena cobra que lhe morde a mão fazendo-a dar um grito.

Carlisle salta do cavalo.

- Estais bem?

- Uma cobra!

Carlisle abraça Esme pela cintura fazendo-a levantar.

- Que foi, amor?

- Uma cobra! Mordeu-me na mão.

Carlisle pega-lhe na mão onde se vê uma pequena marca.

- Sentis-vos bem?

- Não sei, mas está a doer.

Rose observa tudo à distância. Eles pararam e estão a olhar para a mão da mulher.

Rose caminha pela estrada em direção a eles, quando está suficientemente perto percebe que são os reis. Aproxima-se mais.

- Majestades?

Eles viram-se.

Esme lembra-se do rosto da rapariga de qualquer lado.

- Posso ajudar? – pergunta Rose observando-os. – Está tudo bem?

Nesse instante Esme sente-se tonta.

- Carlisle… - murmura.

Ele agarra-a.

- Que aconteceu? – pergunta Rose preocupada com a palidez da rainha.

- Uma cobra mordeu-a. – explica Carlisle mostrando a mão da rainha.

- Meu Deus! Se era aquela é venenosa. – exclama Rose.

- Foi aquela. – murmura Carlisle. – Podeis ajudar?

- Claro. Trazei-a para minha casa.

Carlisle pega em Esme ao colo e segue Rose. Assim que entram na cozinha pequena ele senta-a numa cadeira.

Rose pega num pano e ata-o no braço da rainha com força. Pega numa pequena faca e corta um pouco a pele.

Esme fecha os olhos pela dor, Carlisle agarra-lhe a mão.

- Sentis-vos bem? – pergunta.

- Mais ou menos.

Rose pega-lhe na mão e começa a chupar o veneno. Depois começa a vasculhar as gavetas à procura de umas ervas e prepara um antídoto.

- Isto vai ajudar. – diz entregando-o à rainha. – Bebei.

Esme leva-o aos lábios e bebe-o.

- Sentis-vos melhor? – pergunta Rose.

- Estou um pouco cansada. – murmura Esme apoiando a cabeça no braço de Carlisle.

- É normal? Ela vai ficar bem? – pergunta aflito.

- Vai. – garante Rose sorrindo. – Chupei o veneno e dei-lhe um antídoto.

- Obrigada. – murmura Esme. – Qual é o vosso nome?

- Rose, Majestade. – murmura.

- Agradeço. – diz Carlisle. – Salvastes à razão da minha existência.

Rose sorri. Eles parecem tão apaixonados.

- Agradeço. – repete Esme. – Se calhar vamos andando.

Levanta-se. Carlisle agarra-a quando está prestes a cair.

- Talvez devam ficar. – diz Rose. – Podem ficar no meu quarto.

- Não queremos incomodar. – diz Carlisle.

- Não incomodam. Não podem cavalgar até ao palácio assim. Voltam amanhã de manhã.

- Certo. – concorda Carlisle.

- Mas a casa é pequena. – diz Esme. – Não queremos ocupar o vosso quarto, não queremos incomodar.

- Não vão incomodar. Não vos deixaria sair sem descansar, Majestade. Não estais em condições de cavalgar.

- Ela tem razão. – concorda Carlisle.

- No palácio vão ficar preocupados. – lembra Esme.

Carlisle suspira.

- Tendes razão. Tenho de ir lá avisar que ficareis aqui esta noite.

Esme agarra-lhe na mão. Não quer que ele a deixe.

- Eu voltarei daqui a meia hora. – promete e dá-lhe um pequeno beijo na testa. – Juro-vos.

- Eu tomarei conta de vós, Majestade. – diz Rose.

Esme sorri-lhe. A rapariga é tão simpática, tão querida.

Carlisle leva-a até ao quarto e deita-a na cama.

- Já volto. – dá-lhe um beijo leve e sai.

Esme ajeita-se na cama.

- Quereis comer alguma coisa? – pergunta.

- Não, obrigada. O vosso nome é mesmo Rose?

- É.

Faz-lhe lembrar o nome da filha, Rosalie. Rose poderia ser o diminutivo de Rosalie.

Rose repara que os olhos da rainha se enchem de lágrimas.

- Tendes dores? – pergunta aproximando-se.

- Não. – Esme abana a cabeça. – Tendes um nome parecido com o da minha filha.

- A princesa Victoria? – pergunta Rose com uma sobrancelha franzida.

- Não. Da minha outra filha.

- Tendes outra filha? – Rose nunca ouvira falar da existência de outra princesa.

- Desapareceu três semanas depois do nascimento. – mais lágrimas brotam dos olhos de Esme. – É natural que não vos lembreis disso.

- Nunca ouvi ninguém falar disso. – diz Rose.

- Costumo imagina-la e é assim que eu a imagino. Os cabelos louros como os de Carlisle. – passa-lhe a mão nos cabelos. – E os olhos azuis como os meus. Ela tinha uns olhos tão lindos, Carlisle dizia que eram iguais aos meus. – passa a mão nos olhos limpando as lágrimas. – Perdoa-me. É difícil não saber onde ela estará agora, se estará viva. Eu acredito que sim, mas…

Rose não consegue resistir a abraça-la.

- Não tendes de pedir desculpa, Majestade. Deve ser difícil perder um filho.

- Fiquei tão feliz quando ela nasceu. – murmura a rainha. – Quando a tive nos braços a primeira vez. Aquelas três semanas foram tão maravilhosas. E depois ela desapareceu. Embalei-a à noite, ela adormeceu no meu colo e na manhã seguinte a ama veio a correr ter comigo dizendo que quando acordara a menina não estava no quarto. Espero que esteja onde estiver, ela seja assim meiga, querida e simpática como vós. Espero que tenha sido amada, mesmo que não por mim.

- Tenho a certeza que foi. – murmura Rose para a consolar. – Talvez um dia ela saiba de quem é filha e venha ter convosco.

- É sempre essa a minha esperança. – murmura Esme.

Ouve-se a porta a abrir.

- Devem ser os meus pais. – diz Rose. – Deixai-vos estar aqui, eu vou avisa-los.

Rose sai do quarto deixando a rainha deitada na cama.

- Mãe. Pai. – diz chegando à cozinha.

- De quem é o cavalo que está lá fora? – pergunta Charlie desconfiado por ter visto um cavalo bem tratado, com sela e rédeas bordadas a ouro.

Renée pensou logo que podia ser o nobre que estivera a conversar com Rose no dia anterior, mas não disse nada.

- É da rainha. – murmura Rose.

Renée sente o coração parar.

- Que faz o cavalo da rainha aqui à porta? – pergunta.

- Sua Majestade foi mordida por uma cobra. – explica Rose. – Eu ofereci-me para ajudar. Ela andava a cavalgar com o rei e se eu não ajudasse podia ter morrido com o veneno da cobra.

- Ainda cá está? – pergunta Charlie.

- Eu sei que a casa é pequena, mas eu não a podia deixar cavalgar de volta ao palácio sem descansar.

- Ela não pode cá ficar! – declara Renée sem qualquer compaixão.

Nesse instante Esme aparece à porta do quarto. Renée e Charlie espantam-se com a beleza dela. Tem um ar régio apesar do cabelo solto. É elegante no vestido azul que condiz perfeitamente com a cor dos olhos. Renée arqueja ao perceber que são iguaizinhos aos de Rose.

- Tendes razão. – murmura Esme, a voz doce e meiga. – Eu não posso ficar. Vocês já devem ter coisas suficientes com que se preocupar. Não posso roubar o quarto à vossa querida filha Rose e não vos quero dar trabalho. Ficarei apenas até o meu marido voltar, assim que ele chegar poderemos ir embora.

- Não podeis cavalgar até ao palácio, Majestade. – defende Rose. – Insisto que passeis cá esta noite.

- Estarei a dar trabalho…

- Não temos condições, Rose. – lembra Renée. – Sua Majestade não poderá ficar, lamento.

- Ficará, mãe, eu insisto. Sua Majestade foi mordida por uma cobra venenosa, podia ter morrido. Não vou deixar que saia a cavalo a esta hora.

- Ela tem razão. – interfere Jacob que tem estado calado. – Sua Majestade deve descansar.

- Sim. – concorda Charlie apesar dos protestos da mulher. – Sua Majestade fica esta noite.

Esme faz-lhes um sorriso doce.

- Obrigada. – murmura.

- E agora deveis deitar-vos. – diz Rose pegando-lhe na mão e conduzindo-a de volta ao seu quarto. – Eu sei que a cama não é muito boa, mas não podeis andar por ai em pé.

- A cama é perfeita. – assegura Esme. – Eu é que não consigo estar quieta.

- Como eu. – Rose ajeita-lhe as almofadas. – Mas tendes de descansar. Vou-vos trazer uma tijela de sopa. Gostais de sopa, não gostais? – pergunta de repente pensando que na corte deve-se comer as melhores carnes e peixes.

- Claro que gosto, querida. – volta a assegurar Esme não querendo dar mais trabalho. – Não vos preocupeis.

- Eu prometi ao vosso marido que tomava conta de vós, e ele é o rei, não se pode quebrar uma promessa, especialmente se essa promessa é feita ao rei.

Esme ri.

- Estais a tomar muito bem conta de mim.

Rose sorri.

- Vou buscar a sopa.


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