A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 24
Na Capital


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora mais uma vez. Vou tentar que isto não volte a acontecer. Assim que começarem as férias prometo que postarei com mais regularidade.
Espero que gostem
Beijos



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Rose observa tudo da janela da carruagem, os olhos azuis muito abertos tentando absorver tudo o que vê. O povo aglomerado nas ruas gritando vivas, não apenas aos seus pais, mas também a ela. Como é possível que pessoas que nunca a conheceram, que nunca a viram, a felicitem desta maneira?

Olha para os pais sentados à sua frente.

– Eles sabem quem eu sou? – Pergunta apontando para a janela.

Esme sorri-lhe, um sorriso doce e meigo que Rose começa a adorar. Aquele sorriso sossega-lhe o coração e fá-la acreditar que tudo ficará bem.

– Foi anunciado por toda a Inglaterra que a princesa Rosalie tinha sido encontrada. – Esclarece Carlisle. – E o povo festeja a volta da sua princesa.

Rose olha para a janela a tempo de ver uma menina pequena, os cabelos louros apanhados em duas tranças, acenar-lhe com um sorriso.

– Eles gostam de mim? – Pergunta olhando para a rainha que cada vez vê mais como uma mãe.

Esme mantém o seu sorriso.

– Claro que sim, minha querida. Fostes a primeira princesa a nascer neste reinado e só por isso eles têm por vós um carinho especial. Fizemos grandes festas no vosso nascimento. – Os olhos de Esme desviam-se para o exterior, desviam-se dos dela, nota Rose. – Estávamos todos muito felizes, incluindo o povo. Depois do vosso batizado levamos-vos à varanda do palácio e todos vos puderam ver. Muitos tinham vindo da capital de propósito. Foi uma pena a felicidade ter durado tão pouco.

Rose ouve as lágrimas na voz da mãe apesar dos olhos estarem secos. Vê Carlisle agarrar a mão de Esme com meiguice, um gesto de conforto, percebe Rose, um gesto que a conforta.

– Acenai-lhes. – Diz Carlisle. – Eles vão gostar de vos ver acenar.

Rose debruça-se na janela e acena-lhes. Percebe imediatamente que o pai tem razão. As aclamações à princesa aumentam para o dobro. O povo está habituado a uma princesa arrogante que nem se digna a mostrar-se para eles e agora deparam-se com uma princesa muito mais simpática que lhe sorri e acena como a sua querida rainha.

Rose continua a observar quando a carruagem atravessa os portões do palácio. O brasão dos seus pais bem à vista nos portões.

Rose esquece-se por momentos da sua condição de princesa e debruça-se ainda mais na janela para poder ver completamente o bonito e enorme palácio que aparece à sua frente.

Um palácio com uma arquitetura maravilhosa e muito maior do que o da sua vila. A pedra bege e branca dá um ar agradável ao palácio. É um palácio simétrico, mas mesmo assim bonito. Bonitas janelas e varandas enfeitam as paredes. Uma porta enorme e opulenta marca a entrada do palácio.

Para surpresa de Rose a carruagem dirige-se para a parte lateral do palácio onde Rose vê umas enormes acomodações que reconhece serem os estábulos. A carruagem para e antes de ter tempo de dizer ou fazer alguma coisa a porta já está a ser aberta por um guarda fardado a rigor.

– Majestades. – O homem baixa a cabeça em saudação aos seus reis. – Alteza. – Olha para a princesa.

Rose olha para o homem sem saber como o saudar. Acaba por se limitar a fazer um pequeno gesto com a cabeça como já viu a sua mãe fazer algumas vezes.

Carlisle é o primeiro a sair da carruagem e oferece a mão a Esme e depois à filha até estarem os três no pátio do palácio.

Rose olha absolutamente maravilhada para tudo o que vê. Nunca pôde pensar que existiria palácio mais bonito do que o da sua vila, agora vê que estava profundamente enganada.

Ao mesmo tempo sente um pouco de medo. Se já se sentia pequena e perdida no outro palácio que devia ser metade deste, como se sentirá aqui?

Sente uma mão reconfortante no seu ombro.

Olha para o lado e vê o pai a sorrir-lhe com o braço em volta dos seus ombros.

– Não vos preocupeis, em breve conhecereis cada canto da vossa nova casa. E enquanto não conhecerdes tereis alguém que vos acompanhe.

– E por esta altura nós iremos mostrar-vos onde são os vossos aposentos. – Diz Esme com a doçura de sempre.

Os gritos do povo continuam do outro lado dos portões do palácio.

– Acho que temos de fazer uma coisa primeiro. – Diz Esme olhando para o marido.

Carlisle assente.

– Eles querem ver a sua princesa. – Concorda o rei.

Rose olha de um para outro confusa.

Tanto o pai como a mãe olham para ela sorrindo.

– O vosso olhar é o de um animalzinho assustado. – Diz Carlisle dando-lhe um beijo na testa. – Ireis gostar do que vos vamos mostrar.

Carlisle começa a caminhar em direção à entrada lateral do palácio e Rose é obrigada a caminhar também perguntando-se o que irá acontecer agora. O que é que o pai quis dizer com “eles querem ver a sua princesa”? E quem são eles?

– Emmett, vinde. – Rose ouve a voz da mãe chamar o seu amado e sente-se mais confortável por ele também ir estar presente, seja no que for.

Carlisle conduzia por vários e extensos corredores. Rose não decora nem um bocadinho do caminho limitando-se a deixar-se guiar quase como se estivesse com os olhos fechados.

Antes de dar por isso estão numa sala ampla que dá para um terraço.

A um sinal de Carlisle um dos guardas abre a porta que conduz ao terraço e Carlisle avança puxando Rose com ele.

Rose não demora um segundo a aperceber-se de que está a ser mostrada ao povo. A todo o povo de Volterra.

Carlisle leva-a até às grades brancas do terraço. O povo está aglomerado lá em baixo e Rose não conseguem deixar de estremecer por ver como todos parecem olha-la.

Mas os gritos deles não são de ódio, são de felicidade e alegria genuína. Rose sente-se feliz com isso.

– Meu povo. – A voz da mãe ouve-se perto de si. Olha para o lado e vê Emmett a sorrir-lhe entre si e a mãe. – Há dezoito anos mostrámos-vos pela primeira vez a princesa Rosalie, a minha primeira filha, a vossa primeira princesa. Lamentavelmente foi separada de nós e do povo devido a um acidente ainda mal explicado. Agora, ela está de novo connosco e nós desejamos voltar a mostra-la a vós. Desejamos que conheceis a vossa princesa. – ESme reprime a vontade de dizer futura rainha. Mas não pode. Não pode dizê-lo quando a sucessão está tão incerta, especialmente agora, ainda mais do que quando Emmett lhes trouxe Rose. Agora, Esme não tem a certeza se alguma das filhas chegará alguma vez ao trono. E terá de esperar bastante para o saber.

O grito de aprovação do povo faz Rose abrir um enorme sorriso e levantar a mão para o seu povo acenando-lhes entusiasticamente.

– Queremos também anunciar-vos o seu noivado com Emmett. – Esme faz um gesto para Emmett que sorri ao lado de Rose. – Um noivado que será celebrado com um baile em que todos estarão convidados.

Um novo grito de aprovação parte do povo.

– Viva ao Rei! – Ouve-se gritar. – Viva à Rainha! Viva à Princesa Rosalie! Viva ao Príncipe Emmett! Viva à Família Real!

Todos acenam agradecendo os “vivas”.

Rose sente a mão de Emmett na sua. Sente-se sempre mais confiante quando a mão dele agarra a dela.

Esme vira-se para trás sentindo a falta da sua filha Victoria. Vê-a junto da entrada do terraço. O rosto sério.

Esme sorri-lhe e estende a mão chamando-a para junto de si.

Victoria ignora-a e vira-lhe as costas entrando no palácio.

Esme solta um suspiro.

Rose olha para a mãe e vê a tristeza cruzar o seu olhar. “Ela pode ter-me de volta, mas ama muito a princesa Victoria e já percebeu que a está a perder por minha causa” pensa sentindo o peso da culpa no coração.

Esme disfarça a sua tristeza virando-se para o povo com um enorme sorriso e baixando-se numa vénia pronunciada que faz com que as atenções recaiam sobre ela.

– Viva e Volterra! – Grita quando se levanta. – Viva a vós, meu povo, povo de Volterra!

O povo acompanha o grito da rainha voltando logo em seguida aos “vivas” à família real.

Rose sorri para o seu povo. “Sim, eles agora também são o meu povo.”

Agarra com mais força a mão de Emmett e acena-lhes.

Pela primeira vez sente que este é o lugar que realmente lhe pertence. O lugar que nasceu para ocupar. O de Princesa de Volterra.


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