A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 25
Juramento


Notas iniciais do capítulo

O tempo que demorei a postar não tem perdão, mas espero que me perdoem na mesma e espero que gostem
Bjs



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Esme entra no quarto da sua filha nessa noite. Pára junto à porta ao ver a sua eterna rival, apesar de não ser declarada, Renée, a falsa mãe de Rose.

– Mãe! – Rose levanta os olhos ao ver Esme parada junto da porta.

Renée vira-se, levanta-se da cama e faz uma vénia pronunciada.

– Filha. – Murmura Esme recompondo-se. Aproxima-se da cama. – Não sabia que estáveis acompanhada.

Rose baixa os olhos. O rosto de Esme pode estar inexpressivo, mas Rose ouve a dor na voz dela, apesar de disfarçada.

– A Renée veio ver-me. – Diz tentando desculpar-se.

– A minha filha estava a contar-me como se sentiu hoje com toda aquela gente a aplaudi-la. – Diz Renée propositadamente para magoar a rainha.

Esme desvia os olhos delas fixando-os na tapeçaria pendurada na parede. Retrata uma rapariga loura, os olhos azuis muito vivos a condizer com o vestido, a rapariga faz festas num unicórnio branco. Esme lembra-se bem de a ter feito quando estava grávida da sua Rosalie, a Rosalie que nunca será tão sua com o é de Renée, que não voltará a ser tão sua como já foi.

Rose olha para Renée com as sobrancelhas franzidas. Detesta ver Esme triste, acha-a uma pessoa tão boa, tão meiga, tão bondosa, com um coração enorme que não merece ser ferido.

– Eu queria falar com alguém. – Murmura olhando a rainha.

– Claro, querida. – Esme responde com a toda a doçura. – Eu vinha ver como estáveis. E dizer-vos que estou muito orgulhosa. Fostes uma verdadeira princesa.

– Ela sempre foi uma princesa para mim. – Murmura Renée.

Esme ignora o comentário continuando a dirigir-se a Rose.

– Queria também dizer-vos que as vossas aulas começarão amanhã. Os vossos tutores serão meigos convosco e terão paciência. Instrui-os desse modo. Descansai porque vos tereis que levantar cedo amanhã e nos próximos dias. Quero que saibais que estarei aqui para o que precisardes e que se quiserdes falar comigo, queixar-vos de alguma coisa, pedir alguma coisa, basta irdes aos meus aposentos ou aos do rei, num deles eu estarei. Boa noite.

– Esperai. – Pede Rose quando ela se ia virar. – Não quereis ficar um pouco? Renée já estava de saída.

Renée olha para a filha chocada.

– Não, não estava. Eu vou ficar até adormecerdes. Tenho saudades de vos embalar nos meus braços, meu bebé.

Esme sente os olhos picarem com lágrimas. Sabe perfeitamente que Renée está a fazer de propósito.

Vira-se para elas com um sorriso cordial.

– A vossa mãe deve ter muito para conversar convosco. – Diz Esme. – Boa noite.

Esme caminha para fora do quarto e depois da antecâmara e da câmara adjacente. Só quando chega ao corredor se permite encostar à parede e deixar as lágrimas cair. “É o meu bebé”, pensa magoada, “não o dela”.

Ouve passos no corredor e endireita-se temendo que seja Carlisle, não quer que ele a veja a chorar, ele já se culpa o suficiente por não ter procurado melhor a filha, não precisa de a ver triste para se culpar ainda mais.

Emmett aparece das sombras.

– Majestade. – Faz uma vénia respeitosa. Não esperava encontra-la ali.

– Emmett. – Esme leva a mão aos olhos dissipando as lágrimas. – Aqui a esta hora?

Emmett baixa os olhos com um ar culpado.

– Receio que penseis que ia desonrar a vossa filha. – Murmura. – Mas apenas ia desejar-lhe as boas noites.

Esme sente os olhos voltarem a picar devido às lágrimas. Ela nunca será a sua filha, a sua pequena princesinha de novo.

Emmett consegue distinguir as lágrimas da rainha. Já conhece Esme desde pequeno. A sua mãe era amiga da rainha e quando morreu dias depois do parto Esme assumiu quase o seu lugar como mãe cuidando de Julian como se fosse seu próprio filho. Ele conhece a rainha melhor do que os outros súbditos, quase tão bem como o rei.

– Vejo lágrimas em vossos olhos. – Diz de forma poética tentando faze-la sorrir.

Esme não se ri.

– É uma parvoíce, Emmett, não ligueis. Tenho-me sentido mais sensível ultimamente. – E Esme desconfia o porquê. Mas ainda não tem a certeza. – Não é nada.

– Vós não chorais por nada.

Esme solta um suspiro.

– Vou vos parecer uma mal-agradecida se vos disser que choro por causa da Rose.

Emmett franze as sobrancelhas.

– Que se passa com a Rose?

– Nada, ela está bem, graças a Deus. É só que ela está aqui comigo, a minha filha está comigo, mas eu sinto que ela nunca será realmente minha filha. Ela está lá dentro com a Renée, a sua mãe, a mulher que vê como uma mãe. E eu sei que ela nunca me verá como uma mãe. Eu jurei que ia aceitar isso. Prometi a mim mesma que o que importava era ela estar aqui agora. Mas não é bem assim. Parece que não chega ela estar aqui. Queria que ela me visse como mãe.

Emmett percebe. Esta mulher sofreu tanto pela filha. Sofreu por não a ter.

– Um dia, Esme, um dia ela ver-vos-á como mãe. – Murmura docemente, os braços dele passando em volta da cintura dela.

Esme poisa a cabeça no ombro dele por momentos.

– Ainda não vos agradeci convenientemente por ma terdes trazido de volta. Obrigada, Emmett. Devolvestes-me parte do meu coração. Quero que me digais se quiserdes alguma coisa, eu dar-vos-ei tudo o que pedirdes, tudo o que desejardes. Vós destes-me aquilo que mais desejo.

Emmett sorri e beija-lhe a face com carinho.

– A única coisa que eu desejo é nunca mais voltar a ver os vossos olhos com aquela sombra de tristeza que nunca os abandonava.

Esme sorri e abraça-o.

– Enquanto tiver todos os que amo perto de mim não a voltareis a ver. Posso prometer-vos isso. Eu só preciso deles para ser feliz.

Victoria olha para o teto deitada na sua grandiosa cama. Sente-se sozinha e sabe que em parte a culpa é dela. Virou as costas à mãe quando ela a chamou para junto de si no terraço durante a aclamação popular. Não queria estar ali junto daquela família perfeita que parecia muito bem sem ela.

Nunca o povo a aclamou como aclamou a sua maldita irmã, aquela rapariga horrível que não passa de uma campónia. Parece que todos estavam muito felizes em ver a campónia no lugar dela, com os seus pais, com o seu noivo.

Victoria vira-se de lado na cama.

– Odeio-a. – Murmura para a almofada. – Odeio-a. Roubou os meus pais, roubou o meu noivo, roubou o meu trono. Vou-me vingar. Juro que me irei vingar. Farei o que for preciso, magoarei quem for preciso, para ter a minha vingança. Juro.

Carlisle observa Esme ainda deitada na cama sem fazer menção de se levantar. Os olhos perdidos no horizonte. Já na noite anterior achou que ela estava triste quando se entregou nos seus braços. E agora está assim quieta e calada sem fazer menção de se mexer ou falar.

– Esme. – Carlisle toca-lhe no cabelo com meiguice. – O que é que se passa?

Esme olha para ele e sorri.

– Nada, meu amor.

– Eu conheço-vos.

Esme continua a sorrir.

– Só estava a pensar na Rose, só isso.

Carlisle dá-lhe um beijo na bochecha.

– Aconteceu alguma coisa ontem à noite, não foi?

Esme encolhe os ombros e aconchega-se nos braços dele.

– Percebi, mais uma vez, que a minha filha nunca será realmente minha filha. Rose nunca me verá como uma mãe. Renée será sempre a sua mãe.

Carlisle beija-lhe a cabeça com carinho.

– Porque pensais assim?

– Renée estava com ela ontem à noite quando a fui ver. Eu senti-me uma estranha ali, não a mãe da Rose, ela tentou que eu ficasse, mas a Renée estava sempre a mandar bocas como se quisesse dizer que Rose é filha dela e sempre será. – Suspira. – O importante é que ela está aqui connosco.

Carlisle continua a beijar-lhe a cabeça com carinho enquanto lhe acaricia a face.

– Temos que recuperar o tempo perdido. – Decide. – Podemos ir andar a cavalo os três mais tarde. Rose já começou a aprender e está a sair-se muito bem. Ela tem o vosso jeito com os animais.

Esme sorri um pouco.

– Talvez possamos ir logo à tarde.

– Sim, é uma boa ideia. Agora tenho de me reunir com os conselheiros. Eles querem saber sobre a sucessão.

Esme levanta a cabeça para poder olhar para o rosto de Carlisle.

– Que lhes ides dizer?

– O que combinámos. Que a sucessão ficará em aberto durante os próximos anos.

Esme faz um pequeno sorriso e volta a poisar a cabeça no peito dele. “Talvez não fique em aberto anos, mas apenas meses” pensa sorrindo um pouco mais. Só esses pensamentos para a deixar mais feliz.

– Estareis presente? – Pergunta Carlisle, Esme gosta sempre de participar nas suas reuniões.

– Não. – Esme abana a cabeça. – Não me apetece muito.

Carlisle franze as sobrancelhas.

– Não comeceis a preocupar-vos. – Pede Esme, não precisa de olhar para o rosto dele para saber que expressão tem neste momento. A sua expressão intrigada misturada com preocupação. – Eu só acordei um pouco indisposta esta manhã e não me apetece.

Carlisle fá-la sentar-se para poder olhar para ela.

– Indisposta? Quereis que mande o médico ver-vos?

Esme abana a cabeça.

– Não há necessidade. Não deve ser nada.

Carlisle continua com as sobrancelhas franzidas.

– Estais mesmo indisposta ou isso é uma desculpa para eu vos deixar sozinha a chorar por causa da Rose?

Esme suspira.

– Estou mesmo indisposta. Não vos mentiria senão estivesse.

Carlisle assente acreditando nela.

– Agora ide. – Esme beija-o apaixonadamente na boca. – Não podeis chegar atrasado.

Carlisle beija-a de novo.

– Amo-vos.

– Nunca me esqueço disso. Não vos esqueceis que eu sinto o mesmo por vós.


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