Emmett entra nos aposentos do pai logo pela manhã.

– Mandastes-me chamar? – Pergunta depois de fazer uma vénia.

Aro, sentado na sua cadeira parecida com um trono só que em tamanho mais pequeno, olha para o filho com os seus olhos de águia.

– Quero dizer-vos que estou satisfeito por terdes decidido casar com a princesa Rosalie. – Começa Aro.

Emmett franze as sobrancelhas.

– Pensei que esse casamento não fosse do vosso agrado.

– Não era. – Concorda Aro. – Até eu saber que ela é tão princesa como a Victoria e que ainda por cima irá herdar o trono.

“Pronto! Tinha que vir a ambição desmedida pela coroa.”

– Ninguém nos garante que vá. – Diz Emmett.

– Ela é a herdeira, é mais velha que a princesa Victoria. Logo, meu filho, cansando com ela sereis rei.

– Será que só vos importais com isso? – Pergunta irritado. – Não vos interessa nem um bocadinho o meu amor por ela?

Aro solta uma gargalhada.

– Devia interessar? Não é o amor que trás poder. – Sorri diabolicamente. – E vós devíeis estar feliz por eu apoiar essa união e não a protestar comigo só pelas minhas razões para a apoiar.

– Eu só gostava que vos importásseis um pouco mais com os meus sentimentos e um pouco menos com o dinheiro e o poder.

– Neste momento os vossos sentimentos cruzam-se com o poder. – Aro sorri. – Portanto, filho, tendes a minha bênção.

Emmett decide não dizer mais nada. O que lhe interessa se o pai apoia a união pelo poder, se pelos sentimentos do filho? O que importa é que ele apoia, seja porque razão for.

Rose olha para Alice direita em frente dela com um quadro ao lado e uma vara na mão como uma professora a dar aula. Senão fosse o vestido vermelho escarlate e as jóias a adornar o seu pescoço, cabelo e mãos poderia passar por uma.

– Muito bem, Alteza. Hoje vamos aprender os títulos nobiliárquicos.

Rose olha para ela com os olhos muito abertos, a expressão que mais tem feito nestes dias.

– O que é isso?

Alice suspira. Será que a rapariga não sabe nada? Pergunta-se como vai ser quando chegar à capital e as lições com os tutores começarem.

– São títulos de nobreza. – Explica pacientemente. – Títulos que os nobres têm.

– Ah!

– Primeiro temos o Imperador e a Imperatriz. – Aponta para a coroa maior desenhada no quadro. – É mais alto ainda que o rei. Normalmente quando um país é muito grande não se chama reino, chama-se império, daí haver o imperador que governa o império. Depois temos o Rei e a Rainha. – Aponta para outra coroa grande, mas um pouco mais pequena que a anterior. – Acho que toda a gente sabe que um rei governa um reino como o vosso pai. Os imperadores tratam-se por, Vossa Majestade Imperial, e os reis por, Vossa Majestade.

Rose agradece por nunca se ir cruzar com um imperador.

– Depois temos o Príncipe e a Princesa. – Aponta para a coroa seguinte. – Os príncipes são os filhos dos reis e dos imperadores. Vós sois princesa, a vossa irmã é princesa e se tivésseis um irmão ele seria príncipe. Se vós ou a vossa irmã casassem agora os vossos maridos seriam também príncipes. Têm o tratamento de, Vossa Alteza ou Vossa Alteza Real, este último utiliza-se mais se o príncipe for o herdeiro ao trono.

Rose regista esta última parte.

– Seguidamente temos o Duque e a Duquesa. São o título mais importante de nobreza...

– Mas vós dissestes que o título mais importante era o de Imperador. – Interrompe Rose.

Alice suspira.

– Tanto o imperador, o rei ou o príncipe, são títulos que se herdam e de pessoas que pertencem obrigatoriamente à família real. O título de duque não é obrigatório pertencer à família real e pode ser dado pelo rei sem ser preciso herdar, mas também se pode herdar, claro. Entendestes?

Rose assente.

– Um duque ou uma duquesa tratam-se por Vossa Graça. – Continua Alice. – Depois temos o Marquês e a Marquesa e seguidamente o...

– E como se tratam os marqueses? – Volta a interromper Rose.

Alice suspira.

– Ia dizer isso a seguir, tende calma.

– Peço desculpa.

Alice assente e continua:

– Como eu estava a dizer a seguir vêm o Conde e a Condessa e depois o Visconde e a Viscondessa. Tanto os marqueses, como os condes, como os viscondes tratam-se por Vossa Excelência. Depois temos o Barão e a Baronesa que se tratam por Vossa Senhoria.

– Mas por exemplo eu já vi criados chamarem a rainha de minha senhora e o rei de meu senhor. – Diz Rose.

– Sim. – Alice revira os olhos. – São tratamentos mais destinados a serem usados por damas de companhia, pajens ou criados quando se dirigem aos seus senhores, tanto faz que esses senhores sejam reis, duques, marqueses, barões, não importa. Os que os servem podem trata-los por meu senhor, minha senhora. Entendido?

– Sim.

– Depois ainda temos o Cavaleiro que é habitualmente tratado por Sir antes do nome e a mulher do cavaleiro tratada por Lady. Também se pode chamar Sir a pessoas importantes como o rei, geralmente é utilizado numa conversa entre o rei e os nobres ou o rei e um embaixador. A meio da conversa o embaixador dirige-se ao rei e chama-lhe Sir, em vez de Vossa Majestade, esse tratamento está correto. Recapitulando, um homem importante Sir, uma mulher importante Madam.

Rose fica confusa.

– Não era Lady?

Alice revira os olhos e suspira.

– Lady é para a mulher do cavaleiro.

– Ah, está bem.

– E por favor não vos enganeis. Não chegueis ao pé de um duque e o chameis de Vossa Excelência, é uma ofensa à sua posição.

Rose franze as sobrancelhas.

– E como é que eu sei que é um duque ou outra coisa qualquer?

– Então, porque as pessoas vos são apresentadas pelos nomes e pelos títulos.

– E se não me forem apresentadas.

– Oh, Alteza, claro que são!

– Chamai-me Rose quando estivermos sozinhas. Já vi damas da minha mãe a chamarem-na Esme quando estão em privado.

Alice sorri.

– Estava a ver que nunca mais dizíeis. É muito chato estar a repreender-vos e a chamar-vos de Vossa Alteza.

Rose ri.

– Vamos lá continuar. – Alice volta a assumir a sua expressão séria. – Quando tiverdes de vos dirigir a um embaixador tomai bastante atenção ao título dele quando o apresentam. Um embaixador não tem o título de embaixador. Normalmente é conde ou marquês, raramente é duque ou barão, mas também pode acontecer. Tendes que ter muito atenção ao título pois se for duque tendes de o tratar por Vossa Graça e se for marquês ou conde por Vossa Excelência.

– E como é que eu sei o título dele?

– Vem escrito na testa. – Goza Alice.

– A sério? – Rose abre muito os olhos espantada.

– Claro que não!

– Mas vós dissestes...

– Era uma ironia, uma piada. É mais do que óbvio que ninguém trás o seu título escrito na testa.

Rose baixa os olhos, Alice tem toda a razão, trazer o título na testa seria uma estupidez.

– Bem, continuando...

– E a minha pergunta?

Alice suspira.

– Sim, já sei. Quando vos apresentarem um embaixador. Dizem-vos que é, por exemplo, Marquês do não-sei-quantos e embaixador francês, por exemplo.

– Está bem.

Alice continua e Rose começa a desesperar por a lista nunca mais acabar.

– Depois temos o Cardeal. Toda a gente sabe distinguir um cardeal de um outro nobre. Para se tratar um cardeal usa-se o Vossa Eminência.

Rose assente.

– E seguidamente temos o Bispo, que também toda a gente sabe distinguir. Para o tratar usa-se o Vossa Reverência.

– Alice, como é que se distingue um bispo de um cardeal?

Alice revira os olhos.

– Um cardeal veste vermelho um bispo roxo.

– Obrigatoriamente?

– Obrigatoriamente. E agora dizei-me os títulos todos.

Rose suspira rezando para não se enganar.

– Imperador e Imperatriz, Rei e Rainha, Vossa Majestade. Príncipe e Princesa, Vossa Alteza ou Vossa Alteza Real. Duque e Duquesa, Vossa Graça. Marquês e Marquesa, Conde e Condessa, Visconde e Vincondessa, Vossa Excelência. Barão e Baronesa, Vossa Senhoria. Cavaleiro e sua esposa, Sir e Lady. Senhores importantes, Sir. Senhoras importantes, Madam. Cardeais, Vossa Eminência. Bispos, Vossa Reverência.

Alice bate palmas.

– Muito bem. Dissestes tudo muito bem.

Rose respira fundo. Só espera que no dia em que lhe for apresentado algum destes senhores não baralhe os títulos todos, são tantos que teme acabar por se confundir.