A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 14
A Pulseira




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Rose levanta-se tarde. Tinha esperança de evitar os pais, mas encontra-os na cozinha a preparar-se para sair para o campo.

- São horas de se levantar, menina? – pergunta o pai com o sobrolho franzido.

Rose encolhe os ombros. Tira um pão do saco e senta-se num banco a come-lo.

- Nós vamos para o campo. – informa a mãe. – Quando voltar quero ver a casa limpa e varrida.

Rose suspira quando a porta se fecha. “Se vivesse na corte não tinha de varrer.”

Quando acaba de comer, pega no pano do pó e na vassoura e passa a manhã a limpar a casa. Quando acaba repara no cesto de amoras que ainda está sobre a bancada.

- Podia fazer uma tarte de amoras.

Começa a procurar um avental, mas não encontra nenhum.

- Talvez na arca de roupa da minha mãe.

Vai ao quarto da mãe e abre a arca. Algumas roupas, lençóis e finalmente, lá bem no fundo, um avental. Puxa-o e revela uma pequena caixa de madeira no fundo da arca.

Rose não costuma mexer nas coisas que não são dela, mas desta vez a curiosidade fala mais alto.

Estica-se para pegar na caixinha. Abre-a e não consegue conter uma exclamação de surpresa.

Dentro da caixa está uma pulseira, que só pode ser de ouro. Tem vários pingentes, uma coroa, um ceptro, um trono, um sapatinho de princesa, um castelo, uma torre, um unicórnio, mas o que chama mais a atenção de Rose e um R com uma coroa por cima.

- R. – murmura. – R de Rose.

Coloca a pulseira e observa. Serve na perfeição. Os pingentes são de ouro maciço, sem dúvida.

- Os meus pais nunca teriam dinheiro para mandar fazer uma pulseira destas.

Observa-a com mais atenção.

Todos os pingentes simbolizam a realeza. A coroa, o ceptro, o trono, o castelo, a torre, tudo. Até o R com uma coroa por cima.

Tira-a e mete-a no bolso. Irá mostra-la a Emmett, talvez ele saiba o que é.

Volta a pôr a caixa vazia dentro da arca e fecha-a sem tirar o avental. Já não vai fazer a tarte. Está quase na hora de ir ter com o seu nobre. Come algumas amoras e sai em direção à floresta onde se irá encontrar com ele.

...

Emmett chega primeiro que ela desta vez. Assim que ouve passos na floresta vira-se e vê a sua deusa.

- Rose.

- Não posso ficar muito tempo. – é a primeira coisa que diz. – Os meus pais vão desconfiar se chegar à mesma hora de ontem e não posso dar sempre a desculpa das amoras. Até porque desta vez não trouxe cesto.

Emmett sorri.

- Chegais aqui e a primeira coisa que me dizeis é que não podereis ficar muito tempo. Nem um beijo me dais.

Rose baixa os olhos e as bochechas começam a ficar vermelhas. “É tão diferente das raparigas da corte” repara Emmett, “se fosse uma dama da corte jamais coraria e iria dar-me uma resposta à altura.”

- Estou a brincar, meu amor. – pega-lhe na mão e puxa-a para os seus braços. – Apenas a brincar.

Rose encosta-se a ele. Gosta tanto do seu cheiro, do seu calor.

Ficam assim durante uns momentos.

Amorosamente Emmett levanta-lhe o rosto e cobre os seus lábios com os dele.

- Amo-vos.

Rose lembra-se da pulseira.

- Tenho uma coisa para vos mostrar. – diz endireitando-se.

- Um presente? – pergunta ele com um sorriso e uma sobrancelha levantada.

- Não. É uma coisa que quero que vejais.

Tira do bolso a pulseira e mostra-lha.

- Encontrei isto no fundo da arca da minha mãe dentro de uma caixa.

Emmett pega na pulseira e observa-a. Observa também o pingente com o R.

- A princesa Victoria tem uma igual. – diz intrigado. – Só que em vez de ter o R tem um V. Também tem um colar de pérolas com este símbolo.

- A princesa Victoria?

- Sim.

- Como se chamava a outra princesa? – pergunta Rose.

- Rosalie. – diz Emmett. – Sem dúvida esta é a pulseira dela. Jamais alguém do povo poderia ter uma pulseira destas.

- Mas porque é que a pulseira da princesa Rosalie está na minha casa, escondida na arca da minha mãe.

Emmett abana a cabeça.

- Não faço ideia. Será possível ela ter encontrado a princesa?

- Não sei. – Rose abana a cabeça. – Mas se a tivesse encontrado iria entrega-la ao palácio, tenho a certeza.

mmett olha para Rose. Aqueles olhos fazem-no lembrar alguém.

- Importais-vos que fique com ela?

- Não. Até me dá jeito. Se a minha mãe der por falta dela não me pode culpar.

Emmet assente. Mas a duvida não sai da sua cabeça. Que faz a pulseira da princesa Rosalie em casa de uma camponesa?

...

Rose sonha. A rainha com um bebé nos braços, um bebé que lhe é tirado pela sua mãe que corre com ele nos braços. Corre para longe, longe do palácio, cada vez mais rápido e a rainha chora na varanda, chora como Rose nunca viu ninguém chorar. E a mãe corre, corre. O sonho transforma-se. Rose na corte, linda, com um vestido maravilhoso, a princesa Victoria junto da rainha. Rose tenta falar com ela, mas a rainha ignora-a e só liga à princesa Victoria. Depois vê a pulseira, a pulseira que se transforma num colar de pérolas apenas com o pingente que tem o R, o colar é colocado no pescoço de Rose pelo rei.

Acorda baralhada e confusa.

Jacob acorda também ou ouvir a cama da irmã ranger.

- Está tudo bem? – pergunta sem sair da cama.

- Está. – murmura Rose. – Tive um sonho estranho foi só isso.

Volta a deitar-se e puxa a roupa para cima.

“O que significará tudo isto?”

...

Emmett espera por ela junto à casa.

- Que fazeis aqui? – pergunta Rose quando sai com tenções de ir ter com ele.

- Decidi vir buscar-vos hoje.

- Não devieis. – diz Rose. – Os meus pais podiam ver-vos.

- Eu vi-os sair.

- E não sei se sabeis, eu tenho vizinhos que são uns coscuvilheiros.

Emmett sorri e estende-lhe a mão.

- Vinde, subi.

Rose olha para o magnifico cavalo.

- Eu? Aí em cima?

Emmett sorri.

- Sim. Vinde.

- Não sei montar. – murmura.

- Estais comigo, não vos deixo cair.

Rose olha com desconfiança para o cavalo.

Emmett ri-se e salta para o chão.

- Eu ponho-vos lá em cima.

Agarra-lhe na cintura para a pôr em cima do cavalo. Rose sente uma onda de calor percorre-la ao sentir as mãos dele na sua cintura, apenas afastadas da sua pele por uma fina camada de tecido.

- Agarra-vos à sela. – recomenda Emmett.

Rose faz o que ele diz sem vontade nenhuma de ir parar ao chão.

Emmett sobe para trás dela e agarra as rédeas.

- Vamos, minha donzela?

Rose olha para o chão. Nunca esteve a tamanha distância dele, a não ser quando sobe às árvores.

- Não vos preocupeis, eu seguro-vos. – murmura Emmett junto ao seu ouvido fazendo-a arrepiar.

O cavalo começa a andar a passo, depois a trote e por fim a galope pelos campos abertos.

Rose fecha os olhos para sentir melhor o vento a bater no rosto e o calor do corpo de Emmett junto ao seu. Emmett sorri ao vê-la tão feliz. Gosta de a sentir encostada assim junto ao seu corpo.

Cavalgam durante algum tempo. Rose acha que não pode existir melhor sensação do que o cavalo a esticar-se, o som dos cascos a bater no chão e o vento no rosto.

Emmett pára junto a um penhasco de onde se vê o palácio ao fundo, no cimo de uma colina. Uma visão espantosa.

- Um dia dançaremos juntos no palácio. – murmura. – E passearemos juntos nos jardins, e teremos um quarto onde podemos ficar agarradinhos toda a noite.

Rose encosta-se ao corpo dele.

- É uma visão espetacular.

- É. – concorda Emmett. – Como tudo o que faço, vejo, sinto, quando estou convosco.

Rose vira o rosto para ele e é surpreendida com um beijo apaixonado.

- Amo-vos. – murmura ele.

- Também vos amo.

Emmett sorri.

- Meu Deus, ela disse que me ama.

Rose ri.

- Não sejais parvo, por favor. É claro que vos amo.

- Dizei outra vez.

- Amo-vos.

- E outra vez.

- Amo-vos, amo-vos, amo-vos, amo-vos.

Ele volta a beija-la.

- E agora temos de deixar a donzela em casa.

- Não. – põe os braços em volta do pescoço dele. – Quero ficar convosco. Convosco para sempre.

Ele beija-a.

- Um dia. – promete. – E esse será o dia mais feliz da minha vida.

Rose sorri e poisa a cabeça no ombro dele.

- Também o meu.


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