A Herdeira escrita por Cate Cullen
Notas iniciais do capítulo
Perdoem-me pela demora.
Beijos
Rose caminha pela floresta com um cesto, saiu de casa com o pretexto de vir apanhar amoras, vai encontrar-se com o nobre bonito, mas nunca poderia dizer isso à mãe. Não consegue perceber porquê, mas a mãe tem qualquer aversão a pessoas da corte. Rose ainda não a perdoou por ter recusado uma oportunidade tão boa. Podia estar na corte a esta hora senão fosse ela.
Senta-se na pedra junto da cascata e pousa o cesto ao seu lado. Será que ele vem? Pergunta-se a todo o momento. Ao fim de alguns minutos de espera começa a desesperar. A paciência nunca foi o seu forte.
- Estúpida. – murmura para si mesma. – Porque haveria ele de vir? Porquê? Sou uma camponesa, ele deve ter todas as mulheres da corte a cair aos seus pés. E está noivo.
- Já não, princesa. – ouve uma voz murmurar atrás de si.
É a voz dele.
Vira-se com a respiração mais acelerada. Com o som da água a correr nem ouviu os cascos do cavalo.
- Meu senhor. – murmura não tirando os olhos dele. Está bonito como sempre.
Emmett senta-se junto da sua camponesa e passa-lhe a mão no rosto.
- Viestes. – murmura docemente.
Rose sorri.
- Achastes que não vinha, meu senhor?
- Não me trateis com tanta formalidade. – pede. – Para vós é Emmett.
- Emmett. – repete.
Um nome bonito para um homem bonito.
- Ainda não me tínheis dito o vosso nome. – murmura.
Ele sorri.
- Esqueci-me, fiquei encantado convosco.
Rose baixa os olhos.
- Sonhei convosco. – diz ele com o seu tom doce. – Estava ansioso para este momento.
Rose também estava ansiosa e sonhou com ele, o seu sonho estranho.
Emmett aproveita o silêncio dela para lhe dar um beijo. Começa apenas com um toque de lábios e depois vai-se aprofundando.
Param o beijo e ficam a olhar um para o outro fixamente, para logo a seguir se voltarem a beijar ardentemente. Ele deita-a cuidadosamente na pedra e pára o beijo para observar o seu rosto.
- Não posso ser vossa amante. – diz Rose, o cabelo espalhado sobre a pedra.
- Não. – murmura ele. – Sereis minha esposa.
Rose senta-se surpresa.
- Isso é impossível.
- Nada é impossível quando se ama. – diz Emmett repetindo as palavras da rainha.
- E isto é amor? – pergunta Rose.
- Será amor? – repete Emmett. – Amais-me Rose?
Rose está tão confusa. Como pode saber se o ama. Nutre sentimentos estranhos e desconhecidos por ele. Poderá ser amor?
- Não sei. – murmura.
- Pensais em mim, Rose?
- Constantemente.
- Desejais estar comigo?
Rose morde o lábio.
- Desejo.
- Gostais que vos beije?
- Gosto. – diz corando.
- Exatamente aquilo que sinto por vós. – diz Emmett. – É amor. Tenho a certeza.
- Será amor? – repete a pergunta dele.
- É. Já alguma vez lestes romances?
Rose cora.
- Nunca li nada. Não leio muito bem e escrevo ainda pior.
Emmett sorri.
- Quando fordes minha esposa ireis aprender. – promete.
- Como posso ser vossa esposa? Ireis casar com a princesa Victoria.
- Já não. – Emmett sorri satisfeito. – A rainha cancelou o noivado quando lhe disse que gostava de outra.
- Disseste-lhe que gostais de mim?
- Não disse que era de vós. – corrige pondo-lhe uma madeixa de cabelo por trás da orelha. – Disse que gostava de outra.
Rose baixa os olhos. “Será que ele não está a falar de mim?”
Emmett percebe a atrapalhação dela.
- Claro que é de vós. Eu amo-vos.
É a primeira vez que ele o diz e o coração de Rose dispara.
- Amo-vos. – murmura.
Emmett sorri e beija-a apaixonadamente.
- Amo-vos. – grita. – Eu amo a Rose.
- Calai-vos. – Rose tapa-lhe a boca com a mão. – Ninguém pode saber.
- Saberão um dia. – diz Emmett. – Quando vos levar para serdes apresentada na corte.
Rose toma consciência da realidade.
- Emmett, eu não posso casar convosco. Não tenho estatuto.
- Desejais casar comigo?
- Desejo, mas não posso.
- Então se o desejais, tanto como eu, havemos de casar. Quando se ama nada é impossível. – volta a repetir.
Rose sente-se mais confiante com as palavras dele.
- Teremos de deixar passar algum tempo. – diz Emmett. – Talvez alguns meses. Podeis vir para a corte e…
- Eu não posso. – interrompe Rose. – A minha mãe não me deixa ir. Lembrais-vos que a rainha me ofereceu um lugar e a minha mãe não deixou.
- Tenho a certeza que com tempo a conseguis convencer. – garante Emmett. – Eu levo-vos para a corte e daqui a uns meses anuncio que quero casar convosco. Vai ser difícil convencer o meu pai, mas…
- E o rei? – pergunta Rose. – E a rainha? Achais que vão gostar que troques a filha por mim?
- Os reis não são problema. – garante. – Foi a rainha que deu a ideia de cancelar o noivado.
- E achais que aceitaria que uma camponesa casasse com um nobre?
- Ela acredita no amor. Tenho quase a certeza que quando percebesse que nos amamos não impediria o casamento. Como já disse o meu pai seria o mais complicado de convencer.
- E seríeis capaz de o contrariar para ficar comigo?
- Seria. – dá-lhe um beijo na bochecha. – Sois a pessoa que mais amo no mundo. Não me consigo manter afastado de vos. Posso beijar-vos?
Rose cora e baixa os olhos.
- Eu preferia que me beijasseis sem perguntar.
- Porquê? – pergunta Emmett com um sorriso divertido. – Gosto de vos ver corada.
- Eu não.
- Ficais tão fofa assim vermelhinha. Mas eu prometo que para a próxima vos beijo sem pedir.
Rose olha para ele tão vermelha como um tomate.
- E agora podeis beijar-me na mesma?
Emmett ri-se com a pergunta e responde com um beijo calmo e apaixonado.
- Agora tenho de ir. – murmura Rose levantando-se.
- Amanhã à mesma hora. – estipula ele.
- Certo. Até amanhã.
- Adeus, meu amor.
....
Esme entra no quarto e fecha a porta. Quer ficar sozinha.
Caminha até à caixa de jóias, abre-a. No fundo, está uma pequena bolsa vermelha. Abre-a e tira lá de dentro um colar de pérolas com um R em dourado que tem uma coroa por cima.
Victoria tem um igual. Este seria para dá-lo a Rosalie quando fizesse catorze anos. Nunca o poderá dar. Na altura, mandara também fazer uma pulseira em ouro com este mesmo R e a coroa. A pulseira desapareceu na mesma noite que a princesa.
- Talvez ainda a tenha. – murmura Esme.
Com as lágrimas nos olhos beija o R e encosta-o ao coração. Será que alguma vez voltará a ver a filha?
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