Começar o dia com minha mãe dizendo “Bom Dia”. Abraçando-me e me chamando para o café é o que eu posso chamar de “sonho”. Na realidade não é bem assim. Começo o dia com minha mãe me chamando para o café. Acordo e tomo meu banho, troco minha roupa, desço a escada já pronta, com a bolsa nas costas aguardando o café. Ela silenciosamente coloca o café na xícara, coloca as torradas na mesa, e me oferece. E eu, silencioso, alimento-me de minha refeição matinal.

    Minha mãe não é ruim, não me bate, nem me despreza, muito menos me humilha. Ela é apenas muito distante de mim. Enquanto eu faço minha refeição matinal, fico imaginando se ela fosse feliz, acariciasse meu rosto, me dissesse palavras bonitas, confortantes, me oferecesse o carinho de mãe que eu tanto vejo em outras crianças. Ouvir seu “Eu te amo”, apenas isso, todas as manhãs, seria gratificante. Mais apenas me contento com isso, consigo filtrar um pouco do seu amor por mim no seu silencio em que me dá o café, em que me acorda para a aula, em seu abraço sem força. Seu rosto cansado e ao mesmo tempo amável, em meio a melancolia do silencio, me dá uma sensação de paz. De conforto e tranquilidade.

Olhando isso, olhando seu rosto, cansado e belo ao mesmo tempo, seu jeito amável e melancólico. Me dá coragem de vencer meus medos, tanto aqui, quanto na escola. Conseguirei recuperar a felicidade perdida da minha mãe. Usarei minha coragem, mesmo pequena e insignificante, para conquistar a felicidade dela, e trazer um sorriso para aquele rosto, que é ao mesmo tempo melancólico e belo.

Continua...