New Starts - Fic Interativa escrita por Feliz33


Capítulo 9
Capitulo 9 - Selecionais




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– Você não tem nada preparado? - Will perguntou assustado e surpreso com a falta de responsabilidade de seu colega em dirigir o Glee club.

Ambos os professores estavam sentados na sala dos professores sozinhos, eles eram os únicos que tinham esse tempo livre, todos os outros estavam dando aula naquele momento, era incrível como a escola fica mais pacifica sem todas aquelas pessoas gritando.

– Eu sei, eu já devia estar com toda a apresentação pronta, a lista de músicas e já estar pensando na coreografia, mas eu tinha tanta coisa com que me preocupar – Respondeu Nicolas cabisbaixo, ele não tinha nada preparado e as selecionais seriam em duas semanas, mas não a culpa não era dele se Arthur era simplesmente perfeito e ele não conseguia parar de pensar nele. Tá, talvez um pouco da culpa fosse dele, mas não toda! Uma parte da culpa era do Arthur por ser tão perfeito!

– Você já pensou em um tema para a apresentação?

– Tema? - Nick olhou para seu colega de trabalho

– É, sabe, aquilo que você usa para conectar as musicas que você escolheu, porque você pelo menos já pensou em quais musicas vocês vão cantar, né? - Nicolas só conseguiu dar um sorrisinho culpado, porque realmente, ele não tinha pensado em N.A.D.A.

– Um tema é necessário mesmo? – perguntou Nick que queria evitar o máximo possível preocupações desnecessárias.

– Bom, não é obrigatório, mas todo mundo sempre tem algum, nem que seja estranho, todo mundo sempre tem. Por que você não discute isso com os alunos?

– Eu não tenho tempo pra isso e o grupo está divido demais pra isso – falou Nick. Tema, tema, pensa Nicholas, qual tema? Pensava frenticamente o professor.

– Como assim? - Will estava confuso já que até aquele momento Nicolas não tinha reclamado sobre nada em relação ao Glee, internamente o moreno estava até feliz em saber que ele estava tendo problemas já que até o momento tudo parecia perfeito e Nicolas estava fazendo Will questionar suas habilidade de quando ele liderava o Glee.

– Ele tá dividido em três grupos, os populares, lusers e os em cima do muro, eu realmente não sei o que fazer. - Nicolas estava cansado daquilo, ele não tinha tentado intervir até porque ele não era assim tão mais velho pra sair dando conselhos de vida e ele sabia como um conselho ruim podia atrapalhar, então pra não fazer nenhum estrago, ele não fez nada. Nada tem sido sua atividade mais bem sucedida recentemente.

– Quer meu conselho, misture os grupos para obrigar eles a trabalharem juntos, é a melhor opção. - Disse Will apontando para Nicolas com um sorriso orgulhoso de seu próprio conselho, pena para ele que Sue tinha acabado de entrar na sala a tempo de ouvir o conselho.

– Não ouça ele cabeça de fósforo, isso nunca deu certo. - Disse Sue passando pelos dois colegas e indo direto até a maquina de café.

– Lógico que deu Sue! - Contra-argumentou Will indignado.

– Tão bem que seu grupo todo se desfez - Nicolas não conseguiu segurar o rizinho por causa da quantidade de sacarmos que Sue usou em uma só frase.

– Sue, você nunca perde uma chance de me irritar, que coisa! - Will se levantou da mesa que estava compartilhando para ir na direção de Sue para discutir, enquanto isso Nick pegou suas coisas para sair discretamente da sala, mesmo que não fosse como eles iriam notar caso ele resolvesse bater a porta na hora de sair.

– E claro que não. O seu cabelo nunca perde uma chance de me irritar, por que eu deveria...

O ruivo saiu da sala porque ele já tinha se acostumado com a dinâmica dos dois, quando eles começavam a discutir, não tinha jeito, o melhor plano era sair. Era muito bom quando se tinha o período livre e todos os alunos estavam tendo aula, mas você não tinha que ter aula, geralmente esse seria o momento que ele pegaria seu celular e começaria a gastar seus creditos com mensagens, mas agora ele precisava encontrar um lugar que ele tivesse inspiração para escolher um tema para as selecionais.

A escola era razoavelmente grande, mas era difícil achar lugares bons para sentar e pensar, e definitivamente sua sala não era uma opção, por isso ele acabou simplesmente vagando pelo escola. Tema, como ele iria arrumar um? Ele podia não ser assim tão mais velho que seus alunos, mas existia uns bons 10 anos de diferença, 10 anos que impedia ele de saber o que iria agradar eles.

Primeiro ele pensou em diversidade, mas isso era tão clichê que ele teve vontade de bater a cabeça na parede por ter considerado. Depois ele pensou em algo que tivesse haver com a infância, tipo cantar musicas de Disney porque por mais que alguns reclamassem ainda era algo que fazia parte de todo mundo, mas mesmo assim, não parecia ser algo que os faria ganhar. Ele precisava de inspiração, de uma luz salvadora, mas tudo que ele conseguiu foi bater de cara com a porta de vidro que era a saída para as arquibancadas.

Sério? De vidro? Alguém ainda vai morrer com isso...

Não culpe a porta por causa da sua falta de atenção

Alguém pediu a sua opinião?

Há uns minutos atrás você pediu em relação ao tema

E você não ajudou de nada

....

De qualquer forma, que tema a gente escolhe?

Não sei. Olha a gente fica pensando em estilos de músicas, em artistas, mas talvez não seja preciso algo tão complicado. Quem sabe algo mais simples não seria melhor?

Talvez fosse, mas o que?

Ah, sei lá, eu já esgotei minha criatividade. Pergunta pra aquela menina ali.

Só então percebeu a menina que estava sentada nas arquibancadas, e que logo reconheceu como uma de suas alunas. Decidiu seguir o seu próprio conselho e perguntar pra ela.

– Angel, você não tem aula agora não? - Nicolas podia ver que Angel tinha se assustado, principalmente por causa da forma assustada com que ela olhou para ele, a garota estava vestindo uma calça jeans com um casaco da GAP

– Ãh, não?! - Angel deu um sorriso culpado que arrancou uma risada de Nick, isso fez com que a garota relaxasse. O ruivo sentou do lado da garota e sorriu para ela, se tinha uma coisa que ele sabia era reconhecer quando alguém estava com problemas

– Tá, vou fingir que acredito, posso perguntar o por que de você estar aqui fora? - Seu comentário fez com que a garota mexesse de forma nervosa, Angel evitou os olhos do professor e encarou o campo completamente vazio.

– Estou pensando. - Respondeu vagamente, Nick sabia que ela provavelmente não queria conversar, mas ele não podia evitar essa necessidade de tentar ajudar sua aluna.

– Pensando?

– Professor, eu não me sinto muito confortável para falar sobre isso com o senhor, tudo bem? -Angel sorriu para Nick de forma culpada, mas o ruivo só concordou, ele sabia que era difícil se abrir com as pessoas mais do que ninguém, é difícil confiar em alguém, principalmente em um professor. - Mas porque o senhor esta aqui? - A morena tentou desviar o assunto e tirar o clima pesado que tinha se instalado, Nicolas simplesmente foi junto com a maré. Quem sabe ele não poderia pelo menos distrair a garota.

– Ãh, estou com dificuldades de arrumar um tema para as apresentações na selecionais. - Explicou suspirando de forma dramática arrancando um sorriso e um rolar de olhos de Angel, O ruivo resolveu considerar o sorriso uma vitoria.

– O senhor ainda não escolheu?! - A garota exclamou quando o que isso siguinifaca, as selecionais estavam próximas, próximas até de mais para não ter nada pronto.

– Ai, não me de um sermão, eu já ouvi dois só hoje. - O ruivo colocou uma das mão na cabeça enquanto suspirava e balançava a cabeça de forma negativa.

– De quem?

– Do Will e da minha consciência. Essa última está especialmente irritante esses dias - O comentário arrancou uma risada da garota que agora não parecia mais tão triste quanto estava quando o ruivo tinha chegado.

– Por que o senhor ta com dificuldade de escolher um tema?

– Estou com medo de vocês não gostarem - Explicou timidamente Nicolas encarando o rosto de Angel para ver a reação da garota, ela franziu as sobrancelhas e demorou um tempo para responder ao comentário.

– Posso dar minha ideia? - O professor simplesmente balançou a cabeça dando permissão para Angel falar - Porque o senhor não escolhe um tema que tem haver com alguma dificuldade que você teve na vida? Ou uma experiência muito boa? - O comentário deixo Nick pensando, não era como se sua vida tivesse tido muitos obstáculos, mas tinha uma coisa que ele tinha em comum com qualquer adolescentes.

– Eu não sei Angel. O tema deveria ser sobre vocês, mas se eu deixar vocês discutirem entre vocês, é capaz de alguém ser morto – falou o professor estressado.

– Dependendo de quem fosse, nem seria má idéia... – falou a garota tirando um sorriso do professor – o clima tá tenso mesmo, principalmente por culpa da Gabi, que nem está no clube. Incrível como aquela garota consegue ferrar tudo.

– Pois é. Mas de qualquer forma, pensa Angel! Apesar desse drama o que vocês tem em comum? Do que vocês gostam? O que vocês querem? – perguntou o professor, tentando tirar da garota algo que o inspirasse.

– Eu não sei. A única coisa em comum é que somos todos adolescentes. O período infernal da vida em que você tem responsabilidades de adulto, mas continua preso como uma criancinha – falou a garota em um desabafo. Ficaram em silêncio por um tempo até Nicholas perceber que ela tinha dado uma ótima idéia.

– O que você acha sobre liberdade?!

– O que? - Por essa Angel não esperava, ela achava que o professor iria falar algo sobre respeito e ser que você mesmo, ou Elvis Presley e etc, algo bem clichê.

– Tipo, a liberdade de tomar as próprias decisões, de fazer o que quer, sabe? Tomar as rédeas de sua vida, enfrentar as consequências de suas escolhas, aprender com seus erros, esse tipo de coisa?! - Explicou Nicolas encarando sua aluna com animação - Diferente do que você deve achar, faz pouco tempo que eu tenho esse tipo de liberdade e algo que todo adolescente quer, certo? - Angel concordou com a cabeça fazendo seu professor sorrir animado. - O que você acha? - A garota ficou em silencio pensando por um tempo até que sorriu para seu professor e falou:

– Humm, eu gostei.

– Obrigado Angel, você me ajudou bastante. - Disse animado Nicolas se levantando, ele tinha que escolher as musicas ainda e para isso ele iria precisar de um computador. O ruivo estava descendo da arquibancada quando ouviu Angel responder.

– De nada professor. Aqui, posso perguntar algo? - O ruivo parou e virou para sua aluna para dar toda a atenção, uma parte dele esperava que isso tivesse a ver com o problema da garota para que ele pudesse ajudar.

– Claro

– O que você faria - Angel parou como quem estivesse repensando se isso era ou não uma boa ideia - se você gostasse muito de alguém, mas essa pessoa já estivesse com outra? O que você faria?

– Eu tentaria roubá-la para mim - Respondeu ele de forma simples sorrindo para Angel, afinal ele tinha uma ideia de quem ela se referia.

– Serio? - Angel encarou surpresa.

– Na sua idade, namoro não é algo tão sério quanto parece ser. São poucos os que se casam com os namorados do colégio, e mesmo esses muitas vezes se separam depois- Explicou Nicolas prestando atenção nas reações da morena. - Se eu realmente gostasse dessa pessoa e achasse que ela não estava feliz no namoro em que ela estava eu iria rouba-la para mim e me certificar de fazer ela feliz - Ambos ficaram se encarando por um tempo, o professor esperando uma reação de sua aluna e a outra processando a informação.

– Obrigado professor. - Respondeu com simplicidade a outra pegando em sua mochila seu caderno de notas.

O professor sorriu para ela e se virou para sair dando um simples aceno de cabeça, alguma coisa na sua cabeça dizia que ele tinha feito a coisa certa, ele só se perguntava quanto tempo até aquelas duas ficarem juntas.

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Aquela semana estava sendo estressante para Bia. O Glee club estava tendo que ensaiar muito devido a enrolação do professor em organizar alguma coisa, ela estava tendo que estudar muito para a prova de química naquela semana e ela odiava química, Mary não parava de reclamar sobre o James namorando Jean, mas o pior era que estava cansada do seu drama com o irmão.

Ela amava muito Paul, mas já fazia um tempo que sua proximidade com ele a estava incomodando, e ela estava tentando se afastar aos poucos, para que ele fosse se acostumando e não houvesse necessidade de drama. Aparentemente drama era sempre necessário, e por isso acabaram brigando. Bia sabia que sua reclamação era justa, e por isso estava esperando que Paul pedisse desculpas primeiro.

Mas a briga dos gêmeos já estava durando tempo demais. Depois do drama na festa, ela pensou que em alguns dias o clima tenso passaria, mas o irmão se recusava a deixar passar. Ela não gostava da idéia de pedir desculpas quando achava que estava certa, mas não aguentava mais aquela tensão dentro de casa, então decidiu dar o primeiro passo. Quem sabe depois que ela explicasse os seus motivos e passasse um mês martelando isso na cabeça dele, ele não a ouviria? Por isso naquela noite foi bater na porta do quarto de seu irmão, e quando ele abriu a porta começou a oferta de paz.

– Vamos conversar? – perguntou em um tom calmo apoiada na parede.

– Eu não tenho nada a dizer, mas se você quiser falar, eu escuto – falou o garoto depois de um suspiro. Ele não queria ceder, mas já estava cansado da situação também.

– Olha, desculpa ter gritado com você. Foi rude e violento e eu não deveria. Mas você também me provocou, por que você foi de penetra naquela festa? Você podia ter achado um programa muito melhor, mas foi nela só porque eu tinha ido – falou a garota tentando exigir uma desculpa do irmão.

– Pra dizer a verdade Bia, eu tô com a sensação de que você está me abandonando. Você sai com que eu não conheço, não me chama para os seus programas, às vezes acho até que você me evita – falou Paul com um tom triste e sincero – o que aconteceu? Por que você mudou?

– Paul, você não entende? Eu não estou me distanciando porque algo está errado, mas porque é o certo. Nós somos próximos demais, sempre fomos! –começou a falar a garota com sinceridade. Sempre soube disso, mas nunca realmente se importou, porque eles sempre se divertiram muito juntos. Mas recentemente, ela tem se sentido meio anulada por sempre seguir as loucuras de Paul. Ele sempre dava as idéias, sempre decidia onde iam e ela era arrastada, e começou a ter um pouco de crise identidade, quer dizer, quem ela era longe do Paul? Poderia fazer amigos só dela? Como agia por conta própria? Ela não sabia dizer. Então ela decidiu que precisava descobrir sua própria identidade, e para fazer isso, por mais que doesse, teria que se distanciar de Paul.

– Nós somos irmãos, não só irmãos, mas GÊMEOS! Fomos feitos para sermos próximos. Isso é bom não vê? Assim nunca sentiremos solidão, nunca seremos sozinhos! – Paul amava muito a irmã. Por causa dela nunca se sentia só, e sempre se sentia amado, mas recentemente isso estava mudando. Ela estava se afastando, e pela primeira vez se sentia um tanto sozinho.

– Nós sempre vamos apoiar um ao outro Paul, mas não podemos estar sempre juntos! Eu preciso de um tempo sozinha, um tempo pra mim mesma, um espaço para mim mesma, uma vida para mim mesma – falava a garota em tom aflito – entenda Paul, nós não somos a mesma pessoa, eu quero ter amigos meus, programas meus, eu preciso ser eu mesma. Com você é como... é como se...

– Como se o que? – perguntou Paul triste. Ele esperava que aquilo fosse algo temporário, mas pelo rumo da conversa, era algo sem volta. Ele e a sua irmã teriam que se distanciar e isso era algo que ele temia muito. Nunca tinha imaginado o mundo com ela longe.

– Como se eu não existisse! – desabafou Bia – é como se eu fosse uma extensão sua. E eu não posso ser outra pessoa, eu preciso ser eu mesma! E pra isso eu não posso estar SEMPRE com você – concluiu a garota triste. Sabia que estava magoando irmão, e detestava isso, mas precisava fazer isso.

Paul ficou encarando a irmã por um tempo, pensando no que falar. Ele entendia que isso era importante pra ela e tinha consciência de que realmente eram próximos demais, mas não conseguia evitar uma mágoa. Pensou em fazer um escândalo, em descontar toda a sua raiva nela, pensou em começar a ignorá-la, tentar fazê-la se sentir culpada, mas não adiantaria de nada, só entristeceria a irmã. Então abraçou ela bem forte e sussurrou em seu ouvido:

– Tudo bem irmã. Leve o tempo que você precisar para se conhecer. Mas saiba que eu te conheço, e eu vou te contar uma coisa: você é incrível!

Bia ficou muito emocionada com a reação de seu gêmeo. Ela esperava que ele fosse fazer um drama por no mínimo uma semana antes de tentar compreendê-la, mas em vez disso, ele a entendeu e a apoiou. Que irmão incrível que ela tinha. Eles ficaram abraçados por um tempo, e quando Bia ia sair do quarto decidiu que queria passar um tempo com o irmão, então sentou na cama dele e falou:

– Adivinha quem me chamou em um encontro? –falou ela de forma brincalhona e acabando com o clima pesado.

– Com quem? – perguntou Paul, aceitando a mudança de assunto e sentando do lado da irmã.

– Com a Celina – falou Bia – a gente começou a se aproximar no Glee club. Ela na verdade é muito simpática quando está longe da Gabi.

–Nossa, mas você acha que ela seria uma boa namorada? – falou Paul desconfiado. Quase todas as cheerios que namoravam traíam seus respectivos parceiros. Ele detestaria ver isso acontecendo com a irmã e ele não podia calar seu lado super-protetor de irmão.

– Não vejo por que não. Ela é super bonita, sensual, divertida e inteligente. Nossa, e ela é engraçada, depois que eu falo com ela, minha mandíbula até dói de tanto rir – falou a garota animada.

– Isso é verdade – comentou o garoto tentando parecer feliz por ela. A verdade era que ele via isso como mais uma barreira entre ele e a irmã – mas você quer só ficar, ou você vai querer algo sério?

– Ah, eu gostaria de namorar de verdade, um namoro sério – falou a garota. A verdade era que esse era o ponto daquilo, ela sentia que sua absoluta irresponsabilidade era uma influência de Paul, então para se encontrar ela tentaria ser responsável, não beberia demais, estudaria regularmente, não faria nada de exageradamente estúpido, e por fim, namoraria sério, e como Celina foi a primeira interessada, ela resolveu dar uma chance. Tipo, Celina seria a namorada ideal, bonita, inteligente e popular, então, por que não dar uma chance?

–Sério? – falou Paul em tom decepcionado com as novas mudanças.

– Relaxa Paul. Mesmo que eu tenha novos amigos, novos programas e um namoro sério, eu sempre vou ter tempo para você. Você pode ter que se afastar, mas você nunca vai me perder, nem que você queira – falou ela confortando o irmão.

– Quem me dera eu quisesse – falou ele arrancando risadas da gêmea. Naquele momento nem parecia que as coisas tinham mudado. Logo ambos embarcaram em uma conversa sobre o novo ficante de olhos violetas de Paul.

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Ric não sabia direito o que estava fazendo no Glee club. Ele tinha entrado no clube para tentar ficar com Jean, mas apenas uma semana depois ela começou a namorar o tal do James, e ele acabou desanimando. Não que ele sentisse culpa de ficar com uma garota que esteja namorando, mas ele já tinha Gabi e Celina que por razões óbvias interferiam, Angel estava misteriosamente superprotetora com a loira e agora aparece mais uma pessoa para atrapalhar? Nenhuma mulher vale todo esse esforço. Além disso, os rumores dela ser lésbica tinham passado, então ficar com ela pouco ajudaria com a sua popularidade.

Mas apesar de não ter nenhum motivo para ficar no clube ele não só ficava, mas estava animado com as selecionais. Ele gostava de cantar e dançar e adorou o tema que o professor escolheu e decidiu que ficaria, só pelo clube mesmo.

Mas o que ele mais gostou foi que quando ele comentou casualmente com o pai que ele ia se apresentar com o clube, ele disse que queria ir ver. Richard por um instante achou que ele estava brincando, mas como ele em vez de rir ou fazer um comentário irônico, perguntou quando e onde que era ele percebeu que eram sério.

Richard convidava o pai para ir em todos os jogos de futebol do campeonato e ele só foi uma vez, na final, que eles perderam. E agora, de repente ele se convidava para ir para o show do glee, algo que ele considerava não ir. Ficou remoendo isso por um tempo até que resolveu perguntar:

– Pai, só por curiosidade, por que você quer ver a apresentação do Glee club? – perguntou Ric timidamente.

– Por que, você não quer que eu vá? – perguntou o homem imediatamente, deixando Ric um pouco sem jeito.

– Não, não, claro que eu quero que você vá! Quero dizer... você não precisa ir, mas também não precisa não ir... quero dizer, tanto faz, você escolhe – falou com uma risadinha forçada. Meu deus Ric, fique calmo! pensou o garoto – é só por curiosidade.

– Bom, filho, na verdade é porque me traz algumas lembranças – falou o homem de forma vaga. Ele sempre respondia qualquer coisa dessa forma.

– Você já foi do Glee club? – perguntou Ric surpreso.

– Como você acha que eu conheci a sua mãe? – falou o pai de forma enigmática. Ric ficou olhando pro pai por um tempo. Nunca tinha pensado nisso antes. Evitava pensar em sua mãe desde que ela morreu quando ele tinha apenas 12 anos. Por fim seu pai completou – ela era do clube e eu entrei para dar em cima dela. Foi nele que começamos a namorar. Eu imagino que você esteja fazendo algo semelhante, certo? Quer dizer, você não entraria nesse clube de bichas por que você gosta.

– É, claro que não. É que tem uma gata nesse clube que eu queria pegar, e tava difícil conversar com ela por causa da Gab, então eu acabei entrando no clube – falou ele tentando mostrar o máximo de desprezo pelo Glee possível. Para quase todo mundo era quase impossível fazer Richard mudar de aitude ou postura quanto a algo, mas para seu pai era ridiculamente fácil. Qualquer coisa que ele dissesse valia para Ric. Ele só começou a trair a Gabi porque seu pai fez uma piada de que ele estava domado.

Aquilo deixou Richard extremamente animado com a apresentação. Eles precisavam ganhar, não queria que seu pai o visse perder de novo. O problema era que o Glee club estava dividido, e ninguém se importava com a apresentação deles, então ele resolveu agir a respeito. No clube existiam dois grupos básicos, o dos losers e dos populares. Para motivar os losers ele fez um acordo de que ninguém do grupo de futebol agrediria nenhum deles fisicamente até o final do ano se eles ganhassem. O grupo, cansado do bullying reforçado de Gabrielle aceitou na hora.

O dos populares foi um pouco mais complicado. Como um grupo não havia nada que eles queriam, então ele teve que coagir cada um pessoalmente. Conseguiu convencer Angel, Alex e Celina prometendo não dar mais em cima de Jean (o que ele já ia fazer de qualquer forma), quanto a Paul ele prometeu ajudá-lo em sua campanha para presidente estudantil, mas não conseguiu pensar em nada para convencer Bia. Decidiu ignorar isso, e realizar o próximo passo. Liderar o grupo.

Foi até fácil se tornar o líder. Não é como se houvesse qualquer concorrência, e além dele ser um líder nato, todos tinham um respeito inconsciente pelo garoto mais popular da escola. Ele fez com que todos treinassem os alcances vocais, decorassem as músicas perfeitamente e treinassem muito a coreografia. Este último foi o mais difícil. Todos tinham boas vozes e boa memória, mas poucos tinham uma boa coordenação motora. Além dele próprio se destacavam Celina, Alex e curiosamente Emely, e os quatro trabalhavam com os outros a coreografia até que ficasse perfeito. Angel e Thomas foram os que demoraram mais para aprender, mas acabaram conseguindo.

Quando tudo parecia perfeito, apareceu um problema. Sua namorada. Gabrielle tinha detestado a entrada de Richard no Glee club, mas ela achou que ele desistiria rápido. Quando percebeu que ele estava de fato se esforçando ela começou a fazer um drama absurdo. Tiveram várias brigas até que no dia anterior às selecionais tiveram a pior na casa de Gabi enquanto seus pais estavam fora.

– Por que você está fazendo isso? Entrar no Glee já foi péssimo, mas agora você virou o líder deles? – falava a garota indignada e furiosa – essa é a sua forma de me dizer que você é gay? Por que não existe nada mais bicha no mundo do que o Glee club! – Gabi sempre pressionava essa tecla para conseguir o que queria. Qualquer questionamento de sua masculinidade sempre deixava Ric muito inseguro, mas misteriosamente não estava funcionando desta vez.

– Meu deus Gabi, para de encher o saco! É só a apresentação de um clube, não é nada demais – retrucou o garoto.

– De qualquer forma, por que você entrou no clube? Sem nem me consultar! Você só entrou, nem pensou em como isso me afetaria, nem perguntou a minha opinião! – a garota estava muito estressada. Normalmente o seu namorado era previsível e manipulável, mas agora ela não estava conseguindo entender ele, e o pior, ela não conseguia controlar ele.

– Gabi, eu tenho que te explicar uma coisa – falou ele como se fosse um professor tirando uma dúvida – eu não preciso da sua permissão para fazer nada. Se eu quiser ir com o Glee para as selecionais por que me deu na telha, eu posso. Você não é minha dona. Eu posso ir onde eu quiser, e não preciso dar explicações para ninguém, incluindo você – falou Ric em tom sarcástico. Ele já tinha perdido toda a sua paciência com Gabi, ela sempre foi controladora, mas depois da vingança dos losers ela tinha se tornado insuportável.

– Ok então! Você não precisa da minha permissão para, mas eu também não preciso da sua! E se eu estiver afim de sabotar as selecionais do Glee, eu não preciso consultar sua opinião! – falou a garota de forma esnobe e irritante. Richard sabia que ela falava sério, e não poderia deixar isso acontecer, então sem pensar muito respondeu com uma ameaça.

– Se o Glee club perder por sua causa Gabi eu JURO que você vai se arrepender! Eu vou falar para os seus pais que tudo que Emely disse era verdade, que você é apenas uma vadia viciada em drogas! – falou o garoto em um tom muito sério e ameaçador, o que assustou a garota. Não gostava de fazer uma ameaça tão terrível para uma garota, mas Gabi era difícil de intimidar.

– Você realmente ama esse Glee club, não é? A ponto de ameaçar A SUA PRÓPRIA NAMORADA!! Pois então você vai ter que escolher Richard. Ou o clube, ou eu – gritou a garota indignada. Era raríssimo ela não cumprir suas ameaças, mas Ric tinha uma vantagem muito grande sobre ela, então mudou para chantagem emocional.

– Adeus Gabrielle – falou Richard indo embora. Ele já estava considerando terminar o namoro há algum tempo, e agora era uma hora tão boa quanto qualquer outra. Ele sabia que teria de lidar com a retaliação de Gabi depois, mas pensaria nisso depois. Agora tudo em que ele pensava era em garantir que seu pai o visse ganhar as selecionais.

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Talvez fosse a grande quantidade de tempo que ela passava com seu pai que a fez ser tão parecida com ele. Seu pai era uma pessoa muito fácil de ler, quando ele estava feliz ou simplesmente se sentindo satisfeito ele não iria parar quieto, iria querer fazer algo, sair de casa, quando ele estava preocupado ele iria trabalhar mais e quando ele estava confuso ele iria praticar exercícios físicos.

Consequentemente Jean tomou essas manias dele, ela não era exatamente o tipo que gostava de praticar esportes, Jean o fazia para agradar o pai, mas era algo que ela com o tempo começou a achar uma boa forma para relaxar. Ela fazia o tipo intelectual, mas quando a vida parecia simplesmente pesada de mais ela iria pegar uma bola de basquete e jogar um pouco em sua casa. O problema era que se ela fizesse isso em casa por pura e espontânea vontade seu pai já sabia que algo estava a incomodando, por isso Jean estava na quadra de basquete do Mckinley. A maioria das pessoas já tinham ido embora, o horário de aula já tinha acabado.

Sua cabeça estava cheia, mas a verdade era que ela não sabia nomear exatamente o que a preocupava. Sua relação com seu pai estava normal, ele e a irmã da Jean não brigavam a quase um mês, o que mesmo considerando o fato de que sua irmã nem vivia mais com eles era ainda assim uma vitoria, suas notas estavam boas e suas aulas de musica estavam indo normais, então vinha a pergunta, o que a preocupava? Podia ser o fato de que sua irmã planejava vir para a cidade no final de semana das selecionais, mas não era isso, mesmo ela sabendo que a partir do momento que sua irmã pisasse na casa ela e seu pai iriam começar a brigar e a perspectiva de paz iria acabar e aquela casa ficaria o inferno, não era isso que a preocupava mais.

O que a preocupava era o relacionamento que ela tinha se enfiado. Quando James tinha chamado ela para sair Jean sabia que devia ter dito não, mas disse sim, e continuou dizendo sim, e quando percebeu estava namorando o garoto. Evitar que Richard continuasse a dar em cima dela foi um ótimo efeito do namoro, mas o que realmente levou ela a aceitar foram os rumores dela ser lésbica que se espalharam.

Esses rumores a apavoravam muito, ela nunca tinha ficado com uma garota então ela não tinha 100% de certeza sobre sua sexualidade, a verdade era que ela nunca tinha se sentido atraída realmente por nenhum dos dois sexos, ela não se sentia animada em participar das conversas sobre garotos, ela não via graça neles, eram ótimos amigos, mas só isso. Com garotas não era tão diferente, talvez a única diferença era que ela conseguia ficar admirando a beleza de uma garota, mas nada perto do jeito que as garotas admiravam a beleza de um garoto, mas era alguma coisa, certo?! Mas isso não a fazia lesbica, certo?! Bem isso era um problema que ela não estava disposta a achar as respostas naquele momento, um psicólogo diria para ela enfrentar as suas dúvidas, mas ela preferia trancá-las à sete chaves e jogar no oceano mais profundo que existir. Talvez quando ela entrar na faculdade, ela lide com isso, mas não agora.

James era o primeiro namorado dela, Jean nunca tinha sentido aquela necessidade de estar sempre com alguém (algo que seu pai agradecia a deus), a verdade era que antes do James ela tinha só ficado com dois caras, um era um amigo e outro foi um cara qualquer em um jogo de verdade e desafio. As experiência de suas antigas amigas a fizeram ligar a palavra namoro a problema, e problemas ela já tinha demais só na sua família. Ela não precisava de um cara para dar a ela dor de cabeça.

Essa era uma das razões dela ainda estar namorando James. O garoto não realmente dava trabalho, não exigia sua atenção o tempo todo, mas estava lá para caso ela quisesse conversar. Jean às vezes achava que James via ela do mesmo jeito que Jean o via: uma pessoa legal, que não dava nenhum tipo de dor de cabeça, fácil de conversar, bonito, resumindo, uma boa companhia.

Mas ela tinha medo de estar errada, se ele realmente estiver apaixonado por ela, então ela está brincando com os sentimentos de uma pessoa, o que a fazia se sentir péssima. Era por causa disso que ela se esforçava tanto para se apaixonar, para sentir algo mais real pelo namorado, mas quanto mai tentava mais se distanciava do James. Essa situação a fazia entir-se muito culpada. Tipo, ela sempre se considerou uma pessoa boa, mas estava mais ou menos usando um cara legal e que não tinha feito nada para merecer isso. Incrível o que o desespero pode levar uma pessoa a fazer.

Isso levava ao questionamento, agora que os rumores passaram e Richard desistiu dela, porque ela não termina com ele? Era nisso que ela estava pensando enquanto jogava basquete. Só conseguia pensa em uma explicação, mas como não gostava dela, jogava ela de lado e tentava pensar em outras. Mas o nome de Angel não parava de surgir em sua mente.

– Eu costumava ser melhor nisso... - Comentou para si mesma Jean desapontado com seu desempenho.

– Bem, pior acho difícil - Jean se virou na direção da voz para se deparar com Alex vestido em uma calça jeans e blusa azul claro sentado nos bancos que ficavam do lado da quadra. O garoto deu um sorriso para ela enquanto se levantava para ir em sua direção - O que você está fazendo aqui?

Jean parou para pensar no que responderia acabando por optar pela verdade. Ser honesta com ele era perigoso já que ela não conhecia ele bem, mas precisava conversar com alguém, e não tinha opções de sobra então...

– Tentando limpar a mente e fazer algumas decisões - Respondeu se virando para pegar a bola e tentar outra vez.

– E como tá indo? - Alex foi em direção para ficar em baixo da cesta e apoiando nela. O garoto a encarava com um sorriso de quem dizia que sabia tudo.

– Não muito bem - Jean respondeu um pouco decepcionada consigo mesma, afinal ela estava lá ao que meia hora? Quarenta minutos?

– O que tá te preocupando? - Jean arremessou a bola só para errar novamente, Alex pegou e jogou a bola de volta para a garota que deu um sorriso de agradecimento.

– Coisas - Respondeu vagamente ao inquérito de Alex que resolveu continuar pressionando.

– Do tipo?

– Normal – falou jogando a bola.

– Sério? – falou o menino a encarando.

– É sobre o James - Sussurrou a garota ficando um pouco vermelha, talvez fosse bom receber uma opinião exterior, parecia que todo mundo sabia que as coisas não estavam indo bem.

– Seu namoro não tá indo muito bem? - Alex fez sua melhor cara de confuso, mas Jean sabia que ele não estava surpreso, ela não poderia culpa-lo, a loira nunca foi boa em disfarçar seus sentimentos, logo parecia que todos que conviviam com o casal sabiam perfeitamente os seus problemas e estavam contando os minutos para quando eles iriam terminar.

– Por que todo mundo continua me perguntando isso? - Mas isso não mudava o fato de que isso a irritava, as pessoas não poderia simplesmente tirar o nariz do seu relacionamento?

– Não parece tá indo muito bem - Respondeu Alex calmamente ignorando o tom um tanto quanto grosso de sua colega, parecia que ela não estava tão disposta assim a conversar, mas dava para notar que ela estava cansada. O garoto ficou quieto depois disso simplesmente continuando a catar as bola que ela errava.

– Mas o que você esta fazendo aqui? - Jean perguntou tentando quebrar o silencio pesada que tinha sido estabelecido no local. O garoto só deu um sorrisinho antes de responder.

– Te espionando - Alex fez sua cara de serio que arrancou uma risada da garota. Apesar de ser uma piada, Charlie sabia que tinha um pouco de verdade e que Angel receberia um relatório daquela conversa mais tarde. Mas ela estava cansada demais para se importar.

– Ah, é? - Jean arqueou uma sobrancelha.

– Não, estou esperando as aulas de artes da Angel terminaram - Alex notou a garota olhando de forma confusa para ele e então continuou - eu fiquei de dar carona para ela, estava tentando achar alguma coisa para matar o tempo então acabei dando voltas pelo colégio.

– Angel faz aulas extras de artes? - Alex sempre se surpreendia na surpresa dsa pessoas ao descobrir o hobby favorito de sua melhor amiga, tudo bem que não era exatamente a cara da Angel.

– É ela desenha muito bem, qualquer dia pede para ela mostrar uns dos desenhos dela. Ela também pinta, mas ela gosta muito mais de desenhar. - Alex estava tentando ser discreto em vender a sua amiga para Jean, ele só esperava que ele não estivesse sendo discreto demais. Depois do incidente com James em sua festa, tudo parecia discreto demais. Depois disso Alex resolveu esperar que Jean começasse a falar.

Ficaram um tempo em silêncio enquanto Charlotte procurava a melhor forma possível de se espressar. A garota não acreditava em amor à primeira vista, às vezes nem acreditava no próprio amor, mas tinha algo diferente em Angel. A morena era cativante, fofa, romântica, bonita e simpática e bem, várias coisas, mas aquilo a aterrorizava um pouco. Ao mesmo tempo que Jean se sentia atraída pela garota, ela queria enterrar isso bem fundo e continuar só com a amizade. Mas por mais fundo que enterrasse, sempre voltava à superfície. Sentimentos podem ser extremamente incovenientes. Talvez desabafar a ajudasse a tomar uma decisão.

– Estou pensando em terminar.

– O que? - Alex tinha ouvido, mas queria confirmar, isso seria ótimas notícias para sua amiga. O garoto fez o melhor para não sorrir com aquele comentário.

– Estou pensando em terminar o meu namoro - Explicou Jean que não tinha notado a animação do garoto.

– Por quê? – perguntou Alex muito atento.

– Não tá dando muito certo – Jean ficou esperando uma resposta tipo “não me diga, sherlock”, mas quando veio só um silêncio ela continuou – tipo, eu tô tentando fazer funcionar, mas eu não consigo, e eu tenho medo de terminar e magoar ele muito. Fora que apesar de não estar dando certo, ele é um grande amigo, e eu não quero perder isso. E eu me sinto tão culpada. Eu acho que eu vou magoar eles.

– Eles? Tem alguém que você tá gostando? - A garota parou seus movimentos e encarou Alex ponderando sua resposta. Não queria ter comentado isso.

– Talvez.

– Talvez?

– Eu não estou pronta para entrar em um relacionamento com essa pessoa, eu nem sei se eu realmente gosto dessa pessoa e eu não quero machucar ela... ou o James - Respondeu exasperada a pergunta implícita no questionamento do garoto.

– Bem, se você nunca tentar como você sabe se você realmente gosta dela?! - Ponderou o garoto.

– Estou com medo de tentar. Eu não estou pronta para lidar com essas coisas, o que eu mais queria fazer é ignorar isso, mas por mais que eu tente eu não consigo - Jean parecia uma criança contando seu maior medo, Alex podia ver que ela realmente se preocupava, que não eram palavras ditas da boca para fora - o pior é que eu tenho certeza que eu vou machucar ela.

– Como você sabe disso? - Questionou Alex tentado ver o que a fez ficar tão certa daquilo.

– Eu sempre faço tudo errado.

– Quem disse isso? - Alex estava confuso, quem colocou isso na cabeça dela?

– Todo mundo - Respondeu simplesmente Jean com um balançar de ombros como quem dizia que aquilo não era nada de mais.

– Eu nunca falei isso.

– É porque você não me conheceu tempo suficiente ainda.

– Bem, eu acho que esse todo mundo está errado então - Respondeu Alex cruzando os braços e sorrindo para Jean querendo mostrar apoio.

– Eu vou fazer tudo errado - Sussurrou Jean triste, mas Alex ainda pode ouvir o comentário.

– Bem, se você continuar falando isso, com certeza você vai, mas mesmo que você faça a escolha errada isso só vai te fazer humana - Ponderou Alex, Jean o encarou e o garoto podia ver que ela não fazia ideia do que fazer. - Você devia tentar, porque as vezes não fazer nada vai machucar ambos os lados e não só um - Continuo o garoto encarando Jean que desviou os olhos.

– Obrigada, vou pensar sobre isso. - Respondeu dando um sorriso para Alex e se concentrando para lançar a bola.

– Você não tá sozinha, tá? Se precisar de ajuda e só chamar... - Alex sentiu a nescessidade de confortar um pouco a garota, logo ele sentiu seu celular vibrando no bolso e olhou o que era. - A Angel me mandou uma mensagem, vou ter que ir. - Explicou o garoto andando em direção a saída da quadra.

– Tá, boa volta para casa.

– Boa sorte em colocar seus pensamentos em ordem – falou o garoto. Apesar de Jean saber que ele não tinha sido a melhor pessoa para desabafar, estava feliz por ter feito isso.

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O primeiro grupo a se apresentar foram os The Clarion Call, eles não eram muito bons, a solista deles esqueceu a letra do solo, teve um momento enquanto eles apresentavam Last Friday Night que um dos garotos errou a coreografia o que atrapalhou a todos. Nicolas não se sentiu ameaçado por eles.

O segundo grupo, os The Grace Notes, por outro lado foram muito bem, fizeram uma apresentação de dar inveja apesar de nenhum de seus membros terem mostrado um poder vocal muito bom, sem contar o fato de que as duas musicas não tinham muita coisa a ver com o tema que eles tinham proposto. Se o New Directions apresentassem do mesmo jeito que eles tinha ensaiado eles teriam ótimas chances de ganhar.

Nicolas tinha acabado de sair do camarim e estava voltando para a plateia, ele foi dar uma olhada em seus alunos que não pareciam muito bem, Paul e Bia estavam agindo um pouco estranhos entorno um do outro, Jean parecia evitar James e Celina estava distraída, o professor esperava que isso não afetasse a performance deles.

– E ai? Como os garotos estão? - Perguntou Arthur quando Nicolas já estava se sentando na cadeira. Na fileira estava os dois junto com a mulher de Arthur (o que Nick ainda achava muito estranho) e a filha do casal que não tinha nada a ver com o irmão, de aparência sim, mas de personalidade eram completamente diferentes.

– Estão nervosos, mas eu acho que a gente tem chances boas de ganhar. - Respondeu Nick.

– Quando a apresentação vai começar? - Perguntou Eliza se virando para os dois com cara de tedio.

– Liza, fca calma, você vai chegar a tempo de ver The X Factor – falou o marido dela que também era namorado de Nick, que também era o pai de um de seus alunos, o que Nicholas tentava ao máximo ignorar.

– Olha aqui, eu não estou sendo impaciente, só quero que isso acabe logo! - Ponderou Eliza tentando mostrar que seu ponto era completamente compreensível.

– Isso se chama ser impaciente. - Arthur rolou os olhos para a criancice de sua esposa, mas sendo incapaz de esconder o sorriso, eles podiam discutir, mas era mais por diversão do que algo de fato sério. Podiam ser casados, mas eram melhores amigos.

– Vocês sempre discutem assim? - Perguntou o professor levantando uma sombrancelha questionando a dinâmica do casal.

– Anos de convivência levam a isso, você se acostuma - Explicou Eliza olhando em volta do teatro - Vocês acham que eu consigo pegar algo para comer antes da apresentação? - A pergunta foi respondida pelos altofalantes introduzindo o grupo do New Directions - Eles sempre escolhem o pior horário - Grunhiu Eliza arrancando uma risada dos dois homens.

Logo as cortinas se abriram mostrando todos os doze jovens, os garotos estavam vestidos com calças sociais pretas e blusas sociais brancas com um colete preto abotoado enquanto as garotas usavam um vestido tomara-que-caia branco com detalhes nas postas em preto que ia até um pouco abaixo da metade da coxa. A introdução para Breakaway começou a tocar.

De repente Nick ficou muito nervoso. Tinha ficado tão entretido com o seu novo relacionamento que acabou deixando tudo para a última hora. Tinha gostado do tema e das músicas, Breakaway é uma música que o fazia lembrar de quando se mudou da casa dos pais e pôde finalmente organizar tudo da forma que queria. Mas os meninos tinham ensaiado pouco, e ele não teve tempo de discutir as músicas com eles. A verdade era que Richard, um de seus alunos menos responsáveis, tinha contribuído mais do que ele próprio para o treinamento do Glee.

Ele nunca tinha participado das aulas, mas de repente resolveu liderar, e liderava bem. Conseguia ajudar bem os colegas quanto à dança, e para o canto pediu ajuda dos cantores mais experientes, mas o mais incrível foi que ele conseguiu de alguma forma misteriosa motivar o grupo. Todos pareciam determinados a vencer, e apesar das tensões, trabalhavam como equipe. Mas mesmo assim não tinham nem de longe ensaiado o tanto que deveriam, e agora Ric só podia esperar que fosse o suficiente.

Logo todos se silenciaram para a apresentação e Paul e Bia entraram cantando perfeitamente. Eles eram cantores muito fortes.

Paul: Grew up in a small town

And when the rain would fall down

I'd just stare out my window

Bia: Dreamin' of what could be

And if I'd end up happy

I would pray

Começou os gemeos cada um esntrando de um lado do palco sendo seguido pelos os outros. Os garotos entraram pela esquerda e as garotas pela direita.

James: Trying hard to reach out

But, when I tried to speak out

Felt like no one could hear me

Emely: Wanted to belong here

But something felt so wrong here

So I'd pray

I could break away

A coreografia dessa canção era a mais simples. O grupo iria cantar e se mover conforme a musica tentando representar a canção através de seus movimentos, não era a melhor ideia, mas eles não tiveram tempo para pensar em algo melhor.


Angel: I'll spread my wings and I'll learn how to fly

I'll do what it takes till I touch the sky

Emely: And I'll make a wish, take a chance, make a change

Todos: And break away

Angel: Out of the darkness and into the sun

But, I won't forget all the ones that I love

James: I'll take a risk, take a chance, make a change

Todos: And break away

Quando eles terminaram o primeiro refrão, Nicholas já não sentia nenhum nervosismo. Os seus alunos cantavam muito bem, com emoção e perfeita sincronia. Ele estava adorando e achava a apresentação deles muito superior à todas as outras, mas só podia torcer que os juízes achassem o mesmo.

Jean: Wanna feel the warm breeze

Sleep under a palm tree

Feel the rush of the ocean

James: Get onboard a fast train

Travel on a jetplane, far away

And break away

Umas das melhores escolhas de Nick foi colocar Angel como vocal principal, a garota tinha todo o talento e controle da voz, sem a menor duvida a melhor escolha.


Angel: I'll spread my wings and I'll learn how to fly

I'll do what it takes till I touch the sky

Bia: And I'll make a wish, take a chance, make a change

Todos: And break away

Angel: Out of the darkness and into the sun

I won't forget all the ones that I love

Paul: I gotta take a risk, take a chance, make a change

Todos: And break away

Angel: I'll spread my wings and I'll learn how to fly

Though it's not easy to tell you goodbye, gotta

James: Take a risk, take a chance, make a change

Todos: And break away

Angel: Out of the darkness and into the sun

But, I won't forget the place I come from

Emely: I gotta take a risk, take a chance, make a change

Todos: And break away

A salão ficou em silencio por alguns instantes até que ele explodiu em palmas, muitas pessoas aplaudiram de pé, o que levantou muito a moral do grupo. Eles estavam muito nervosos antes da apresentação, principalmente Richard, mas aquela reação os acalmou bastante. Mesmo s não ganhassem, sabiam que tinham feito um bom trabalho. Então começaram a se organizar para o próximo número que seria um pouco mais complicado.

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Emely estava sentindo uma estranha mistura de nervosismo e animação com a segunda apresentação da noite. Graças a Ric que meio que subornou os integrantes a se esforçarem, todos estavam se com uma nova atitude com o Glee. O grupo era muito dividido, mas naquela noite, não importava muito quem era quem, só que fizesse uma ótima apresentação, e estavam todos em um clima competitivo e animado que a garota estava adorando. Era a primeira vez que o Glee club parecia um grupo.

Mas o que mais a animava era que ela tinha um destaque nessa performance. Ela cantava o mesmo que o resto, mas ela e Alex dançariam no centro uma coreografia mais complexa e elaborada, já que eram ambos os melhores. Os outros também dançariam em duplas, mas seus passos seriam simples, sendo que o mais complicado seria a sincronia, algo que no treino tiveram muita dificuldade.

Já iam começar, então se juntou a Alex no centro e esperou até que as notas começaram a tocar e Thomas começou a tocar com uma voz rouca, mas bonita.

Thomas: Feeling my way through the darkness

Guided by a beating heart

Mary: I can't tell where the journey will end

But I know where to start

Danniel: They tell me I'm too young to understand

They say I'm caught up in a dream

Celina: Well life will pass me by if I don't open up my eyes

Well, that's fine by me

Richard: So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

A coreografia da dança era algo no estilo forró simples, sendo que todos faziam passos simples, mas em sincronia e obviamente ao ritmo da música. Alex e Emely no centro dançaram como o resto até o refrão quando incluíram passos mais complexos de tango. Quando o refrão terminasse, eles voltariam aos passos normais e esperariam o próximo refrão para fazer passos ainda mais complexos.

Todos: So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

Danniel: I tried carrying the weight of the world

But I only have two hands

Thomas: I hope I get the chance to travel the world

But I don't have any plans

Todos estavam bem sincronizados pelo o que Emely conseguia notar. Por mais que Emely odiasse admitir Alex era um ótimo parceiro e ambos conseguiam trabalhar bem, de forma estritamente profissional, mas bem, afinal fora desse palco todos voltariam a ser o que era, lusers e populares.

Mary: I wish that I could stay forever this young

Not afraid to close my eyes

Celina: Life's a game made for everyone

And love is the prize


Richard: So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

Emely estava muito confiante nesse ponto, pois tudo estava correndo muito bem. Todos estavam cantando tão bem quanto no ensaio, e dançando até um pouco melhor. Ninguém estava saindo de sincronia, nem Thomas e Angel que tiveram dificuldade com a coreografia. E Emely estava conseguindo fazer todos os passos complicados. Se os juízes forem justos, o Nem Directions venceria.

Richard: I didn't know I was lost

Mary: I didn't know I was lost

Thomas: I didn't know I was lost

Todos: I didn't know I was lost

O auditório todo aplaudiu com muitas pessoas levantando, o grupo se juntou para agradecer aos aplausos. Nicolas saiu em direção a entrada lateral do palco para parabenizar o grupo e os alunos saíram do palco ordenadamente.

Quando eles chegaram ao camarim todos estavam contentes com a apresentação. Nick estava um pouco nervoso e Richard estava muito, mas os outros estavam só felizes por terem feito uma boa apresentação. Emely estava especialmente emocionada, um dos motivos era porque estava amando aquele momento de união do grupo, e o outro era porque as músicas a tinham emocionado um pouco. Aquele tema era especialmente emotivo para ela, e com boas razões que a maioria desconhecia. A vida de Emely era bem mais dramática que a maioria das pessoas acham. Mas naquele momento, ela só podia sentir a vitória à sua frente.

Quando foram até o palco para descobrir se tinham ou não vencido todos ficaram nervosos. Ninguém tinha valorizado muito o Glee club até agora, mas de repente vencer era muito importante para todos. O apresentador era cruelmente devagar em seu discurso, e enrolava falando da importância da música, enquanto eles morriam de ansiedade.

Finalmente ele anunciou que o The Clarion Call ficou em terceiro lugar, eles receberam o troféu e saíram. Depois de mais meio século de enrolação ele finalemente foi anunciar o segundo lugar que era.... The Grace Notes. O que significa...

Eles tinham vencido! Todos começaram a pular, gritar e abraçar uns aos outros, mesmo os que tinham richas entre si. James abraçou Alex, Celina abraçou Thomas e Angel abraçou James, enquanto Richard foi pegar o troféu.

Depois que todos abraçaram a todos naquela animação, todos foram abraçar os pais. A família inteira de James foi até ele, Richard ecebeu um aperto de mão do pai, Angel abraçou a mãe, enfim todos abraçaram alguém da família, de menos Emely.

Ela sabia que não haveria ninguém ali, mas não achava que aquilo a afetaria. Mesmo sabendo que não teria e ninguém ali, e apesar de ter se acostumado com aquilo há anos atrás, ainda assim se sentiu triste. Tentou ignorar aquilo, mas como o salão inteiro estava repleto dessa cena, ela resolveu sair.

Saiu do teatro e foi pegar um pouco de ar fresco. Tentou ficar feliz por ter vencido, se apegar a vitória, mas não conseguiu. Ficou um tempo ali, olhando pro nada cantarolando baixinho uma música da Miley Cyrus. Quando termiinou a música enrolou um pouco até achar que aquelas cenas afetuosas teriam acabado. Já se preparava para voltar para junto de seus amigos quando ouviu uma voz dizendo:

– Você ainda gosta da Miley Cyrus?

Emely se virou para a origem da voz e encontrou alguém que nunca esperava ver ali. Por um instante achou que estava alucinando, e ficou encarando ele confusa. Não via ele há anos, não tinha a menor idéia do que ele estava fazendo ali, nunca pensou que teria que falar com ele de novo, e não tinha a menor idéia do que dizer. Depois de um bom tempo perguntou:

– O que você está fazendo aqui? – perguntou a loira nervosa. Ela tinha uma história muito complicada com aquele homem, e não queria ter que lidar com o passado. Pra ela o passado era melhor enterrado beeeem fundo.

– Ora Emely, isso é jeito de cumprimentar?


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Notas finais do capítulo

Nossa, esse ficou grande O.o