New Starts - Fic Interativa escrita por Feliz33


Capítulo 5
Capítulo 5 - A festa




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James, Mary, Emely e Thomas estavam quase chegando na festa, e James estava um pouco nervoso. Não costumava ir em muitas festas e talvez não estivesse nem indo nesta se Alex não o tivesse convidado tão diretamente. Thomas nunca foi uma das pessoas mais cuidadosas, mas era o único que tinha carteira por isso era o que estava dirigindo e para a tristeza de James dirigindo muito rápido, o que fez com que algumas cenas de Premonição 2 viessem em sua cabeça.

Estavam chegando na festa e James ficou um pouco tenso. Ele já tinha sido vítima de bullying porque a escola inteira acreditava que ele era gay. A perseguição diminuiu muito quando Paul se tornou o primeiro gay popular da escola, mas todos continuavam acreditando na homossexualidade de James, apesar deste ser extremamente seguro de sua sexualidade. O problema é que por ter crescido com pais homossexuais, James se tornou muito efeminado, o que levou todos a tirarem a conclusão precipitada de que ele é gay, algo que ele queria mudar.

Entraram na festa, que estava muito animada. A área de lazer de Alex era enorme, havia uma piscina grande, várias mesas, uma churrasqueira e um bar. A música tocava alta, as pessoas conversavam alto e riam mais alto ainda, alguns nadavam, havia um enorme plástico estendido no chão com água e detergente para se escorregar e dezenas de brincadeiras envolvendo bebida estavam acontecendo. A festa estava muito animada, parecendo até cena de filme. Mas os quatro losers pareciam estar em uma bolha. Eles não reconheciam ninguém até então, e não interagiam a não ser consigo mesmos.

- Devíamos ter ficado em casa – comentou Thomas. Ele nunca gostou de festas, James mal podia acreditar que tivesse vindo. Mary o tinha convencido, ela tinha jeito com as palavras e normalmente decidia o que o grupo fazia, já que conseguia persuadir todos os três.

- Talvez devêssemos procurar o povo do Glee – sugeriu Emely.

- Vai ser meio ridículo obrigar eles à ficar de babá da gente. Vamos só tentar nos misturar – falou Mary, mas para losers, isso não é tão fácil. Passaram um tempo sem saber o que fazer, apenas esperando em pé por algo anjo da sociabilidade. E ele apareceu. Danniel os viu e chamou:

- James, Mary, vocês vieram. Não fiquem só parados aí, venham pegar uma bebida – falou arrastando os dois festa adentro, deixando Thomas e Emely para trás. Os dois nunca realmente conversaram com Dani, mas ele, James e Mary formaram um trio muito unido.

Só quando pegaram suas bebidas que Dani reparou no que Mary estava vestindo e disse:

- Quando foi que você virou mulher? Da última vez que chequei você era só uma menina – Zombou de Mary. Ele tinha um ponto. Mary normalmente se vestia sempre com roupas largas e compridas, mesmo em festas. Mas agora ela estava usando um vestido que mostrava suas curvas, seus seios e pernas. James se perguntou o porquê daquela súbita transformação.

- É preciso ser homem de verdade para reconhecer uma mulher – retrucou a ruiva arrancando gargalhadas dos dois. Hoje a língua dela estava afiava.

Alex apareceu repentinamente e cumprimentou a todos, e James ficou feliz em vê-lo. Ele não tinha amigos populares – Danniel não é loser, mas não chega realmente a ser popular - e esperava que sua nova amizade com um dos populares o ajudasse a ser mais sociável. Ele achou as ideias de Alex para a apresentação inteligentes e o tinha achado bastante simpático. Estranhou um pouco os elogios, mas quando se é amigo de Emely, qualquer elogio parece  excessivo.

- Hey James, você já jogou Sueca? – perguntou Alex.

- Acho que não – James jamais havia ouvido falar no jogo.

- Tem um povo ali jogando, é bem legal. Você quer jogar?

- Claro, por que não? Vamos Mary? – perguntou James que estava acostumado a arrastar a garota para tudo o que fazia.

- Na verdade, só dá para um entrar – falou Alex.

- Pode ir com ele James, eu fico com o Danniel – falou a ruiva.

E então o loser foi. O jogo Sueca era na verdade um jogo de bebida, no qual se tiravam cartas do baralho, e cada carta levava alguém a beber. O joker fazia todos beberem, a Dama só as mulheres, quem tirasse o 3 escolhia três pessoas para beber e por aí vai. James ficou preocupado, ele nunca foi forte para a bebida, mas a primeira dose apagou suas preocupações.

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Angel tinha descoberto um grande defeito em sua amiga. Ela não é pontual. Detestava atrasos, mas o que realmente a incomodou foi  ter sido deixada sozinha com o pai dela quando apareceu para dar carona para Charlie. Ele se chamava Fábio,tinha cabelos pretos e não era muito alto,mas conseguia fazer uma cara extremamente amedrontadora.  A casa na qual Charlote vivia era bonita, tinha uma arquitetura antiga e os móveis da sala eram de madeira com dois sofás marrons e uma TV de 40 polegadas da Sony. Tinham vários porta-retratos na casa, a maioria tinha somente Jean e seu pai neles, mas em alguns apareciam uma mulher muito parecida com Jean, só que com cabelos negros e em outros uma mulher de cabelos loiros que Angel supôs ser a mãe de sua amiga.

- Então, você que vai trazer a minha filha de volta para casa certo?! Fique sabendo que é para minha filha estar de volta para casa antes das 2 da manhã. - Falou Fábio com uma voz grossa. - Minha filha falou que vocês duas entraram em clube ai...

- O Glee club, senhor - Angel tinha feito a notação mental de chamar ele de senhor, nos momentos que viu sua amiga conversando com o pai notava que ela sempre se dirigia a ele como senhor, o que levou ela a pensar que deveria fazer o mesmo.

 - Tem muitos garotos nesse clube? - Perguntou o que fez Angel pensar qual resposta o agradaria mais.

- Humm, uns 4 eu acho - Comentou escolhendo dizer a verdade.

- Você já usou uma arma?- perguntou o homem repentinamente.

- O quê? Não, senhor, nunca nem vi uma de verdade. Eu nem tenho mira pra isso – respondeu a garota surpresa com a pergunta e tentando ao máximo fingir naturalidade.

- É mais fácil do que parece. É só imaginar que o alvo é alguém se aproveitando de sua filha que você não erra – falou de forma quase casual – pode passar a mensagem para os seus amigos se quiser.

- Claro – respondeu Angel arrepiada.

- Você namora?

- Não, senhor.

- Bom, vocês são muito jovens para ficar ai se envolvendo com esses garotos que só pensam naquilo. - Internamente Angel estava se sentindo aliviada já que parecia que Fábio estava começando a amaciar a voz.

- Jean me falou que o senhor era militar - Comentou Angel não querendo voltar para o silêncio desconfortável que estava antes.

- Sim, eu era engenheiro militar, mas depois da morte da minha esposa eu resolvi que era melhor voltar à carreira civil. - Falou descruzando os braços o que Angel viu como um sinal positivo.

- Então você nunca foi à guerra. Nunca matou ninguém – falou com um certo alívio.

- Eu nunca fui à guerra – falou de um jeito incompleto que aterrorizou Angel um pouco. O que eu fiz pra receber esse papo? A gente tá indo pra uma festa, não pra um culto satânico.

- Eu não sabia que a mãe da Jean tinha morrido. – Falou mudando o assunto para algo que a interessava. Isso explicava as poucas fotos da mulher loira e porque em todas ela parecia ter a mesma idade.

- Acidente de carro, mas isso já faz muito tempo – comentou em tom mais humano.

Ambos ouviram passos da escada e logo viram Jean descendo vestindo uma calça jeans justa clara com alguns rasgados, sandálias pretas de salto pequeno e fino e usando uma blusa azul fina de abotoar com as mangas dobradas. A bolsa estava pendurada em um dos ombros e ela carregava um casaco cinza em uma das mãos. Seus cabelos loiros estavam soltos e dava para notar que ela tinha escovado eles.

- Você realmente precisa ir toda produzida desse jeito? - Fábio tinha levantado e ido em direção a filha que simplesmente sorriu para ele e deu um beijo em sua bochecha.

- O senhor tem que fazer a barba pai. - Falou indo já em direção a Angel que tinha ficado parada vendo como sua colega estava bela. - Vamos? Já são onze horas e já estamos atrasadas. - Jean pegou a mão de sua amiga para levá-la e ir em direção a porta.

- Charlie, você pegou seu celular, carteira e dinheiro? – Fábio as acompanhou ainda com uma carranca até a porta.

- Sim, pai, eu peguei tudo. O senhor já colocou o relógio para despertar? Não se esqueça que o senhor tem que me levar na aula de violino amanhã. - O pai da Jean fez uma careta que condenou mostrando que tinha esquecido.

- Vou fazer isso agora, juízo vocês duas! Volte para casa antes das duas!

- Sim, senhor... - Respondeu Jean que estava empurrando o pai para dentro da casa para conseguir fechar a porta. - Bem, cadê o seu carro? - Perguntou depois de ter trancado a porta e dado toda a sua atenção para sua amiga.

- Eu vim de moto, ta ali! - Angel apontou para Harley Davidson vermelha parada no outro lado da rua.

- Então vamos, antes que meu pai note que eu vou andar de moto. - Jean andou em direção a moto seguida por Angel que logo pegou um dos capacetes que estava encostado na moto para seguirem para a festa.

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A ida até a festa tinha sido ótima. Jean adorava adrenalina, já tinha pulado de parapente e feito bungee-jump, e andar de moto, apesar de não ser um esporte radical, era algo que seu pai detestava, o que dava um gosto a mais. Sim, o seu pai deixou que pulasse de parapente, mas não permitia que andasse de moto. Fábio nem sempre faz sentido.

- Por que seu pai te chama de Charlie e não de Jean?

- Minha mãe queria que eu me chamasse Jean, mas meu pai queria que eu chamasse Charlie, no final das contas acabou virando Charlotte Jean. Minha mãe não queria que eu me chamasse Charlie de jeito nenhum - Falou franzindo o cenho.

- Mas por quê? Charlie é um nome bonito!

- É, mas é um nome muito masculino, você não acha? – Jean falou um pouco nervosa. Angel percebeu que aquele era um assunto delicado para Jean.

Naquele momento as duas estavam sentadas em um dos sofás da sala de estar de Alex, que estava com bastante gente apesar da multidão estar concentrada no quintal, cozinha e sala de visitas. As duas garotas encontraram Bia, Paul, Alex e a garota uiva do glee club, mas eles estavam jogando um jogo de bebida, e como Angel ia dirigir, elas acabaram nem cumprimentando eles.

- Eu não sabia que você tocava violino. - Jean se virou para Angel franzindo as sobrancelhas com o comentário que mudava completamente o assunto anterior.

- Eu toco desde os 11 anos. - Comentou dando de ombros.

- Você toca alguma outra coisa que eu não sei?

- Humm, bem, eu só toco piano e violino, sei tocar algumas poucas musicas na guitarra, mas eu morro de vontade de aprender a tocar violoncelo. - Falou bebendo um gole de seu refrigerante.

- Você gosta muito de instrumentos clássicos, né? - Angel levantou uma sobrancelha para ela sorrindo de lado. Achava que instrumentos clássicos deveriam ser consideravelmente mais difíceis, e achou interessante a preferência da colega.

- E você, toca alguma coisa? – perguntou Jean com um sorriso.

- Só violão mesmo.

- Quando eu tinha 11 eu queria aprender a tocar violão, mas minha mãe acabou me colocando na aula de violino porque ela dizia que era um instrumento mais produtivo. Eu acho que era porque ela tinha medo de eu tentar seguir uma carreira dessa. - Falou rindo das lembranças que isso trazia para ela.

- Você não tem vontade? - Perguntou Angel franzindo as sobrancelhas.

- Humm, talvez no futuro, meu objetivo agora é o violoncelo. - Falou deitando a cabeça na porte superior do sofá dando um sorriso de lábios fechados fazendo Angel sorrir também.  Depois de meio minuto de silêncio disse - Me conte algo sobre você.

- Sobre mim? – falou Angel desacostumada com o interesse. Seus amigos eram muito tagarelas (com destaque para Paul) e sempre costumava ouvir muito mais do que falar em suas conversas, portanto Angel falava muito pouco sobre si.

- É, eu ainda não sei nada sobre você! Como é a sua família?

- Eu moro com a minha mãe - Jean esperou para ver se ela elaborava, o que não aconteceu. Se quisesse saber mais de Angel teria de ser persistente.

- E o seu pai?

- Ele e minha mãe nunca chegaram a casar.

- Você sempre morou com sua mãe? - Angel balançou a cabeça negativamente.

- Não, eu morei com meu pai até os 15 anos, depois eu vim morar com a  minha mãe - respondeu um tanto quanto incomodada, Angel nunca gostou de falar de si mesma. -Você não tinha me falado que sua mãe morreu.

- Você nunca perguntou. - Jean falou como se não fosse nada de mais. Detestava assuntos tristes - E também não aconteceu em nenhum momento alguma oportunidade para comentar sobre isso.

- Entendi.

- O que achou de meu pai? – Charlotte tinha ficado pronta bem antes de descer, mas  estava achando a cena de seu pai, um manteiga mole nas palavras de sua avó, bancando o macho alfa com a amiga. Mas o mais hilário foi que Angel parecia de fato assustada, como se o pai já tivesse matado pessoas ou algo do tipo.

- Ele é... bem... interessante. Só não me deixe sozinha com ele de novo – falou Angel fazendo Charlie rir – Como você consegue viver com um pai tão superprotetor? Se dependesse dele você morreria solteira.

- Admito que sim – respondeu meio falando, meio rindo – quando eu namorar pela primeira vez, vai ser o caos.

- Então você nunca namorou?

- Não, você já?

- Já, mas já foi há um tempo atrás – falou desejando que o assunto mudasse. Aquele relacionamento tinha sido muito traumático para Angel, e ela queria apenas esquecê-lo e fingir que nunca aconteceu.

- Como terminou? – perguntou Jean curiosa.

- É muito complicado. Digamos que terminou mal – falou Angel tomando um tom triste. Memórias daquele drama começaram a assombrá-la, mas foi apenas por um instante, já que Jean, percebendo que tinha encostado em uma ferida, disse:

- Não importa o que aconteceu. Você está bem agora. É tudo o que importa – falou em um tom gentil que fez com que Angel nem se lembrasse porque estava triste a um segundo atrás – vamos dançar?

- Claro.

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James ficou muito bêbado muito rápido. Tinha planejado conversar com as pessoas do jogo, ser sociável, mas suas frases não faziam mais sentido, sua visão estava embaçada e seu raciocínio estava lento.

Depois que o jogo acabou, Alex começou a arrastá-lo para falar com outras pessoas, conversou com alguns membros populares do Glee club, e apesar de se esforçar muito para falar alguma coisa que tivesse sentido, simpatizou com eles. Depois Alex começou a apresentá-lo para os jogadores do time de futebol, e James ficou muito nervoso. Ele estava cumprimentando cada um de seus bullys pessoalmente. Todos eles disseram algo como “hey, você é o menino que eu jogo um slush nas quartas feiras” ou “Eu já não bati em você alguma vez?”, e James tinha um medo inconsciente de que todos decidissem  humilha-lo por algum motivo. Ele tentou conhecer todos com o máximo de confiança possível, mas quando deles disse “O que esse viadinho esta fazendo aqui?” James se retirou o mais rápido possível, sabendo que começaria uma briga se não o fizesse.

Alex o acompanhou e depois o arrastou para um canto escondido da festa e depois falou:

- Não liga para esse retardado não, dizem que ele fez uma cirurgia de remoção de cérebro ano passado - disse em tom consolador. James apenas acenou, não estava em condições de manter uma conversa – Não tem nenhum problema nisso, apesar de muita gente idiota achar que sim. Você é um cara legal, simpático, sexy, e isso não altera nada, na verdade... – Alex continuou um monólogo sobre as qualidades de James, mas este não conseguiu prestar atenção.

É impressão minha ou ele ta dando em cima da gente?

Impressão sua

Tem certeza? Ele elogia demais, embebedou a gente, e nos arrastou para um canto escuro

Você que bebeu aquelas doses e fugiu dos jogadores de futebol

Ele convidou todo o Glee club para a festa por nossa causa e ele acha que somos gays

Talvez você tenha um ponto

O que a gente faz?

Eu sei lá. Fala alguma coisa

Fala você

Você

Você

Peraí, acho que ele fez uma pergunta

Qual foi?

Eu não sei

O que a gente faz?

Sorria e acene

Ufa, ele voltou a falar. Da próxima vez a gente presta atenção

OK. O que sabemos sobre dispensar pessoas afins da gente?

Alguém já esteve afim da gente antes?

Talvez a gente devesse só fugir e amanhã a gente explica

Nossa, isso não é meio patético não?

Alguma idéia melhor?

...

Então vamos fazer isso. Pronto?

Pronto!

No três, um, dois...

Pera!

O que?

É no três ou no  já?

Faz alguma diferença?

Fudeu!

O que?

Ele acabou de fazer outra pergunta

Qual foi?

Não sei

Será que temos déficit de atenção?

Não, deve ser todo esse álcool que a gente tomou

Tá, de qualquer forma, o que a gente faz?

Ele ta encarando a gente de forma estranha, to com medo.

FOCO! O QUE A GENTE FAZ?!

Calma, sorria e acene de novo,  isso sempre funciona

 Então sentiu um gosto estranho na boca. Demorou um minuto até entender que aquilo era Alex o beijando. Só então percebeu que a pergunta que tinha respondido era “quer ficar comigo?” Com um susto, empurrou o menino com o máximo de força que conseguiu e tentou ir para longe, mas foi alcançado rápido. Alex falou alguma coisa que ele não compreendeu, e James tentou esclarecer a situação o melhor que pôde.

- Eu... não... gay – balbuciou em resposta – Você... longe – sim, esse foi o melhor que pôde.

James percebeu que precisava ficar sóbrio, não conseguiria contornar aquela situação bêbado. Tentou correr de Alex para procurar água, mas tropeçou e caiu nos braços dele de forma tão romântica que parecia um filme. James tentou se soltar, mas acabou derrubando Alex e rolando com ele no chão em outra cena ridiculamente romântica. Alex conseguiu terminar em cima de James e ia beijá-lo, mas James o cabeceou , fazendo-o sangrar.

- Que porra é essa? Seu covarde filho da puta, vai envelhecer no armário é? – as suas palavras machucaram James. Parecia que não importava o que fizesse nunca seria reconhecido como hétero, só gay enrustido. Às vezes desejava ser gay, sua vida seria muito mais fácil.

- Você... longe. Eu... hétero – balbuciou  correndo indo para longe, passando pela pista de dança e esbarrando em varias pessoas.

James  foi procurar água, enquanto pensava em como convencer as pessoas de sua heterossexualidade. Não aguentava mais que todos pensassem que fosse gay. Não por ser homofóbico, já que seus pais eram gays, mas porque ele   odiava que outras pessoas se julgassem mais conhecedoras de sua sexualidade que ele próprio. Odiava precisar provar sua sexualidade com algo além de sua palavra. Mas era a única forma de sair daquela situação, e ele queria fazer isso ainda nessa festa.

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Jean e Angel foram para a pista de dança e se divertiram dançando, tendo momentos em que teriam que se desviar de pessoas que formavam um grupo e pulavam andando sem ver para onde. Mesmo tendo quase sido atropeladas por esses grupos, era divertido. Angel praticamente não dançava, o que era engraçado, pois Jean ficava tentando fazer sua amiga mexer os braços ou quadris e tudo que conseguia era um rolar de olhos e Angel que ignorava as tentativas da amiga. Depois de algumas musicas começou a tocar uma música lenta. Por um instante Jean não soube o que fazer, mas Angel a pegou pela cintura, e começou a guiar uma dança lenta. Era de se esperar que Charlie achasse estranho uma dança lenta com uma garota, mas aquilo lhe parecia absurdamente certo. Jean colocou braços em volta do pescoço de Angel. Era engraçado como Angel era mais baixa que ela. Não que sua amiga fosse baixinha, devia ser uns 5 a 7cm mais baixa que ela, mas Charlotte que era muito alta, quando criança sempre ficava entre os mais altos da turma. Ficaram naquele vai e vem, dando alguns passos para trás e para frente, até que a música acabou e Angel se afastou só o suficiente para olhar nos olhos de Jean. Ficaram se encarando por um tempo até que alguém passou esbarrando nas duas. O que fez com que Charlotte se separasse de Angel e a encarasse um pouco nervosa.

- Eu estou com sede! Você está com sede? Eu vou pegar uma bebida e já volto, espera aqui – disse saindo quase que correndo. Angel olhou ela ir meio confusa, pensando se tinha feito alguma coisa errada.

Ficou um tempo parada esperando pela colega. O que será que eu fiz? pensava a garota Eu fiz alguma coisa? Eu estava parada, como posso ter ofendido ela? Ela deve estar só com sede e eu estou exagerando, é isso. 

Angel esperou até que resolveu que a loira estava demorando muito. Foi em direção até onde tinha um bar improvisado e viu Ric dando em cima de Jean. Aquilo não era bom, conhecia Gabrielle, namorada do garoto, se a Cheerios visse seu ele dando em cima de uma garota em frente de todos os populares, cabeças iriam rolar, e para o desgosto de Angel não seria a cabeça de Richard.

Chegou mais perto ponderando se devia ou não intrometer.

- Vamos lá! Prometo que não vou te decepcionar, todas as garotas com que eu dormi nunca reclamaram! - Falou Richard tentando convencer a garota.

- Hey Ric! Jean não quer nada com você, se afasta cara! - Angel intrometeu tentando afastar um Richard bêbado que simplesmente a ignorou.

- Hey, vamos sair daqui e ir para um lugar mais reservado. - Ric falou aquilo tentando soar sedutor, mas ele tinha falado aquilo de uma forma embolada e gritando por causa do barulho, o que fez daquilo tudo menos sedutor e segurando o braço da Jean, que se contorceu para tentar soltar o braço.

Mas Angel parou de pensar no momento que notou que Ric estava apertando o braço de Jean com força de mais, ela nunca foi a favor da violência, uma das razões de não praticar o bulling e tentar convencer os amigos a não fazer o mesmo, mas seu braço foi mais rápido que seu cérebro e quando notou Richard já estava no chão com a mão no nariz. Alex e Danniel logo apareceram, Danniel foi em direção ao Richard que estava cambaleando tentando ficar de pé, fosse por causa do soco ou por causa da bebida, e Alex veio na direção de Angel.

- É melhor você sair da festa, falo como amigo, Richard ta bêbado e eu não quero confusão. - Falou colocando a mão no ombro de Angel pedindo para ela ir embora.

- Sua PUTA intrometida – falou com ódio e começando a vomitar. Várias cheerleaders e jogadores de futebol começaram a aparecer para ajudar Richard.

Alex conhecia a amiga, sabia que ela daria conta de uma briga contra Ric, mas ele se preocupava mais com as conseqüências e confusões que isso trariam na segunda, e Angel via o ponto do amigo por isso simplesmente puxou Jean para a saída da casa e longe da confusão. Angel ainda estava de cabeça quente quando chegou em sua moto, mas notou que Jean estava com raiva, provavelmente por causa do Richard e sua falta de neurônios.

- Sinto muito pelo Richard. Acho que o álcool que ele bebeu hoje matou os dois neurônios que ele tinha – falou Angel.

- Por que você fez isso? – perguntou Jean irritada, e bêbada. Naquele momento a loira se arrependia de ter pegado a bebida que o "barmen" deu para ela – você não precisava ter batido nele e criado esse climão, eu tinha tudo sobre controle, ok?

- Então por que o seu braço está vermelho? – perguntou Angel, irritada com o tom da colega. O braço de Charlotte estava bastante vermelho, e estava claro que o garoto a estava machucando.

- Porque eu sou muito branca e fico vermelha com qualquer coisa! Eu sei me virar, ta bem? Eu sobrevivi até agora sem um anjo da guarda, eu teria dado conta de um garoto bêbado!

- Mesmo se tivesse dado, qual o problema em eu ajudar?

- O problema é que você ta muito super protetora! Você não é nem minha mãe, nem minha irmã, nem minha namorada pra tanto ok?

- Não, mas sou uma grande amiga!

- Meu deus! Minha grande amiga de uma semana! – falou em um tom ultra sarcástico – deveríamos oficializar a nossa amizade eterna com um pacto de sangue?!

Esse último comentario atingiu Angel como uma flecha. Tudo era verdade, ela estava animada demais com uma amizade de um semana. Sentiu uma onda de raiva passar por seu corpo, mas controlou a língua e disse em voz dura:

- Tudo bem. Pode deixar, que não voltarei a cometer o mesmo erro. Vamos embora.

Jean se arrependeu de ter falado aquilo no momento em que viu a cara de Angel se fechar e a voz dela ficar fria como o gelo. Ela se virou e colocou o capacete para logo subir na moto. Charlotte sabia que não adiantaria tentar consertar as coisas naquele momento.

O caminho de volta tinha sido silencioso, quando Angel deixou Jean em casa ela nem esperou a outra garota dizer nada, simplesmente arrancou com a moto deixando o capacete com a colega. Angel estava borbulhando de raiva por dentro enquanto Jean esperava que ela pudesse concertar a besteira que ela tinha feito na segunda.

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Ainda eram 23:00, mas Gabrielle não via a hora de voltar pra casa. Não gostava muito de festas, achava muito barulhento e bagunçado, preferindo ver um filme no conforto de sua casa. Mas uma rainha vai aos bailes e a head cheerleader vai às festas, então, ali estava, fingindo se divertir.

Resolveu procurar os gêmeos para tentar convencê-los a começar o show mais cedo. Os dois eram artistas excelentes e em toda festa faziam um show impecável, um dos principais motivos para sua popularidade. O show deles era sempre o ápice das festas, e quando mais cedo fosse o ápice daquela festa mais cedo poderia ir embora. Percorreu a festa inteira duas vezes e não viu sinal deles - Porra, quão difícil pode ser achar duas pessoas com cabelo prateado - pensou irritada. Resolveu procurar no bar, mas viu algo muito mais importante, viu o seu namorado dando em cima da novata.

Uma onda de ódio puro passou pelo seu corpo. Como o Ric podia fazer isso na frente de todo mundo? Por ela , ele podia transar com todas as garotas do país, desde que ninguém na escola descobrisse. Mas dar em cima de alguém da escola era algo que ela não podia aceitar. Começou a imaginar como poderia interromper aquela situação sem parecer ciumenta, mas Angel apareceu, deu um soco no estômago de Ric e arrastou a novata para fora da festa antes que tomasse alguma providência. Muito sensata Angel pensou Gabi, se afastando da cena.

Como o Ric pôde fazer isso? Será que ele não pensa?

É claro que ele não pensa, ele é um garoto

Não é como se ela chegasse aos pés da nossa gostosura

Não é como se alguém chegasse aos pés da nossa gostosura

Pois é. Como que ele aguenta outras garotas depois de ter ficado com a gente?

Eu não sei. É uma daquelas coisas inexplicáveis. Eu não aguentaria.

Nem eu. Acho que vou me clonar e ficar comigo mesma

Um dia a gente faz isso, mas agora o que a gente faz com o Ric?

Acho que não dá pra fazer nada

A gente vai deixar passar?

Se eu questionar ele sobre isso ele vai mentir e eu vou parecer ciumenta

Então não fazemos nada sobre isso?

Você enlouqueceu? Claro que sim. A novata vai ter que sofrer

É bom que ela serve de exemplo para qualquer interessada no Richard

Exatamente

Então vamos falar com a Celina?

Será que não é melhor deixar pra resolver isso depois da festa?

Agora eu to muito animada. Você sabe como o sofrimento dos outros me anima

Ainda mais quando nós somos a causa. Ok, vamos achar a Celina

Gabi começou a procurar pela Celina por toda a festa, e estava demorando para encontrá-la. Gabi sempre era péssima em encontrar pessoas e estava um pouco eufórica devido à sua fúria. Adorava isso. Para ela, fazer alguém que a enraiveceu sofrer era a melhor coisa do mundo. Toda vez que era desafiada dava um sorriso pensando em como seria torturar aquela pessoa. E quando encontrou Celina viu uma situação que a fez sorrir.

Viu James, um dos losers que ocasionalmente humilhava dando em cima da amiga. Não conseguia se lembrar quem eram suas colegas, mas lembrava o nome e rosto de todas as suas vítimas.  James parecia absurdamente bêbado pois não completava as frases e estava com um pouco de dificuldade em ficar em pé, e sua amiga parecia estar assistindo à um show de comédia vendo a tentativa do garoto de paquerá-la. Gabi ficou contente com a cena. Teria alguém em quem descontar a raiva agora. Finalmente algo para se fazer nessa festa pensou. 

- Ora, ora, ora, o que temos aqui! Alguém se esqueceu de como funciona a hierarquia social – falou Gabrielle em tom quase didático – Deixe-me lembrar-lhe, nós, que somos populares e gostosas, fazemos o que quisermos, sentamos onde quisermos, ficamos onde quisermos, atormentamos quem quisermos. Você que é um loser anda com cabeça baixa, tenta ser invisível  e reza para que não nos irrite.

- Exatamente – falou Celina entrando na onda da amiga – e é absolutamente inaceitável que você pense que teria alguma chance de ficar com alguém como eu.

Gabi observou o garoto para ver sua expressão de vergonha, mas ele mal parecer ouvir o que elas tinham dito. Estava encarando os peitos da asiática distraidamente e continuava falando cantadas de forma atrapalhada,o que enraiveceu Gabi. Ele não só tinha ignorado as duas, mas estava checando a Celina em vez dela.

- Acho que vamos ter que explicar melhor. Quando você esquece que é popular, isso é o que acontece – falou em quanto jogava um balde de água gelada e gelo que estava sendo usado para resfriar bebidas no garoto. Era como uma slush gigante. Ele soltou um grito e caiu com um susto aos risos das duas garotas – Espero que isso tenha sido educativo – terminou explodindo em gargalhadas.

- Ah, Gabi, isso não é justo, eu também quero fazer isso – falou a outra garota recuperando das risadas.

- Então faz. Tem outro um balde desses ali – Celina pegou o outro balde e quando ia despejá-lo em James, apareceu outra de suas vítimas. Thomas . Ele estava revoltado e começou a gritar chamando a atenção de todos.

- SUAS FILHAS DA PUTA, IDIOTAS E ESNOBES. VOCÊS NÃO TEM NOÇÃO NÃO? –falou o garoto que estava vermelho de fúria. Por um instante Gabi ficou com medo que ele pudesse bater nelas, mas Celina era boa de briga, elas eram duas, e a gritaria chamou a atenção de várias pessoas que apareceram para ver a confusão.

- Ele achou que poderia ficar com uma cheerio e nós é que somos sem noção? – falou Gabi arrancando risos de todos e recuperando a confiança – Ele precisava aprender o lugar dele. E você também precisa – falou pegando o balde das mãos da amiga e jogando o seu conteúdo em Thomas que cambaleou para trás com o choque.

Todos riram com a cena, e a Gabi foi quem riu mais alto. Aquilo era simplesmente revigorante. Se você é um bully e acha que jogar uma slush é prazeroso, imagine jogar dois mega slush em sequência. Ela quase teve um orgasmo. Mas ainda melhorou. Emely apareceu.

- Olha, eu sei que não podemos mais apedrejar vadiar, mas é melhor vocês duas caírem fora antes que eu o faça. Vocês já fizeram o que queriam, já provaram o seu ponto, agora caiam fora antes que eu decida acabar com vocês.

Gabi normalmente não importunava Emely porque ela tinha uma fama de ser muito vingativa, mas estava muito exaltada para pensar nisso naquele momento e decidiu levar aquilo adiante.

- Me desculpe querida mas nós não temos mais um balde de gelo para você, então eu vou ter que improvisar. HEY PESSOAL – gritou chamando atenção de todo mundo – se todo mundo jogar suas bebidas nessa loira aqui, eu tiro a minha blusa.

Digamos que nenhum garoto hesitou em pagar o preço de uma bebida para ver a garota sem camisa. Todos os garotos da festa começaram a jogar cachoeiras de bebida na menina, que ensopada e humilhada, fugiu da festa com seus dois amigos em meio a um mar de bebida. Mesmo quando chegaram no carro os garotos continuaram a jogar bebidas no carro, e no tempo que demorou a manobragem, o carro ficou completamente sujo de bebida.

Gabrielle assistiu a fuga deles com uma satisfação maléfica. Ela era a rainha e podia punir quem quisesse. Apreciou sua superioridade em silêncio, sentindo o prazer percorrer seu corpo, até que Celina perturbou seu  momento:

-Nossa, você pegou pesado. O que foi isso? – então lembrou o motivo de ter ido atrás da menina no primeiro lugar.

- Sabe a novata? – perguntou com uma voz leve.

- Sei.

- Ela também precisa de uma lição dessas – respondeu de forma simples. Já tinha planejado tudo. Diria a todos que ela era lésbica para que o Ric desistisse dela, faria 4 sessões diárias de slush para que ela aprendesse seu lugar, e a empurraria no armário todo o dia para que ela a evitasse. Mas agora tinha que cumprir a promessa de tirar a blusa. Aquilo não só seria ótimo para sua popularidade, mas também seria uma forma de punir Ric. Até que essa festa não foi tão ruim no fim das constas pensou de bom humor.


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Notas finais do capítulo

Sabe, esse capitulo não ficou do jeito que eu queria =/
Desculpe a demora, é que foi muito difícil escrever esse capitulo, eu não sei quantas vezes eu e meu amigo reescrevemos ele, para vocês terem uma ideia, eu comecei a escrever esse capitulo antes de agosto e ainda assim não ficou tão bom.
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