The Clare escrita por Zeloya chi


Capítulo 6
Um Novo Começo


Notas iniciais do capítulo

Um luto não dura pra sempre. As vezes, depois dele vem a tristeza, o ódio, e até mesmo ... a vingança.



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Continuava a chover, mais e mais a cada minuto que passara desde a morte da minha mãe,

Não sabia ao certo o que fazer... Se eu deveria fazer um funeral digno ou esconder a nossa existência.

Não temos familiares vivos ou que conhecíamos. Nunca conheci meus avós, e minha mãe não falava sobre a família do meu pai nem nada parecido. Não éramos visitados por primos nem tios. Raramente, alguns amigos da minha mãe a vinham visita-la, porém minha mãe sempre fazia com que eu não ficasse em casa ou ficasse trancada em meu quarto. Sinceramente, nunca entendi ou nunca preferi saber sobre a minha família. Minha mãe escondia coisas de mim, más eu também não insistia em saber.

Não acho que eu deva avisar alguém sobre a morte dela, pois ninguém na verdade se importaria. Então achei melhor fazer um funeral simples, apenas comigo, Lucian e Peter. Sem testemunhas, nem Padres, Amigos, Parentes. Apenas eu e meus amigos.

– Você está bem com isso Luce? – Lucian não olhava para o meu rosto desde aquela noite, talvez se sinta culpado por deixar isso acontecer.

– Sim. É melhor assim – Assenti e continuei cavando um buraco no cemitério.

Aquele cemitério não era muito usado fazia alguns anos, desde que o coveiro morreu, as pessoas iam a outro cemitério, e esse por sinal, foi abandonado.

A chuva não parava nunca, eu poderia até pegar uma gripe, mas não estava ligando muito para o que aconteceria comigo...

Terminei de cavar o buraco e Peter e Lucian pegaram o corpo e colocaram nele. Acho que se eu visse essa cena por outro lado, parecia que éramos assassinos em série escondendo um corpo morto para que ninguém o ache, mas não conseguia ver aquilo como algo cômico.

Ao sairmos do cemitério abandonado, fomos direto para a mansão de Lucian. Eu não me sentia bem morando sozinha na minha casa, até porque estava tudo destruído. O caminho de volta foi mais silencioso do que o de ida. Não me sentia confortável em conversar com eles, por mais que queiram me ajudar, era uma coisa que eu deveria enfrentar sozinha, com minhas próprias forças.

Ao chegarmos, ouvi a voz da gata reclamando do horário e do temporal que estava lá fora. A ignorei e subi as escadas em silencio, sem esperar que alguém fala-se algo.

Fechei a porta e me sentei na cama. Minha cabeça estava uma confusão. Tantas coisas acontecendo de uma hora pra outra, tantas mortes, tantos problemas. Eu não sabia se chorava ou se gritava de ódio ou de dor. Queria fazer tudo ao mesmo tempo, mas o que isso me traria? Mais dor e sofrimento. Deitei-me e olhei para o teto. Era azul claro, como se quisesse passar a impressão de que era para acalmar os pensamentos, acho que funcionou...

Ouvi batidas na porta. Olhei para ela, mas não senti vontade de me levantar para abrir ou perguntar quem era. Apenas deixei que batessem...

Como havia imaginado logo as batidas pararam e eu fechei meus olhos na tentativa de organizar meus pensamentos e emoções. Pensei que talvez, um banho quente me fizesse melhor, então levantei e fui até o quarto de Lucian.

Eu já havia ouvido falar que o quarto dele era arrumado, mas não imaginava que seria tão grande. Bati na porta e logo ela se abriu, revelando um rosto branco e um pouco avermelhado com cabelos loiros molhados caídos nos olhos.

–Luce? Algum problema? - Lucian encostou-se à porta me encarando.

–Ah... Bem... Eu estava pensando se- gaguejei um pouco, mas tomei coragem e falei de uma vez- Você pode me emprestar alguma roupa sua? Bom, eu preciso de um banho, mas não tem nenhuma roupa aqui que seja minha ou do meu tamanho...

–A-Ah, entendi. Entre por favor - E foi em direção a um guarda roupa enorme. Eu entrei, observando detalhe por detalhe. Era realmente lindo.

Lucian me entregou umas peças de roupas e eu me despedi. Não que eu não queira falar com Lucian, eu apenas queria poupar diálogos longos hoje.

Fui em direção ao banheiro com uma toalha de banho. Devo ter perdido a noção do tempo na banheira, pois quando sai já era mais de meia noite. Caminhei calmamente pelo corredor, sentindo a brisa e o ar gelado que passava por lá. Fui ao meu quarto e peguei meu casaco, mesmo sujo, ele ainda me esquentava muito bem.

Fui para o jardim e me sentei em uma pedra. Inspirei o ar puro e fresco que o vento levava e olhei para o céu. As estrelas brilhavam como joias recém-polidas. Eram tão belas e solitárias. Solitárias, assim como eu estava naquele momento...

Após um tempo de devaneios e pensamentos, me levantei e caminhei de volta para a casa. Quando abri a porta, trombei com Peter que estava distraído e caiu no chão.

–Me desculpe- estendi minha mão para ele, e o mesmo a segurou se apoiando e levantando-se. - Não estava prestando muita atenção a minha volta. Você se machucou?

– Não, está tudo bem. Eu estava pensando apenas. O que faz tão tarde andando pelo jardim sozinha? Pode ser perigoso.

Por incrível que pareça, eu soltei um sorriso.

–Desculpe, não achei que poderiam aparecer ninjas no jardim ás 2h da manhã - Soltei uma risadinha e nos olhamos. Aqueles olhos verdes pareciam penetrar meus pensamentos. Abaixei a cabeça, um pouco envergonhada.

– Quer um acompanhante? Eu posso te levar para seu quarto- Peter disse, sem más intenções.

–Eu prefiro ficar sozinha, mas como esta sendo gentil, lhe darei a honra. - Puxei a barra da minha blusa como se fosse um vestido e me curvei, fingindo ser uma princesa. Olhei de volta para ele e nós rimos um pouco da situação.

Fomos caminhando de volta para o quarto, mas sem tocarmos em quaisquer assuntos.

–E-Então... - Peter gaguejou um pouco. - Como conhece Lucian?

– Somos Amigos a um bom tempo. Nos conhecemos na escola. Houve um incidente com uma menina e todos estavam abalados. Eu não tinha amigos naquela época e Lucian deve ser sentido pena de mim e veio me confortar. Achei aquilo educado e gentil e começamos a nos falar. Quando menos percebi éramos melhores amigos. - Era uma estória clichê, mas era a verdade.

–Ah, entendo. Por isso vocês se dão tão bem. Achei que... - Peter parou um pouco.

–Que...?

–Vocês...Bem... Fosse algo como namorados- Peter me olhou confuso. Eu o encarei e não pude conter o riso.

– Está brincando? Não me vejo namorando Lucian. Somos como irmão, seria estranho, não é? Apesar de minha mãe sempre falar que Lucian me amava e eu era muito insensível de não perceber.

–Hum... - Peter parecia pensativo, então o empurrei com o braço.

– Pare de fingir que está pensando- dei uma risada e continuamos andando. Eu me sentia alegre perto de Peter, apesar de não saber nada sobre o seu passado nem como era ele, apenas... Me sentia calma.

Chegamos ao meu quarto mais rápido do que achei que iriamos e eu me virei para nos despedir.

–Luce, eu...

–Sim?- perguntei num tom de curiosidade.

–Sei que está sofrendo pelo o que aconteceu... Mas quero saiba que se quiser se abrir ou desabafar comigo, estou aqui ok? Não nos conhecemos há tanto tempo e eu não sei quase nada sobre você, mas pode confiar em mim. - Peter disse isso olhando para o chão, evitando olhar para mim.

Confesso que senti uma pontada de tristeza, quis chorar naquele momento, mas segurei as lagrimas e num movimento impulsivo dei um beijo em sua bochecha.

–Obrigada- Tentei forçar um sorriso, o que pareceu dar certo- Mas acho que é algo que eu tenha de lidar sozinha, mas obrigada. Estou feliz em saber que posso contar com você. Boa noite Peter.

Virei-me para abrir a porta, mas Peter segurou minha mão, o que fez com que me virasse.

– Luce, eu... Me desculpe por tocar nesse assunto, não quero ver você com essa cara triste. Me desculpa. - Ele me encarou, com o rosto vermelho.

Provavelmente eu estava encabulada também, mas invés disso sorri e apertei sua mão.

–Tudo bem. - Soltei sua mão e Fechei a porta atrás de mim.

Olhei para a janela e sorri. Finalmente um dia sem chuva.


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Notas finais do capítulo

Demorou mais saiu ;) Continuem acompanhando, a estória vai começar a ficar emocionante o/



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