Beijos, Beatles E Dúvidas escrita por Alasca


Capítulo 5
A águia


Notas iniciais do capítulo

Olá!



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Não posso negar, eu estava realmente muito apavorada com a ideia de ter que ser a guia dos meus novos vizinhos, e a Sophia ter dito que ele poderia ser bonito me deixou ainda mais ansiosa e preocupada. Quer dizer, eu não sou uma especialista em garotos, o que eu posso dizer, meu último e primeiro beijo foram em uma festinha infantil quando eu tinha quanto? Uns dez ou onze anos! Mas calma Lola, respira, ainda são oito da noite. E além do mais você não vai sair agarrando esse menino, que pensamento mais idiota!

Acordei antes mesmo do alarme do celular tocar, tive um sono muito raso e dormi mal, lembro de acordar várias vezes durante a noite e ir até a sacada sentir o vento frio na minha pele, olhar para as estrelas, fazer planos, observar a casa vizinha, não me entenda mal, não estou sendo curiosa, mas a lua refletida na piscina deles, era uma ótima visão, aliás, eu tinha uma ótima paisagem para observar, o grande jardim, a piscina, e também algumas janelas, me lembro de ficar surpresa ao ver uma delas com a luz interior ainda acesa, devia ser bem tarde a essa hora.

Resolvi levantar, olhei para o relógio na parede, este marcava seis horas! Nunca havia acordado tão cedo... Fui até o guarda-roupa, vesti o uniforme, coloquei minha jeans escura, all star, passei um pouco de corretivo nas olheiras que aparentemente resolveram me seguir para o resto da vida, ajeitei o máximo que pude o cabelo, escovei os dentes e desci para a cozinha. Minha mãe já estava acordada preparando o café, me perguntei que horas ela acordava, Deus livre ter que acordar ainda mais cedo!

—Lola acordada a essa hora? O que houve? Deu formiga na cama? -Ela riu enquanto segurava uma enorme caneca de café.

—Nossa mãe você é tão engraçada, acredite, eu estou rindo por dentro.

Ok, eu admito que de manhã sou a pessoa mais chata que existe, e dificilmente arrancará um sorriso meu a uma hora dessas.

—Lola sempre tão encantadora!

—Estamos aqui pra isso.

—O que vai querer: café? leite? pão?

—Um café com bastante açúcar, pois já basta o amargo da vida! .-Ela me olhou por alguns segundos, aterrissou a caneta no balcão e se aproximou.

—O que? A minha filhota rebelde está preocupada em ter que ser a "guia".- Disse, abrindo aspas no ar.

—É que eu odeio isso mãe! Caso você não tenha percebido eu não sou boa em fazer amizades ou ser legal com os outros.

—Por favor filha, você tem 17 anos! Para de ser boba! Você só vai acompanhar eles até o ponto de ônibus e mostrar a escola, eu aposto que a Sophia vai te ajudar. Agora vem cá.

Ela contornou o balcão e me deu um abraço. Minha mãe e eu não temos uma ótima relação, normalmente estamos sempre brigando e discordando de tudo, temos gostos totalmente diferentes, mas quando nos abraçamos parece que o mundo todo para. Como eu já disse, certas pessoas tem um abraço que encaixa perfeitamente no nosso. Depois de algum tempo que eu não sei quanto, ela disse que era melhor eu ir antes que ficasse atrasada.

Fechei o portão e dei alguns passos até ficar em frente ao grande portão branco, pronto, era só tocar o interfone e AAAAAAAI quase tive um ataque do coração! Isso é hora do meu celular vibrar? Era a Sophia:

Oi amiga! Espero que você esteja acordada e quase saindo de casa, nada de chegar atrasada hoje. Já está com seus vizinhos? Se estiver, apenas diga hmmm "a águia pousou".

Mas você é muito louca né Sophia, qual seria o sentido de eu falando "a águia pousou" com alguém no celular? hahahaha Ainda não encontrei com eles, aliás, estava indo apertar o interfone quando meu celular vibrou quase me matando do coração!

Ops, desculpa aí, mas enfim, boa sorte, estou saindo de casa, nos encontramos na portaria ok? Beijos

Beijos amiga!

—Oi, você deve ser a Lola!

Havia ficado tão entretida na conversa com a Sô que nem percebi o portão atrás de mim se abrindo, me virei e fiquei de cara com duas pessoas. Uma garota muito loira e com olhos extremamente verdes, era um pouco mais alta que eu, tinha a pele bem clara e um sorriso simpática no rosto, ao seu lado, um rapaz mais alto que eu, com cabelos pretos levemente cacheados e olhos também escuros, esse com um sorriso mais contido, mas igualmente bonito. A garota deu um passo à frente e me deu um abraço! Eu fiquei morrendo de vergonha!

—Ah sim! Sou a Lola, e você é a Maria Eduarda certo?

—Pode me chamar de Duda.-Ela apontou para trás.- E esse é meu irmão Pedro.

Ok, não vou negar, ele era um gato e aqueles olhos pretos me fuzilaram inteira me deixando com as pernas bambas. Ele veio até mim e me deu um beijo na bochecha! Devo ter ficado vermelha com certeza...

—Oi...

Eu sorri para ele, não conseguiria responder algo nem que quisesse, provavelmente sairia algum gaguejo. Me concentrei em olhar apenas para a Duda, assim seria mais fácil.

—Bom, vamos? O ponto é aqui pertinho e chegamos bem rápido na escola.

—Tudo bem, vamos lá. -Disse a garota toda animada.

Andamos em silêncio até o ponto, eu bem tentei pensar em algo para dizer mas aquele garoto estava tirando a concentração. Calma Lola, você não é assim, é só um garoto, apenas o seu vizinho, fale alguma coisa, sua idiota!

—Gostaram da casa?

QUE DROGA DE PERGUNTA É ESSA?! Dessa vez foi ele quem respondeu:

—É uma casa muito bonita, principalmente a vista da sacada.

OK, AGUENTA CORAÇÃO! Isso não pode ter sido uma indireta, foi coincidência, apenas isso.

—O único problema é acostumar, fiquei um tempão acordado ontem.

Então a luz daquele cômodo era ele que estava acordado!

—Eu imagino, nunca mudei de casa, mas seria muito estranho ficar longe do meu quarto...-Se assim era o jogo, eu também o jogaria.- E da minha sacada.

Depois disso os assuntos foram surgindo bem facilmente, o ônibus chegou, entramos, sentei junto com a Duda, e o Pedro sentou atrás da gente. Estava sentindo a respiração dele na minha nuca e aquilo estava me deixando arrepiada, achei melhor encostar na janela e tentar esquecer aquela (AH MEU DEUS, QUE COISA MAIS MARAVILHOSA) sensação.

Mandei uma mensagem para a Sophia:

"A águia pousou. E que águia."

Quando o ônibus estava se aproximando da escola já pude ver a Sophia, acho que a mensagem deve tê-la deixado bem animadinha, pois ela mostrava um sorriso enorme e havia jogado os cabelos para o lado. Descemos. Sô veio em nossa direção e se apresentou:

—Oi gente, sou a Sophia, mas pode chamar de Sô, melhor amiga da Lola. Tudo bem com vocês?

—Oi Sô, eu sou a Duda! Tudo ótimo, adorei seu cabelo! Queria que minha mãe deixasse fazer mechas azuis também, acho demais!

Tenho que dizer, a Duda era realmente um amor de pessoa, queria ser simpática como ela.

—Obrigada! O seu é lindo também!

—E eu sou o Pedro, muito prazer.

Acho que Sô ficou decepcionada por não ter recebido um beijinho como o da Duda, pois ele apenas sorriu para ela e abaixou a cabeça envergonhado. Não que eu queira algo com ele, mas fiquei feliz por ter sido a única privilegiada.

E o sinal tocou...



































































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Notas finais do capítulo

Agora as coisas começarão a mudar...


Espero o comentário de vocês! Beijos :3