Beijos, Beatles E Dúvidas escrita por Alasca


Capítulo 6
Entre as almofadas


Notas iniciais do capítulo

Olá! Me desculpem por demorar tanto para postar esse capítulo, mas minhas aulas voltaram, e já tenho várias coisas (chatas) para fazer...
Boa leitura!

PS: Dedico à minha amiga Carol, que está adorando a história, anw *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393146/chapter/6

—Adorei conhecer você Sophia! Temos que combinar de sair um dia desses!

—Claro Duda, só me ligar, e aproveita e chama sua vizinha chata e antissocial para ir com a gente.- Ela riu e apontou para mim.

O sinal havia tocado há algum tempo, e já estávamos liberados para ir embora, enquanto caminhávamos para o ponto de ônibus, Sô resolveu nos acompanhar, ela não havia desgrudado da Duda um minuto, ficaram o intervalo todo conversando, enquanto eu e o Pedro tentávamos acompanhar o papo, onde por vezes acabávamos rindo e trocando alguns olhares rápidos. Agora, estão Sophia e Duda caminhando animadamente na minha frente.

Olha, eu tenho que reclamar uma coisa dessa cidade, qual o motivo dessas calçadas serem tão estreitas? Sempre fica uma pessoa mais atrás, e nesse caso fui eu... por outro lado teve uma coisa boa nisso tudo, acabei ficando um tempinho a sós com o Pedro, mas isso, claro, não podia ser tão fácil assim, pois eu não conseguia dizer nada! Qual o problema daquele garoto? Ou melhor, qual o meu problema? Era só um garoto...

Chegamos ao ponto bem a tempo de pegar o ônibus, e voltamos para casa quase nos mesmos bancos que fomos, porém, diferente de manhã eu me sentia à vontade com aquelas pessoas, bem, pelo menos com uma delas. Me desculpei mentalmente por ter pensado que eles seriam chatos, aliás, já mostraram serem totalmente o oposto disso. Eu sempre voltava para casa sozinha, apenas com a companhia dos meus fones de ouvido e minha playlist com músicas preferidas e melancólicas, mas agora eu não precisava daquilo, a Duda parecia uma extensão da Sophia, e o Pedro... era o Pedro. 

Quando chegamos em frente ao portão da casas deles, Pedro se virou para mim e disse: 

—Obrigada Lola.- Ele abaixou um pouco a cabeça, olhando para o chão.- Você podia ir com a gente de novo, sua companhia foi muit...

—ISSO! Amanhã você vai com a gente Lola, mas será que podemos ir um pouquinho mais tarde? Quase caí de sono hoje enquanto o ônibus não chegava.

—Claro gente, amanhã eu passo aqui. Até! 

Eles estraram pelo portão e eu fui para casa, mas uma coisa havia ficado na minha cabeça, se a Duda não tivesse interrompido o irmão o que ele iria me dizer, que a minha companhia era o que? Boa? Legal? Ótima? Péssima?

—OI FILHA! E AI? COMO FOI? CONTA TUDO! 

Já disse que minha mãe fica muito animada quando conhece pessoas novas? Cá está ela, uma mulher de quarenta e tantos anos com os cotovelos apoiados no balcão, as mãos no queixo, olhos brilhantes e uma enorme ansiedade na voz, uma garotinha. 

—Foi bom... .-Vamos ver quanto ansiosa ela está.

—Bom?.-Ela murchou, exatamente como eu pensei que aconteceria, ah Dona Clarice, você é tão previsível.

—Quer a verdade?

—Não, filha, minta para mim... Mas é claro que quero a verdade! 

—Foi muito legal! Eles são muito educados afinal, e a Duda, é muito divertida e animada, ela e a Sô ficaram super amigas, já o Pedro é quieto, ou talvez seja por que me conheceu hoje... Mas é legal também.

—É bonito?

—Mãe! Como assim? 

—O Pedro ué, é bonito ou não? Só falar! 

—Mãe você está parecendo a Sophia... .-Olha só esses olhinhos brilhantes.- Mas sim, é bonito sim. 

AH que maravilha! Agora deixa sua mochila lá no quarto e vem almoçar, hoje seu pai vai chegar atrasado, pois ele vai passar na Agência.

Meus pais irão completar 20 anos de casados, e meu pai resolveu que queria comemorar a data na Itália, e adivinha quem vai ficar? Pois é, eu e o Luke. Se não houver mudanças, a viagem está marcada para daqui três semanas, e minha mãe está fazendo diversas anotações para eu não esquecer de fazer nada enquanto eles estiverem fora, acho que ela não me considera uma pessoa muito responsável. O bom disso é que ficarei com a casa toda para mim! Não que eu vá fazer aquelas festas de filmes hollywoodianos, pois isso não tem nada haver comigo... Mas será bom não ter ninguém pegando no meu pé por um tempo! 

Subi para o meu quarto, joguei a mochila no chão, coloquei um dos discos antigos que estavam muito bem empilhados sobre a estante e deitei no tapete junto com algumas almofadas, deixei que a música tomasse conta da minha mente...

Love was such an easy game to play
Now I need a place to hide away
Oh, I believe in yesterday

(O amor era um jogo fácil de se jogar
Agora preciso de um lugar pra me esconder
Oh, acredito no ontem)

Eu não queria pensar nisso, mas foi inevitável, aquela noite de Outubro voltou ao meu pensamento:

Estávamos no quarto dele, o som preenchia o ambiente e eu conseguia ouvir alguns gritos do lado de fora da casa. Não me lembrava de ter escolhido aquilo, acho que foi em um momento de loucura que eu aceitei. O Mário parecia um cara muito descente, mas agora ele não me parecia tão respeitador, olhava para mim de uma forma que ninguém nunca havia feito... Eu sei que devemos perder a virgindade com alguém que confiamos, pois é algo irreversível, mas achei que se fizesse logo isso teria uma coisa a menos para me preocupar, então eu disse sim. O garoto alto e musculoso estava me empurrando levemente em direção à cama, meu coração estava disparado, eu só conseguia pensar em como estava nervosa e  quando caímos sobre o colchão que tomei conta do que iria fazer.

Por sorte, a porta se escancarou e um garoto baixinho entrou, falou nervoso se o Mário poderia acabar logo com aquilo para poderem terminar a aposta logo pois precisava ir embora... Foi quando eu percebi o quão repugnante aquele garoto era. Uma aposta? Eu era uma droga de aposta? Não perdi tempo, empurrei aquele verme para o chão, coloquei meu vestido e saí do quarto o mais rápido que pude, do lado de fora encontrei a Sophia, ela logo perguntou o que tinha acontecido e vendo minhas lágrimas ela me tirou dali. Acho que eu nunca a agradeci o suficiente por ter feito isso. 

Foi o pior dia da minha vida, e dali em diante eu prometi a mim mesma tomar cuidado com esse negócio de confiança e amor. E ali, em meio as almofadas, comecei a chorar baixinho. Quando a música finalmente chegou ao fim, fui até o banheiro, lavei o rosto e prendi os cabelos, não era hora de pensar nisso, pois isso jamais aconteceria novamente. Só havia um problema, hoje, quase um ano  depois do estúpido acontecimento, eu sentira meu coração acelerar e tive medo, pois gostar de alguém era algo que não estava em meus planos.

Mas às vezes planos dão errado. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim de mais um capítulo! E então? O que estão achando? Lola deve se arriscar? A mãe dela é doida? Uma viagem pode mudar tantas coisas?

beijos, e até o próximo!