Natsu Dragneel reiniciaria sua rotina. Seria tudo normal, e como Happy fora para a escola e Natsu trancara Lucy em casa, ficaria tudo bem.

Ao menos, era o que ele pensava.

Naquele dia, Natsu e Happy foram de trem e Lucy fora trancada. Estava emburrada e irritada. Além de besta, Natsu era um sem noção. Amarrara Lucy na cama, tudo porque a encontrara dormindo em cima do telhado naquela noite.

Lucy se debateu e gritou um pouco. Ninguém a salvaria, ela sabia muito bem disso. Começou a morder as cordas e puxava sem muita convicção. Por fim soltou e ficou deitada.

Gritou novamente, dessa vez de raiva. Droga, esse Natsu pagaria por tê-la amarrado.

Lucy ficou se contorcendo e se remexendo na cama. Queria se livrar daquilo.

De repente, escutou o barulho da porta rangendo. Parou de se mexer e até mesmo de respirar. Natsu voltara mais cedo? Ou Happy, por acaso, estaria cabulando aula? Esperou mais um pouco e escutou passos e risadinhas.

Não era nem do Happy, nem do Natsu. Os passos se aproximavam do quarto e Lucy começou a perder a calma. Fariam mal a ela. Mordeu os lábios. Ela tinha que ensinar a Natsu...

Espere, o que ela tinha que ensinar?

Foi devorada por memórias confusas e desconexas, contorcendo-se de dor. As cordas se afrouxaram e Lucy estava livre, se forçando a não gritar de dor. Ela começou a tremer quando se colocou de pé, e correu até a sala, onde o intruso estava. Sem nem pensar, levantou as mãos e disparou raios no inimigo.

Escutou um berro e encarou o garoto moreno caído no chão. Ele se remexia e Lucy se abaixou.

– Tudo bem? – ela perguntou.

O garoto fez que sim enquanto respirava ofegante. Lucy disparou os raios novamente e o ergueu no ar, prensando-o na parede.

– Quem é você? – Lucy estava curiosa. O garoto não tinha quase nenhuma roupa.

– Quem diabos é você? – O rapaz gritou, tentando se soltar, ou ao menos, pisar no chão. Falhou.

– Eu perguntei primeiro. – Lucy sentou no chão e ficou esperando uma resposta.

O garoto suspirou, exausto. Desistiu de tentar se libertar.

– Sou Gray.

Gray... Onde Lucy tinha ouvido esse nome?

– Por que está aqui? – Lucy continuou. Gray revirou os olhos.

– É a sua vez de responder. – Ficou emburrado.

Lucy deu de ombros.

– Eu sou marciana. – respondeu com naturalidade.

Gray explodiu em risadas. Ele até chorou.

– Ah, tá, acredito nisso. – Riu mais um pouco. – Você tinha que ser louca para namorar o Natsu. – Gray gargalhou da própria piada.

Lucy ergueu Gray mais um pouco e o arrastou para o quarto. Colocou-o na cama e o prendeu. Ele tentou se soltar e gritou, raivoso. Qual era o problema dela?

– Me tire daqui! – berrou, se debatendo. Lucy sorriu.

– Não entre na casa dos outros sem permissão. – Ela fechou a porta do quarto ao sair.

Natsu trabalhava calmamente, isto é, o mais calmo que pode ser na Fairy Tail. A Fairy Tail é uma empresa muito conhecida por sua desordem e a bagunçada que causam. Apesar de todos os problemas que a Fairy Tail traz consigo, é o desejo de muitos trabalharem nela.

Uma pessoa gritou e alguém pulou em cima de Natsu, fazendo com que ele derrubasse a papelada. Natsu se levantou e viu Happy, desesperado.

– Natsu! – gritou, sacudindo Natsu. – Ela é um monstro.

– Quem? O Luigi? – Natsu se lembrou de como fora difícil amarrar Lucy na cama sem que ela percebesse.

– Não! A Juvia! – Os olhos de Happy estavam marejados.

– O que a Juvia fez? – perguntou Natsu.

– Vamos pra casa, Natsu! Eu estou com medo! – Happy começou a puxar Natsu, mas algo os parou.

– Por acaso, Natsu, deseja matar o serviço? – questionou uma voz maligna atrás dos dois. Natsu reconheceria essa voz em qualquer lugar. Happy também conhecia.

– Nã-não se vira. – sussurrou Natsu.

Happy demorou para assentir. Estavam encrencados.

– Sabe Erza, que Juvia está matando o trabalho? – Natsu se virou, dando risadinhas.

A ruiva se enfureceu.

– Vamos atrás dela. – Erza arrastou os dois.

Quando chegaram à casa de Natsu e Happy escutaram gritos. Erza arrombou a porta com um chute e entrou, antes mesmo dos dono. O sofá estava virado e Juvia estava em cima de Lucy, puxando o cabelo loiro de Lucy. Lucy segurava os braços de Juvia e tentava furá-los.

– O que está acontecendo aqui? – gritou Erza.

– Rival no amor! – berrava Juvia.

– Saia daqui! – Lucy conseguiu se colocar de pé. Juvia também se levantou, só que Erza a segurou.

– Rival no amor! – Juvia estava tão ameaçadora que Natsu entendeu. Não era só Erza que era perigosa. Todas as garotas são. Natsu anotou mentalmente para não irritá-las. Ele poderia morrer.

– Eu perguntei o que está acontecendo! – Erza falou em voz baixa. Todos se calaram.

– ME TIRA DAQUI! – berrou uma voz, vinda do quarto.

– Gray-sama! Juvia vai te salvar! – Juvia gritou em resposta.

– O que o Gray está fazendo aqui? – Natsu questionou, correndo até o quarto. Encontrou um Gray amarrado na cama. Juvia e os outros chegaram depois.

– Juvia está aqui! – Juvia gritou.

– O que está fazendo aqui, seu maldito? – Natsu questionou.

Eles precisaram de exatos 30 minutos para cada um explicar o que tinha acontecido. Natsu tinha amarrado uma garota desconhecida na cama. A garota, que eles descobriram se chamar Lucy, conseguiu se livrar das cordas porque um estranho, Gray, invadira a casa para pregar uma pegadinha em Natsu. Como Lucy achou que Gray era uma ameaça, o prendeu na cama. Juvia, que vivia seguindo Gray, avistou tudo de uma janela e achou que Lucy queria matá-lo. Então entrou na casa e começou a lutar com Lucy.

– Todos vocês estão encrencados. – murmurou Erza.

Ela saiu e voltou depois de um minuto.

– Juvia e Gray, vocês vem comigo. – ordenou Erza, puxando os dois pelas orelhas.

Os três suspiraram dentro de casa. Que complicado.

– Tem algum problema? – Lucy perguntou, depois de certo tempo.

– O quê? – retrucou Natsu.

– Eu ter contado para aquele Gray que sou marciana?

– O QUÊ??! – Natsu e Happy gritaram em uníssono.

Lucy deu de ombros. Pelo menos, ela não mentira.