Acordei naquela manhã completamente sozinha . Não me surpreendi . Forçar Ben a passar a noite ao meu lado , já havia sido muito . Eu não sabia do que ele era capaz e nem de fato o que ele era , por isso não podia nem sequer imaginar contra o que ele lutava . Sentei-me na cama e passei a mão na cabeça , podendo então sentir que algo estava estranho . Um leve formigamento percorria a minha pele , o que não deveria ocorrer já que eu não estava em meu corpo .

A porta se abriu e pude ver Ben . Estava com um enorme sorriso no rosto e claramente não sabia esconder que algo bom havia acontecido , ao menos aquilo deixava claro que na verdade ele não tinha fugido pela manhã e sim partido a procura de algo . Pulou em direção a cama e caiu ao meu lado . Seus olhos encaravam os meus como se desejassem que eu adivinhasse o motivo de sua felicidade . Puxou-me para um beijo demonstrando muita energia e francamente me pegara de surpresa , nada ainda havia sido esclarecido e eu não sabia que já havíamos pulado para a parte onde eu o escolhi quando na verdade nem sequer parei para pensar .

– Conte-me ou descobrirei de outra maneira - Disse sorrindo assim que ele se separara de mim em busca de fôlego .

– Vem . - Puxou-me da cama e em seguida cobriu meus olhos . Eu sabia que poderia simplesmente sumir ou trapacear , porém deixaria que ele fizesse aquilo da maneira dele . Me guiou pelos corredores da casa e a cada passo que eu dava , o formigamento em minha pele apenas aumentava , chegando inclusive ao ponto de queimar . Paramos , eu já não aguentando mais , como se houvesse chegado ao limite . Abriu meus olhos e então abri a boca pasma .

– Não acredito . - Estava ali , meu corpo , em fim , estava ali . Pulei de entusiasmo enquanto corria em direção a mim mesma . Uma grossa fina de energia me puxando para ele . Me sentei ao lado e podia sentir o quanto meu espírito se atraia para ele . - Como ... ?

– Acordei nessa manhã ao seu lado , foi a noite mais tranquila de toda a minha vida ... nada de vozes , sonhos estranhos ou acordar em ataques de fúria . Você estava sobre meu peito e eu não possuía nenhuma vontade de a matar ... e sim de a proteger , qual é a chance disso acontecer de novo ? - Perguntou com um sorriso de orelha a orelha . - Por isso que decidi não mais esperar e invadi o hospital .

– Você pode ser preso .

– Bem ... não vamos mais focar nisso ... simplesmente , entre logo e vamos deixar esse lugar , essa cidade ... correr para bem longe . - Ele estava de fato empolgado .

– Ahm ... pode me deixar sozinha comigo mesma um pouco ? - Perguntei sorrindo e em seguida ele me deixou só depois de hesitar por um segundo .

Eu estava ali , diante ao meu passe para a liberdade e de repente percebi que havia travado . Aquilo não apenas representava a minha liberdade , mas também uma escolha ... escolha entre vida e morte , eternidade ou mortalidade ... Ben ou Tate . Eu não podia simplesmente fechar os olhos e ignorar o fato que se eu simplesmente voltar a vida , estarei sendo egoísta , escolhendo e colocando a mim mesma na frente de tudo .

Durante toda a minha vida , ninguém jamais havia olhado , se preocupado ou se apaixonado por mim . Brad havia sido um companheiro , uma segunda metade , porém ele tinha amigos , atenção e o amor dos nossos país ... já eu , bem , eu era aquela com problemas psicológicos que não poderiam ser curados . Quando cheguei naquela casa , Tate havia olhado por mim , permanecido ao meu lado , se apaixonado por mim e tentando me proteger ... de uma maneira que nenhuma outra pessoa poderia ter feito . Ele é maluco , um assassino , havia me estuprado , porém ele me amava ... e por mais que tudo o que ele fez pudesse me machucar ou fosse contra a tudo aquilo que eu acreditava , eu também o amava .

Ben havia sido muito bom também e eu não mentiria , de fato sinto algo por ele , ele é importante demais ... porém a maneira como o agradecerei terá de ser diferente da de Tate . Eu amo ambos , só que ficara claro que só posso permanecer ao lado de um . Ben estava vivo , merecia ser feliz e eu , mesmo que não literalmente , já estava morta . Não havia porque voltar a vida ao invés de abraçar o meu destino . Além do mais , estava na hora de permanecer ao lado de Tate assim como ele sempre permanecera ao meu .

Tranquei o corpo no armário e em seguida sai como se em fim estivesse de volta . Se Ben sequer sonhasse , me impediria e eu não irei permitir . Desci as escadas encontrando Moura em seguida . A única que poderia ao menos ter alguma noção do caminho que eu devo tomar . Me aproximei e perguntei a ela o quanto todos os espirítos ali desejavam ser livres , descobrindo então que ninguém estava de fato feliz ali , aquela casa era um cenário cruel demais e que precisava deixar de existir e eu simplesmente concordara completamente .

Felizmente a casa monstro , possuía uma rica e vasta biblioteca , voltada para o sobrenatural e bizarrices , deixando claro que nenhum dos moradores que já passaram por ali era de fato normal , o que contribuíra para a construção do que aquela casa se tornou . Abri alguns livros , claro não encontrando o que eu precisava de caro ... mas havia algo em cada um deles , uma pequena esperança , uma pequena chance , que poderia dar incrivelmente errado ... porém também poderia dar incrívelmente certo . Arranquei algumas páginas de tudo aquilo que me parecera fazer sentido e levei a cozinha com a intenção de pedir a opinião de Moura . Coloquei as folhas sobre o balcão e percebi que se pegasse um pouco de cada um dos caminhos , poderia encontrar exatamente aquilo que eu preciso .

– Lembrando que nem Ben , nem Tate podem saber a respeito disso . - Disse assim que terminei de lhe contar tudo aquilo que eu havia imaginado .

– Sim , senhorita . Falarei com os outros e prepararei tudo . - Disse sorrindo e aparentando animação . Me deixou sozinha com os papeies e comecei a os ordenar como uma espécie de quebra cabeças , aquilo poderia dar muito errado . As mãos em minha cintura me assustaram . Fui virada rapidamente e em seguida beijada . Ben me abraçou e fiz o que pude para manter seus olhos longe dos meus papeis .

– Ainda está fria ... - Perguntou ele arqueando uma das sobrancelhas .

– Eu sempre fui assim .. - Sorri torcendo para que ele não desconfiasse , eu não saberia o que inventar para que ele não percebesse .

– Bem ... quando sairemos ? - Me parecia incrivelmente fácil , porém eu preferia acreditar do que me concentrar em mais um problema .

– Logo - Disse sorrindo . Ao menos logo ele partiria .

Não seria fácil esconder tudo isso dos homens da minha vida , porém não havia mais nado a ser feito . Eu não permitiria que aquela casa sugasse mais uma alma , não permitiria que as pessoas ali presas , sofressem por mais tempo . Eu destruiria aquele lugar , colocaria tudo ao chão , como pó . Ben teria uma vida normal , humana e livre , Tate em fim teria a alma liberta e eu caírei junto a casa , permanecendo eternamente ao lado de Tate , assim como eu prometera a ele ... apenas ele e eu , em um pra sempre , extremamente incerto .