O sol subia no horizonte e os primeiros sinais de vida começavam a ser visíveis na rua. Apesar dde ser domingo, muitas pessoas acordavam cedo.

A loira abriu os olhos. Apalpou o seu lado na cama. Estava frio e vazio.  Ino sentou-se na cama, notando que apenas um lençol a cobria.  Franziu o cenho e começou a tentar se lembrar da noite anterior.

Tinha ido àquela boate recém aberta com Hinata e Sakura. Dançou muito e bebeu milhares drinks. Até que um moreno de olhos escuros ônix, surgiu para ela.

Porte atlético, bonito e misterioso. O tipo perfeito que fazia Ino se interessar imediatamente.

Eles conversaram por alguns minutos (fazendo Ino se interessar cada vez mais) e o moreno começou com o seu jogo de sedução. Ino estava "alegre" demais e acabou caindo na conversa dele.

Os dois foram para um motel e Ino só pôde concluir uma coisa: teve a melhor noite da sua vida.

Entretanto, o "conto de fadas" havia terminado para a Yamanaka, como tantos outros que ela já tivera.

Ino levantou da cama, enrolada no lençou e pegou seu celular, na bolsa que estava largada no chão.

"Ino? Onde você se meteu?", perguntou Hinata, do outro lado da linha.

"Fui curtir a vida, Hina! Você pode trazer o meu carro?", pediu Ino, afastando uma mecha loira do rosto.

"Claro. Só me dê o endereço de qual motel você está.", Hinata era esperta, o que chegava a assustar muitas vezes.

Ino passou o endereço do motel para a amiga, que prometeu estar no local em menos de meia hora.

A loira vestiu suas roupas e prendeu os cabelos. Se olhou no espelho. Passou uma leve maquiagem no rosto.

Saiu do quarto, sem olhar para trás. Hora de voltar para sua rotina.

(...)

Itachi largou as chaves do carro na mesinha de centro e se jogou no sofá. Pegou seu celular e discou o número.

"Já acordou?", perguntou, impaciente.

"Agora já.", Sasuke tinha a voz sonolenta. "O que foi?"

"Temos que conversar sobre o plano. Chame o Naruto. Em dez minutos, na lanchonete da esquina."

Sasuke não respondeu e desligou o telefone. Itachi fez o mesmo. Logo, uma lembrança da noite anterior, surgiu como um flash na cabeça do moreno.

- Uau, você é rápido! - Ino enlaçou a cintura do moreno, com suas pernas.

Itachi dava mordidas no lóbulo da orelha da loira.

- Você nem imagina o quanto - sussurrou, começando a abrir o vestido da loira.

Ino abriu a camisa do moreno e arranhou o abdômen definido do rapaz.

A partir daí, as peças de roupa foram sendo jogadas no chão do quarto. A lua brilhava no céu, emitindo sua luz para dentro do cômodo, pela janela.

Ino e Itachi soltavam gemidos de prazer e faziam carinhos provocantes, satisfazendo um ao outro. Mas aquilo era diferente. Não era como uma simples transa. Havia algo a mais ao redor deles, que nenhum dos dois sabia explicar.

Itachi balançou a cabeça. Por que lembrava daquela garota? Fora mais uma que passara por suas mãos e só. Era apenas isso e fim.

Afastando aquelas lembranças e pensamentos, Itachi apanhou as chaves na mesinha de centro e saiu do apartamento.

(...)

- Você não acha que foi fácil demais? - perguntou Hinata, enquanto Ino dirigia pelas ruas de Tóquio.

- Ai, você faz muito drama, Hina. - Ino revirou os olhos, impaciente.

- Ino, você foi pra cama com aquele cara e acordou sozinha! Como você pode se entregar de forma tão fácil? - indagou Hinata, perplexa. - Desculpe, mas às vezes você parece uma va...

- Não termine o que você ia dizer! - gritou Ino, rispidamente. - Eu estava meio bêbada, ok? Além do mais, aquele Uchiha era incrível!

- Me poupe dos detalhes, certo? - Hinata cruzou os braços, indignada. - Só acho que você deveria se preservar mais.

Ino revirou os olhos. Hinata nunca entendeu o jeito da loira e talvez, nunca entenderia. Ino gostava de curtir a vida e não se apegar a ninguém. Caso se apaixonasse, seria no momento certo.

- Então, e a Sakura? Não a vi ontem. - disse Ino, mudando de assunto, completamente.

- Ela ficou conversando com um tal de Sasuke Uchiha e depois, ele levou ela em casa - respondeu Hinata, naturalmente.

- Depois você fala de mim! - bufou Ino, indignada.

- Ao contrário de você, Sakura dormiu em casa ontem - provocou Hinata.

- Ah, tá bom, Hinata. Fica quieta! - Ino apertou o volante, com raiva. Ela odiava ser julgada.

(...)

Sakura caminhava pelos jardins da mansão, com um livro nas mãos. Vestia uma camiseta florida e calça jeans escura. Para ficar mais confortável, colocara sandálias rasteirinha, douradas. Aquele era um dos poucos momentos, que Sakura vestia algo que ela havia escolhido.

A rosada seguia em direção à cerejeira, que havia sido plantada anos antes nos jardins da mansão. Foi inspirada na árvore, que surgiu o seu nome. Sakura, ou "flor de cerejeira".

A garota gostava de ficar embaixo da árvore, aproveitando sua sombra e lendo seus livros, viajando para vários lugares e vivendo aventuras, sem pagar passagem. Gostava de viver no seu silêncio e tranquilidade, por horas. Preferia isso, à boates e zoeiras.

Sakura sentou-se à sombra da cerejeira e abriu o seu livro. As Vantagens de Ser Invisível. A rosada tinha pêgo o livro recentemente, na biblioteca da faculdade e desde então, não conseguia parar de ler.

Era uma história envolvente, que a prendia. De alguma forma, Sakura se identificava com o protagonista da trama. Acabava chorando nas partes mais emocionantes e rindo nas partes mais engraçadas. Era simplesmente mágico.

O barulho dos portões da mansão se abrindo e o carro de Ino entrando, fez Sakura se levantar e começar a retornar pela trilha, de volta à casa.

Minutos depois, Ino e Hinata apareceram, discutindo. Sakura balançou a cabeça, já sabendo o motivo.

- O corpo é meu e eu faço o que eu quiser com ele, Hinata! - gritou Ino, batendo os pés, enquanto subia as escadas para o seu quarto.

- Eu estou falando isso como sua amiga! - gritou Hinata, chorosa.

- Pois você seria mais amiga, se metesse o nariz apenas na sua vida! Ao contrário de você, eu transo com alguém todas as noites! - gritou Ino, subindo as escadas que faltavam e virando para o corredor da direita, seguindo até o seu quarto.

Ouviu-se a porta batendo, o que para Sakura, indicava que a discussão fora séria daquela vez.

- Ino age como uma...

- Eu sei, eu sei - Sakura segurou os ombros de Hinata e sorriu, consoladora. - Mas você tem que aprender, que Ino já é maior de idade e sabe sobre sua própria vida, da mesma forma que você.

Hinata balançou a cabeça, concordando. Entretanto, as palavras que Ino dissera a magoaram, de alguma forma.

Sakura parecia ler os pensamentos de Hinata, pois logo falou:

- Sexo não é tudo na vida, Hina. Uma hora, com seus próprios erros, Ino vai entender isso - disse Sakura, sorrindo.

Hinata assentiu e murmurou um "Arigatô", antes de subir para o seu quarto e se trancar no mesmo. A morena se largou na cama e abraçou os travesseiros.

Ela sabia que Sakura estava certa, mas aquilo martelava na sua cabeça. Parecia ser a única coisa que a diferenciava das outras garotas/mulheres da faculdade. O fato de ainda ser virgem e não saber nada sobre o "mundo de Ino".

Hinata já teve alguns namorados antes, mas sua timidez e medo, sempre colocou tudo a perder. Seus relacionamentos sempre terminaram por causa disso, por seu medo de se ferir e agir de forma errada na hora H.

Hinata, apesar de esperta e resolvida, no mundo dos relacionamentos, era uma completa vítima. Sua timidez, medo e fragilidade, sempre foram seus maiores defeitos. E aquilo, a deprimia demais.

(...)

- Bom, o rastreador já foi implantado no alvo, certo? - Itachi encarava Sasuke, que assentiu. - Então, poderemos começar de verdade.

Itachi colocou o tablet na mesa, mostrando para os amigos um mapa. Eles estavam no seu apartamento, depois de terem tomado um café rápido na lanchonete. Sasuke tinha proposto, que conversassem sobre a missão no hotel, para que não corressem o risco de serem ouvidos.

O programa que Itachi havia aberto, era um mapa do mundo todo. Mas, logo a imagem aumentou e na tela apareceu apenas um ponto vermelho, que piscava intensamente, e as ruas e locais ao redor dele.

- Tudo bem, agora explique no que isso vai nos ajudar - Naruto encarava Itachi, confuso. Ele era um ótimo agente, mas em questão de planos e estratégias, Naruto realmente precisava dos amigos.

- Por enquanto, iremos usar esse rastreador, porque o outro ainda não está pronto - explicou Itachi, calmamente. - O rastreador está implantado na bolsa da Haruno, e vai ficar imperceptível para ela. Esse rastreador, pode mostrar a localização exata dela e ainda, tem áudio. Podemos ouvir exatamente o que está acontecendo com o alvo e poderemos ouvir as conversas dela, contanto que ela esteja com a bolsa.

Naruto já percebia uma grande cratera naquele plano.

- E se ela não ficar com a bolsa? E se ela jogar a bolsa longe ou dar para alguém?

Itachi sorriu.

- Aí, que entra a tecnologia Uchiha.

- Tecnologia Uchiha? - perguntou Naruto, confuso.

Itachi tocou no ponto vermelho do mapa, que aumentou e passou a mostrar o fundo de uma bolsa, com várias coisas femininas. O Uchiha escolheu uma opção de "Modo Sensor" e ativou-a.

- Isso soou ofensivo - comentou Naruto, divertido. - Gostei. O que acontece, sr.Tecnologia Uchiha?

- Esse rastreador, tem um sensor. Quando Sasuke implantou na bolsa do alvo, o rastreador sentiu quem estava ao redor em um alcance de três metros - explicou Itachi. - Como Sasuke estava dentro de um carro na hora, junto com a Haruno, o rastreador sentiu quem estava próximo em um raio de quarenta centímetros. O sensor do rastreador, segue apenas em uma direção. Foi só Sasuke apontar rapidamente para a direita dele, onde estava o alvo e implantar na bolsa dela. A partir dai, o rastreador sente a presença de Sakura em qualquer lugar que ela esteja, ao alcance de cem mil quilômetros, em qualquer direção. Caso Sakura venda a bolsa ou algo do gênero, o rastreador vai mandar avisos para o meu tablet e para o meu celular, avisando. Então, vai ser só eu desligá-lo.

Naruto ficou em silêncio, encarando-o.

- Então, resumindo, caso Sakura empreste, destrua, jogue pela janela, queime, venda, passe com o carro por cima, pise ou use qualquer tipo de ataque ofensivo contra a pobre bolsa, o plano vai por água abaixo? - perguntou Naruto, incrédulo.

- Só precisamos de uma semana - interveio Sasuke, calmamente. - Só uma semana e o rastreador definitivo estará pronto.

- Rastreador definitivo? - Naruto olhava de Sasuke para Itachi. - Cara, eu to me sentindo um baka aqui! Do que mais eu não sei? Só falta vocês dizerem que tem um carro voador - Naruto encarou os amigos, inseguro. - Vocês não tem, tem?

Itachi e Sasuke negaram e Naruto suspirou, aliviado.

- Enfim, o rastreador definitivo será o nosso xeque mate - disse Itachi, se levantando. - Vai ser só colocarmos dentro dela e fim.

- Colocarmos dentro dela? - perguntou Naruto, perplexo.

- Já assistiu The Hunger Games? - perguntou Sasuke.

Naruto assentiu.

- Já viu aquele rastreador que é usado nos tributos?

- Já. Me deu uma agonia só de ver e... - Naruto pareceu entender e encarou os amigos. - Não me diga que...

- É a tecnologia Uchiha, meu amigo - Itachi sorriu de lado. - Vá se acostumando.

(...)

Ino desenhava croquis, tentando apagar os momentos da noite anterior. Entretanto, todos eles estavam presos em sua memória e pareciam difíceis de serem esquecidos.

"Kuzo! Será que não vou ter paz?", pensou Ino, irritada, após a ponta de um lápis se quebrar em contato com o papel.

Desde que o dia se iniciara, Ino não conseguiu mais parar de pensar na noite que ocorrera. Fora mágica, de alguma forma. E aquilo, a atormentava.

Itachi não fora rude, como tantos homens pelos quais Ino já "passou". Ele foi carinhoso, de uma forma diferente, que Ino nunca experimentou.

Ouviram-se batidas na porta e Ino despertou de seus devaneios.

- Pode entrar - disse, encarando a porta.

Sakura entrou, com um sorriso consolador, típico da rosada. Ela quem costumava apaziguar a situação entre Ino e Hinata, sempre que as duas discutiam.

Sakura sentou na cama de Ino, de frente para a amiga. Os croquis estavam espalhados e a loira, frustrada, já havia desistido de grande parte deles. Aquele, realmente não era o seu dia.

- Está tudo bem? - perguntou a rosada, calmamente.

- Não - respondeu Ino, balançando a cabeça. - Não estou inspirada hoje - a loira indicou os papéis amassados na cama e os desenhos inacabados.

- E é só isso?

- Não - mais uma vez, Ino foi sincera. - Por alguma razão, não consigo parar de pensar na noite anterior.

- Você ainda não me falou o que aconteceu - disse Sakura, com toda a calma que tinha.

Ino então, explicou sobre Itachi e sobre tudo o que tinha acontecido. Contou sobre as sensações que teve, sobre como o Uchiha a abraçou depois do ato terminado. Explicou como nunca tinha se sentido de uma forma tão boa antes. Que não se sentia mais como a antiga Ino.

Sakura pensou por um instante.

- Ino, você tem certeza disso?

- Do que? - perguntou Ino, confusa.

- De que nunca se sentiu assim antes.

- Tenho.

- Então corra atrás - sugeriu Sakura, sorrindo.

- Não dá - disse Ino, tristonha.

- Por quê? - perguntou Sakura.

- Provavelmente nunca mais iremos nos ver - Ino começou a organizar os croquis. - Além do mais, não quero isso. Não quero viver uma história de amor.

- Como é? - Sakura encara Ino, confusa e incrédula.

- Não quero me apaixonar e sofrer novamente! - exclamou Ino, balançando a cabeça. - Não quero ser traída!

- Ino... - começou Sakura, mas Ino a cortou.

- Quem não me garante que Itachi faria a mesma coisa? Que me trocaria por uma vadia qualquer!

- Ino...

- Sakura, eu não sou idiota! Fiquei três anos com o Sai e ele me traiu com uma vadia de boate! - gritou Ino, furiosa.

- Nem todos os homens são iguais! - exclamou Sakura.
Ino balançou a cabeça, negativamente.

- Não quero me arriscar.

Sakura suspirou, olhando para os croquis inacabados. Então se levantou.

- Faça o que achar certo - disse a rosada, calmamente. - Sugiro, que peça desculpas para Hinata. Você a magoou ao dizer tudo aquilo, hoje mais cedo.

Ino concordou, com um aceno de cabeça. Sakura sorriu e saiu do quarto da amiga. Ino continuou organizando os croquis, pensativa.

Ela não estava apaixonada. Ela não iria se entregar ao amor novamente. Não iria sofrer mais uma vez.

Ino tinha medo de amar e aquela era a realidade. Esse medo, a fazia sentir pânico só de pensar em uma possível paixão. Só de pensar em sentir coisas que eram relacionadas ao amor.

Mas a Yamanaka mal sabia, que o seu medo só estava começando.