Tente imaginar como sua vida seria difícil, tendo um pai mentiroso e uma mãe iludida. Pense só, como seria ter uma paixão repentina por alguém que tem como objetivo te matar.

Sakura não conseguia deixar certas lembranças de lado, principalmente se estas insistiam em atormentá-la a todo instante.

Depois de ser taxada como usuária de drogas, sua vida piorou mais uma vez. Engraçado que, quando se espera a tranquilidade e paz, vem mais obstáculos e horrores.

Porque o show de horrores nunca acabaria para Sakura.

– Você tem que comer alguma coisa - Tenten sentou-se à beira da cama da rosada, colocando uma das mãos no braço da amiga, que permanecia na mesma posição, afundando-se na completa tristeza que sentia.

– Já disse que não quero nada - Sakura secou as lágrimas que rolavam por suas bochechas, tentando não parecer infantil demais aos olhos da amiga.

Chorar sempre a fazia sentir-se infantil... Ou pelo menos era isso que seu pai sempre lhe dissera.

– Sakura... - começou Tenten, mas aparentemente não arrumou algo para dizer. Suspirou e levantou-se, saindo do quarto em seguida.

Sakura afundou nos travesseiros, querendo sumir para sempre.

(...)

Por algum motivo, o Baile da Universidade Konoha havia sido adiado para dali uma semana. Uma boa notícia? Talvez.

Três dias depois do ocorrido, Sakura saiu novamente para as ruas de Tóquio. Não porque estivesse melhor ou superara o acontecido, mas porque decidiu algo importante: contaria a verdade ao mundo.

Tenten e Hinata a apoiaram na decisão, mesmo que esta fosse arriscada demais. Caso Sakura fizesse o que estava prestes a fazer, suas chances de algum dia voltar a ter contato com seu pai, se tornariam nulas, inexistentes.

Mas valia a pena. Tudo o que Kisashi sofreria dali em diante, era por culpa dele mesmo.

– Srta. Haruno, você entra no ar em dez segundos - avisou o câmera-men.

Sakura arrumou seu vestido e seus cabelos rosados. Tenten e Hinata acenaram de modo incentivador, enquanto observavam a amiga por trás das câmeras.

Por ser filha do presidente do Japão, Sakura sempre conseguiu tudo com grande facilidade. Odiava isso, mas sabia que alguma hora seu "rótulo" serviria para alguma coisa.

E estava certa.

Graças aos contatos de Hinata e às amizades que tinha, foi fácil conseguir um espaço em uma emissora para dar um depoimento que seria transmitido para todo o mundo.

Finalmente iria desmascar Kisashi Haruno.

– Eeee... Agora! - anunciou o câmera-men.

Sakura limpou a garganta e se posionou.

– Um bom dia para todos e todas. Estou aqui porque preciso desmentir certos boatos que surgiram a alguns dias, e que tem marcado de forma negativa a minha vida desde então - a rosada respirou fundo. - Sempre defendi a caça aos traficantes internacionais de drogas, para que esse mal acabasse para sempre. Entretanto, não tenho tal poder para tanto e creio que ninguém tenha. As drogas são um mal que vem crescendo cada dia mais e pegando pessoas que buscam sua própria paz em simples sensações passageiras. Para quem me conhece verdadeiramente, deve ter ficado surpreso ao ouvir os boatos de que sou uma usuária de drogas e que esse foi o motivo por eu ter me desligado do sr.Kisashi Haruno.

– O que ela está fazendo? - Em seu gabinete, Kisashi Haruno assistia a entrevista que Sakura estava dando ao vivo, para todo o mundo. O que aquela delinquente estava pensando? Iria cuspir no prato que comeu por anos?

"É mentira", prosseguiu Sakura, com uma expressão séria e convicta.

– Ligue para os produtores desse programa! - ordenou Kisashi, a sua secretária. - Ligue para o papa se necessário, mas tire essa porcaria do ar, AGORA!

– Sim, sr.Presidente - a secretária saiu do gabinete, apressada.

Kisashi ofegava, furioso. Se Sakura fizesse o que parecia prestes a fazer, ele faria da vida da filha um verdadeiro inferno.

Tenten e Hinata sorriam de modo incentivador, ambas orgulhosas do que a amiga estava fazendo. Estava contando a verdade ao mundo e as garotas a admiravam pelo simples fato de ter coragem para tanto.

– O verdadeiro motivo para eu ter me desligado completamente do meu pai, foi sua farsa - Agora que começara, Sakura iria até o final com aquilo. Imaginava seu pai assistindo aquilo e só de pensar, sentia orgulho de si mesma. - Kisashi Haruno não é quem diz ser.

Mebuki estava boquiaberta, em frente a televisão. Não acreditava no que sua filha estava dizendo.

"Kisashi Haruno é apenas mais um, que ao ter o poder nas mãos, perde completamente o controle de si mesmo... E se torna um monstro."

Mebuki levou as mãos a boca, contendo as lágrimas. Arrependia-se por não ter tido coragem de ir atrás da filha e lhe dado conforto, arrependia-se por ter sido fraca...

– Senhoras e senhores, por anos meu pai maltratou a mim e a minha mãe - Sakura permaneceu impassível. - Aquele que defende as leis contra o maltrato a mulheres e crianças, na verdade é um dos que vivem sorrateiramente nas ruas, cometendo crimes de lesão corporal contra nós, mulheres. A diferença dele comparado aos covardes, é que Kisashi está morando em uma mansão, com total poder e dinheiro. Apenas isso, o separa do pior dos criminosos.

Sasuke cruzou os braços, acompanhando cada palavra do que Sakura dizia. Naruto o encarou de modo avaliativo, tentando adivinhar os pensamentos do amigo.

– Essa pirralha tem coragem - comentou Madara, fumando mais um cigarro. Pelo seu tom de voz, ele se divertia com aquilo.

Sasuke esboçou um sorriso de lado. Aquela era sua Sakura, uma jovem forte e determinada, que era perfeita para ele. O Uchiha não a deixaria escapar, não mesmo.

– Não digo isso por vingança contra os boatos que ele fez contra mim, ou por motivos infantis. Estou dizendo tudo isso, porque o povo merece saber a verdade. Por anos a fio, pensei que meu pai, o sr.Haruno, o "Presidente do Japão", mudaria. Pensei que ao conseguir o que tanto queria, finalmente se tornaria um verdadeiro pai para mim - Sakura suspirou mais uma vez, baixando os olhos por alguns segundos. Era difícil tocar naquele assunto, sem se emocionar verdadeiramente. - Mas eu estava errada.

"Aos meus cinco anos de idade, vi meu pai bater na minha mãe pela primeira vez. Eles estavam chegando de um jantar e houve uma discussão... Foi a primeira vez que presenciei algo assim, a primeira de muitas. Depois, tudo se tornou comum e eu achava isso comum, até crescer e entender o que é certo e o que é errado. Acredito que vocês não devam saber todos os detalhes, porque além de estar contando algo que nunca falei publicamente, consumiria o precioso tempo de muitos de vocês. O que quero dizer, é que Kisashi Haruno tem enganado o povo por anos, se passando por alguém completamente diferente do que aparenta ser. Meu pai, além de covarde, é um bandido hipócrita e mesquinho, que tem pêgo o dinheiro da população e gasto com prostitutas baratas."

– Isso é melhor do que novela das nove - comentou Naruto, pegando um balde de pipoca que Kushina preparou.

Até mesmo Sasuke estava se divertindo com aquilo. Ficava imaginando como o presidente do Japão estava reagindo com aquilo.

– E se não acreditam em mim - Sakura suspirou, tranquila. - Vejam vocês mesmos.

Um vídeo substituiu o depoimento da rosada. As imagens mostravam a última discussão que houve entre Sakura e Kisashi, quando a garota abandonou seu lar.

A Haruno se perdeu por um momento naquelas lembranças. Parecia ainda pior vendo de outro ponto. Viu quando Kisashi estalou a mão em seu rosto e automaticamente, elevou a mão até sua bochecha direita.

Tenten e Hinata acenaram mais uma vez, incentivando a amiga. Sakura precisava terminar com aquilo. O vídeo terminou e a rosada voltou a sua postura de antes.

– Como podem ver, nada do que eu disse é mentira. Basta a vocês, tomarem as decisões que poderão acabar com isso. Querem continuar com um presidente corrupto ou preferem alguém diferente e melhor?

E com essa última fala, o câmera-men fez um sinal positivo, indicando o fim daquele depoimento, provavelmente chocante para todos que acompanharam. Sakura levantou-se, sentindo suas pernas fracas por um momento.

Ainda não acreditava no que acabara de fazer.

(...)

Apenas uma festa para acalmar os ânimos.

Vários dos amigos de Sakura e até mesmo desconhecidos, deixaram milhares de recados para a mesma tanto na secretária eletrônica, quanto em redes sociais ou em qualquer outro meio de comunicação.

– Uau, Saky - Tenten ria ao responder os emails e mensagens que a amiga recebia a cada dois minutos. - Olha só o que esse aqui diz: "Seu pai foi um verdadeiro vagabundo, Sakura! Qualquer coisa, ligue para mim." Isso está parecendo uma cantada e não uma mensagem de apoio.

Hinata riu, enquanto segurava um tablet entre suas mãos.

– É Sakura, você está cada dia mais famosa.

Pela primeira vez na vida, a Haruno estava gostando daquilo. No final das contas, ela estava sendo conhecido por um feito seu e não por algo que seu pai fez.

Viver à sombra de Kisashi era seu pesadelo e a partir daquele momento, suas angústias não existiriam mais.

(...)

O baile da Universidade Konoha, com certeza era um dos mais bem organizados que a faculdade já proporcionou para seus alunos em tanto tempo.

Com o tema sendo os anos 80, um globo brilhante havia sido colocado no alto da pista de dança, com posterês de bandas famosas colados nas paredes, e mesas com toalhas brilhantes ao fundo. A pista era iluminada, cheia de luzes e fumaça que tornavam a festa ainda mais alegre. Músicas atuais e antigas tocavam, agitadas e lentas, deixando os alunos cada vez mais empolgados.

Quando Sakura, Tenten e Hinata chegaram, o baile alcançava seu ápice. Muitos já estavam bêbados, ou davam uns amassos nos corredores da universidade.

Certo, mais um baile intenso para relaxar.

Sakura usava um vestido preto brilhante até a altura dos joelhos, com botas até os tornozelos de salto fino, também pretas. Seus cabelos estavam soltos e apenas o lado direito tinha sido puxado para trás, preso com alguns grampos escuros. A maquiagem era leve, mas realçava bastante os seus traços.

Já Hinata, usava um vestido tomara que caia branco com bolinhas negras, até a altura dos joelhos. Aquele look não a fazia parecer brega; muito pelo contrário. A garota colocou salto alto prateados e prendeu seus cabelos em um coque mal-feito, com alguns fios soltando na nuca. Passou um batom rosa claro, abusou do lápis de olho e moderou no blush. Com certeza era uma das garotas mais bonitas do baile.

Tenten foi a que mais se arrumou. Talvez pelo fato de ter sido convidada por Neji Hyuuga (graças à ajuda de Hinata), colocou um vestido da cor azul marinho até a altura dos joelhos, luvas negras, saltos pretos e meia calça rendada. Passou batom vermelho e blush, sem esquecer do lápis de olho e rímel. Seus cabelos estavam presos em dois coques, o que, curiosamente, combinava perfeitamente com o restante do look.

Logo que adentraram o salão, vários olhares se voltaram para elas. Provavelmente, os alunos da faculdade estavam mais interessados no depoimento que Sakura fizera algum tempo atrás, do que na beleza das garotas, mas a rosada preferia acreditar que estavam tão perfeitas a ponto de atrair tanta atenção.

O que queria naquele momento era aproveitar a festa e fim.

(...)

Tenten e Neji dançavam e conversavam na pista de dança, enquanto Sakura e Hinata apenas observavam de longe, segurando copos de uísque e milagrosamente, completamente sóbrias.

E ainda dizem que garotas são fracas com bebida.

– Sabe, somos as únicas que não temos um par – comentou Hinata, balançandos seu copo e bebendo o restante do uísque em seguida. Franziu os lábios e pediu para o garçom colocar mais uma dose.

– Bela observação – riu Sakura, tomando mais um gole de sua bebida.

Seus olhos passaram pelos convidados e percebeu que realmente, ela e Hinata eram as únicas que estavam sozinhas. A maioria dos convidados dançava em pares, conversando entre si ou trocando carícias.

O ambiente estava romântico demais para o gosto de Sakura e pelo jeito com que Hinata mordeu o lábio inferior, esta parecia pensar a mesma coisa.

– Vou andar um pouco – a Hyuuga deixou seu copo no balcão e saiu dali, atravessando a pista de dança graciosamente.

Sakura permaneceu no mesmo lugar, bebendo e bebendo. Aquela era para ser a festa mais legal de sua vida, entretanto, o clima não estava propício para uma solteira como ela.

Seu celular tocou, fazendo com que a rosada largasse seu copo no balcão pela primeira vez em horas. Tirou seu Sidekick da bolsa e viu que era uma mensagem.

Com um frio na barriga, a abriu e leu.

Se tiver amor por sua amiga, vá atrás dela! O perigo está próximo e a Hyuuga é a segunda vítima.

Cuidado!!! O Baile pode se tornar sangrento logo, logo.

Não diga que não avisei.

Sakura ergueu seus olhos para a pista de dança, sentindo seu coração bater cada vez mais rápido. Tinha que encontrar Hinata logo, ou uma tragédia poderia acontecer.

Correu por entre os convidados, iniciando uma busca pelos corredores desertos e de repente sombrios, da Universidade Konoha.

(...)

– Sasuke! – Naruto alcançou o Uchiha, na sala de treinamento da mansão. Estava ofegante e pálido, como se tivesse visto um fantasma ou um monstro embaixo da cama.

– O que foi? – Sasuke franziu o cenho, ao perceber o modo como o amigo estava.

– Olha isso – lançou seu celular para o Uchiha, que o apanhou no ar e leu o que estava escrito.

Hinata e Sakura estão em perigo!

A Akatsuki está agindo!

O Baile da faculdade está bombando!

– É anônimo – Naruto pegou seu celular, enquanto Sasuke encarava o nada, pensativo. – Vamos lá ou não?

O Uchiha deu as costas para o amigo, indo até o arsenal de armas.

– Ligue para o Obito – o moreno pegou dois revólveres e um fuzil. – E peça o melhor e mais rápido vôo clandestino. Depois ligue para o Itachi e diga o que está acontecendo.

– Virei sua secretária, por acaso? – Naruto pegou duas granadas.

– No momento, sim – e para surpresa do Uzumaki, Sasuke não sorria ou agia de forma debochada. Estava mais sério do que nunca esteve.

(...)

Hinata caminhava por um corredor, chorando descontroladamente. Encostou-se em um dos armários e escorregou pelo mesmo, fechando os olhos com força.

Ver aqueles casais, a fez lembrar-se de Naruto. A fez lembrar do jeito como ele a olhava, como costumava brincar com tudo e rir de tudo... Talvez fosse a bebida em excesso que tenha causado tais pensamentos deprimentes... Ou talvez, tudo aquilo seja o que Hinata tentava esconder a tanto custo.

Que sentia falta de Naruto e que o queria por perto, mais do que tudo.

Palmas debochadas e passos lentos a fizeram despertar e olhar para o fim do corredor. Uma sombra movia-se vagarosamente em sua direção, o que a assustou de certa forma.

– Hinata Hyuuga – um garoto de cabelos alaranjados e vários piercings espalhados pelo rosto, surgiu em seu campo de visão. Usava roupas negras e tinha algo na mão... Uma lança. – Que surpresa.

A morena levantou-se, sabendo exatamente do que se tratava. Imaginava que a Akatsuki estaria ali, para atacá-la e matá-la, assim como fizeram com Ino.

Ino. Provavelmente não estava armada na hora em que foi pega pelo grupo.

– Hinata – Pain virou a cabeça, encostando-a contra o ombro. – Quanto tempo, não?

– É mesmo – a Hyuuga sorriu debochadamente, buscando tempo. Abriu sua bolsinha de contas e tirou um 500 magnum dali. Ajustou o revólver, colocando as balas lentamente.

– Sempre impulsiva – comentou Pain, caminhando na direção da Hyuuga. – Calma, Hina. Vamos conversar.

– Mas sabe de uma coisa? Eu não sou de conversas – Hinata apontou a arma para o oponente, decidida. – É por isso que entrei para a C.I.A e em seguida para o F.B.I, certo?

– E depois entrou em um grupo de espionagem que lida com terroristas e está lá até hoje - comentou Pain, dando de ombros. – Mas a sua coleguinha... A Yamanaka... Ela também era desse grupo e... Ah sim, ela morreu.

Hinata rangeu os dentes, apertando o revólver com força.

– Sem conversa, Pain. Você já era! – gritou.

Passos às suas costas a fizeram virar a cabeça e encarar seis outros terroristas.

– Correção – Pain sorriu maldosamente. – Você já era.

E os seis agentes, atiraram sem dó nem piedade.