– O que ele quis dizer com escuta na... – Hinata parou, logo que Sakura levou o dedo indicador aos lábios.

– Shhh.

Hinata calou-se. Sakura pegou sua Burberry e começou a tirar tudo o que havia nela. Hinata franziu o cenho, mas pareceu entender.

A Haruno olhou dentro da bolsa e passou a mão por cada centímetro, procurando por algo. Encarou Hinata e parou. Havia encontrado o que queria.

Tirou um pequeno círculo da bolsa, minúsculo na verdade. Hinata arregalou os olhos. Sakura indicou a porta e a garota entendeu.

Ambas saíram do BMW e Sakura colocou a escuta na calçada, pisando logo em seguida. Hinata encarou a amiga, angustiada.

– Eles escutaram, Sakura – falou. – Eles com certeza sabem que nós descobrimos.

– Eu sei – a Haruno colocou a Burberry no ombro novamente. – Mas sei também o que podemos fazer.

(...)

– Droga! – Naruto bateu a mão na porta do carro. – Elas descobriram!

Sasuke acelerou e ultrapassou um ônibus, voltando para a faixa novamente. Apertava o volante com força.

– Está na hora de matarmos elas então – Itachi guardou seu tablet. – Ou acabaremos colocando tudo a perder.

– Elas? – Naruto encarou Itachi. – Como assim “elas”?

Itachi suspirou.

– Temos que eliminar a Hyuuga também – explicou o Uchiha, friamente.

– Não, não temos – Naruto riu, nervoso. Encarou Sasuke, buscando apoio, mas o amigo não parecia interessado naquela conversa. – Quero dizer...Hinata não vai abrir a boca.

– Claro que vai – Sasuke finalmente falou, depois de ultrapassar um caminhão. – Se matarmos a Haruno, Hinata vai falar para todos o que sabe. E todos virão atrás de nós.

– Eles virão atrás de nós de qualquer jeito! – Naruto estava sério, como poucas vezes ficava. – Se o tal Shikamaru deduziu sobre nós, com certeza vai contar.

– Não se matarmos ele também – sugeriu Itachi, com naturalidade.

– Estou cercado de dois malucos – murmurou o Uzumaki, afundando no banco do passageiro. - Se elas sabem, o que vamos fazer? Fingir que não ouvimos nada e tratá-las novamente? Vamos continuar com a aposta, Teme?

Sasuke ultrapassou outro ônibus, em uma virada brusca e acelerou.

– Vamos recuar – propôs.

– O quê? – Itachi e Naruto estavam confusos.

– Vamos voltar para casa – continuou Sasuke, calmamente. – Vamos nos reorganizar. Já conhecemos o terreno. Quando voltarmos, cumpriremos a missão.

– Está falando sério? – Naruto estava perplexo. – Quero dizer...Se formos embora, as duas vão contar para todos...

– Não vão não – Itachi pareceu entender o raciocínio do irmão. – A Haruno quer descobrir a qual grupo de terrorismo nós pertencemos para poder prender toda a quadrilha. Ela não vai ser idiota de contar para alguém.

– E esse tal...Informante? – perguntou Naruto, pensativo. - Que manda mensagens para elas?

– Vamos ter que descobrir quem é – disse Sasuke, fazendo outra curva e acelerando cada vez mais. – Antes que ele nos prejudique.

– Ainda mais, você quer dizer – resmungou Naruto.

– Agora que não temos mais o rastreador e a escuta – Itachi deu de ombros. – É uma boa sumirmos por um tempo. Pelo menos, até as coisas se organizarem.

– E talvez, poderíamos pedir conselhos ao Madara e ao sr.Fugaku – concordou Naruto.

Sasuke virou o volante de uma só vez e estacionou em frente ao hotel, perfeitamente.

– Cara – Naruto massageava a cabeça. Havia colidido com a porta. – Se quiser se suicidar faça isso sozinho. Não precisa me levar também.

Os três saíram do carro e adentraram o hotel, prontos para fazerem as malas.

(...)

Em um dos muitos esconderijos que pertenciam aos Uchiha, não muito longe do centro de Tóquio, estavam reunidos os Uzumaki, Madara, Fugaku e Mikoto.

O grupo havia acabado de sair do enterro de Ino Yamanaka, partindo diretamente para a residência, onde teriam a reunião de emergência.

– Eles falharam – Fugaku entrelaçou as mãos, encarando Kushina e Minato, sócios do grupo Uchiha e amigos de infância do Uchiha. – Os três.

– Encare os fatos, Fugaku – Kushina entregou ao Uchiha duas pastas. Fugaku abriu uma delas, enquanto Madara analisava os outros documentos.

– Isso... – Madara encarou os Uzumaki, incrédulo.

– Quando Naruto nos comunicou sobre essa missão – Minato suspirou. – Resolvemos verificar de perto o terreno. Claro, Naruto não desconfiou de nada e em menos de duas semanas conseguimos tudo isso.

– Por que não nos entregaram essas informações antes? – Mikoto analisava os papéis ao lado do marido. Encarou os Uzumaki, séria. – Poderíamos ter nos prevenido melhor.

– Não podíamos – defendeu-se Kushina, com certa irritação. – Estávamos em Los Angeles quando soubemos disso. Conseguimos esses documentos à muito custo, tendo que pagar uma fortuna por eles.
- Dinheiro não falta para vocês – desdenhou Madara.

Minato pigarreou.

– A questão não é dinheiro – o Uzumaki entrelaçou as mãos, encarando Fugaku. – A questão é que você subestimou a garota, Fugaku. Sei que os padrões da Uchiha’s são honrar a morte de um agente com uma missão, mas você entregou a Sasuke uma tarefa praticamente impossível, até mesmo para ele.

Fugaku permaneceu em silêncio, pensando. Teria agido de modo tão imprudente?

– A garota foi treinada por um agente do FBI – Mikoto encarou o marido, esperando por uma ação do mesmo. – Ela teve resultados excelentes e poderia ter seguido como agente, mas recusou a proposta. Seus objetivos não eram esses. Kisashi e Mebuki investiram nela. Eles cuidaram para que ela fosse talentosa, inteligente e manipuladora. Desde criança. Assim como nós fizemos com Sasuke e Itachi.

– Eu pensei que Sasuke a tinha nas mãos – Fugaku cerrou os punhos. – Itachi havia mandado um relatório no último mês, explicando a situação. Pensei que Sasuke conseguiria.

– Isso significa que você sabia – Kushina tinha um sorriso vitorioso nos lábios.

Fugaku assentiu.

– Eu queria eliminar a garota. Não só para atingir Kisashi, como para tirá-la do nosso caminho. Eu sabia que a Haruno se tornaria um problema para nós – o Uchiha parecia furioso. – Deveria ter agido mais cedo.

– Agora não é hora para chorarmos pelo leite derramado – Madara lustrava seu revólver, pensativo. – Temos que trazer Sasuke, Itachi e Naruto de volta.

– Vou ligar para Itachi agora mesmo – Mikoto saiu da sala, apressada.

Fugaku suspirou. Minato continuava sério.

– Se for para continuar com isso, Fugaku – o loiro empertigou-se na cadeira. – Teremos que agir de modo sorrateiro e rápido. Eliminaremos a garota e colocaremos um ponto final nessa história.

O Uchiha assentiu brevemente. Madara arqueou as sobrancelhas.

– Se vamos agir juntos é melhor eu preparar meu psicológico com um bom uísque – saiu da sala, gargalhando.

(...)

– Naruto não atende – Hinata desligou seu THL e encarou Sakura. – Acha mesmo que eles sabem de nós?

Sakura e Hinata subiam a escadaria da mansão, entrando em casa logo em seguida.

– Provavelmente – a Haruno suspirou, tirando os sapatos de salto e soltando os cabelos róseos do coque malfeito. - Se eles podiam me espionar...

– Então o alvo é você! – Hinata foi até a cozinha, largando sua bolsa no sofá da sala. – É óbvio!

– É – Sakura sentou-se em uma das poltronas, fechando os olhos. – Isso significa que eu estive ao lado do meu assassino por um mês.

– É assustador – Hinata voltou da cozinha com uma garrafa de vodka e dois copos. Sakura a encarou surpresa. – Ajuda a relaxar. Pode confiar.

Sakura pegou um dos copos e serviu-se de uma dose.

– O primeiro passo é irmos atrás deles – a Haruno esvaziou seu copo de uma vez. – O segundo passo é estarmos preparadas para qualquer ataque. E o terceiro passo é tentarmos descobrir algo sobre o grupo em que eles estão.

– Como faremos isso? – perguntou Hinata, ansiosa.

– Deixe essa parte comigo, Hina – Sakura colocou seu copo na mesinha de centro. Sorriu. – Aliás, não quero que você se meta nisso tudo.

– Está brincando, não é? – Hinata balançou a cabeça, incrédula. – Sakura, somos melhores amigas. E eu quero e vou ajudar você.

A rosada suspirou.

– Tudo bem, então – falou, sorrindo. – Mas não quero que se machuque.

Hinata assentiu. Sakura subiu para seu quarto, mas parou na metade do caminho.

Não deixaria que sua amiga se metesse naquilo. Sakura ia resolver seus problemas sem recorrer a Hinata.

Estava na hora de desenterrar a antiga “quase agente” do FBI.

Antes de continuar seu caminho, o Sidekick em sua Burberry vibrou. Sakura o tirou de lá e abriu a nova mensagem.

Parabéns, Flor!

Deveria me agradecer por ter te ajudado a se livrar do “incômodo”!

Mas preste atenção: Mesmo que você tenha sido treinada pelo FBI, tem gente poderosa atrás de você! Tome cuidado!

PS: Eles recuaram! Você está segura...Por enquanto!

Sakura franziu o cenho. Isso significava...Que Sasuke, Itachi e Naruto haviam fugido?

(...)

– Que bom que está bem, querido! – Mikoto abraçou Sasuke e em seguida, Itachi.

Naruto foi até seus pais, abraçando-os. Minato e Kushina estavam mortos de preocupação.

– Então...Eu falhei – Sasuke encarava seu pai, sério.

Fugaku balançou a cabeça negativamente e colocou a mão no ombro do filho.

– A culpa foi minha.

Sasuke franziu o cenho, mas seu pai lhe lançou um olhar que dizia claramente “esqueça isso”.

– Bom – Madara sorriu com frieza, encarando os sobrinhos e Naruto. – É bom que estejam inteiros. Se soubessem o que a Haruno é...

– Do que você está falando? – perguntou Itachi.

Madara abriu a boca para falar, mas Mikoto puxou os filhos, interrompendo a conversa. Eles não deveriam saber agora.

(...)

Em uma caverna, localizada no interior do país, Pain estava reunido com os membros da Akatsuki.

– Os Uchiha recuaram – informou Konan, calmamente. – E alguém anda enviando mensagens que podem nos prejudicar.

– Ótimo – Pain parecia calmo. – Tudo está correndo como planejei.

– E agora? – perguntou Kisame, com um sorriso frio. – Vamos matar a garota?

Pain fez uma pausa, encarando cada membro ali presente.

– Ainda não – sua capa esvoaçou, ao virar-se de costa para eles. – Vamos matar...

Virou a cabeça e encarou os terroristas.

– Hinata Hyuuga.