Naquela mesma tarde, Ino dirigia como louca pelas ruas de Tóquio. Seu BlackBerry estava no banco do passageiro e não parava de tocar.

A garota não atendeu. Sabia que suas amigas estavam procurando por ela, mas seu desespero era maior.

Muito maior.

Sentia-se perseguida. Sabia que estava em perigo e a adrenalina tomava conta de seu corpo.

Tsc, tsc, tsc.

Que coisa feia, Ino! Deixando as amigas para trás? Se eu fosse você, não faria isso! Pense no seu filho: morrer agora não seria nada bom para ele, certo? 

Eu sei de TUDO e é melhor você me ouvir! Hoje será seu último dia!

Não diga que eu não avisei!

Aquela mensagem não parava de surgir em sua mente, deixando-a mais apavorada. Quem quer que estivesse seguindo-a, estava perto. Muito perto.

Olhou pelo retrovisor, suspeitando de qualquer carro que surgia atrás do seu. Respirou fundo. Precisava se acalmar.

Sabia que estava sendo ridícula. Não deveria ter fugido do hospital daquele jeito, com certeza deixando suas melhores amigas preocupadas, mas o medo fazia com que ela se sentisse mal e agisse sem pensar.

Não era a primeira vez que recebia uma ameaça como aquela. Havia recebido uma antes, a primeira. Fora no início da semana anterior.

"Preparava-se para ir à faculdade, cansada. Fazia alguns dias desde que Itachi e ela não se encontravam, e Ino percebeu o quanto aquilo estava deixando-a louca.

Itachi deveria estar ocupado demais, pois não retornava suas ligações. Provavelmente, era por conta da maratona de provas que ocorria e deixava os alunos completamente sem tempo.

– Vamos logo, Ino! - chamou Hinata, apressada. - Você quem é nossa carona, esqueceu?

Ino bufou.

– Já estou indo! - gritou, enquanto verificava se estava com tudo na mochila.

Seu BlackBerry. Como poderia esquecê-lo?

Foi até a escrivaninha e o encontrou entre vários crôquis, papéis e cadernos fofinhos. Suspirou. Precisava arrumar aquela bagunça de uma vez por todas.

No instante em que pegava sua bolsa e colocava no ombro, seu celular tocou. Bufou pela segunda vez. Aquele definitivamente não era seu dia. Quem, em sã consciência, ligaria para a garota quando esta estava realmente atrasada para a faculdade?

Mesmo estando com pressa, pegou seu BlackBerry e percebeu que era apenas uma mensagem. Bufou e abriu sua caixa de entrada.

Não reconheceu o número de imediato. Franziu o cenho. Abriu a mensagem e ofegou. Havia uma foto dela com Itachi, ambos beijando-se de forma "ardente". Abaixo, havia uma mensagem:

Já leu Pretty Little Liars? Não sabe o que está perdendo! Eu li e adivinhe: me tornei um -A! Mas não se preocupe, Porca! Não vou contar seus segredos (você é tão vadia que nem se preocupa em ter um), mas não prometo te deixar em paz! Tictac, Tictac! Quanto tempo de vida ainda lhe resta?

Ino arregalou os olhos. Aquilo deveria ser um engano. Apenas um engano ou um blefe de alguma garota invejosa.

Revirou os olhos e guardou seu celular na bolsa, tirando aquilo de sua mente."

Estava arrependida. Deveria ter dado alguma atenção àquelas mensagens. Olhou pelo retrovisor novamente. O mesmo SUV preto a seguia de perto. Apertou o volante e mudou de faixa.

O SUV passou por ela em alta velocidade. Ino suspirou aliviada e começou a pensar. Seu objetivo era ir para a casa de seus pais e passar uma temporada com eles - quem sabe até a criança nascer - e em seguida iria para Paris.

Era errado deixar Sakura na mão depois de tantos anos, mas Ino queria ficar longe de Itachi e do perigo daquelas mensagens.

Se deu conta de que um carro estava parado mais à frente, bloqueando a estrada. Ino apertou o volante e com a outra mão, acariciou a região de seu ventre.

Parou o carro, enquanto sentia o pânico tomar conta de seu corpo. Seis homens estavam à sua frente, usando roupas negras com nuvens vermelhas desenhadas nas vestes.

Estremeceu. Sentiu seu sangue gelar. Aqueles homens pertenciam à Akatsuki.

Um deles tomou a frente, caminhando lentamente em sua direção. Aproximou-se o suficiente para que Ino percebesse os seis piercings em seu rosto e sete em sua orelha.

A Yamanaka fechou os olhos por um instante.

"Sakura...Hinata...Itachi...Filho...", pensava, sentindo a garganta se fechar e seu coração acelerar. Lágrimas brotaram em seus olhos e escorreram por seu rosto. "Me perdoem".

Esse foi seu último pensamento, antes do grito agudo escapar por sua garganta.

Os passáros que estavam nas copas das árvores, se afastaram, voando para longe, assustados. O silêncio pairou no ar, depois disso.

(...)

– Vamos Sasuke...Atenda - Sakura passava a mão pelos cabelos róseos, frustrada. Estava com seu Sidekick na orelha, enquanto olhava pelos dois lados da rua movimentada.

Em frente ao hotel em que os garotos moravam, Sakura tentava falar com o moreno. Sabia que ele não estava em casa - o porteiro a informara de maneira gentil - e tentava pensar nos possíveis lugares que o Uchiha poderia estar.

Felizmente, a tempestade passara e apenas um vento gelado soprava pela rua. Sakura já pensava em ir embora, quando ouviu seu nome ser chamado.

– Sakura?

A rosada desligou o celular e suspirou aliviada, logo que viu Sasuke.

– Graças a Deus! - o abraçou com força.

– O que houve? - Sasuke a encarou, preocupado.

– Quero te perguntar uma coisa - Sakura olhou pela rua novamente. - Mas não quero falar aqui.

Sasuke a segurou pela mão e a puxou para dentro do prédio. Subiram no elevador e chegaram ao andar de Sasuke, onde ele se dirigiu até seu apartamento e abriu a porta.

– O que você quer saber? - Sasuke fechou a porta e largou-se na poltrona, enquanto Sakura sentava-se no sofá.

A rosada pensou por um instante, antes de falar finalmente.

– Tem certeza que Sasori está morto?

Sasuke franziu o cenho, surpreso e confuso.

– Por que quer saber disso agora?

– Apenas me responda.

– Não antes de você me dizer o porque.

Sakura suspirou, derrotada.

– Tudo bem - falou por fim. - Essa tarde tive um sonho. Nele, o Sasori escancarava a porta do meu quarto e me ameaçava.

Sasuke cruzou as mãos diante do rosto.

– Sasori está morto, Sakura - falou, encarando-a. - Você só está cansada demais com tudo que tem acontecido. Primeiro Sasori depois seu pai e agora Ino.

Sakura concordou com um aceno de cabeça.

– É, você tem razão - murmurou, mordendo o lábio inferior.

Sasuke se aproximou da rosada e segurou seu queixo com uma das mãos, aproximando o rosto da garota. Sakura passou suas mãos pela nuca do Uchiha e o puxou para mais perto.

A respiração de ambos era única. Os olhos se encontraram por um instante, antes que os lábios de ambos finalmente se tocassem. Aquele beijo era intenso, com puro desejo e algo a mais.

As coisas poderiam ter ido mais além se o Sidekick de Sakura não começasse a tocar naquele momento. Sasuke continuou a distribuir beijos por seu pescoço, não querendo parar de sentir a pele macia da rosada contra seus lábios.

– Sasuke... - Sakura tinha um tom suplicante, enquanto tentava afastar o moreno. Aquelas carícias eram irresistíveis, mas a rosada queria atender seu celular.

– Deixa tocar - murmurou Sasuke, enquanto acariciava a cintura da garota por debaixo de sua camiseta.

– Deve ser importante! - exclamou, empurrando o moreno, que se levantou, frustrado. Sakura riu, enquanto pegava sua bolsa. Procurou por seu Sidekick e o pegou. Viu o número e franziu o cenho.

Era Hinata.

"Hinata? O que houve?".

"S-Sakura", a Hyuuga soluçava. "A Ino..."

"O que tem ela?", Sakura praticamente gritou.

Hinata não parava de soluçar.

"Ela sumiu e..O Naruto foi procurar por ela", a morena fez uma pausa.

Sakura arregalou os olhos, sentindo o coração acelerado. Sasuke levantou-se do sofá e a encarou com a sobrancelha arqueada.

"Encontraram o carro dela em uma estrada", continuou Hinata, engolindo em seco."Pelo jeito...Ino...Ela estava indo para a casa dos pais."

"Onde a Ino está, Hinata?", Sakura estava cada vez mais nervosa. "Onde ela está?".

"Alguém...Alguém colocou f-fogo no carro d-dela", Hinata fez mais uma pausa, tentando se acalmar. "Naruto...E-Ele ligou para a...Polícia e..."

"Cadê a Ino, Hinata?", Sakura tremia. "Onde..."

"E-Ela e-estava lá d-dentro!", Hinata parou, soluçando. "Os policiais...E-Eles encontraram u-um corpo! E...Sakura, era o dela".

Seus olhos estavam fixos em um ponto da sala, enquanto seu corpo tremia. Sentiu suas pernas fraquejarem, sua cabeça começou a girar.

– Sakura? - Sasuke a chamou, segurando seus braços logo que a garota caiu.

"Não consigo respirar...Não consigo respirar...", pensava, enquanto ofegava.

Sasuke segurou o rosto de Sakura entre suas mãos, olhando em seus olhos. Viu o pânico e o desespero em seus belos olhos esmeraldinos.

– Ino... - lágrimas brotaram nos olhos da Haruno. - Ela...Ino foi morta, Sasuke.