Confiar escrita por LeuDantas
Notas iniciais do capítulo
capítulo novinho em folha, aproveitem! ♥
- Pamela! Você não pode me ligar, dizer coisas vagas e desligar na minha cara! – Taylor brigou comigo por telefone.
- Desculpa. Eu tava tentando parecer dramática.
- O que aconteceu com sua voz? Por que você está tossindo?
- Parece que sou alérgica a fumaça ou algo assim.
- Pamela! O que você fez? Estou indo praí agora!
E ela desligou na minha cara. Ok, eu mereci. Em menos de um minuto ela estava batendo na minha porta.
- Pamela! Que merda você tem na cabeça? – ela disse quando viu a fumaça vindo do quintal.
- Também vai ficar contra mim?
- Meu Deus! – ela disse, tossindo – Venha, me ajude a pegar um secador, ventilador, qualquer coisa que mande essa fumaça infernal pra longe daqui!
- Pamela? Taylor? – Edward chegou na porta – Está tudo bem? Senti o cheiro da fumaça!
- A Pamela é maluca! – Taylor gritava enquanto subia pro meu quarto.
- O que aconteceu? – Edward me perguntou.
- Nada. Só eu fazendo besteira como sempre. Sou uma egoísta teimosa e insensível.
Ele me olhou confuso.
- Desculpa. Esquece. – eu suspirei.
- Seus olhos estão vermelhos e você está lacrimejando muito. Vai lá pra fora que eu vou ajudar a Tay.
Saí e me deitei na grama do jardim. Respirei fundo. “Não me arrependo do que fiz”, pensei. Depois de quase dez minutos, Taylor e Edward saíram, deixando todas as janelas abertas. Taylor segurava minha mochila.
- Pra quê isso? – perguntei.
- Você definitivamente não está bem. Vai dormir na minha casa hoje. – ela disse, decidida.
- Taylor, não precisa!
- Claro que precisa! Você não viu o que acabou de fazer?
- Taylor, eu não tenho cinco anos! Eu sei me virar!
- Não, Pamela! – ela esbravejou – Você não sabe! Você acabou de tocar fogo em montes de papéis, pelúcias, e Deus sabe mais o quê só por uma briguinha com o David!
- Eu quero que o David morra! – eu gritei, finalmente chorando.
- Vou deixar vocês conversando. – Edward disse meio sem-graça.
- Obrigada por tudo, Edward. – eu agradeci.
- Não foi nada. – e então ele se virou pra Taylor – Se precisar de alguma coisa é só chamar, ok?
- Obrigada, amor. – ela deu um beijinho rápido nele antes de ele ir. Depois se sentou na grama ao meu lado.
Apoiei a cabeça no ombro dela e comecei a chorar.
- O que aconteceu? – ela perguntou enquanto passava a mão pela minha cabeça.
Resumi a história pra ela, entre soluços.
- Oh, Pam... não liga pra ele. Ele é um idiota. Ele não sabe da história.
- E eu não quero que saiba. Por favor, não conte nada a ele. Não quero que ele venha se desculpar porque sentiu pena da “pobre menina órfã”.
Ela hesitou por instantes.
- Vamos entrar. – ela levantou.
- Prometa que não vai contar, Tay.
- Ok. Vamos.
- Diga “eu prometo”.
- Eu prometo. Agora vamos. – ela estendeu a mão pra eu levantar.
Entramos na casa da Tay e ela avisou aos pais que eu iria dormir lá por conta de um “incidente com o fogão”. Ela colocou um colchão ao lado da sua cama. Tomei um banho, me deitei e decidi não levantar mais. Não dormi, só fiquei encarando o travesseiro. Mais tarde Taylor veio me oferecer algo pra comer. Agradeci e disse que não estava com fome.
- Vou trazer um copo de leite quente pra você. Já são quase seis horas.
- Não precisa, Tay. Realmente não estou com fome.
Ela me ignorou e saiu do quarto. Minutos depois, ela voltou com uma bandeja, que além do leite, continha biscoitos e um pedaço de bolo.
- Coma tudo, e não te perturbo mais hoje. - ela me entregou a bandeja.
- Promete?
- Prometo. – ela sorriu e se sentou ao meu lado, pra garantir que eu realmente comesse tudo.
Entre mordiscar um biscoito e comer um pedaço de bolo, suspirei.
- O que foi? – ela perguntou.
- Peça desculpas ao Ed por mim. Fui uma idiota hoje, e pus a vida de vocês em risco.
- Ora Pam, deixe disso. Foi só uma fumacinha. Você estava com raiva, e o David foi um babaca. Acho que se fosse eu, teria botado fogo nele. – ela riu, depois desfez o sorriso. – Me desculpe por ter gritado com você. Eu só estava nervosa quando achei que você poderia ter se colocado em perigo.
- Não precisa pedir desculpas. Eu mereci ouvir. – dei um sorriso torto.
- Edward nos chamou para irmos ao cinema. Vamos? – ela disse, animada.
- Obrigada, Tay. Mas eu não estou com muito ânimo pra sair.
- Oh, Pam, vamos! Você não pode se afundar no travesseiro e se trancar pra sempre.
- Na verdade, era exatamente o que eu pretendia fazer.
- Vai ser divertido. E você vai poder conhecer mais o Ed. Vocês são duas pessoas muito importantes pra mim. Acho que as mais importantes depois de papai e mamãe.
Hesitei.
- Você disse que se eu comesse tudo não iria mais me perturbar.
- Você nunca vai comer tudo. Coloquei o pacote inteiro dos biscoitos e cortei um pedaço enorme de bolo.
Ri.
- Tudo bem.
Ela me abraçou forte.
- Vou avisar ao Ed que vamos nos aprontar e vou fechar as janelas da sua casa. O cheiro da fumaça já deve ter ido embora.
Assenti com a cabeça e fui tomar banho enquanto ela levava embora a bandeja ainda cheia de comida.
***
- O que vocês acharam? – Edward perguntou, depois que acabou a sessão.
- Eu achei uma merda! – Taylor disse, revoltada – Não entendi nada!
- Eu gostei. É um filme interessante, mas é pra poucos. Só pros extremamente inteligentes. – provoquei.
- Eu preferia ter ido ver aquela comédia romântica. – Tay disse, depois de me dar um soquinho no braço.
- Oh, tenha dó. Já chega de romance pra mim. – revirei os olhos.
Edward riu. Quando saímos do cinema, uma rajada de vento frio nos atingiu.
- Meu Deus, que frio! – Edward disse enquanto passava o braço ao redor da Taylor.
Eu, que não tinha mais namorado, limitei-me a tentar me aquecer enfiando as mãos no bolso do casaco.
- O fim do ano está chegando! – Tay disse, animada – Minha época preferida!
- Desista, Tay. Você nunca vai conseguir fazer um boneco de neve que preste. – ri, lembrando das suas tentativas falhas dos anos anteriores.
- Esse ano eu estou mais madura e já vi uns tutoriais na internet. Vai ser o boneco de neve perfeito. Além do mais, agora tenho o Ed pra me ajudar. – ela se gabou.
- Ah, então minha ajuda não era suficiente? – brinquei.
Edward, que ria, parou de repente de andar e o sorriso em seu rosto se desfez.
- Vamos pelo outro lado, garotas? – ele sugeriu, se virando depressa.
- Que bobagem, Ed – eu disse – O carro está logo ali.
Então eu vi o que ele estava evitando.
Ou melhor, quem.
David saía do carro dele e ao lado ele tinha uma garota. Não, não era a Wanessa. Eu, por um momento, desejei que fosse.
- Olha só quem está ali, Dave! – a garota disse com sua voz irritante, apontando pra mim.
David me olhou e sua expressão oscilou entre séria e triste. A cobra morena passou seu braço ao redor do dele e caminhou em nossa direção. Rezei pra que eles passassem direto, mas não – não era do feitio dela me ignorar.
- Boa noite, Pams! – ela mostrou um sorriso falso e cheio de batom vermelho.
Não respondi e continuei andando, mas ela me parou.
- É falta de educação ignorar os amigos. Seus pais não te ensinaram?
Olhei em seus olhos e vi malícia brilhando neles.
- Linds, deixa ela em paz. – David disse, sério. – Vamos, ou iremos perder a sessão.
Lindsay é prima do David, e minha pessoa menos favorita no mundo. Ok, a segunda pessoa menos favorita do mundo. Ela só perde pro assassino dos meus pais. O longo cabelo castanho, a calça jeans colada e a camisa sempre um número menor do que o dela pra deixar a barriga à mostra são suas marcas registradas. Ano passado ela se mudou pro Canadá, pra alegria geral. Eu sinceramente esperava que ela ficasse lá por mais uns, deixe-me ver, 50 anos.
- Oh, Dave, faz tanto tempo que não vejo a Pams! Estou morrendo de saudades!
- Limpa a boca, Lindsay. O veneno ta escorrendo. – Taylor provocou.
- Vamos embora, por favor. – Edward pediu, e eu assenti. Mas Taylor não estava disposta a levar desaforo pra casa.
- Muito bom te ver também, Taylor. – Lindsay disse com desdém.
- O que aconteceu, querida? – Tay continuou – Os canadenses te expulsaram?
Lindsay sorriu, maldosamente, e respondeu olhando pra mim.
- Pelo menos ainda posso visitar meus pais nas férias.
Ela e o assassino nesse momento estavam empatados no ranking. Uma mistura de raiva e ódio foram subindo pela minha garganta. Tive vontade de chorar, mas as lágrimas não saíram. Senti a adrenalina percorrendo meu corpo.
E quando dei por mim, nós duas já estávamos no chão.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
BRIGA! BRIGA! BRIGA! *barraqueira*