Confiar escrita por LeuDantas


Capítulo 5
V. Fumaça


Notas iniciais do capítulo

capítulo novinho em folha, aproveitem! ♥



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- Pamela! Você não pode me ligar, dizer coisas vagas e desligar na minha cara! – Taylor brigou comigo por telefone.

- Desculpa. Eu tava tentando parecer dramática.

- O que aconteceu com sua voz? Por que você está tossindo?

- Parece que sou alérgica a fumaça ou algo assim.

- Pamela! O que você fez? Estou indo praí agora!


E ela desligou na minha cara. Ok, eu mereci. Em menos de um minuto ela estava batendo na minha porta.


- Pamela! Que merda você tem na cabeça? – ela disse quando viu a fumaça vindo do quintal.

- Também vai ficar contra mim?

- Meu Deus! – ela disse, tossindo – Venha, me ajude a pegar um secador, ventilador, qualquer coisa que mande essa fumaça infernal pra longe daqui!

- Pamela? Taylor? – Edward chegou na porta – Está tudo bem? Senti o cheiro da fumaça!

- A Pamela é maluca! – Taylor gritava enquanto subia pro meu quarto.

- O que aconteceu? – Edward me perguntou.

- Nada. Só eu fazendo besteira como sempre. Sou uma egoísta teimosa e insensível.


Ele me olhou confuso.


- Desculpa. Esquece. – eu suspirei.

- Seus olhos estão vermelhos e você está lacrimejando muito. Vai lá pra fora que eu vou ajudar a Tay.


Saí e me deitei na grama do jardim. Respirei fundo. “Não me arrependo do que fiz”, pensei. Depois de quase dez minutos, Taylor e Edward saíram, deixando todas as janelas abertas. Taylor segurava minha mochila.


- Pra quê isso? – perguntei.

- Você definitivamente não está bem. Vai dormir na minha casa hoje. – ela disse, decidida.

- Taylor, não precisa!

- Claro que precisa! Você não viu o que acabou de fazer?

- Taylor, eu não tenho cinco anos! Eu sei me virar!

- Não, Pamela! – ela esbravejou – Você não sabe! Você acabou de tocar fogo em montes de papéis, pelúcias, e Deus sabe mais o quê só por uma briguinha com o David!

- Eu quero que o David morra! – eu gritei, finalmente chorando.

- Vou deixar vocês conversando. – Edward disse meio sem-graça.

- Obrigada por tudo, Edward. – eu agradeci.

- Não foi nada. – e então ele se virou pra Taylor – Se precisar de alguma coisa é só chamar, ok?

- Obrigada, amor. – ela deu um beijinho rápido nele antes de ele ir. Depois se sentou na grama ao meu lado.


Apoiei a cabeça no ombro dela e comecei a chorar.


- O que aconteceu? – ela perguntou enquanto passava a mão pela minha cabeça.


Resumi a história pra ela, entre soluços.


- Oh, Pam... não liga pra ele. Ele é um idiota. Ele não sabe da história.

- E eu não quero que saiba. Por favor, não conte nada a ele. Não quero que ele venha se desculpar porque sentiu pena da “pobre menina órfã”.


Ela hesitou por instantes.


- Vamos entrar. – ela levantou.

- Prometa que não vai contar, Tay.

- Ok. Vamos.

- Diga “eu prometo”.

- Eu prometo. Agora vamos. – ela estendeu a mão pra eu levantar.


Entramos na casa da Tay e ela avisou aos pais que eu iria dormir lá por conta de um “incidente com o fogão”. Ela colocou um colchão ao lado da sua cama. Tomei um banho, me deitei e decidi não levantar mais. Não dormi, só fiquei encarando o travesseiro. Mais tarde Taylor veio me oferecer algo pra comer. Agradeci e disse que não estava com fome.


- Vou trazer um copo de leite quente pra você. Já são quase seis horas.

- Não precisa, Tay. Realmente não estou com fome.


Ela me ignorou e saiu do quarto. Minutos depois, ela voltou com uma bandeja, que além do leite, continha biscoitos e um pedaço de bolo.


- Coma tudo, e não te perturbo mais hoje. - ela me entregou a bandeja.

- Promete?

- Prometo. – ela sorriu e se sentou ao meu lado, pra garantir que eu realmente comesse tudo.


Entre mordiscar um biscoito e comer um pedaço de bolo, suspirei.


- O que foi? – ela perguntou.

- Peça desculpas ao Ed por mim. Fui uma idiota hoje, e pus a vida de vocês em risco.

- Ora Pam, deixe disso. Foi só uma fumacinha. Você estava com raiva, e o David foi um babaca. Acho que se fosse eu, teria botado fogo nele. – ela riu, depois desfez o sorriso. – Me desculpe por ter gritado com você. Eu só estava nervosa quando achei que você poderia ter se colocado em perigo.

- Não precisa pedir desculpas. Eu mereci ouvir. – dei um sorriso torto.

- Edward nos chamou para irmos ao cinema. Vamos? – ela disse, animada.

- Obrigada, Tay. Mas eu não estou com muito ânimo pra sair.

- Oh, Pam, vamos! Você não pode se afundar no travesseiro e se trancar pra sempre.

- Na verdade, era exatamente o que eu pretendia fazer.

- Vai ser divertido. E você vai poder conhecer mais o Ed. Vocês são duas pessoas muito importantes pra mim. Acho que as mais importantes depois de papai e mamãe.


Hesitei.


- Você disse que se eu comesse tudo não iria mais me perturbar.

- Você nunca vai comer tudo. Coloquei o pacote inteiro dos biscoitos e cortei um pedaço enorme de bolo.


Ri.


- Tudo bem.


Ela me abraçou forte.


- Vou avisar ao Ed que vamos nos aprontar e vou fechar as janelas da sua casa. O cheiro da fumaça já deve ter ido embora.


Assenti com a cabeça e fui tomar banho enquanto ela levava embora a bandeja ainda cheia de comida.


***


- O que vocês acharam? – Edward perguntou, depois que acabou a sessão.

- Eu achei uma merda! – Taylor disse, revoltada – Não entendi nada!

- Eu gostei. É um filme interessante, mas é pra poucos. Só pros extremamente inteligentes. – provoquei.

- Eu preferia ter ido ver aquela comédia romântica. – Tay disse, depois de me dar um soquinho no braço.

- Oh, tenha dó. Já chega de romance pra mim. – revirei os olhos.


Edward riu. Quando saímos do cinema, uma rajada de vento frio nos atingiu.


- Meu Deus, que frio! – Edward disse enquanto passava o braço ao redor da Taylor.


Eu, que não tinha mais namorado, limitei-me a tentar me aquecer enfiando as mãos no bolso do casaco.


- O fim do ano está chegando! – Tay disse, animada – Minha época preferida!

- Desista, Tay. Você nunca vai conseguir fazer um boneco de neve que preste. – ri, lembrando das suas tentativas falhas dos anos anteriores.

- Esse ano eu estou mais madura e já vi uns tutoriais na internet. Vai ser o boneco de neve perfeito. Além do mais, agora tenho o Ed pra me ajudar. – ela se gabou.

- Ah, então minha ajuda não era suficiente? – brinquei.


Edward, que ria, parou de repente de andar e o sorriso em seu rosto se desfez.


- Vamos pelo outro lado, garotas? – ele sugeriu, se virando depressa.

- Que bobagem, Ed – eu disse – O carro está logo ali.


Então eu vi o que ele estava evitando.

Ou melhor, quem.

David saía do carro dele e ao lado ele tinha uma garota. Não, não era a Wanessa. Eu, por um momento, desejei que fosse.


- Olha só quem está ali, Dave! – a garota disse com sua voz irritante, apontando pra mim.


David me olhou e sua expressão oscilou entre séria e triste. A cobra morena passou seu braço ao redor do dele e caminhou em nossa direção. Rezei pra que eles passassem direto, mas não – não era do feitio dela me ignorar.


- Boa noite, Pams! – ela mostrou um sorriso falso e cheio de batom vermelho.


Não respondi e continuei andando, mas ela me parou.


- É falta de educação ignorar os amigos. Seus pais não te ensinaram?


Olhei em seus olhos e vi malícia brilhando neles.


- Linds, deixa ela em paz. – David disse, sério. – Vamos, ou iremos perder a sessão.


Lindsay é prima do David, e minha pessoa menos favorita no mundo. Ok, a segunda pessoa menos favorita do mundo. Ela só perde pro assassino dos meus pais. O longo cabelo castanho, a calça jeans colada e a camisa sempre um número menor do que o dela pra deixar a barriga à mostra são suas marcas registradas. Ano passado ela se mudou pro Canadá, pra alegria geral. Eu sinceramente esperava que ela ficasse lá por mais uns, deixe-me ver, 50 anos.


- Oh, Dave, faz tanto tempo que não vejo a Pams! Estou morrendo de saudades!

- Limpa a boca, Lindsay. O veneno ta escorrendo. – Taylor provocou.

- Vamos embora, por favor. – Edward pediu, e eu assenti. Mas Taylor não estava disposta a levar desaforo pra casa.

- Muito bom te ver também, Taylor. – Lindsay disse com desdém.

- O que aconteceu, querida? – Tay continuou – Os canadenses te expulsaram?


Lindsay sorriu, maldosamente, e respondeu olhando pra mim.


- Pelo menos ainda posso visitar meus pais nas férias.


Ela e o assassino nesse momento estavam empatados no ranking. Uma mistura de raiva e ódio foram subindo pela minha garganta. Tive vontade de chorar, mas as lágrimas não saíram. Senti a adrenalina percorrendo meu corpo.


E quando dei por mim, nós duas já estávamos no chão.


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Notas finais do capítulo

BRIGA! BRIGA! BRIGA! *barraqueira*



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