Confiar escrita por LeuDantas


Capítulo 6
VI. Acerto de contas


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo é bem aguinha com açúcar, sem (muita) adrenalina e emoções pesadas. pudera né gente, com tudo que a pobre da Pam passou, ela bem que merece um descanso das tragédias! aproveitem!



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Nunca fui de brigar com ninguém. Sempre defendi a paciência e a calma na hora de resolver diferenças e discussões. Por isso detesto admitir que eu estava amando estapear a Lindsay.

Minhas pernas estavam abertas na altura da cintura dela e meus joelhos estavam apoiados no chão. Ela puxava meu cabelo e me arranhava, mas pra mim não fazia diferença. Meti a mão na cara dela pelo menos dez vezes, até que senti alguém me puxando pelos ombros. Me debati, mas Edward é claramente mais forte do que eu, então não teve muita dificuldade em me segurar. Lindsay se levantou rápido e tentou partir pra cima de mim, mas David a impediu a tempo.

Taylor parecia ser a única animada com tudo isso. Antes de Edward me arrastar pro carro, ela se virou pra Lindsay:


- Pensa duas vezes antes de abrir a boca na próxima vez, vadiazinha!

- Taylor, por favor! – Edward pediu pra que ela viesse logo.


O grupinho de gente que havia se formado pra ver o “show” batia palmas e clamava por mais. Alguns até vaiaram quando eu entrei no carro e fomos embora. Lindsay estava puro ódio. Não pude deixar de dar um sorriso antes de me desculpar com meus amigos.


- Desculpa, gente. Eu estraguei a noite. Sou uma idiota.

- Ta brincando? – Tay disse, animada – Foi a melhor parte da noite! Eu gostaria muito de ter gravado! Você viu a cara daquela piranha? Ela nem acreditou!


- Você tem a mão forte, hein Pam? – Edward brincou – Seus cinco dedos ficaram desenhados na bochecha dela!

- Foi absolutamente in-crí-vel! - Tay concordou.


Eu ri.


- Qual o problema entre vocês? – Ed perguntou depois de um tempo.

- Ela gostava, e acho que ainda gosta, do David, desde que eles eram crianças. Mas não podem ficar juntos porque são primos. E acho que o David não iria querê-la de qualquer forma. Quando eu comecei a namorar com ele, a garota simplesmente surtou! Houve uma época que nós duas ficamos de bem uma com a outra, e viramos até “amigas” – eu disse fazendo aspas com os dedos – Mas não durou muito tempo. Ela sempre me alfineta quando pode.

- Ela é uma boa menina – Tay completou – Quando não está espalhando maldade e veneno. Ou seja: bem raramente.

- Hoje ela passou dos limites. – eu disse, lembrando do que ela havia dito.

- Mas como ela sabe? – Edward perguntou – Quer dizer, como sabe do que aconteceu?


Parei por um momento. Não havia pensado nisso.


- Taylor! Você contou ao David? – perguntei, indignada.

- Não! Você fez eu prometer que não contaria e eu não contei! Além do mais, duvido muito que ele contaria a ela se soubesse.

- Então como ela sabia?

- Não sei, Pam! Ela deve ter visto na internet!


Chegamos em casa e saltamos do carro antes do Edward estacionar na casa dele. Ele ainda veio dar um beijo de boa noite na Taylor e foi pra casa depois. Fizemos o mesmo.

Por sorte os pais da Tay estavam dormindo, então não tive que explicar os arranhões, o cabelo bagunçado e o sangue escorrendo do canto da minha boca. Tomei banho primeiro e deitei no colchão enquanto a Tay entrava no chuveiro. Já não estava mais tão animada, porque as palavras da Lindsay ficaram rodeando minha mente.

Se a Lindsay sabia, o David também sabia. Mas há quanto tempo ele sabia? Será que ele já sabia no almoço? Será que apesar de tudo, ele ainda me culpa?


– Pam? – Taylor saiu do banheiro, enrolada na toalha – Você está chorando?


Nem percebi as lágrimas que caiam do meu rosto.


- Não. Meus olhos devem estar irritados por causa do telão do cinema. Acho que preciso de óculos.


Ela suspirou e foi vestir o pijama. Depois, se agachou do meu lado.


- Eu te conheço. Sei quando mente. Mas se não quiser falar sobre isso, eu respeito.

- Obrigada, Tay. – sorri torto pra ela.


Taylor apagou a luz, deitou-se em sua cama e desejou “boa noite”.


- Mas é sério. Acho que preciso de óculos. – comentei, fazendo-a rir.

- Resolveremos isso. Boa noite, Pam.

- Tay?

- Sim?

- Você é a melhor amiga do mundo.


Ela se manteve em silêncio por instantes.


- Você é a melhor irmã do mundo. – ela respondeu finalmente.


Com um sorriso no rosto, dormi e não sonhei com nada naquela noite.


Acordamos e tomei um banho gelado antes de ir tomar café da manhã. Depois, fui pra casa. O cheiro da fumaça agora era discreto, como se alguém tivesse acendido um incenso horas atrás. Abri todas as janelas e caminhei até o quintal. A pilha de coisas queimadas ainda estava lá. O vento já tinha espalhado as cinzas pela grama. Joguei os restos carbonizados fora e liguei a mangueira pra “limpar” a grama. Só que a mangueira estava furada, então praticamente tomei outro banho. Não vi quando Edward apareceu no quintal dele.


- O que está fazendo, Pam? – ele perguntou, rindo da minha situação.

- Lutando com a mangueira.

- E perdendo feio. – ele riu, depois pulou a cerca que separava nossas casas – Quer ajuda?

- Não precisa, acho que consegui. – eu disse, cedo demais, quando tomei um jato de água na cara. Joguei a mangueira no chão por impulso e agora ela dançava como uma cobra bêbada, jorrando água pra todos os lados.


Edward tentava pegar a mangueira, mas ela sempre escapava de suas mãos. Ri quando ela chicoteou sua canela.


- Parece que não só sou eu que estou perdendo – me diverti com suas falhas tentativas de controlar a água.

- Ah é? Veremos. – ele foi até a torneira e a fechou. Depois pegou a mangueira e a exibiu como um troféu. – Voilà.

- Eu já tinha pensado nisso. Só quis deixar você achando que estava no controle da situação. – menti, sorrindo enquanto me aproximava.

- É mesmo? – ele tornou a abrir a torneira e a água jorrou em meu rosto de novo. Abri a boca em sinal de incredulidade. Ed largou a mangueira no chão de novo e saiu correndo pelo quintal.

- Você não devia ter feito isso. – peguei a mangueira e fui atrás dele tentando molhá-lo.

- O que significa isso? – fiquei surpresa quando Taylor chegou pela porta dos fundos da minha casa.


Eu fiquei realmente receosa dela pensar alguma coisa maldosa, porque a cena não era muito favorável. Nós dois completamente molhados, minha regata branca agora era transparente e deixava o sutiã à mostra, e Edward sem camisa.


- Vocês parecem duas crianças! – ela disse brincando, para o meu alívio. Sorri e joguei água nela, que correu atrás de mim.


Ficamos brincando, nós três, por mais uns cinco minutos, quando ouvi uma voz que tirou meu sorriso e automaticamente me fez parar de correr. Olhei pra trás e vi David.


- O que você quer aqui? – perguntei.

- Eu e o Ed já estamos indo, Pam. – Taylor colocou a mão em meu ombro. – Se precisar chama, ok?


Assenti e fechei a torneira. David ainda me encarava na porta.


- O que você quer? – repeti a pergunta.

- Conversar. Podemos?


Suspirei.


- Vá falando. – eu disse entrando em casa e subindo pro meu quarto.

- Não, Pams. Eu quero conversar olhando nos seus olhos. Civilizadamente.

- Eu estou molhada e preciso de uma toalha. Se quer conversar cara-a-cara, espere na sala enquanto eu me troco.


Vi pelo canto do olho que ele se sentou no sofá. Troquei de roupa e enquanto secava os cabelos com uma toalha, desci novamente e sentei ao seu lado.


- Já estou aqui. – disse, secamente – Agora converse.

- Pam, eu... – ele abaixou a cabeça, procurando as palavras certas – Eu quero pedir desculpas.

- Pelo quê?

- Por ter sido rude. Por ter te chamado de teimosa, egoísta, infantil...

- Eu sei do que você me chamou. Prossiga. – revirei os olhos.

- Eu fui um grande babaca por ter falado com você daquele jeito. Eu não deveria. Eu não sabia o que você tinha passado.


Bufei.


- Taylor.

- Hã? – ele juntou as sobrancelhas.

- Ela te contou, não foi?

- Contou o quê, Pam? – ele perguntou com uma expressão confusa.

- Não adianta, David. Eu sei que ela contou. É a cara dela isso. Eu pedi pra ela não contar. – respirei fundo.

- Pam, eu...

- David, acho melhor você ir embora. Você só veio me pedir desculpas porque se sentiu na obrigação, já que foi injusto com “a pobre garota órfã”. Não preciso de sua pena.

- Pamela, você não é órfã. Você mesma já disse que sua mãe está por aí, e um dia vai voltar. E seu pai está vivo. E eu tenho certeza que eles te amam muito. Por favor, não seja tão dura comigo e me deixa terminar...


Engoli seco.


- O que disse? – agora eu estava confusa.

- Pra deixar eu terminar de falar.

- Não... Antes.

- Que seus pais te amam muito? Pam, por que está falando essas coisas?

- Então... você não sabe?

- Sei do quê, Pams?


Então ele não sabia. Não estava ali por pena. Estava arrependido.


- David... – senti meus olhos lacrimejando.

- Oh Pams, o que aconteceu? – ele me abraçou.

– Eu os perdi. – foi tudo que eu consegui dizer, soluçando.


A ideia de repetir novamente toda a história me aterrorizava. David, pro meu alívio, não forçou mais perguntas. Ele já havia entendido tudo. Fiquei simplesmente me desmanchando em lágrimas, enquanto ele me apertava contra o seu peito. Depois de certo tempo, ele segurou meu rosto com as mãos e olhou em meus olhos.


- Eu vou cuidar de você.


Eu não sabia o que dizer. Ainda estava muito confusa com tudo aquilo.


- Como a Lindsay sabia? – perguntei, cortando o clima.

- Oh, Deus. Ela não sabia. Quando ela disse aquilo, estava dizendo que seu pai trabalhava muito, e você não tinha tempo de visitá-lo. De certa forma foi um comentário maldoso, mas não a esse ponto. Pam, a Linds nunca diria algo tão baixo. Ela é uma boa pessoa. Bem lá no fundo.

- Não espere que eu peça desculpas por ter batido nela. Ela mereceu de qualquer jeito. Minha mão estava coçando há tempos pra Lindsay, e ontem foi a gota d’água.

- Tudo bem. Não vamos falar sobre isso agora. – ele chegou seu rosto mais perto do meu.

- David, eu...

- Pam, por favor.


Nossos lábios estavam há centímetros de distância.


- Seja minha de novo.


Milhões de coisas se passaram na minha mente. Milhões de desculpas pra dizer não. Milhões de razões pra negar. Milhões de obstáculos pra justificar. Mas o máximo que eu consegui dizer foi:


- Nunca deixei de ser.


Então nossos lábios se tocaram e eu desejei que eles não se separassem mais.


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Notas finais do capítulo

fofinhossss! gente, imagina que linda a cena do Ed sem camisa e todo molhado? LKDNSKJFNSADKFAÇLDKFAS~ PAREI espero que tenham gostado ♥



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