Immortals - Eternal escrita por V i n e


Capítulo 9
Capítulo VIII - New York




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Não voltei para casa naquela noite. Eu não tinha a menor vontade de olhar para a minha família e imaginar, por um segundo que fosse, que tudo que eu havia vivido nesses dezesseis anos havia sido uma mentira sem tamanho. Christopher deixou Rachel e eu dormirmos em um dos três quartos de hóspedes que havia na “mini-mansão”. Desliguei o meu celular para não receber nenhuma ligação indesejada e afundei na camasendo alvejados por pensamentos e ideias malucas, mirabolantes. Rachel estava no quarto ao lado e tudo o que eu mais queria era estar com ela.

O que eu queria pedir era loucura. Mas eu precisava me distanciar de Gravity e de toda essa confusão em que eu me metera. Mas que tipo de amigo eu seria se pedisse para que esses dois “inimigos” mortais saíssem da cidade comigo e se aventurassem em uma empreitada perigosa e tênue entre meu egoísmo e minha vontade de provocar o mínimo de sofrimento neles para equiparar as coisas. Meus pais biológicos me faziam de idiota? Ótimo, eu faria o mesmo. Mas isso não era inteiramente verdade. Eu queria procurar meu pai e poder perguntar porque nunca teve o interesse em me conhecer.

– Está acordado? – perguntou alguém à porta. Sentei-me preguiçosamente, ciente de que vestia apenas uma camiseta emprestada e cuecas. – Não consegui dormir.

Bati no espaço vago na cama ao meu lado. Ela se deitou e se aconchegou em mim, passei o braço pela sua cintura e suspirei. Seus cabelos faziam cócegas em meu nariz.

– Toby poderia ter matado você – murmurou ela contra o meu peito. Suspirei. Por um momento eu também acreditei que isso fosse possível.

– Mas você me salvou – sussurrei., afagando seus cabelos ruivos.

Ela riu.

– Ele teria me matado se você não tivesse sido Jay, o Todo Poderoso – zombou ela, deslizando os dedos pelas minhas costas, encontrando a bainha da camisa e arranhando a pele e provocando arrepios por todo o meu corpo.

Ela se inclinou para trás para me olhar e mordeu o lábio inferior. Curvei-me em sua direção e finalmente a beijei. Seus lábios eram suaves e tímidos contra os meus. Mordi seu lábio inferior com intenções vítreas. Rachel arquejou diminuindo a mínima distância entre nós. Apertou os músculos rijos sob minha pele e deslizei a mão pela sua cintura.

Rolei por cima dela, prendendo seu corpo com o meu. Muitas partes estratégicas do nosso corpo estavam coladas. O beijo se intensificou, abri sua boca com a minha, não encontrando nenhuma resistência da parte dela. Corri os dedos por sua pele, amando a forma como seu corpo reagia ao meu.

Ouvi o pigarro em algum lugar ao meu lado e sai de cima de Rachel. Christopher estava parado, encostado no batente da porta. Sua expressão era divertida e suavemente maliciosa.

– Não é só porque eu deixei vocês dormirem aqui que você, mano, vai transformar minha casa em um cabaré – Rachel pegou o travesseiro e o arremessou, Chris desviou e bufou.

– Ingrata.

– Deus, como você é insuportável garoto – resmungou ela.

Meu amigo gargalhou e saiu pela e fechou a porta.

Rach colocou a mão no peito, arfando. Minha respiração também estava acelerada, eu tinha certeza de que um sorriso bobo ainda estava gravado em meu rosto, projetando-se maliciosamente nas beiradas. Ela se aproximou novamente e beijou meus lábios, depois se recostou no meio peito e adormeceu.

Quando os raios de sol atravessaram as cortinas e minha mente despertava na velocidade mínima reconheci o quarto de hóspedes e a respiração regular da garota mais incrível do meu lado. Levantei-me com cuidado e vesti a calça jeans, desci para a cozinha e vi Chris sentado comendo uma tigela de cereal.

– Noite boa? – perguntou ele, sorrindo.

Eu não respondi, mas o sorriso que se formou deve ter dado a ele uma ideia mais pervertida que o natural.

– Apenas dormimos.

Ele engasgou com o cereal. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele forçava o achocolatado para dentro, tentando fazer o embolo descer.

– Como é? – perguntou por fim, com a voz embargada. – Quando eu cheguei parecia que estava assistindo aquele tipo de filme.

– Nem todos são tarados, pervertidos, maliciosos e apressados como você, Christopher – disse alguém atrás de mim.

– Então você não quase-deu para o Jason, era outro na cama com você, gata – disse Chris e Rachel, como de costume, arremessou algo nele. O chinelo eu acho. Ele se esquivou e riu.

Revirei os olhos vi Rachel se sentar no banco ao meu lado. Ela vestia a minha camiseta de botões e a roupa íntima de baixo. Os cabelos castanho-avermelhados caiam sobre os ombros, ela tamborilou as unhas na bancada de mármore e parte de minha sanidade que permanecia decente me alertou para que desviasse o olhar. Não que eu estivesse preocupado com o que eu fosse pego olhando.

Balancei a cabeça, esquadrinhando seu corpo distraidamente. Aquela ideia impertinente voltou à minha mente e eu falei sem pensar.

– Porque não saímos da cidade? – perguntei.

Os dois olharam para mim com a mesma expressão incrédula. Se eu não estivesse entorpecido pela ideia até teria achado engraçado.

Chris coçou a cabeça perguntando-se se eu havia enlouquecido de vez eu era só efeito da noite passada. Ele e Rach se entreolharam e vi um sorriso se formar no rosto do meu amigo. Claro que ele concordaria.

– Tudo bem, parceiro – concordou ele esfregando as mãos. – Para onde vamos? Portland? Long Island? Carolina do Norte? Eu ouvi dizer que Las Vegas é ótima nessa época do ano.

Rachel se levantou e abraçou o próprio corpo distraidamente.

– Que tal Nova Iorque? – perguntou e vendo nossa expressão murmurou. – Não é segredo nenhum que você quer achar pistas sobre o seu pai, Jason. Não é preciso ser um gênio para saber que você procuraria por ele mais cedo ou mais tarde. Acontece que há uma pessoa que pode saber onde ele está... e tenho quase certeza de que podemos encontrar alguma coisa sobre o seu pai lá.

Christopher franziu os lábios e eu concordei na mesma hora. Qualquer chance que tivéssemos de chegar ao homem incrível que me abandonara antes mesmo de eu nascer era válida para que eu pudesse odiá-lo assim que o encontrasse era válida. A menos, é claro, que houvesse uma boa razão.

– Vamos fazer as malas, cupcakes – comentou Christopher, irônico.

Nossas malas nada mais eram que três mochilas recheadas com comida, dinheiro e algumas roupas. Christopher entrou na minha casa pela janela, deixou meu bilhete na geladeira saiu sem ser visto por ninguém. Vantagens de ser mais rápido que um ser humano comum. Rachel ficou reclamando que ele era devagar de mais e os dois discutiram o dia todo. Meu celular foi bombardeado com mensagens de texto e telefonemas dos meus pais. Algumas de Charlie. Eu não queria magoar meu irmão, mas eu precisava encontrar meu pai. Saber o nome dele... Qualquer coisa.

Entramos no carro velho de Chris (ele tinha um apego enorme por essa lata-velha, não trocava de carro nem se os pais oferecessem outro) e ele foi dirigindo pela estrada principal de Gravity.

– Coloque uma música boa, Christopher – ordenou Rachel, irritada. Ela vestia um vestido bege vintage jaqueta de couro e coturnos. Os cabelos chicoteavam o ar em várias direções devido ao vento morno que entrava pelas janelas abertas. – Não quero passar uma viagem de treze horas ouvindo você falar sobre as garotas que quer levar para a cama.

Liguei o rádio e serpenteei pelas estações até encontrar uma do gosto de todos. Todos exceto, é claro, Chris.

Rachel estalou os dedos no ritmo da música e balançou a cabeça, completamente alheia à encrenca que estava se metendo. Ela e Chris não haviam avisado os pais sobre a viagem. Ela disse que Corins queria que ela o protegesse a todo o custo, então não se importaria e Christopher comentou que os pais nem perceberiam sua ausência entre os plantões que pegavam no hospital.

We live in cities you’ll never see on a screen. Not very pretty, but we sure know how to run things – cantou Rachel, fazendo Christopher olhar para o retrovisor. – Living in ruins of the palace within my dreams. And you know, we’re on each other’s team!

– Legal, mas... – comentou meu amigo. Sorri e passei o olhar pelo mapa tentando achar a melhor rota para chegarmos à Nova Iorque. – Somos uma equipe agora?

– Acho que sim – respondeu Rachel, suspirando.

– Como vamos encontrar o meu pai em uma cidade enorme como essa? – perguntei, irritando-me com aquele maldito mapa.

– Há uma Híbrida em Nova Iorque. Ela sabe quase toda a história dos Imortais. É uma historiadora – contou Rachel. – Ela sabe tudo o que é possível saber sobre nosso mundo. O pai dela estava vivo a cerca de setecentos anos. Ele ensinou tudo para ela... e então foi morto.

Christopher franziu o cenho, mas não disse nada. Nós três sabíamos que não era inteligente anunciar minha presença a mais Híbridos e Imortais já que haviam poucos que conheciam meu paradeiro, mas eles estavam lá para me proteger, certo?

– Como você sabe onde encontrá-la? – perguntei. Observando a paisagem do lado de fora. As árvores passavam muito rápidas, ocultavam os raios solares algumas vezes, mas depois ele surgia em meio ao farfalhar das folhas, inundando o mundo com calor, energia e luz.

– Meu pai tinha negócios com ela – explicou. Christopher e eu trocamos olhares significativos e Rach prosseguiu com a história. – Meio que estudavam juntos, entende? Ele é fanático por história e ela era uma fonte quase ilimitada de informação. Ele tinha o endereço atualizado dela, uma vez eu ouvi uma de suas conversas e acho que sei onde ela mora.

Acha? – perguntou Chris. Ele acelerou o carro pela estrada.

– Sim, acho.

Ele bufou. O relógio do celular marcava que já havia passado das quatro horas e meia da tarde e o sol começava a dizer adeus. As cores do céu se misturavam e alternavam entre um violeta claro, laranja e resquícios de azul. Pensei que iríamos parar em um hotel de beira de estrada para descansar, mas Christopher passava por eles sem nem hesitar. A noite caiu e meu amigo começou a bocejar. Sugeri que trocássemos de lugar e ele concordou. Rachel pulou para o banco do carona e Chris se esparramou no de trás.

Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu não estava cansado, mas depois de mais quatro horas Chris acordou e disse para trocarmos de lugar novamente. E, apesar de estar bem disposto, meus olhos se fecharam quase que instantaneamente.

No meu sonho Jason-malvado, ou Ladon, estava em um casebre decadente e esquecido pelo tempo. Ele vestia uma capa de viagem negra como a noite. Seus cabelos escuros, como os meus, estavam desgrenhados. A barba estava por fazer e ele aparentava estar mais velho. Rugas vincavam seu rosto idêntico ao meu. O brilho do atheme visível sobre o altar de pedra no chão da cabana.

Chamas crepitavam, esquentando a lâmina de uma adaga. A arma tinha o cabo simples e majestoso. Era trançado com bronze, como uma árvore retorcendo seus galhos.

Expecthum invynok sernum sanguini infathus verltec morthun! – Ladon entoavam em uma língua antiga e poderosa. Ele pegou o atheme e fez um corte fundo na palma da não. Sangue escorreu por entre os dedos, caindo na lâmina da adaga. O aço chiou e ficou negro, assim como a lâmina do atheme. As duas armas estavam envoltas pela mesma aura acinzentada. O feiticeiro estava criando novas armas para matar imortais. – Está feito.

Desta vez ele falou em inglês. O sotaque britânico mesclado com o búlgaro e algo a mais. Latim, talvez.

– Excelente – disse uma voz nas sombras. Como se fossem expulsas, as sombras recuaram e se curvaram para trás, liberando a passagem de um homem alto e forte. Seu rosto estava escondido pelo capuz da capa, mas sua mão pálida se destacou quando ele estendeu a mão para a arma. – Farei o que me pediu, senhor.

Ladon balançou a cabeça e seus olhos azuis se tornaram negros quando ele olhou para as chamas. Inteiramente negros. Desde a íris até a parte branca. As labaredas se extinguiram, deixando para trás madeira queimada e fumegante.

– Quanto ao pagamento...

– Receberá quando eliminar da Terra a raça degenerada que criei, Atticus – respondeu Ladon/Jason-malvado. Ele guardou o atheme dentro da capa e seus olhos voltaram ao normal.

O rosto de Atticus estava oculto pelo capuz, mas pelo mínimo de movimento que foi feito percebi que ele concordou com um aceno da cabeça.

– Claro, pai.

Ladon tinha um filho. Que maravilha.

O feiticeiro se virou, indo em direção às sombras. Elas se agitaram em sua presença, como se quisessem recebê-lo. A adaga rasgou o ar quando se alojou nas costas de Ladon. Não vi Atticus se mover, mas lá estava a lâmina, cravada nas costas do homem que era igual a mim.

– O senhor me ensinou – murmurou o cara encapuzado. Ladon caiu no chão, contorcendo-se enquanto o veneno luminoso da lâmina se espalhava pelo seu corpo. – Que há um ponto nas costas de alguém que se for atingido pode acertar diretamente o coração.

Ladon não se moveu. Seus olhos estavam negros novamente. Escorriam sangue, como lágrimas vermelhas.

– Está vivo por muitos séculos, papai – disse Atticus. – Está na hora de seu herdeiro assumir as rédeas. E não precisa se preocupar, irei destruir a raça que seus descuidos criaram. Híbridos nojentos serão eliminados, garanto. – Ele puxou a adaga e limpou o sangue na capa de viagem do pai. Atticus viu o atheme perder o brilho mortal e doentio, esvaindo-se junto ao seu dono. – Cuidarei bem de suas doppelgängers também. Cuidarei de seus rostos.

Acordei com a freiada brusca que me lançou para frente. Christopher buzinou algumas vezes e soltou um ou dois palavrões.

– Andem, idiotas! – gritou ele, irritado.

Rachel havia colocado os fones de ouvido e franzia o cenho a cada palavrão.

– Onde estamos? – perguntei, massageando o ombro.

– Seu desgraçado, dá pra andar logo?! – berrou Christopher antes de responder. – New York City, mano. A cidade que nunca dorme, ou algo assim. Deveria se chamar: A cidade que nunca anda.

Sem conseguir pensar em algum comentário espreguicei-me. Meus músculos estavam rijos.

– O que houve, Jason? – perguntou Rachel, avaliando-me pelo retrovisor. – Está meio pálido.

Lembrei-me que ela havia dito que era ótima em ler minhas expressões. Fiquei imaginando se era verdade.

– Eu tive um sonho – comecei. Contei tudo. A forma como Ladon criou a adaga e também como ele queria que Atticus destruísse os imortais. Rachel não ficou muito feliz.

– Papai nunca me disse que Ladon teve um filho – comentou ela. – Sempre achei que ele estava solto por aí, livre no mundo. Mas se o que você viu for verdade... O filho dele quer destruir todos os Híbridos.

– Mais um babaca que se acha superior só porque é difícil de matar – resmungou Christopher.

– Apenas dirija, garoto – mandou Rachel, irritada. – Precisamos encontrar com a historiadora. Ela tem que nos ajudar a entender toda essa história.

– Se você soubesse onde ela fica... – provocou Chris.

– No Brooklyn.

Soltando mais um palavrão Chris virou o volante bruscamente para o lado e fizemos uma curva. Ele acelerou o máximo que conseguiu no meio dos engarrafamentos e fomos nos encontrar com a historiadora.

O apartamento da mulher não podia ser mais decadente. A tintura era vermelha e desbotada, descascando em vários pontos. Tinha uma porta de madeira tinha buracos feitos por cupins furiosos. O número 72 estava capengando.

Christopher bateu. E ouvimos o som de algo caindo dentro do apartamento. Alguém xingou baixo e quando a porta abriu um gato preto passou correndo por entre nossas pernas.

A garota que abrira a porta era linda, sem sombra de dúvidas. Tinha cabelos escuros ondulados na até o meio das costas. Tinha a típica beleza oriental. Christopher assoviou.

– Que gostosa.

Quase pude ouvir Rachel revirando os olhos. A garota arqueou uma sobrancelha e transferiu o peso de uma perna para a outra.

– Quem são vocês? – perguntou ela, perfurando-nos com o olhar.

– Eu sou Rachel Whelpton – apresentou-se Rach. – Viemos aqui ver Blair.

A garota asiática crispou os lábios e avançou contra Rachel. A ruiva, surpresa, foi empurrada contra a parede. Christopher nem se moveu para ajudar.

– Eu amo briga de meninas! – fui tudo o que disse.

A asiática se jogou contra o corpo de Rachel, prendendo-o na parede. Minha ruiva a empurrou e a garota voou para trás. Christopher e eu saímos da frente e vimos Rach avançar no pescoço da garota, mas foi pega desprevenida por um chute no joelho. A menina asiática rolou para o lado e subiu em Rachel, erguendo o canivete. Rach se recuperou, mas a garota que já estava sobre ela e preparada para desferir um golpe com a lâmina. Com uma velocidade assustadora, a imortal saiu de baixo da garota e foi para o final do corredor em um borrão de velocidade.

– Que diabos... – resmungou ela ao se virar.

– Uma imortal – sibilou a garota, apertando o canivete. – O que diabos faz aqui?

Rachel ergueu o queixo, arrogante.

– Quem é você, híbrida?

A garota asiática fuzilou Rachel com o olhar e depois respondeu:

– Meu nome é Ayumi Takahashi e você é uma garota morta.

Coloquei-me entre as duas e Christopher soltou uma exclamação em desaprovação.

– Quanta infantilidade, meninas – eu praguejei. Ayumi era bem rápida. Não se tornou um borrão como Rachel, mas chegou até mim bem depressa. Ela agarrou meu braço e o torceu para trás. Senti a lâmina no meu pescoço.

– Digam o que estão fazendo aqui ou eu o mato – rosnou ela. Senti seu coração celerado contra as minhas costas. Aquela garota era louca, mas estava com muito medo. Tentei me libertar, mas aquela garota era forte.

– Deixe-o em paz – grunhiu Rachel.

Christopher ergueu as mãos em um gesto de rendição. Sua expressão estava bem séria.

– Viemos aqui para fazer umas perguntas para uma tal de Blair – disse ele, sem tirar os olhos da lâmina no meu pescoço. – Deixe o idiota e lesado do meu amigo ir. Ele é mortal.

Ayumi riu atrás de mim. Ela me puxou até a parede e senti a lâmina afundar um pouco na minha pele.

– Você, mestiço como eu, anda com o inimigo – disse ela. – Um imortal matou meus pais... Quem sabe não foi essa ruiva aí?

– Chega. Ela me chamou de ruiva – Rachel surgiu à minha frente, ela agarrou o punho de Ayumi e o puxou para o lado. A lâmina cortou minha pele, mas me vi livre do aperto da híbrida. A ruiva empurrou a asiática contra a parede e agarrou seu pescoço, erguendo-a alguns centímetros do chão. – Quem você pensa que é para ameaçar o meu...

– Rachel, solte-a! – mandou Christopher, mais perto agora.

Apertei a garganta onde havia sido ferido. O sangue escorria um pouco, mas não era um corte feio. Uma mulher surgiu na porta segurando uma bandeja cheia de cupcakes. Ela tinha olhos azuis e feições mediterrâneas, cabelos escuros que estavam presos de maneira desajeitada. Não parecia ter mais do que vinte e quatro anos.

– Ayumi!

Rachel soltou a garota na mesma hora. Ela se virou para olhar a outra mulher e ajeitou o vestido sob a jaqueta.

– Você deve ser Blair – começou ela. – Eu sou Rachel Whelp...

Mas a mulher não olhava mais para Rachel. Ela me encarava com aqueles olhos azuis. Mas não eram azuis como os meus. Eram mais sábios, mais sofridos.

– O Electus – disse ela, moldando uma expressão nada surpresa no rosto. – A doppelgänger de Ladon.


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